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Introdução

Prece é o último poema da segunda parte de “Mensagem” – Mar português.


Tem 3 estrofes cada uma com 4 versos (quadras).

1º Estrofe

Esta estrofe é introduzida por uma apóstrofe (“Senhor”) que nos indica que Pessoa se
está a referir a um Deus, pedindo lhe ajuda para reacender a Alma portuguesa.

A expressão “A noite veio” implica o término do dia e o começo da noite e nesta está
presente uma antítese (ideias contrárias) entre dia/passado e noite/presente. Ou seja, o dia e
o passado foram tempos de glória mas também de muito sofrimento (“tormenta”),
nomeadamente o tempo dos descobrimentos. Contrastando com a noite que é o presente em
que somente resta o desânimo (“silêncio hostil”) e a saudade dos tempos de glória vividos no
mar universal.

Nesta quadra e em todo o poema, Pessoa utiliza o discurso na primeira pessoa do


plural (por exemplo “restam-nos”) para fazer referência ao povo português. Ou seja, ele utiliza
esse discurso para esclarecer que esta prece/suplica não é só dele mas também de todos nós
portugueses.

2º Estrofe

A 2ª estrofe é introduzida pela conjunção adversativa “mas” que marca a oposição de


ideias entre a primeira e a segunda quadra.

Na primeira quadra existem sentimentos de desalento/desanimo e saudade enquanto


que nesta segunda quadra é expressa a esperança (referida como “chama”) e o animo do povo
(“nós”) em reerguer a glória de Portugal.

(Ler verso 2) Esta repetição do “ainda” reforça a ideia de que nada está perdido e que
com uma mudança de atitude tudo se pode alterar.

“A mão do vento” é uma metáfora utilizada pelo sujeito para reforçar essa ideia de que
nada está perdido e de que ainda há esperança, ou seja, esta chama ainda pode voltar à vida.

Na expressão “o frio morto” a negatividade do adjetivo morto tem um sentido


conotativo (metafórico, abstrato) que é associado ao estado de Portugal pós descobrimentos.

PORQUE É QUE A “MAO DO VENTO” É ASSOCIADA À CHAMA?

A mão do vento e a chama estão associadas porque tal como o fogo quase extinto pode ser
reavivado por um sopro, também a esperança e o sonho podem ainda ganhar força. Ou seja,
mesmo que Portugal esteja mais adormecido no presente comparando com o passado
glorioso, não quer dizer que no futuro essa vida gloriosa não retorne.
3º estrofe

Na 3ª estrofe o sujeito poético num tom exortativo, de suplica, tal como indica o título
pede que um sopro divino ajude a renascer a chama portuguesa aparentemente apagada
mesmo que se tenha de pagar com desgraça ou suportar o peso da ânsia. Ou seja, quando ele
diz “Dá o sopro, a aragem” está a pedir ao Deus para o ajudar a reerguer a chama de Portugal
e que será essa pequena aragem que fará toda a diferença e irá dar azo a novas ideias e
conquistas.

A Distância neste contexto é o caminho para o conhecimento, seja este conhecimento


marítimo (os descobrimentos) ou conhecimento espiritual ou conhecimento intelectual.

Neste último verso, reforça-se a ideia de que é necessário reinventar a identidade


portuguesa e o prestígio nacional fazendo uma previsão de que se ira reerguer o quinto
império.

A linguagem de Pessoa não só nesta quadra mas também ao longo do poema é


expressiva, este utiliza principalmente a exclamação para dar enfase à esperança de um futuro
melhor para Portugal.

Recursos expressivos

Adjetivação - “Alma é vil”, “Silêncio hostil”, “frio morto” - o uso de adjetivos, principalmente
adjetivos num caracter negativo conferem uma maior expressividade no texto. Estes adjetivos
são utilizados para caracterizar a miséria que se instala em Portugal depois dos tempos de
gloria.

Apostrofe – “Senhor” – Esta apostrofe logo no início do poema serve para demonstrar que
este poema esta a ser dirigido a um ser divino e que todo o poema é constituído por suplicas e
preces tal como indica o titulo.

Metáfora e Personificação – “A mão do vento” – Esta metáfora que é também uma


personificação (porque a mão é um atributo humano) é utilizada para transpor o sentido literal
de reerguer Portugal para o sentido figurado de o vento ajudar a atear o fogo.

Repetição de palavras – “Se ainda… ainda não é finda.”

Conclusão

O poema está situado na parte final de “Mar português” pois nele se encerra o ciclo de
invocação à intervenção divina logo este poema é ideal para encerrar esta visão mística da
história.

Pessoa com isto quer mostrar que o mar é nosso, que os portugueses foram os
pioneiros a conquistá-lo e que ele é o caminho para a perfeição.

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