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AUTORAS
Aline Lima
Ana Luisa Queiroz
Isabelle Rodrigues
Karoline Kina
Lila Almendra
Rafaela Dornelas (CC BY 4.0)
Yasmin Bitencourt
Esta obra está licenciada sob
uma licença Creative Commons
COORDENAÇÃO GERAL AttributionNonCommercial-ShareAlike
Aline Alves de Lima 4.0 International license. Equal 4.0
Internacional. Textos e fotografias
REVISÃO E EDIÇÃO DOS TEXTOS: podem ser utilizados, copiados,
Ana Luisa Queiroz distribuídos, exibido ou reproduzido
Lila Almendra em qualquer meio ou forma, mecânico,
electrónico, incluindo fotocópias, desde
que não fotocópia, desde que não tenha
PROJETO GRÁFICO finalidade comercial e que as fontes,
E DIAGRAMAÇÃO: autores e autores sejam citados.
João Seno
Rio de Janeiro
Atribuição 4.0 Internacional 2021
REALIZAÇÃO APOIO
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
21-94566 CDD-370.78018
Índices para catálogo sistemático:
CURSOS POPULARES 16
OFICINAS 22
INTERCÂMBIOS 28
CARAVANAS 32
FORMAÇÕES INTERNAS 40
COMUNICAÇÃO 44
CA RTIL H A M ETODOLO GIAS 6
Introdução:
Os porquês da
escrita dessa cartilha
Ao longo dos seus 35 anos de história Não pretendemos aqui nem reduzir essa
viva, o Instituto Pacs foi construindo história e nem incentivar a reprodução de
seus caminhos e fazeres através da força uma receita de bolo, mas fazer um exercício
das coletividades, das experimentações e de sistematização que possa contribuir para
do desejo de incidir no enfrentamento às o aquecimento desse campo tão necessário,
diferentes opressões que marcam o nosso entre reflexões, debates e práticas por um
mundo, em busca da liberdade dos povos mundo mais justo e plural.
e do bem viver. Objetivando fortalecer
Falar dessa história é falar do que nos move.
a crítica ao modelo de desenvolvimento
Nessa caminhada de construção crítica ao
capitalista, racista e patriarcal, a
modelo dominante de desenvolvimento e
responsabilização das empresas violadoras
também de fortalecimento de construções
e seus megaprojetos, a valorização das
alternativas a ele, muitos desejos e
coletividades auto-organizadas e suas
estratégias se tecem. Dentre elas, um desses
ações em defesa da vida em seus territórios,
caminhos tem sido através da valorização
fomos trilhando caminhos metodológicos
da auto-organização das coletividades,
variados, que contaram com seus erros e
dos grupos e dos movimentos em seus
acertos.
territórios. Para nós, a visibilização e
Inspiradas pela educação popular, valorização da força dos territórios nutre
acreditamos que é através da partilha e da a atuação política dos indivíduos auto-
experimentação que vamos construindo organizados e gera autonomia no sentido
nossos saberes. Movidas por esse desejo da construção de novos horizontes mais
de troca, trazemos aqui algumas reflexões participativos.
e experiências vividas ao longo dessa
Outro aspecto fundamental que nos move
caminhada. O desafio desse registro passa
nessa construção coletiva de saberes críticos
pela sistematização de uma história diversa,
e autônomos mora na reflexão constante
que segue se reconstruindo baseada em
sobre as relações construídas e destruídas
aprendizados desde o nascimento do Pacs,
pelos megaprojetos. Um olhar atento à
do seu encontro com diferentes parceiras
história política, econômica e cultural
e parceiros, dos diferentes territórios,
brasileira (ou ainda latino-americana
cheiros e sotaques com os quais tivemos o
e caribenha) revela o protagonismo
privilégio de encontrar e construir junto.
dos megaprojetos dentro do modelo
7
Cheganças,
animação e
encerramento
A construção de uma atividade ou de ou virtual, é por onde iniciamos. A
um produto coletivo envolve diferentes ambientação é feita com músicas, cheiros,
momentos e metodologias que combinam objetos que remetam à intenção da
e dialogam. Ao longo de nossa história, atividade, além de frutas e água, tudo o
temos cada vez mais valorizado os espaços que possa colaborar para uma atmosfera
não diretamente construídos para atender próxima e acolhedora para as participantes.
ao objetivo principal de uma atividade,
A depender do tempo, usamos dinâmicas
mas que nem por isso deixam de ser
de apresentação geral, em grande roda,
fundamentais.
em duplas ou em grupos. As dinâmicas
Por isso, nesta seção, vamos falar um de apresentação em dupla ou grupos
pouquinho das cheganças, da animação se mostram efetivas principalmente em
ao longo da atividade e do encerramento grupos de 30 pessoas ou mais, uma vez
dela. Esses momentos são chave para que permite que as pessoas troquem
envolver as pessoas nos processos a serem mais do que seria feito em uma possível
desenvolvidos, trazendo a concentração, apresentação em plenária, podendo gerar
construindo laços, criando espaços de vínculos desde esse primeiro momento. As
confiança e segurança, consolidando apresentações podem ser feitas a partir de
debates feitos, circulando afetos e abrindo alguma provocação prévia, que valorize a
a possibilidade do relaxamento como parte subjetividade e a história da pessoa. Algo
valiosa de qualquer fluxo produtivo e de que se goste de fazer fora do tempo do
articulação política. Cada uma das muitas trabalho, uma curiosidade sobre si ou até
possíveis metodologias de chegança, de a apresentação de um objeto que contenha
animação e de encerramento tem o seu uma história da pessoa ou a represente.
objetivo e papel, mas sua relevância para
Para trabalhar a concentração nos
o desenvolvimento de uma boa atividade é
momentos de chegança, tanto em
igualmente alta.
atividades on-line como nas presenciais,
Começando pelo início, pelo que costumamos colocar o corpo no centro
chamamos de chegança, destacamos aqui das atenções. Práticas de respiração, dança
práticas para o acolhimento, entrosamento e alongamento, inspiradas em diferentes
e concentração no presente, naquilo a teorias e movimentos, como o teatro do
que estamos nos propondo construir. A oprimido, contribuem desde a quebra do
preparação do espaço, seja ele presencial gelo até trazer o foco para o momento
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Espaços de
autocuidado
e cuidado
coletivo
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O QUE SÃO? D E O N D E PA R T I M O S
Espaços de autocuidado e cuidado coletivo Poderíamos falar de muitos fios que teceram
são destinados à reflexão política sobre esse caminho de entendimento do cuidado
o cuidado e à partilha de experiências e como um fazer político e de uma reflexão
práticas. Os espaços podem ser oficinas e necessária que atravessa todos os processos
formações inteiras, mas aqui vamos nos de enfrentamento de injustiças e luta pelo
dedicar a falar sobre suas realizações em bem comum. Destacamos aqui as lutas e
momentos curtos entre as atividades reflexões entre mulheres como espaços
produtivas (sejam elas cursos, oficinas, fundamentais para a abertura desse campo.
plenárias de articulação, entre outras), de Falar da vida das mulheres, dos impactos
modo que as mulheres se cuidem e cuidem específicos dos megaprojetos sobre elas,
umas das outras em um ambiente seguro do trabalho reprodutivo, das diferentes
e dedicado a isso. Esses espaços ressaltam dimensões do companheirismo e da solidão
a importância de um momento para o entre companheiras, foi acumulando essa
descanso e para a troca acolhedora entre necessidade de incluir expressamente
as mulheres (ou entre mulheres, homens e a dimensão do cuidado em todo nosso
jovens) realizado com intencionalidade e trabalho. O cuidado como um fazer político
reflexão crítica. fundamental à produção de conhecimento,
à reprodução da vida material e subjetiva, à
saúde do corpo e das ideias.
CA RTIL H A M ETODOLO GIAS 12
3 4
D E F I N IÇ Ã O D E P Ú B L I C O T E M P O D E P R E PA R O, E X E C U ÇÃO
E P Ó S - E X E C U ÇÃO
Nossa experiência na construção de espaços
de autocuidado e cuidado coletivo passa O tempo de preparação vai depender
prioritariamente pelas mulheres. Em uma do contexto em que vivem as mulheres
sociedade patriarcal, marcada pela divisão envolvidas e se já estão mobilizadas ou
sexual do trabalho, pela invisibilização do não para a atividade. É necessário avaliar a
trabalho reprodutivo e pela sua concentração demanda por compra de materiais a serem
quase exclusiva como responsabilidade das utilizados (ervas, óleos, álcool e recipientes,
mulheres, afirmar o cuidado como um fazer etc.) e se as facilitadoras ou educadoras estão
político, necessário e compartilhado tem sido mobilizadas ou necessitam de alguma outra
um caminho fundamental. Pensar o cuidado formação ou direcionamento temático. O
de si e o cuidado com outras pessoas pode tempo de preparação deve levar cerca de um
ser feito de diferentes formas, mas quando mês.
pensamos a escolha do público, é importante
O tempo de execução é mais longo caso a
refletirmos sobre quem estará na atividade
atividade seja realizada presencialmente.
e quantas pessoas serão. Através dessa
Tratando-se de uma atividade virtual, temos
reflexão e delimitação, é possível pensar
uma limitação desejável de no máximo duas
caminhos para a construção de confiança
horas de tempo contínuo de tela.
entre as participantes, assim como garantir
que a estrutura disponível (presencial
ou virtual) possa acolher as mulheres de
maneira adequada.
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R E C U R S O S E M AT E R I A I S AT I V I D A D E S D E P R E PA R AÇ ÃO
N E C E S S Á R IO S N O P R E PA R O,
Caso o espaço se proponha a produzir
E X E C U Ç Ã O E P Ó S - E X E C U ÇÃ O
alquimias de cuidado, é importante que no
Cada espaço de autocuidado terá sua momento de mobilização partilhemos uma
metodologia específica. A partir das lista de materiais prévios necessários para
facilitadoras e suas propostas devem que as participantes possam se organizar
surgir elementos importantes. Em geral, para consegui-los. Além disso, no processo
costumamos valorizar os saberes das de preparação do espaço, é importante
mulheres, sobretudo daquelas envolvidas partilhar leituras, vídeos, músicas e poesias,
com a agroecologia, e o uso de materiais dentre outros materiais sobre o cuidado,
naturais e de fácil acesso, como ervas, óleo para que o tema possa ser “aquecido” antes
vegetais, tinturas, escalda-pés, incensos, do início da atividade.
bacias, recipientes para as alquimias e água
quente, além de alimentação adequada e 8
nutridora para o encontro.
M E T O D O LO GI A S - C H AV E
Em muitos contextos, as mulheres (ou
outros participantes envolvidos) têm São muitas as possibilidades de
acesso a ervas e plantas medicinais em metodologias a serem aplicadas na
suas hortas e quintais. A valorização dos dinâmica de autocuidado. Em geral o
recursos e materiais de fácil acesso às Instituto Pacs utiliza como principais as
participantes é fundamental. A construção seguintes:
de um espaço de cuidado, seja ele uma • rodas de conversa (diálogo e debate)
oficina inteira ou pequenos momentos – partindo de perguntas geradoras,
como pílulas, que são pequenos momentos • círculo de justiça restaurativa,
dentro de agendas mais amplas –, não
deve criar cobrança e tensionamento, pelo • reflexões sobre as experiências de vida
centrando no sujeito,
contrário, deve-se garantir uma atmosfera
de acolhimento e relaxamento. • partilha de saberes com ervas,
• produção de alquimias de cuidado
6 (como sprays vibracionais, pomadas,
óleos terapêuticos, chás, escalda-pés e
E Q U I P E E N V O LV I D A E F U N Ç Õ E S tinturas),
A equipe deve ser constituída por pessoas • mutirões,
para as seguintes funções: a) mobilização e • produção coletiva de saberes,
organização da metodologia, b) conteúdos
• oficinas de dança,
e programação da atividade, c) mediação
ou facilitação do espaço e d) relatoria. • práticas de alongamento corporal,
• massagem coletiva ou individual e
• meditações guiadas.
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FORMAS DE REGISTRO DA A P R E N DI Z A D O S
E X E C U Ç Ã O E S I S T E M AT I Z A ÇÃ O
Aprendemos com a experiência que os
D A S E X P E R I Ê N CI A S
espaços de autocuidado e cuidado coletivo
Nesses espaços não temos a necessidade não podem ser mais um local de cobrança. Às
tão urgente de registros oficiais, até vezes, com o desejo de motivar as mulheres
por serem espaços que podem circular para seguirem com as práticas partilhadas,
conteúdos mais sensíveis sobre a vida das ou ainda no anseio de aproveitar ao máximo
participantes e que não devem mesmo o tempo, criamos uma atmosfera de pressão,
ser registrados. O que consideramos o que deve ser evitado. As práticas de cuidado
mais relevante de ficarem sistematizadas têm por base o encontro e a partilha e cada
são as percepções e o fluxo a partir dos espaço construído terá suas dinâmicas
afetos cuidados, até para que se possa particulares, que demandam uma atenção
posteriormente avaliar e aperfeiçoar a geral e sensibilidade de percepção.
atividade, além do registro de possíveis
É essencial construir um espaço seguro para
conteúdos para consultas posteriores.
todas e ter cuidado e respeito com o que é dito
Algumas opções para isso são registros em
e expressado nessa roda. A partir da abertura
cartilhas ou apostilas de conteúdos a partir
e disponibilidade de cada participante,
da relatoria, registros audiovisuais em
deve haver sensibilidade para mediar
fotos ou vídeos e sistematização a partir de
tópicos sensíveis, atuando com seriedade e
tarjetas ou facilitação gráfica.
compromisso com as participantes envolvidas.
E S PAÇ O S D E A U TO C U I DA D O E C U I DA D O C O L E T I V O 15
B A L ÃO DA E X P E R I Ê N C I A
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O B S E R VA Ç Õ E S R O D A S D E M A S S AG E M , D E
CHEIRO E RESPIRO
O que é cuidado? A noção de cuidado
é muito ampla e pode contemplar as São muitos os exemplos que poderíamos
atividades não óbvias, estando presente trazer, mas vamos destacar três. Quando
no nosso cotidiano em diferentes espaços. em um espaço de confiança, entre um
Por exemplo, um mutirão de plantio em debate e outro, reservamos alguns minutos
uma horta de uma companheira pode ser para pedir que as participantes se separem
uma ação de cuidado. Dizer que o cuidado em duplas e que cada uma tenha um tempo
está no centro das nossas ações é valorizar para massagear as costas e os ombros
a intencionalidade que temos em praticar da companheira que está consigo. Após
e refletir sobre ele, seja quando olhamos alguns minutos, invertemos as posições
pros nossos coletivos, seja quando olhamos das duplas. Esse contato relaxa, diverte e
para nós mesmas. cria laços entre as participantes e quem
está mediando. Outra sugestão que usamos
quando estamos juntas é trazer um cheiro,
seja através de um óleo essencial, ou de
alguma planta em sua folha, flor ou caule.
Circulamos o cheiro em roda, que passa de
mão em mão, e respiramos juntas enquanto
o movimento acontece. Nos permitimos
fechar os olhos e sentir de que maneira
esse aroma e a respiração nos aproxima,
nos envolve em uma mesma atmosfera.
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Cursos
Populares
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O QUE SÃO? 3
T E M P O D E P R E PA R O, E X E C U ÇÃ O
E P Ó S - E X E C U ÇÃ O
o momento ao máximo que corremos o Para cada curso, temos uma modalidade
risco de sobrecarregar a programação de execução. Existem cursos, como o
com excesso de conteúdos, o que pode Autogestão e bem viver nos territórios,
afetar o tempo de reflexão e debate. Dessa que por seu caráter nacional são propostos
forma, temos aprendido cada vez mais como cursos de imersão, de modo a otimizar
sobre a importância das místicas e dos e aproveitar o tempo intensivo além de
intervalos. A pausa é também companheira garantir organicidade e proximidade entre
da reflexão. Em um intervalo para um as/os participantes. Já o curso Mulheres
lanche ou apenas para se espreguiçar e e Economia tem um caráter extensivo
ir ao banheiro abrimos espaço no corpo e duração de 7 semanas com encontros
e na mente e criamos laços entre nossas semanais presenciais (durante a pandemia,
companheiras e companheiros. por razões óbvias, experimentamos a
modalidade virtual) por se tratar de um
processo que conta com equipes de cogestão
(participantes do próprio curso) que fazem
uma avaliação permanente do processo de
aprendizagem e apropriação dos conteúdos.
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Oficinas
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4 5
T E M P O D E P R E PA R O, E X E C U ÇÃ O R E C U R S O S E M AT E R I A I S
E P Ó S - E X E C U ÇÃ O N E C E S S Á R I O S N O P R E PA R O,
E X E C U Ç ÃO E P Ó S - E X E C U ÇÃO
O tempo necessário para planejar e realizar
uma oficina vai depender dos objetivos, da O formato das oficinas pode variar bastante
organização dos conteúdos e da mobilização e muitas vezes elas podem ser realizadas
das pessoas envolvidas (tanto possíveis com pouco recurso financeiro. No entanto,
educadoras ou facilitadoras quanto as quando existe este recurso, buscamos
participantes em geral). Idealmente, tendo privilegiar o pagamento das despesas
em vista nossas experiências, preferimos das participantes, como transporte e
contar com um mês de antecedência alimentação – quando presencial –, ou
para preparar os conteúdos, mobilizar as de internet – quando virtual –, além
participantes, dialogar com as educadoras de remunerar as relatoras, educadoras,
convidadas, fazer um levantamento da facilitadoras e cirandeiras. Entendemos
logística (espaço, deslocamento, alimentação que nesses casos a contribuição financeira
e a viabilização de uma plataforma digital, valoriza a presença das pessoas envolvidas,
no caso de oficinas virtuais), entre outros embora essa valorização não se restrinja ao
elementos. campo financeiro, podendo e devendo ser
expressada de outras formas, e através de
Para pensar o tempo de execução de
outras economias solidárias e fraternas.
uma oficina consideramos um balanço
entre seus objetivos, os conteúdos que Os materiais necessários variam
serão apresentados, o número de pessoas conforme a temática, a programação,
envolvidas e a sua disponibilidade. Às vezes as atividades e o público da oficina. Em
ficamos tão motivadas em aproveitar o geral, poesias e músicas são bem-vindas
momento ao máximo que corremos o risco de para as místicas, materiais de papelaria
sobrecarregar a programação com excesso (como canetas, tintas, papel, cartolina,
de conteúdos, o que pode afetar o tempo de tarjetas e tecidos) e materiais multimídia
reflexão e de debate. Dessa forma, temos (como som, projetor, cabos, adaptadores,
aprendido cada vez mais sobre a importância câmeras e carregadores) são utilizados nas
das místicas e dos intervalos. A pausa é dinâmicas. É sempre bom conferir o que já
também companheira da reflexão. Em um temos e prever o que pode faltar no local
intervalo para um lanche ou apenas para se onde será realizada a oficina, desde papel
espreguiçar e ir ao banheiro abrimos espaço higiênico e repelente até adaptadores e
no corpo e na mente e criamos laços entre filtros de tomada. Por fim, é recomendada
nossas companheiras e companheiros. uma especial atenção para carregar os
equipamentos com antecedência, a fim de
Existe um especial cuidado no pós-execução
que estejam prontos para uso no momento
em relação à sistematização do que foi vivido,
da atividade.
à organização dos registros e relatorias,
além do envio dos materiais finais para as
participantes e eventuais atividades geradas
a partir dos encaminhamentos das oficinas.
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E Q U I P E E N V O LV I D A E F U N Ç Õ E S AT I V I DA D E S D E P R E PA R AÇ ÃO
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M E TO D O LO G I A S - C H AV E F O R M A S D E R E GI S T R O DA
E X E C U Ç ÃO E S I S T E M AT I Z AÇÃO
Algumas experiências com metodologias
D A S E X P E R I Ê N CI A S
em oficinas são mais marcantes em
nossa história. As rodas com perguntas As formas de registro mais utilizadas para
geradoras, por exemplo, têm se mostrado essa atividade são relatorias, fotos e vídeos,
eficazes tanto em encontros presenciais além de entrevistas curtas antes, durante
quanto virtuais. Através de perguntas e depois das atividades de avaliação
pré-definidas, criamos um chão comum de (realizadas através de dinâmica, cartas ou
provocação das falas. Elas nos permitem fichas).
ouvir, desde os primeiros momentos em
roda, as pessoas que estão participando, 10
o que fornece mais elementos e caminhos
possíveis para o desenvolvimento do A P R E N DI Z A D O S
debate por parte de quem está mediando. A cada oficina aprendemos um pouco
Aqui, os trabalhos em grupo são coringas mais, seja em relação aos caminhos para
para momentos em que há um grande trabalho com algum grupo específico, seja
número de participantes e não é possível em relação aos diversos formatos ou a
dar voz a todas e todos em plenária. quanto tempo cada conteúdo ou momento
Eles estimulam o desenvolvimento de demanda. Uma das coisas que aprendemos
debates e questões a fundo, assim como tem relação com o cuidado de manter
facilita sistematizar e gerar possíveis alguma flexibilidade para a programação,
encaminhamentos organizativos. entendendo que nem todo imprevisto é
um problema. Às vezes certas demandas
Os trabalhos em grupo podem ser usados ou propostas surgem durante uma oficina
em diversos momentos da oficina e com de maneira pertinente e necessária.
objetivos diversos, embora seja importante É importante desenvolver a sensibilidade
garantir um momento de exposição de e buscar coletivamente, na medida
cada um deles para o grupo todo, seguida possível, reencontrar os objetivos traçados
de um debate amplo para que as discussões inicialmente com as oportunidades que
de cada grupo não fiquem isoladas e de surgem no momento da realização.
modo a enriquecer a troca geral durante
a oficina.
Mas atenção: com a empolgação e o desejo
de dar conta de muitas coisas ao mesmo
tempo, podemos cair no erro de construir
perguntas geradoras muito grandes, ou
em grande número. Essa escolha deve
caminhar alinhada com a reflexão sobre
o tempo e o número de participantes.
Devagar também se chega.
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O B S E R VA Ç Õ E S B A L ÃO DA E X P E R I Ê N C I A
Intercâmbios
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M E TO D O LO G I A S - C H AV E A P R E N DI Z A D O S
Caravanas
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E Q U I P E E N V O LV I D A E F U N Ç Õ E S M E T O D O LO GI A S - C H AV E
Para cada caravana, como mencionado A metodologia das caravanas foi inspirada nas
acima, é fundamental que exista uma lutas do povo, em suas romarias e caminhadas.
comissão responsável pela organização. Nós as conhecemos, inicialmente, através do
Essa comissão pode se dividir em outras, movimento agroecológico e suas caravanas
para dar conta de todos os detalhes de sua territoriais agroecológicas pelo Brasil.
construção. Na execução das caravanas
O primeiro ponto da metodologia da
é importante que tenhamos pessoas de
caravana é a preparação, que começa com a
referência em cada rota e que estejam
escolha das rotas e do ponto de culminância,
em comunicação entre si. As caravanas
local onde todas as rotas se encontram. Esse
são atividades intensas, que demandam
processo demanda articulação contínua com
uma coletividade comprometida com o
as pessoas dos territórios visitados, para
processo, desde os territórios visitados até
combinar sobre os lugares de pernoite e
as organizações de apoio e participantes.
alimentação, além do roteiro da visita.
6 Em seguida, destacamos também a dinâmica
das próprias visitas ao longo da caravana.
AT I V I D A D E S D E P R E PA R A Ç Ã O É importante que as visitas sejam guiadas
Tratando-se de uma caravana, o diálogo pelas/os protagonistas e que os grupos
para mobilização é importante tanto no sigam juntos ao longo da visita. Isso porque
contato com as experiências visitadas um dos focos nesses caminhos são as trocas
quanto na divulgação. Os sujeitos devem de experiência entre todas/os presentes.
refletir previamente sobre as experiências Outro ponto de destaque é o planejamento
que protagonizam, seus pontos fortes da culminância, que tem por foco pensar
e desafios. É importante, assim, que a como essas diferentes rotas vão socializar
formulação da metodologia da caravana os aprendizados quando se encontrarem.
inclua o processo preparatório, através Uma opção são as instalações artístico-
de interações constantes com as/ pedagógicas, bastante utilizadas no
os participantes. Cabe à comissão o contexto da agroecologia.
diálogo com a equipe sobre as atividades
preparatórias, envios de materiais de “As instalações consideram a multiplicidade
estudo prévios e orientações para o de “suportes e materiais” na criação de
momento do encontro. cenários compostos por elementos da
realidade, proporcionando o entendimento
dos espaços geradores de conhecimentos
como passíveis de se tornarem instalações,
sejam laboratórios ou ambientes mais
amplos, como propriedades rurais, regiões
de conflitos, territórios”1
FORMAS DE REGISTRO DA
E X E C U Ç Ã O E S I S T E M AT I Z A ÇÃ O
D A S E X P E R I Ê N CI A S
B A L ÃO DA E X P E R I Ê N C I A
C A R AVA N A T E R R I T Ó R I O S
C O N T R A O R A C I S M O A M B I E N TA L
Mapeamentos e
cartografias populares
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4 5
T E M P O D E P R E PA R O, E X E C U ÇÃ O R E C U R S O S E M AT E R I A I S
E P Ó S - E X E C U ÇÃ O N E C E S S Á R I O S N O P R E PA R O,
E X E C U Ç ÃO E P Ó S - E X E C U ÇÃO
O tempo de preparo vai depender
da profundidade do mapeamento, da O formato dos mapeamentos pode variar
mobilização das pessoas envolvidas, da bastante e muitas vezes eles podem ser
extensão do que se quer mapear e se é realizados com pouco recurso financeiro.
o caso de se construir algum processo No entanto, quando existe este recurso,
concomitante (seja de articulação entre as buscamos privilegiar o pagamento das
participantes do mapeamento ou outros). despesas das participantes, como transporte
É importante que se reconheça o que se e alimentação, além de remunerar as
quer mapear, compartilhando exemplos e relatoras e facilitadoras.
traçando um caminho possível a partir da
Entendemos, como já mencionado, que
coletividade dedicada a este trabalho.
nesses casos a contribuição financeira
Quanto mais coletivizado for o valoriza a presença das pessoas envolvidas,
mapeamento, maior o tempo de preparo, embora essa valorização não se restrinja
execução e sistematização. Para ao campo financeiro, podendo e devendo
calcular, é interessante ter em vista os ser expressa através de outras economias
diferentes momentos que compõem solidárias e fraternas.
essa metodologia, como a sensibilização
Além dos recursos de sempre, existe ainda
do tema, o entrosamento e construção
o investimento em desenvolvimento gráfico
(ou aprofundamento) de laços entre as
visual, seja em imagem, mapa, plataforma
participantes, a definição coletiva da área
digital ou outras possibilidades a partir do
a ser mapeada, do que se quer mapear e de
mapeamento.
como será realizado.
Os principais materiais necessários são livros
Em casos menos participativos ou
e materiais de experiências similares que
colaborativos, alguns desses momentos
orientem o processo de construção. Além
podem ser pré-definidos. No entanto,
disso, pode-se aproveitar os materiais físicos
ressaltamos a importância da manutenção
utilizados para oficinas e cursos, pois esses
de um diálogo próximo, no qual as pessoas
são os mesmos utilizados nos mapeamentos.
envolvidas possam incidir sobre o produto
final. Se possível, é interessante que exista É possível também que haja a necessidade
um espaço de diálogo entre o grupo, de uso de mapas nesse processo, assim como
mesmo depois do encerramento do projeto, outros materiais físicos que possam ajudar
a fim de propiciar o compartilhamento a criar e reconhecer simbologias que façam
de possíveis desdobramentos, convites e sentido para a construção do mapeamento.
oportunidades gerados pelo processo. Uma possibilidade é também a elaboração
de maquetes, por exemplo, para momentos
de desenvolvimento das metodologias do
mapeamento em curso.
6
CA RTIL H A M ETODOLO GIAS 38
E Q U I P E E N V O LV I D A E F U N Ç Õ E S
8
É importante pensar a equipe em função do
trabalho necessário, que inclui a articulação M E T O D O LO GI A S - C H AV E
e mobilização das pessoas e a sistematização, Algumas das metodologias mais utilizadas
seja ela escrita ou através de ilustrações em atividades de mapeamento são:
e animações. A produção pode ser mais
ou menos participativa e a sistematização • dinâmicas de construção de segurança e
mais ou menos centralizada, levando em aproximação entre as pessoas;
consideração a dimensão da coletividade • valorização dos sujeitos e suas histórias,
(seja ela preexistente ou construída através, por exemplo, de rodas de
para o mapeamento). contação de história de vida mediadas
Nesse caso, ressaltamos a importância de através de um fio comum a todas as
figuras no território trabalhado que estejam participantes;
engajadas e comprometidas com a realização • abordagem do corpo como território
do mapeamento. Caso não haja pessoas dos e despertar para os impactos sentidos,
próprios territórios, dependendo do perfil por exemplo, através de mapeamentos
deste mapeamento é importante que algumas feitos individual ou coletivamente sobre
pessoas da equipe estejam dedicadas a onde sentem as emoções e impactos de
conhecer este território de outras formas que megaprojetos em seus corpos, como se
não só em pesquisa e diálogos superficiais. cada corpo fosse em si um mapa;
O mapeamento é feito de modo a gerar não
somente produtos, mas também processos, e • valorização da ação: identificação das
para isso o engajamento em uma abordagem resistências e das alternativas, podendo
mais presente é essencial. ser através de rodadas complementares
com exemplos de ações desenvolvidas
7 pelas participantes em defesa da vida,
valorizando o trabalho reprodutivo
AT I V I D A D E S D E P R E PA R A Ç Ã O cotidiano, as pequenas e grandes redes
Algumas das atividades de preparação de de apoio, cuidado e articulação política e
um mapeamento envolvem reuniões com • entrelaçamento das memórias pessoal
a coletividade para que se desenvolva a e coletiva, onde vão se tecendo, por
organização de um plano de trabalho/ exemplo, uma linha do tempo em que os
planejamento de ações para o mapeamento. resgates da história de um lugar passam
A mobilização de participantes e equipe de pela história de cada uma das presentes,
trabalho deve dar conta de estruturar a dos cheiros, das cores e das lembranças
atividade, além de ser necessário que haja que trazem consigo.
pessoas dedicadas ao design e à ilustração
para elaborar a divulgação e o desenho
do mapeamento.
M A P E A M E N TO S E CA R TO G R A F I A S P O P U L A R E S 39
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B A L ÃO DA E X P E R I Ê N C I A
FORMAS DE REGISTRO DA A experiência histórica da Militiva -
E X E C U Ç Ã O E S I S T E M AT I Z A ÇÃ O Militância Investigativa, processo
D A S E X P E R I Ê N CI A S cartográfico feminista construído ao
Costumamos utilizar como formas de longo de três anos com uma coletiva
registro as relatorias, tarjetas, desenhos, de mulheres enraizada na Zona Oeste
fotos, vídeos, entrevistas, registros de do Rio de Janeiro, teve como objetivo
memórias e diários de campo. Nessa mapear os conflitos socioambientais e
atividade em especial sistematizamos as alternativas insurgentes nos nossos
também através da representação gráfica territórios, na Zona Oeste do Rio de
do que está sendo mapeado. Janeiro, a partir das vivências, dos olhares
e das práticas das mulheres. Partimos
10
do entendimento de que a construção
compartilhada da pesquisa poderia fazer
APRENDIZADOS desta um instrumento que contribuísse
para visibilizar e projetar a vivência das
Neste processo, alguns dos pontos
mulheres a partir da cotidianidade da
principais – que ressaltamos aqui como
luta. Além disso, a sistematização coletiva
aprendizados – são a importância da
de experiências e olhares sobre situações
memória, do processo de formação coletiva
de opressão vividas viria a fortalecer
e da articulação com e entre grupos. Em
nossas redes e territórios de resistência
muitas de nossas experiências pudemos
e construção de alternativas de poder.
vivenciar a construção de consensos e
A sistematização dessa cartografia está
pontes que expressam as pluralidades das
disponível no site https://www.militiva.org.
vidas no território mapeado.
br/
CA RTIL H A M ETODOLO GIAS 40
Formações internas
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4 5
T E M P O D E P R E PA R O, E X E C U ÇÃ O R E C U R S O S E M AT E R I A I S
E P Ó S - E X E C U ÇÃ O N E C E S S Á R I O S N O P R E PA R O,
E X E C U Ç ÃO E P Ó S - E X E C U ÇÃO
As formações internas possuem três
etapas: planejamento, execução e pós- Os materiais necessários dependem do
execução. Na etapa de planejamento tipo de formação proposta. No âmbito
realizamos um debate coletivo com o da educação popular, elencamos algumas
fim de eleger as temáticas e comissões possibilidades, como o uso de tarjetas
responsáveis daquele semestre. As para a metodologia do círculo de cultura;
comissões são formadas por pessoas uso de projetor para visualização coletiva
encarregadas pela comunicação com de fotos, vídeos e outros materiais
toda a equipe em relação à data, audiovisuais; blocos de anotações, canetas,
à organização das tarefas (envios papéis, entre outros artigos de papelaria.
de exercícios e leituras), além da
escolha e organização da metodologia A utilização dos materiais varia de acordo com
e da programação da atividade. o formato da atividade. Em caso de atividades
presenciais, é feita a montagem de um espaço
Na etapa de execução, a formação é em educativo com os itens citados, enquanto
geral realizada em um turno (manhã ou nas virtuais é necessário garantir o acesso à
tarde) no caso das atividades presenciais internet a todas(os) as(os) participantes e a
e em encontros de no máximo duas a três uma plataforma de chamadas de vídeo. Em
horas no caso das virtuais – levando em todos os casos, existe ainda a preocupação
consideração o cansaço causado pela tela. com a garantia de alimentação ao longo da
São realizados ainda espaços de “respiro”, formação (lanche e/ou almoço, a depender
como místicas utilizando música, poesia, dos horários), para que as pessoas envolvidas
vídeos, objetos e práticas de relaxamento. possam se dedicar integralmente ao processo.
Já na etapa pós-execução, compartilhamos
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o relato da atividade e realizamos um
processo de avaliação, onde opiniões, críticas E Q U I P E E N V O LV I DA E F U N Ç Õ E S
e comentários são registrados com fins de
aprimoramento das formações futuras. Para cada formação interna é definida uma
comissão responsável pela preparação
da metodologia, mediação, animação,
programação, organização do espaço e
registro. Embora exista o esforço de que
a própria equipe elabore e execute estas
atividades, a partir da diversidade de
saberes e interesse de temáticas, em alguns
casos a formação envolve pessoas externas
assumindo a função de facilitadoras/es.
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CA RTIL H A M ETODOLO GIAS 42
AT I V I D A D E S D E P R E PA R A Ç Ã O
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Tratando-se de uma formação interna, o
diálogo para a mobilização e a divulgação F O R M A S D E R E GI S T R O DA
da atividade encontra-se facilitado. Cabe à E X E C U Ç ÃO E S I S T E M AT I Z AÇÃO
comissão o diálogo constante com a equipe D A S E X P E R I Ê N CI A S
sobre as atividades preparatórias, envios de Aqui, utilizamos as formas de registro
materiais de estudo prévios e orientações habituais, elegendo as que mais se
para o dia do encontro. adequam à atividade, caso a caso. Algumas
opções são a relatoria textual, o registro
8 em material audiovisual, o preenchimento
de tarjetas e quadros e as anotações
M E TO D O LO G I A S - C H AV E
individuais.
As prioridades no campo das metodologias
em nossos espaços internos são pautadas 10
pelos princípios da educação popular.
Como os temas e objetivos aqui variam, A P R E N DI Z A D O S
o destaque nesse campo é para a São observados múltiplos aprendizados a
garantia dos espaços de fala e debate partir do processo de formação interna.
a partir das diferentes perspectivas. Alguns deles são: o entendimento das
diversidades de saberes da equipe enquanto
Outro ponto de atenção é o diálogo entre potência; o processo de aproximação e
os temas da formação, o trabalho cotidiano partilha das experiências de cada um/a; a
e a conjuntura atual. Entendemos as possibilidade de interação entre a equipe
formações internas como um processo fora do contexto cotidiano, marcado
contínuo, portanto, não se trata de chegar pelas funções de cada um/a; o estímulo
a conclusões, produtos ou desdobramentos, ao protagonismo de todas/os da equipe
mas ampliar o campo de debate e promover na construção dos espaços e proposição
uma maior interação entre as áreas do de temas de acordo com os interesses
instituto. individuais; o alinhamento da equipe
acerca de temáticas importantes, a partir
da perspectiva de atuação do instituto e da
conjuntura; dentre outros.
F O R M AÇ Õ E S I N T E R N A S 43
B A L ÃO DA E X P E R I Ê N C I A
Comunicação
1 3
O QUE É? D E F I N I ÇÃO D E P Ú B L I C O
( DA S AT I V I DA D E S E
A comunicação inclui diversos formatos
I N S T I T U CI O N A L )
de produções de conteúdo a fim de
informar, dar visibilidade e fomentar a Na comunicação, assim como em outros
sensibilização da sociedade acerca dos processos, a identificação do público
debates e temáticas relacionadas aos é uma das etapas mais importantes.
campos de trabalho do Pacs, além de Seja para a realização de uma atividade
divulgar cursos, oficinas e atividades ou a elaboração de algum material de
que oferecemos. comunicação, buscamos contemplar os
grupos com os quais temos construído
2 lutas, alternativas e resistências. Para
isso, definimos a mensagem que queremos
D E O N D E PA R T I M O S comunicar e os formatos e linguagens que
A comunicação tem um papel fundamental serão utilizados, nos atentando também
para o trabalho do Instituto Pacs e para manter uma coerência com as nossas
abrange as diversas áreas da nossa perspectivas políticas. No Instituto Pacs,
atuação. É por meio da comunicação que nossos públicos prioritários são:
partilhamos, aprendemos e repassamos • Integrantes de movimentos sociais,
ensinamentos na nossa caminhada pela coletivos e grupos auto-organizados de
defesa dos territórios e contra o modelo luta popular, especialmente formados
de desenvolvimento capitalista, racista, por mulheres;
machista e patriarcal.
• População atingida por megaprojetos
de desenvolvimento e territórios
impactados;
• Pesquisadores, profissionais e
parlamentares das áreas de interesse e
atuação do Pacs.
Algo que temos buscado nos últimos
tempos – principalmente diante do atual
contexto de pandemia e o consequente
aumento das atividades virtuais –, é
ampliar o alcance do nosso trabalho, com
maior foco nas nossas ações digitais.
C O M U N IC A Ç Ã O 45
4 5
T E M P O D E P R E PA R O, E X E C U ÇÃ O R E C U R S O S E M AT E R I A I S
E P Ó S - E X E C U ÇÃ O N E C E S S Á R I O S N O P R E PA R O,
E X E C U Ç ÃO E P Ó S - E X E C U ÇÃO
As etapas de planejamento, execução e
pós-execução da comunicação variam de Em todos os processos que envolvem a
acordo com a dimensão das atividades e, comunicação, a organização dos materiais
quando necessário, também em função da necessários deve ser previamente
relação com colaboradores externos ou programada, em paralelo ao planejamento
parceiros/redes. das atividades, seja para uso no preparo, ao
longo ou no pós-execução.
Algumas tarefas que destacamos são: o
planejamento de conteúdos e formatos, Alguns exemplos de equipamentos
identificação de pautas, elaboração de que costumam ser utilizados são:
cronograma e divisão de tarefas de acordo computadores, notebooks, celulares,
com a equipe envolvida na atividade e/ou microfones, câmeras, programas de edição
projeto; a identificação de temas prioritários, de vídeo, áudio e imagem, programas
geralmente em diálogo com a conjuntura e de criação gráfica, blocos de anotação,
as pautas de lutas populares; a identificação materiais de papelaria, tarjetas, aplicativos
dos públicos; a identificação de referências e de redes sociais, pen drives, HDs, cartões
estratégias de comunicação; a manutenção de memória, fones, projetores, plataformas
de um diálogo com o público e acolhimento de chamada de vídeo, tripés, adaptadores,
das propostas recebidas; o diálogo interno extensões e/ou réguas de tomadas, além
constante com a equipe para recebimento de materiais físicos como livros, cartilhas,
de demandas, como alterações, imprevistos folders, adesivos, panfletos, banners, lambes
e adaptações nos materiais; a coordenação e cartazes.
e acompanhamento dos processos com
a equipe e colaboradores; a realização 6
de relatórios, análises de desempenho,
monitoramentos de resultados e avaliações E Q U I P E E N V O LV I DA E F U N Ç Õ E S
internas e, por fim, a responsabilidade Uma das etapas da organização e
de salvar os materiais na nuvem e nos planejamento da comunicação é a definição
servidores internos de conteúdos. da equipe que estará envolvida nos
processos e quais funções ficarão sob a
responsabilidade de quem. A divisão das
tarefas e demandas é fundamental para o
desenvolvimento das atividades, não só
para evitar sobrecargas, mas também para
que as diferentes partes do processo possam
fluir com maior rapidez e organização.
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B A L ÃO D E E X P E R I Ê N C I A S
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FORMAS DE REGISTRO DA P O D CA S T V O Z E S D A J U V E N T U D E :
E X E C U Ç Ã O E S I S T E M AT I Z A ÇÃ O E S C U TA S A N TA C R U Z !
D A S E X P E R I Ê N CI A S ( I N S T I T U TO PAC S , C O L E T I V O
M A R T H A T R I N D A D E E U N I ÃO
O registro e sistematização das experiências
C O L E T I VA DA Z O N A O E S T E )
contribuem não só para a compreensão dos
resultados dos processos, como também O podcast Vozes da Juventude: Escuta
para o planejamento de trabalhos futuros. Santa Cruz! é uma parceria entre o Coletivo
Para isso, contamos com atividades como Martha Trindade, a União Coletiva da
relatoria (registro escrito dos principais Zona Oeste e o Instituto Pacs e foi criado
pontos), cobertura jornalística (em texto, com o intuito de ser um canal de dicas e
fotos, vídeos, stories ou outros formatos informações de todo o território de Santa
para redes sociais), produção de cards Cruz para moradores(as) e coletivos da
(com trechos de fala, dados, informações Zona Oeste. Os episódios estão disponíveis
sintetizadas ou fotos), material de apoio em todas as plataformas de áudio e no
para a execução da atividade ou que sejam canal do Instituto Pacs no Youtube e
frutos da mesma (cartilhas, artigos, livros, são compartilhados, principalmente, via
estudos, relatórios etc.), sistematização, Whatsapp e redes sociais. O formato é curto
relatórios de métricas (redes sociais e sites) e de uma linguagem popular na maneira
e análise de desempenho (formulários). de apresentar dados e informações, com o
intuito de se tornar mais acessível para o
público a que é destinado.
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PODCAST SABERES EM
A U TO G E S TÃ O ( I N S T I T U T O PA C S
E C O L E T I V O A U T O G E S TÃ O)