Você está na página 1de 4

Prova Separação Sólido-líquido – Thiago Silva Araujo Faria

1) a) nas operações de filtragem é observado que quanto maior a concentração de sólidos na


polpa, melhor será o desempenho e a produção e, consequentemente, menores serão os custos
envolvidos. Nas operações de espessamento o efeito da concentração de sólidos na polpa
dependerá da utilização de reagentes floculantes, uma vez que estrutura dos flocos depende do
percentual de sólidos da polpa onde é formado. Quanto maior a concentração de sólidos na
polpa no espessamento, maior quantidade de reagente floculante será necessária, aumentando
então os custos de produção.
b) Essas características influenciam grandemente na escolha dos reagentes, uma vez que a
superfície dos sólidos interfere na área superficial do material, o que está diretamente
relacionado à eficiência das reações químicas.
c) A distribuição granulométrica do sólido influencia significativamente o desempenho das
operações de separação sólido-líquido. Geralmente, quanto mais fino o material, mais
trabalhosa será a operação. As forças de ligação intermoleculares serão maiores, o que incorrerá
em uma maior demanda por reagentes e maior dificuldade nos processos mecânicos de
separação como filtragem (tecido, vácuo) e espessamento.

2) a) O ponto isoelétrico (PIE), é o valor de pH em que o valor das cargas positivas e negativas
na polpa estão em equilíbrio, ou seja, é igual a zero. Quando o sistema apresenta somatório de
cargas não neutro (sendo positivo ou negativo), determinado tipo de floculante será mais
adequado para o processo.
No artigo citado, os testes foram realizados acima do PIE, ou seja, havia predominância de carga
negativa no sistema. O reagente catiônico vai se ligar a essas cargas negativas – o que explica os
flocos serem maiores. O reagente aniônico tende a se ligar a cargas positivas, mas pode se ligar
a cargas negativas também, sobretudo em se tratando de finos.
b) Ligações de hidrogênio; interações eletrostáticas; ligações químicas e interações hidrofóbicas.

3) E = Edce + E vdw+ ES +EASS + EM + Eest +...


A equação acima apresenta a teoria DLVO estendida para minerais coloidais.
Apresenta a energia necessária para que se vença a barreira repulsiva entre as partículas e se
consiga o efeito de coagulação. A agregação das partículas depende do balanço entre as forças
de atração e de repulsão presentes na interface sólido líquido.
A energia total envolve várias componentes associadas a interações específicas na superfície das
partículas, por exemplo:
Edce – energia associada à dupla camada elétrica;
Evdw – energia associada às interações de Van der Waals;
ES – energia estrutural, pode ser devido a forças repulsivas de hidratação (ES positiva) ou a forças
atrativas hidrofóbicas (ES negativa);
EASS – energia devido à associação hidrofóbica das cadeias orgânicas;
EM – interação originária de forças magnéticas;
Eest – interação entre as partes externas de polímeros adsorvidos.

4) Coagulantes: cal; sulfato de alumínio, sulfato férrico, sulfato ferroso, silicatos e polifosfatos.
Floculantes: amido, celulose (carboximetilcelulose), poliacrilamida, polietilenimina e
Quebracho.

5) Os espessadores de alta capacidade, quando comparados aos convencionais, apresentam


uma significativa redução da área de sedimentação, além de menor consumo de reagentes.
Ambos entregam um produto espessado com tensão de cisalhamento de até 50 Pa, com
porcentagens de sólidos de 30% a 45%. Possuem as mesmas características construtivas. A
diferença é que a floculação da alimentação é otimizada para espessadores de alta capacidade,
reduzindo em até 20x a área de sedimentação necessária.
Quando comparamos os convencionais com os espessadores de pasta, os segundos apresentam
elevada altura e inclinação. Neste caso, a reologia da polpa faz com que um acionamento com
torque elevado seja necessário. Os espessadores de pasta entregam um produto espessado com
tensão de cisalhamento superior a 150 Pa, com porcentagens de sólidos de 60% a 80%.
Construtivamente, são constituídos de um tanque cilíndrico com maior altura, se comparado
aos espessadores convencionais. Também possuem maior ângulo no cone do fundo do tanque.
6) São quatro as zonas existentes no espessador. São elas: zona de alimentação, zona de
clarificação, zona crítica de sedimentação e zona de compressão.
Na zona de alimentação é onde o fluxo do material é recebido, nela ocorre regime de
sedimentação livre.

Na zona de clarificação a sedimentação também é livre. O produto dessa zona é clarificado, tem
baixo percentual de sólidos e é o que vai escoar como overflow nas calhas do sistema.

Na zona de crítica de sedimentação, também chamada de zona de transição, já começamos a


perceber uma maior concentração de partículas e maior tendência de formação de agregados.
Forma-se uma interface nítida. O regime de sedimentação é por compressão. Forma, junto com
a zona de compressão, a região de espessamento.

Na zona de compressão há maior densidade da polpa e/ou maior tendência para a formação de
agregados. Os sólidos são compactados ou espessados. O regime de sedimentação também é
por compressão. As estruturas formadas no regime de compressão são rígidas de tal forma que
cada camada de sólidos pode suportar mecanicamente as camadas superiores.

7) O índice de Blaine indica área superficial por massa. Maior índice de Blaine está relacionado
à maior presença de partículas menores (finos). Quanto maior o índice de Blaine, menor é a
permeabilidade e, portanto, mais difícil é o tratamento. A tabela abaixo, obtida no material
fornecido pela professora Michelly, demonstra a influência do índice de Blaine no resultado da
filtração.
É possível observarmos que a efetividade da filtração, indicada pela taxa unitária de filtração
(TUF), acontece no sentido inverso do aumento do índice de Blaine. Já o crescimento da
umidade acontece no mesmo sentido do índice de Blaine (quanto maior a área superficial, maior
a umidade). Em resumo: quanto maior o índice de Blaine, menos eficiente será a operação.
É possível observamos também na tabela a influência da forma da partícula. Comparando
minérios de diferentes formatos (magnetita lamelar e hematita cúbica), observamos que para
uma mesma faixa de índice de Blaine a partícula lamelar apresenta TUF muito maior que a
cúbica. Portanto, conclui-se que o formato da partícula também influencia no rendimento do
filtro.
8) Os reagentes auxiliares mais comumente utilizados na filtragem são os floculantes e
surfatantes, que atuam com o objetivo de diminuir a pressão do capilar (pressão mínima para
que haja drenagem do poro). Para que isso ocorra pode-se modificar a estrutura do poro e/ou
alterar as características de molhabilidade.

A estrutura dos poros pode ser modificada com a adição de floculantes, que atuam no sentido
de agregar as partículas mais finas, aumentando o diâmetro médio dos poros. Quando se
utilizam polímeros de peso molecular grande ocorre a adsorção do floculante e a formação de
pontes agrega as partículas, não requerendo uma carga oposta às partículas. Quando se utilizam
polímeros de peso molecular baixo a agregação se dá por neutralização das cargas opostas,
havendo a necessidade de que o polímero apresente carga oposta à das partículas.

A molhabilidade pode ser alterada com a utilização de surfatantes, que podem agir diminuindo
a tensão superficial na interface líquido/ar (diminuição nas forças que retêm a água nos capilares
da torta, favorecendo a formação de micelas) e/ou aumentando o ângulo de contato (quanto
maior o ângulo de contato, menor o trabalho para separar as duas fases) na interface
sólido/liquído (isso acontece porque o reagente atua no sentido de transformar a superfície do
mineral em hidrofóbica).

9) O teste de folha pode ser feito com alimentação por baixo, mergulhando-se a folha em um
recipiente contendo polpa sob agitação. De forma alternativa, com alimentação por cima, onde
a folha dispõe de um anteparo que atua como recipiente para a contenção da polpa.

Alimentação por baixo (método convencional):

Monta-se o sistema e aplica-se a ele um vácuo. A folha de ensaio (leaf) é totalmente imersa na
polpa a ser filtrada, que é mantida agitada, pelo tempo determinado do teste e sob a atuação
do vácuo para a formação da torta.

Após o tempo de formação, altera-se o vácuo atuante para o vácuo de secagem ao mesmo
tempo em que é retirada a folha de teste da polpa. A folha de teste é, então, elevada de forma
a permitir o fluxo completo de filtrado para o reservatório de coleta deste. Ao final do tempo de
secagem (previamente escolhido), o vácuo do sistema é desligado e a folha de teste é
desacoplada da montagem para a análise da torta. A torta é descarregada com o auxílio de ar
comprimido.

Alimentação por cima:

Monta-se o sistema e liga-se o mesmo à uma bomba de vácuo. Neste caso a polpa (mantida
agitada) é vertida aos poucos sobre o papel filtrante, montado em um funil. O tempo de
formação de torta é considerado como aquele em que a torta pode ser visualizada sem a
presença de líquido em sua superfície. E o de secagem, quando resta apenas um fino
gotejamento de filtrado no recipiente coletor.
10) O hidrociclone faz a separação ou classificação das partículas através da força centrífuga.
Para atuar como desaguador, a principal mudança na geometria do equipamento é o
estrangulamento do apex, ou redução de seu diâmetro. Essa redução provoca diminuição na
capacidade de vazão de água, concentrando uma maior porcentagem de sólidos no interior do
ciclone. Deve-se trabalhar com uma pressão de operação menor que a utilizada para a
classificação, para que se reduza a capacidade de arraste das partículas.

Limitações: presença de grandes forças cisalhantes no interior do equipamento o que pode


contribuir para a quebra de agregados (principalmente flocos) reduzindo a eficiência de
operações subsequentes ou aumentando o custo de beneficiamento com a dosagem adicional
de reagentes floculantes; perda de partículas sólidas no overflow.

Você também pode gostar