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Departamento de Direito
INTRODUÇÃO À ECONOMIA
Cursos de Direito e Relações Internacionais
(1.º Ano - 1.º Semestre)
Ano 2019-2020.
Sumários desenvolvidos
Capítulo IX
A concorrência imperfeita e teorias dos jogos
9.1. Quadro geral.
9.2. Monopólios e concorrência monopolística.
9.3. Oligopólios e cooperação empresarial.
9.4. Concentração no mercado.
9.5. A não cooperação empresarial: a Teoria dos jogos e Equilíbrio de Nash.
9.6. A importância do mercado da informação: reputação e especialização.
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Monopólio - Verifica-se quando do lado da oferta temos um vendedor e do lado da
procura temos, em regra, uma pluralidade de compradores.
Oligopólio - Ocorre quando há um grupo limitado (do grego: prefixo oligo- :poucos) de
vendedores e uma pluralidade de compradores.
Monopsónio - Tem lugar quando do lado da procura temos um só comprador, para uma
pluralidade de vendedores.
O monopólio permite a obtenção de lucros mediante a elevação dos preços acima dos
níveis que se praticariam se houvesse concorrência perfeita. O consumidor paga mais e o
produtor ganha mais. O inconveniente do monopólio não está, porém, na existência de
excedente do produtor, mas no facto de, por essa via, se reduzir o bem-estar económico de
uma comunidade. Quando o monopolista sobe os preços acima do nível concorrencial, os
compradores compram menos, a produção diminui e a situação do bem-estar da sociedade
piora. Por isso, o monopólio, nessas condições, diminui o rendimento da sociedade. De
nada vale o monopolista ficar mais rico, se a produção da comunidade sai reduzida.
Porque houve desde finais do século XIX uma industrialização de massa e a tendência para
a concentração monopolística, surgiu nos Estados Unidos, como já vimos, legislação contra
as concentrações e os monopólios (antitrust), de que são exemplos marcantes o Sherman
Act de 1890 (declarando ilegais os cartéis - contratos, combinações ou conspirações que
restringissem o comércio - e os monopólios) e o Clayton Act de 1914 (que proíbe a
discriminação de preços, as práticas concertadas e as combinações vinculativas, o abuso de
posição dominante, bem como as fusões).
Se uma sociedade deseja controlar os monopólios tem à sua disposição três tipos de
instrumentos:
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(b) a regulamentação pública do direito da concorrência (consagrada no tratados da
União Europeia); e
Nenhuma das soluções é ideal e todas comportam inconvenientes. Deverá, por isso,
sempre ter-se em consideração o equilíbrio de influências entre os instrumentos de
mercado e os instrumentos de regulação pública. De facto, a eficiência nas economias de
escala aponta para a tendência de concentração, mas o peso crescente da consciência dos
seus direitos por parte dos consumidores limita a capacidade de o produtor aumentar os
preços - a regulação pública encontra nessa confluência espaço para agir, até por pressão da
própria opinião pública.
Neste sentido, em vez de um mercado muito amplo dos artigos desportivos, cada
comprador, perante as suas próprias preferências, depara-se com um leque reduzido de
oportunidades, o que permite ao vendedor da marca A. ou ao vendedor da marca N. ter
uma margem de manobra na fixação do respetivo preço. Voltamos, assim, a encontrar o
excedente do produtor na forma de renda económica.
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o rendimento marginal se aproximar do custo marginal o futuro das empresas começa a
estar em causa, como vimos já.
Veremos a seguir, na distinção entre jogos cooperativos e não cooperativos, como é que
pode funcionar essa "guerra" e em que medida ela conduz ou não a um entendimento entre
os produtores, a fim de se garantir a respetiva sobrevivência e a manutenção dos respetivos
excedentes. O oligopólio permite, assim, que haja um preço de equilíbrio que se mantém,
não levando ninguém à ruína e assegurando a todos os intervenientes relevantes do
mercado um rendimento significativo.
A concorrência num mercado tem de ser analisada a partir das relações que se
estabelecem entre os agentes económicos. Já vimos que a cooperação empresarial pode
constituir uma resposta às exigências de racionalidade e às falhas do mercado. A ciência
económica importou da investigação matemática sobre os jogos a reflexão e os estudos
sobre os fenómenos de não cooperação. De um lado, temos a ineficiência decorrente da
inexistência de informação completa nos jogos não cooperativos, de outro lado, há a
tendência para o estabelecimento de um equilíbrio previsível nessas situações.
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Vejamos alguns exemplos da teoria dos jogos - formulada por John von Neumann (1903-
1957) e por Oskar Morgenstern (1902-1977). Comecemos pelo dilema do prisioneiro.
(a) Se A confessa e B também confessa, ambos são condenados a 10 anos de prisão (10,
10).
(b) Se A confessa e B não confessa. A não é condenado e B é condenado a 20 anos (0, 20).
(c) Se A não confessa e B confessa. A é condenado a 20 anos e B não é condenado (20, 0).
(d) Se A e B não confessam, ambos são condenados a 5 anos de prisão (5, 5).
(ii) Se B&B baixar o preço da unidade para 1 Euro e SemF ficar na mesma, B&B passa
a ter um lucro maior, de x + n, e SemF um lucro menor, de x - n.
(iii) Se for SemF a baixar o preço e B&B ficar na mesma a situação inverte-se.
(iv) Se B&B e SemF fazem o mesmo, baixando para 1 Euro o preço da unidade, o lucro
de ambos desaparece (= 0).
B&B e SemF vão chegar à conclusão que deverão acertar os preços entre si, para poderem
obter lucro ambos. Regressamos, assim, à cooperação oligopilística já estudada. Se não
cooperarem, arriscam-se ambos a entrar numa situação difícil, sem qualquer excedente
resultante da respetiva atividade económica.
John Forbes Nash (1928-2015), celebrizado pelo filme de Ron Howard “A Beautiful Mind”
(“Mente Brilhante”), dividiu os jogos em dois tipos diferentes: os cooperativos (aqueles
em que existe a possibilidade de aliança entre os intervenientes no jogo, p. ex. bridge) e os
não cooperativos (aqueles em que não há entendimento, cada um jogando por si, por ex.
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o poker). Nash analisou as atitudes pessoais dos jogadores, em situações não cooperativas,
que têm tendência para encontrar soluções de equilíbrio, previsíveis. Apesar de não
cooperarem, os incentivos pessoais de cada um podem orientar o resultado do jogo para
uma situação definida que se revele estável. Nesse caso é fácil encontrar o desfecho do
jogo.
Suponhamos Alberto e Berta, que são jovens namorados. Alberto gosta de ir ao futebol.
Berta gosta de ir à ópera. Mas ambos gostam de estar um com o outro.
Se ambos escolherem segundo a sua preferência não estarão juntos. Haverá, por isso, uma
desutilidade para os dois. Haverá interesse em mudar de atitude para obter uma utilidade
maior. Se Alberto escolher ir à ópera, Berta obtém a utilidade máxima. Se Alberto
escolhesse o futebol obteria uma utilidade menor, pois teria de ir sozinho. Indo os dois à
ópera Berta tem uma utilidade 2, Alberto terá uma utilidade 1. Se fosse ao futebol Alberto,
Berta teria uma utilidade 0. O equilíbrio de Nash estará, pois, nesta solução (o/o). se as
escolhas fossem diferenciadas não haveria equilíbrio de Nash (o/f, f/o). Se Berta decidir ir
ao futebol, então o equilíbrio obter-se-á na situação f/f. Os dois resultados tornaram-se
previsíveis. Precisamos apenas de saber qual a primeira decisão.
Agora, suponhamos, que depois do casamento a Berta já não se importa de ficar sozinha
em casa, enquanto Alberto continua a preferir estar com a Berta. Neste caso, a estratégia
seguida por Alberto poderá ser a do mal menor. Nem Alberto vai ao futebol nem Berta vai
à ópera - mas ambos obtêm uma utilidade 1, não saindo de casa. Alberto fica com Berta e
Berta não se maça saindo de casa (n/n)…
No filme "A Beautiful Mind" (2001) o exemplo dado é o de uma loira disputada por vários
jovens, que chegam à conclusão de que não podem aspirar a ficar com ela (first best), pelo
que se limitam a fazer a segunda escolha (second best), optando pelas outras raparigas,
procurando assim uma utilidade intermédia.
Ainda quanto à teoria dos jogos deve referir-se os importantes contributos de Robert J.
Aumann (1930-) e de Thomas C. Shelling (1921-2016), vencedores do Prémio Nobel da
Economia de 2005, autores da teoria da decisão interativa, que permite a compreensão
dos fenómenos do conflito e da cooperação.
R.J. Aumann estudou os fenómenos de adaptação à natureza dos seres vivos, a partir da
existência de ameaças que condicionam as atitudes, os comportamentos e até a sua
configuração física. Os pavões na Índia, por exemplo, têm a cauda mais curta porque
vivem sob a ameaça dos tigres (que podem atacá-los mais facilmente pegando-os pela
cauda), enquanto na Europa, sem essa ameaça, desenvolvem mais esse apêndice.
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Por outro lado, T.C. Schelling estudou sobretudo o fenómeno das estratégias de conflito,
no campo da defesa e da estratégia militar, designadamente a guerra-fria e o equilíbrio das
ameaças, que dificulta a eclosão de conflitos abertos e generalizados.
O Prémio Nobel da Economia de 2012 também se refere à teoria dos jogos. Lloyd Shapley
(1923-2016) e Alvin Roth (1951-) trataram do tema dos mercados onde não há formação
de preços (universidades, doação de órgãos humanos) procurando ver as influências da
raridade e da qualidade no valor económico.
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depositada, deixando de cumprir ou não cumprindo devidamente os deveres a que se
obrigou - e fiando-se na assimetria informativa e na dificuldade em detetar o cumprimento
defeituoso. Ainda no contrato de seguro automóvel, pode haver incentivo a que os
condutores sejam menos diligentes, porque os seus riscos estão cobertos pelo seguro.
A defesa dos direitos dos consumidores assume, assim, uma importância cada vez
maior. A proteção dos consumidores cabe não apenas às instituições de regulação pública,
mas também às associações ou ao movimento cooperativo - para contrariar a um tempo os
efeitos negativos da seleção adversa e do risco moral.
Mas a pressão publicitária pode ser enganadora (uma vez que não visa apenas informar
mas também condicionar). A confiança no mercado exige hoje não apenas a tomada de
consciência por parte dos produtores mas também dos grandes intermediários (as grandes
superfícies, os hipermercados), que funcionam numa lógica de oligopsónio, pressionando
também o mercado e podendo contribuir para uma melhor salvaguarda dos interesses dos
compradores.
BIBLIOGRAFIA:
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MANUEL L. PORTO, Economia - Um Texto Introdutório, Almedina, Coimbra, 2002 (pp. 153-
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ALEXIS JACQUEMIN, H. TULKENS; P. MERCIER, Fondements d'Économie Politique, De Boek,
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