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Hemodinâmica renal:
Os rins possuem papel fundamental na homeostase do organismo. Por minuto, entram nos
rins cerca de 1.200 mL de sangue, o que corresponde a 600 ml de plasma. Entretanto, nesse
período, são filtrados nos glomérulos apenas 20% dessa quantidade, enquanto os 80%
restantes caem novamente na circulação sistêmica. A porção do plasma que e filtrada, é
denominada ultrafiltrado glomerular e não conta com os elementos celulares do sangue,
sendo praticamente livre de proteínas; porém, as concentrações de sais e moléculas
orgânicas menores são, de modo geral, similares às do plasma. Esses íons e moléculas,
contudo, não serão todos excretados na urina, sendo intensamente reabsorvidos no rim para
retornar à circulação sistêmica, de tal modo que são eliminados apenas 1 a 2 mL de urina
por minuto.
O fluxo sanguíneo renal (FSR) corresponde à quantidade de sangue que chega aos rins num
determinado intervalo de tempo através da artéria renal. Esse fluxo apresenta dois
componentes: um cortical e um medular. O primeiro se distribui pelo córtex renal, é mais
rápido e corresponde a 90% do FSR total, enquanto o segundo distribui-se pela medula
renal, sendo mais lento e equivalendo a 10% do FSR total.
Existem métodos de medida do FSR. O mais comum aplica o princípio de Fick, o qual se
baseia na conservação das massas, determinando que, no caso dos rins, a massa de sangue
que entra pela artéria deve ser igual à massa de sangue que sai pela veia e ureteres. Sua
determinação pode ser feita utilizando-se qualquer substância que não seja sintetizada nem
metabolizada no tecido renal, de modo que a quantidade que entra no rim pela artéria renal,
em uma determinada unidade de tempo, deve corresponder à soma da quantidade da que
sai do rim pela veia renal e ureter, na mesma unidade de tempo. Assim, temos:
Ainda, levando-se em conta que apenas o PAH contido no plasma é passível de filtração
glomerular, a fórmula fica reduzida a:
Assim, para determinar o fluxo sanguíneo renal cortical é preciso, ainda, a partir dos valores
do fluxo plasmático renal cortical e do hematócrito (fração do volume total de sangue que é
ocupado pelas células), realizar o seguinte cálculo:
Para que o RFG seja medido, deve-se utilizar uma substância com as seguintes
características: ser livremente ultrafiltrada nos glomérulos, não se ligando a proteínas
plasmáticas; ser inerte e não toxica; não ser reabsorvida nem secretada pelos túbulos
renais; não estar sujeita a destruição, síntese ou armazenamento renal; mostrar eliminação
constante, mesmo em situações de grande variação de sua concentração plasmática ou do
fluxo urinário; ser fácil e precisamente determinável no plasma e na urina. Para uma
substância que atenda a essas exigências, pode-se dizer que sua concentração na urina será
igual àquela do filtrado glomerular (uma vez que ela não é reabsorvida, secretada, destruída,
etc) que, por sua vez, será igual à sua concentração plasmática (já que ela é livremente
ultrafiltrada). Assim, pode-se concluir que a carga filtrada destra proteína (RFG x Px) é igual
à sua carga excretada (Ux x V). Esta relação corresponde, mais uma vez, ao clearance
renal da substância, isto é, o volume virtual de plasma que fica livre da substância
(ml/minuto):
Em fisiologia renal, o clearance de uma substância indica o volume virtual de plasma que fica
livre da substância, em determinada unidade de tempo, por ação dos rins. Para seu cálculo,
basta medir a quantidade absoluta da substância excretada na urina por minuto e relacioná-
la com sua concentração plasmática:
OBS: Caso a substância esteja ligada a proteínas plasmáticas (não sendo, pois,
livremente filtrável), no cálculo de seu clearance o valor de P deve ser multiplicado
pela fração livre da substância no plasma.
Por meio desse valor, é possível se ter ideia dos mecanismos responsáveis pela excreção
renal de determinada substância.
No caso de substâncias apenas filtradas - ou seja, que não sofrem reabsorção, nem secreção
tubular - temos o exemplo da inulina. Nesse caso, a carga filtrada da substância será igual
à sua carga excretada, de modo que todo plasma filtrado fica livre da substância. Portanto, o
volume virtual de plasma que é depurado dessa substância por minuto (ou clearance da
substância) corresponde ao ritmo de filtração glomerular do indivíduo. O clearance de
substancias assim, ainda, não depende da sua concentração plasmática, apresentando-se
sempre constante qualquer que seja seu valor no plasma. Isto acontece porque, quando
ocorre aumento de sua concentração plasmática, haverá correspondente elevação de sua
concentração no filtrado glomerular (pois este é um ultrafiltrado do plasma) e,
conseqüentemente, sua concentração urinária também será proporcionalmente elevada.
Observando a fórmula de clearance, compreende-se por que este não se altera: tanto o
numerador como o denominador da equação estão proporcionalmente elevados, devido aos
aumentos respectivos de V e P.
Quando a substância é totalmente reabsorvida pelos túbulos renais, sua carga excretada é
zero e sua concentração urinária é nula. Não ocorrendo excreção urinária da substância, o
plasma do indivíduo não fica depurado da substância, ou seja, seu clearance é zero. Como
exemplo, podemos citar a glicose e os aminoácidos. Ainda, caso a substância que é
totalmente reabsorvida apresente um mecanismo de reabsorção que envolve um carregador,
o aumento de sua concentração plasmática irá saturar seu mecanismo de transporte tubular,
aparecendo, então, a substância na urina. A elevação da concentração plasmática de uma
substância que apresenta um transporte de reabsorção saturável faz com que o clearance da
substância tenda ao clearance da inulina, ou seja, a substância passa a se comportar como
se fosse apenas filtrada, uma vez que sua fração reabsorvida toma-se desprezível em
comparação com sua fração excretada.
Quando uma substancia sofre secreção, o volume de plasma depurado desta substância por
minuto (através da filtração glomerular e da secreção tubular) é maior que o volume de
plasma depurado de inulina nesse mesmo tempo (apenas por filtração glomerular). Ou seja,
a substância que é secretada tem clearance maior que o da inulina e, portanto, valor maior
que 1.
No caso em que a substância, além de ser filtrada, é totalmente secretada pelos túbulos (não
aparecendo no sangue que sai do rim pela veia renal), o seu clearance corresponde ao fluxo
plasmático renal, pois todo plasma que chega ao rim é depurado da substância, por filtração
e total secreção. Este é o valor máximo de clearance, pois o rim não pode depurar mais
plasma do que o total que circula por ele. Um exemplo de substância quase totalmente
extraída pelo rim é o paraamino-hipurato de sódio (PAH), sendo seu clearance usado, em
clínica, para indicar uma medida aproximada do fluxo plasmático renal.
Pressão de ultrafiltração:
O RFG é governado pela mesma força propulsora que determina o movimento de fluido
através da parede dos capilares sistêmicos - ou seja, o balanço entre as pressões
hidrostática e oncótica transcapilares, também conhecido como Forças de Starling, as
quais atuam contra ou a favor da filtração. Em um dado ponto do capilar, essa relação pode
ser expressa como:
Porém, em virtude de a concentração de proteínas no ultrafiltrado glomerular ser
extremamente baixa, o valor de π é desprezível. Sendo assim, a força propulsora
responsável pela ultrafiltração glomerular, ou seja, a pressão efetiva de ultrafiltração é
dada pela seguinte relação:
Além dos valores das pressões oncóticas e hidrostáticas na região do corpúsculo renal, os
quais são importantes para o processo de filtração glomerular, é importante estudar também
os gradientes de pressão ao longo dos vasos renais como um todo. A figura abaixo indica
que as maiores quedas da pressão hidrostática (P) ocorrem ao nível das arteríolas aferente e
eferente, sendo estes os locais de maior resistência ao fluxo sanguíneo renal e, portanto, os
principais responsáveis pelo seu controle. A localização dos capilares glomerulares entre
essas duas regiões, de elevada resistência, permite a manutenção da pressão hidrostática
intracapilar em nível relativamente elevado, proporcionando também um mecanismo de
íntimo controle da pressão e do fluxo sanguíneo no interior do capilar. O controle da pressão
e do fluxosanguíneo nas duas arteríolas também controla o ritmo de filtração plasmática
através da parede capilar glomerular. Em virtude de a parede capilar ser praticamente
impermeável a proteínas, à medida que ocorre a filtração glomerular ao longo das alças
capilares a concentração protéica intracapilar aumenta concomitantemente;
conseqüentemente, a pressão oncótica do sangue que percorre os capilares glomerulares se
eleva em direção da arteríola eferente. No leito capilar peritubular, a pressão hidrostática é
baixa (devido à alta resistência encontrada nos segmentos anteriores), sendo então
sobrepujada pela pressão oncótica. Nesse local, o balanço final entre essas duas forças, que
agem em sentidos opostos, determina a força resultante responsável pela reabsorção de
fluido isotônico do interior do túbulo proximal para o sangue capilar peritubular. Essa adição
de fluido ao plasma capilar peritubular causa queda da pressão oncótica; isto faz com que,
ao nível da veia renal (que sai do rim), a pressão oncótica atinja o mesmo valor do
encontrado na artéria renal (que entra no órgão).
1) Mecanismo Miogênico:
O mecanismo miogênico envolve uma propriedade intrínseca do músculo liso arterial, por
meio da qual o músculo contrai-se ou relaxa em resposta a um respectivo aumento ou queda
da tensão da parede vascular. Existe uma resposta imediata e transitória durante a qual uma
elevação da pressão de perfusão é seguida por um aumento do raio vascular, determinando
que o fluxo sanguíneo se eleve. Porém, quase imediatamente após, o resultante estiramento
da parede do vaso rapidamente provoca contração vascular, de modo que o fluxo volta
praticamente ao valor controle. Uma cadeia de eventos oposta ocorre quando cai a pressão
de perfusão. Ou seja, o mecanismo miogênico atua na autorregulação do FSR da seguinte
maneira: o aumento da pressão arterial renal estira a parede das arteríolas aferentes, que
respondem contraindo-se. Essa contração aumenta a resistência das arteríolas aferentes,
que, então, equilibra o aumento da pressão arterial, mantendo o FSR.
Mecanismos de Transporte:
Ao estudar a fisiologia do rim, o interesse pode ser a função do órgão como um todo ou,
então, o conhecimento dos mecanismos básicos de transporte que ocorrem em cada um dos
segmentos tubulares. Dentro deste último aspecto, o transporte dos vários solutos através
das membranas tubulares pode ser conhecido por meio do estudo da biologia molecular dos
transportadores envolvidos nesse processo.
A primeira fase ocorre no início do túbulo, no segmento S1. A filtração glomerular contém,
predominantemente, solutos orgânicos neutros e sais de sódio. Esses solutos podem ser
transportados, do fluido tubular para o interior da célula tubular transcelularmente, por
carreadores específicos que se combinam com o sódio (ativo secundário), paracelularmente
ou por difusão. Esta primeira fase da reabsorção proximal efetua, principalmente, a
reabsorção de nutrientes essenciais, como glicose, aminoácidos, solutos orgânicos neutros e
bicarbonato de sódio. A segunda fase da reabsorção proximal, que ocorre no segmento S2,
efetua principalmente a reabsorção de NaCl.
→ Sódio:
→ Potássio:
Isso se dá, porque muito do K que entra na célula pela Na/K ATPase recircula, voltando para
o interstício pelos canais de K e pelo co-transportador K/Cl, presentes na membrana
basolateral, e não aparece na luz tubular. Em contraste, os canais de K+ apicais, em
condições normais, são quiescentes, não ocorrendo influxo do íon.
→ Cloreto:
→ Cálcio:
→ Fosfato:
O túbulo proximal reabsorve cerca de 80% do fosfato filtrado e o distal, cerca de 10%. A
reabsorção proximal de fosfato ocorre preferencialmente pela via transcelular, por meio de
um transporte ativo secundário. A saída de fosfato da célula proximal, pela membrana
basolateral, ocorre por um mecanismo ainda não bem conhecido.
→ Glicose:
→ Uréia:
Após ser l ivremente filtrada, 50% da uréia é reabsorvida no túbulo proximal por difusão,
pela via transcelular e paracelular, a favor de seu gradiente de concentração, criado pela
progressiva reabsorção de fluido ao longo desse segmento. Além disso, a uréia é reabsorvida
por arraste pela água através das vias paracelulares.
→ Aminoácidos:
→ Proteínas:
Pequenos peptídeos que são filtrados podem ser hidrolisados por peptidases na borda em
escova, e os aminoácidos resultantes são então reabsorvidos. As proteínas maiores, porém,
entram na célula por endocitose e são metabolizadas a aminoácidos, que retornam à
circulação.
→ Fluidos:
Ao longo de todo o túbulo proximal, a reabsorção de soluto e de água ocorrem juntas e são
proporcionais entre si. Isso faz com que o fluido reabsorvido se mantenha quase isosmótico.
A reabsorção de água pelo epitélio proximal se dá através das vias transcelular
(aquaporinas) e paracelular. Após serem reabsorvidos, soluto e água são depositados no
espaço intercelular l ateral, misturando-se rapidamente com o líquido intersticial. O
movimento do reabsorbato, do espaço intercelular lateral para o sangue do capilar
peritubular é governado pelasforças de Starling, dependendo das pressões oncóticas e
hidrostáticas nos capilares.
Nesta porção S1 do tubo proximal, A DP entre o lúmen e a célula é de -2mV no túbulo. Essa
DDP transepitelial resulta da assimetria da célula epitelial: no lado basolateral, a Na/K
ATPase e os canais de potássio originam uma DP transmembrana de cerca de - 70 mV,
sendo o interior da célula negativo. Da mesma maneira, a membrana luminal também
contém canais de potássio, gerando uma DP de - 70 mV, sendo o lado intracelular negativo.
Isto faria com que a DP transepitelial fosse O mV. Porém, a membrana luminal também
apresenta corrente de íons positivos para dentro da célula, devido aos co-transportes
eletrogênicos do cátion sódio com glicose ou aminoácidos. Essa corrente de íons positivos
despolariza parcialmente a membrana luminal para um valor de - 68 mV. Em conseqüência,
aparece a DP transepitelial de -2 mV.
→ Sódio:
→ Cloreto:
→ Potássio:
→ Calcio:
→ Ureia:
→ Glicose:
→ Fluido:
→ Cloreto:
O túbulo distal convoluto é o principal sítio regulador da excreção renal de Ca, feita
principalmente, pela via transcelular, por meio dos mesmos processos descritos no túbulo
proximal. Nessa porção tubular, a Ca-ATPase da membrana basolateral apresenta alta
densidade.
→ Fluido:
Como no ramo ascendente fino e grosso, o transporte de água não está acoplado ao de
soluto nesse segmento, pois seu epitélio é virtualmente impermeável à água. Assim, o túbulo
distal convoluto reabsorve soluto sem reabsorver água, o que leva à diluição do líquido
intratubular. Por essa razão, essa porção tubular é denominada segmento diluidor cortical.
Seu epitélio apresenta resistência elétrica elevada, sendo classificado como do tipo tight, ou
de baixa permeabilidade. Como dito anteriormente, o túbulo de conexão e o ducto coletor
são muito semelhantes, tanto anatômica como funcionalmente. Ambos possuem,
predominantemente, dois tipos de células: 70% são células principais e 30% intercalares.
Enquanto as células principais reabsorvem Na e secretam K, as intercalares tipo alfa
secretam H e reabsorvem K e as tipo beta secretam HC03.
→ Sódio:
No túbulo distal final e no ducto coletor cortical e medular, a reabsorção de sódio é passiva
através das células principais.
→ Cloreto:
No ducto coletor, as células principais reabsorvem Cl pela via paracelular, movido pela DP
transepitelial lúmen-negativa, enquanto as intercalares tipo beta reabsorvem Cl pela via
transcelular, por meio do trocador Cl/HC03 e pelo canal de Cl basolateral.
→ Potássio:
Essa porção tubular reabsorve K, contribuindo para sua recirculação medular (o K+ que sai
desse túbulo vai para o interstício e daí é secretado para o ramo fino descendente). Essa
reabsorção é passiva, pois a concentração de K na luz do coletor medular é alta, porque: 1 )
os segmentos anteriores secretam K e 2) a reabsorção de água concentra o fluido luminal.
→ Uréia:
O ducto coletor da medula interna reabsorve uréia através da via transcelular, por difusão
facilitada.
→ Glicose:
→ Fluido:
A reabsorção de água pelas células principais depende da concen tra ção plasmática do
hormônio antidi urético, que regula a permeabilidade à água desses segmentos tubulares.
Sua ação é mediada por AMP-cíclico e induz a incorporação, na membrana apical das células
principais, de canais para água seqüestrados em vesículas intracelulares. Estes canais para
água são aquaporinas tipo 2, que são as responsivas a hormônio.
A presença dos canais de Na+ na membrana luminal das células principais do ducto coletor
possibilita o influxo celular de Na, a favor tanto do gradiente químico como elétrico. O influxo
de Na despolariza a membrana luminal, tornando sua DP menor, em termos absolutos, que a
DP da membrana basolateral. Esse processo causa resulta em DP -20 e -60 mV, luz tubular
negativa em relação ao interstício.
Regulação do Volume do FEC:
Uma das principais funções dos rins é a manutenção do volume e da tonicidade do FEC. É
importante regular o volume do FEC para manter a pressão sanguínea, a qual é essencial
para a adequada perfusão e função dos tecidos. E é também importante regular a tonicidade
do FEC, pois tanto a hipo como a hipertonicidade causam modificação no volume celular, o
que compromete a função celular, especialmente no sistema nervoso central. Esses dois
mecanismos homeostáticos usam diferentes sensores, transdutores e efetores. Entretanto,
eles têm uma coisa em comum: alguns de seus efetores, embora diferentes, estão
localizados no rim.
1) Sistema Renina-Angiotensina-Aldosterona:
3. Retenção de sódio e água no organismo por diversos efeitos, tais como o aumento
do RFG e também ação direta sobre trocadores e canais de sódio, além da liberação
de aldosterona.
Acredita-se, ainda, que a concentração de NaCl nas células da mácula densa também seja
responsável pela liberação de renina. Quando a concentração desse sal no início do túbulo
distal convoluto é baixa, cai a concentração de NaCl nas células da mácula densa, e é
ativada a liberação de renina pelas células granulares da arteríola aferente. Acredita-se que
esses dois tipos de células atuem como um sincício: as células da mácula densa detectam a
variação de volume ou da composição do fluido tubular distal e enviam essas informações às
células granulares da arteríola aferente.
OBS: O captopril é uma droga que impede a conversão da ANG I a ANG II, por
bloquear a enzima de conversão. A saralasina e o losartan são drogas que bloqueiam
os efeitos da ANG II, sendo antagonistas de seus receptores.
2) ADH:
3) Invervação Simpática:
Na vida diária normal, o papel da atividade da inervação simpática na função renal é mínimo.
Entretanto, a inervação simpática pode ter um papel relevante durante as modificações de
volume do FEC. Ante a uma queda, as terminações simpáticas renais liberam norepinefrina,
que manifesta três principais efeitos: primeiro, a vasoconstrição aferente reduz o FSR e o
RFG e, em consequência, cai a excreção renal de Na; segundo, a norepinefrina estimula a
liberação de renina pelas células granulares, ativando o sistema renina-angiotensina-
aldosterona; e terceiro, a baixa estimulação simpática ativa receptores a-adrenérgicos das
células tubulares renais para aumentar a reabsorção de Na, independentemente de qualquer
efeito hemodinâmico.
Vários polipeptídeos sintetizados, armazenados e liberados por miócitos atriais têm efeito
vasodilatador, natriurético e diurético. Destes, o predominante na circulação é denominado
peptídeo atrial natriurético (ANP), o qual é liberado em resposta ao estiramento atrial
induzido por expansão do volume de sangue circulante. O principal papel do ANP é
normalizar a volemia e a pressão sanguínea através dos seguintes mecanismos:
Assim, a queda do volume circulatório efetivo inibe a liberação do ANP e reduz a excreção de
Na.
5) Prostaglandinas:
Por outro lado, o aumento significativo e persistente da pressão arterial aumenta a perda
renal de Na, por u m mecanismo denominado diurese pressórica. A hipertensão leva ao
aumento da filtração glomerular, elevando a carga filtrada de Na, o que por si só já aumenta
a excreção de Na+ . Além disso, ocorre inibição da reabsorção tubular de Na, através dos
seguintes mecanismos: o aumento do volume circulante efetivo, que freqüentemente
acompanha os estados hipertensivos, leva à inibição do sistema renina-angiotensina-
aldosterona; a elevação da pressão aumenta o fluxo sanguíneo medular, provocando a
lavagem papilar, com consequente queda da reabsorção de NaCl no ramo fino ascendente ;
o aumento abrupto de pressão arterial reduz o número de trocadores Na+/H+ na membrana
luminal de túbulos proximais; e o aumento da pressão arterial provoca consequente elevação
da pressão sanguínea nos capilares peritubulares, dificultando a reabsorção de fluido.
*Balanço de água:
Em uma condição de equilibro, toda a água que o organismo ganha – através de ingestão,
metabolismo e alimentos – deve se igualar à que ele perde – por suor, urina, evaporação,
fezes, etc. Alterações nesse balanço afetam diretamente a pressão osmótica (Posm) do
organismo - retenção de água reduz a pressão osmótica (Posm) do FEC, enquanto sua perda
eleva a Posm. Quando essas alterações ocorrem, mecanismos são acionados a fim de
restabelecer o balanço de água. Assim, em situações em que há retenção de água, o
organismo responder suprimindo a secreção de ADH e a sede. Ao contrário, quando ocorre
diminuição de água no organismo, a correção requer a ingestão e a retenção renal.
1) Sede:
A sede pode ser induzida tanto por diminuição do volume circulatório efetivo, quanto por
aumentos na pressão osmótica. No primeiro caso, as alterações, como já descrito, são
detectadas pelos barorreceptores do organismo, os quais enviam informações ao hipotálamo.
Já no segundo caso, variação é detectada pelos osmorreceptores cujas células, com o
aumento da Posm, perdem água. A ativação dos osmorreceptores também envia
informações ao hipotálamo e, após isso, há indução da sede, fazendo com que o indivíduo
beba água.
Para entendermos melhor esse processo, imaginemos uma situação inicial ideal, em que o
fluido que caminha pelas alças descendente e ascendente assim como o interstício
peritubular teriam uma osmolaridade inicial de 300 mOsm. Em um segmento do ramo
ascendente, a reabsorção de sal reduziria sua concentração luminal, por exemplo, a 200
mOsm, enquanto eleva a do interstício de 300 para 400 mOsm, criando o gradiente de 200
mOsm, que é o efeito unitário.
Ao mesmo tempo, o ramo descendente, que está recebendo fluido isotônico do túbulo
proximal com 300 mOsm, ao entrar em contato com o interstício mais concentrado nesse
nível, tende a se equilibrar com este, perdendo água para o interstício e ganhando deste
NaCl, até atingir 500 mOsm. Como a reabsorção de NaCl sem reabsorção de água ocorre ao
longo de toda a porção ascendente da alça, no momento em que o fluido hipertônico deixa a
porção descendente, a porção ascendente recebe um fluido mais concentrado sobre o qual o
mesmo efeito unitário é exercido, e assim continuamente. Há, então, a multiplicação do
efeito unitário, até que se alcance a situação de equilíbrio. Dessa maneira, forma-se a
hipertonicidade medular.
A elevada concentração intersticial de uréia é devida à sua difusão, a favor do seu gradiente
de concentração, do túbulo coletor medular interno para o interstício. O hormônio
antidiurético tem um papel central nesse processo, por aumentar a permeabilidade à água
dos túbulos coletores. Quando a água é reabsorvida no coletor cortical e medular externo, a
concentração de uréia no fluido intratubular aumenta, pois esses segmentos são pouco
permeáveis à uréia. Entretanto, a permeabilidade à uréia do coletor medular é relativamente
elevada em condições basais e pode aumentar ainda mais sob a ação do hormônio
antidiurético. Esses efeitos permitem que a uréia se difunda passivamente do coletor
medular para o interstício. O acúmulo medular de uréia é também indiretamente dependente
do efeito unitário de contracorrente, que cria um gradiente osmótico que promove a
reabsorção de água no coletor, o que eleva a concentração intratubular de uréia.
Já os vasos retos, presentes ao longo das estruturas tubulares medulares, têm papel na
remoção do excesso de NaCl, ureia e água acrescentados ao interstício. Os ritmos de
acréscimo pelos túbulos e remoção pelos vasos devem equilibrar-se a fim de que a
hipertonicidade do interstício medular seja conservada em determinado nível. O sangue que
percorre os vasos retos equilibra-se, passivamente, com o interstício medular: à medida que
caminha pelo vaso reto descendente, o sangue se concentra e, quando sobe pelo vaso reto
ascendente, se dilui. Assim, constituem um sistema contracorrente permutador que pode
regular a hipertonicidade medular.
Já quando a urina é hiperosmótica, o volume urinário (V) pode ser visto como formado por
uma porção contendo todos os solutos urinários em uma solução isosmótica ao plasma e
outra correspondendo à quantidade de água livre de soluto que foi removida da urina, para
elevar sua osmolaridade ao valor hiperosmótico observado. Esta última porção de água
corresponde ao transporte de água pelo coletor (ou Tc água).
Diuréticos são fármacos que aumentam o fluxo de urina, que têm locais e mecanismos de
ação diferentes. Um dos métodos utilizados para saber qual a porção tubular em que,
preferencialmente, determinado diurético age é a medida do Cágua (que indica diurese
quosa) e TCágua (qu idica antidiurese) antes e após a administração do diurético.
O rim, favorecendo a excreção de ácidos na urina (que fica mais ácida), exerce um papel
relevante na manutenção do equilíbrio ácido-base do organismo, juntamente com os
tampões dos meios intra e extracelulares e com a eliminação de CO 2 pelos pulmões. Da
mesma forma, se há grande quantidade de base, o rim atua excretando seu excesso pela
urina (que fica mais básica), a fim de manter o pH dentro da faixa normal de variação. Nesse
sentido, a acidificação urinária ocorre essencialmente através de três mecanismos: secreção
tubular de hidrogênio e reabsorção de bicarbonato; eliminação de ácidos livres ou sais
ácidos; e excreção de sais de amônio.
2) Secreção Tubular de H+
Em termos da secreção de H+, o túbulo proximal, em sua porção inicial, secreta as maiores
quantidades de H+ e, por consequencia, reabsorve as maiores quantidades de HCO3-. Já nas
porções finais do néfron, o nível de secreção de H+ é menor. Pelo menos três
transportadores podem promover a secreção celular de H+: o trocador Na/H, a H ATPase e
a H/K ATPase.
3) Reabsorção de Bicarbonato
pH do Sangue Arterial:
1) Acidose Respiratória
2) Acidose Metabólica
3) Alcalose Metabólica
A alcalose metabólica pode ser causada pela excessiva ingestão bases ou a perda de suco
gástrico (por aspiração ou vômito), ou quaisquer outras situações em que haja aumento de
bicarbonato. A elevação do HC03 -, com consequente aumento da relação bicarbonato/CO2,
leva ao aumento do pH. Em resposta a isso, há redução da secreção de H+ no túbulo
proximal, o que ocorre provavelmente por dois motivos: 1) queda da saída do HCO3- da
célula para o sangue peritubular, via Na+/HCO3-, e 2) aumento da volta paracelular de
HCO3- do interstício para a luz tubular. Com isso, há o acúmulo de H+, fazendo com que o
pH volte aos seus valores normais.
Tanto o aumento do fluxo do fluido, como da concentração de HCO3- na luz tubular elevam a
reabsorção de HCO3-, o que, provavelmente se deve à elevação do pH luminal que ocorre
nessas duas condições. A reabsorção renal de bicarbonato é, pois, estreitamente dependente
da sua carga filtrada, sem que haja saturação do processo de reabsorção.
A queda do volume circulatório efetivo estimula a reabsorção renal de Na+ por várias vias,
incluindo o sistema renina-angiotensina II-aldosterona e a estimulação da inervação
simpática renal, onde, em ambas, há estímulo do trocador Na+/H+ no túbulo proximal.
Como no túbulo proximal a reabsorção de Na+ está acoplada à secreção de H+ (e, portanto,
à reabsorção de HCO3-), a diminuição de volume não somente aumenta a reabsorção de
Na+, mas também eleva a secreção de H+ e à reabsorção de HCO3-.
Glicocorticoides e Mineralocorticoides:
A insuficiência adrenal prolongada causa retenção ácida, podendo levar à acidose metabólica.
Tanto os glico, como os mineralocorticóides estimulam a secreção renal de H +, agindo em
diferentes locais ao longo do néfron. Os glicocorticoides, como por exemplo o cortisol,
estimulam o trocador Na+/H+ na luz do túbulo proximal, auentando a secreção de H+. Além
disso, inibem a reabsorção de fosfato, aumentando a capacidade de tamponamento luminal
do íon H+ que foi secretado. Já os mineralocorticoides, como a aldosterona, estimulam
diretamente a secreção de H+ pelas células intercalares α do túbulo coletor, aumentando a
atividade da H+/ATPase luminal e do trocador Cl-/HCO3- basolateral. Por ativarem a
reabsorção de Na+, esses hormônios aumentam a negatividade intraluminal, a qual
indiretamente também estimula a secreção de H+ pela H+ATPase luminal, eletrogênica.
Quando ministrados por longo tempo, juntamente com alta ingestão de Na+, os
mineralocorticoides podem causar depleção de K+ que, indiretamente, aumenta a secreção
de H+, como dito anteriormente.
Diuréticos:
O efeito dos diuréticos na secreção renal de H+ depende dos mecanismos e locais de ação
dessas drogas. Eles podem ser divididos em dois grupos: os que levam o indivíduo a eliminar
urina alcalina ou a excretar urina ácida.
Neste grupo se incluem duas classes de diuréticos - os diuréticos de alça (tipo furosemida
ou Lasix, que inibem o co-transportador luminal de Na+, o Triplice) e os diuréticos
tiazídicos, que inibem o co-transportador luminal Na+ -CI- (NCCT) do túbulo contornado
distal. Ambas as classes de diuréticos promovem a acidificação urinária por três
mecanismos: diminuição do volume extracelular, elevando os níveis plasmáticos de ANG II e
de aldosterona, com consequente aumento da secreção de H+; aumento do aporte de Na+
no túbulo coletor, promovendo a reabsorção de Na+ nesse segmento, com consequente
aumento da negatividade luminal, que estimula a secreção H+ pela H+/ATPase luminal; e
através de sua ação diurética, essas drogas estimulam a secreção passiva de K+ por canais
luminais das porções finais do néfron, levando à depleção de K+, que, como discutido antes,
aumenta a secreção de H+.
Acidez Titulável:
OBS: Balanço Global de H+. O íon H+ secretado para o lúmen tubular pode,
simultaneamente, titular três diferentes tampões intratubulares: HCO3-, o HPO4 2- (e
outros tampões que constituem a acidez titulável) e a NH3. Do total de íons H+
secretados, a maioria é utilizada para titular o bicarbonato filtrado, e o restante é
usado para formar novo HCO3-. Portanto, o rim gera novo HCO3- por duas vias:
titulando tampões para produzir a acidez titulável e titulando a NH3 secretada para
formar NH4-.
Este é outro mecanismo pelo qual o rim atua regulando o pH. Do ponto de vista do equilíbrio
ácido-base, a excreção urinária de amônia é extremamente relevante: metade dos ácidos
provenientes do metabolismo diário são eliminados na urina na forma de sal de amônio,
sendo o restante excretado como acidez titulável. Atuando como um tampão urinário, na
eliminação do excesso de íons H+, a amônia oferece uma série de vantagens, tais como: ser
metabolicamente menos dispendiosa que o fosfato, uma vez que é formada por nitrogênio,
enquanto o fosfato é retirado das reservas celulares ou ósseas; sua formação não envolve
alto gasto de energia, pois a síntese hepática de glutamina (principal precursor da amônia)
envolve apenas um A TP por molécula; a utilização renal de glutamina não requer energia; e
a secreção de amônia ao longo do néfron é proporcional à secreção de hidrogênio. Portanto,
à medida que os íons H+ vão sendo secretados, são tamponados, mantendo-se sua
concentração luminal baixa; isto favorece a secreção de ácido, a qual passa a se dar contra
gradiente de concentração relativamente baixo.
Pelo menos, três fatores influenciam a quantidade de amônia produzida pelo rim e excretada
na urina: