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Princípios Fundam ent ais nort eadores do Direit o de Fam ília

Rodr igo da Cunha Pe r e ir a

 Advogado em Belo Horizont e, onde


m ant ém sua “ clínica” do Direit o.
 President e do I nst it ut o Br asileiro de
Direit o de Fam ília- I BDFAM.
 Dout or ( UFPR) e Mest re ( UFMG) em
Direit o Civil.
 ww w.rodrigodacunha.adv.br
PRI N CÍ PI O TEM FORÇA N ORM ATI VA

 NORMA Regras (Leis)


(Norberto Bobbio;
Princípios
Ronald Dworkin;
Robert Alexy)

Expressos – Ex.: Art 1º CR – soberania,


cidadania, livre iniciativa, dignidade


humana
Princípios
Não Expressos – Ex.: moralidade pública,
boa-fé, interdição do incesto.

“Princípios são normas generalíssimas do sistema e contêm o espírito que


paira sobre todas as leis” (N. Bobbio)
A SUBJETI VI D AD E N A OBJETI VI D AD E D OS
ATOS E FATOS JURÍ D I COS

 O discurso psicanalítico não apenas influencia o Direito,


mas, principalmente, provoca uma “desconstrução”
(Jacques Derrida) do velho discurso jurídico, de fórmulas
centenárias e estabilizadas pelo dogmatismo e
positivismo.

 Como?

 Ao instalar a compreensão, para o mundo jurídico, do


sujeito do inconsciente, da subjetividade, do desejo, traz
uma outra noção de sexualidade, de afetividade e coloca
o sujeito no centro da “cena jurídica” (Pierre Legendre) e
dá uma outra dimensão à lei.
D I REI TO E PSI CAN ÁLI SE

 O sujeito de direitos é também um sujeito de desejo.

 Desejo é desejo de desejo (Jacques Lacan).

 É o sujeito-desejante que traz a compreensão do “direito a ser


humano” (Giselle Groeninga) e incorpora no pensamento jurídico
idéia de dignidade, de cidadania e não-exclusão.

 Respeito à dignidade humana é o mesmo que respeito aos


desejos do sujeito: “se desejo, logo existo”.
D I STI N ÇÃO EN TRE M ORAL E ÉTI CA

 A história do Direito, e em particular do Direito de Família, é


marcada por uma história de exclusões sustentadas por um
discurso moralizante e de uma moral sexual civilizatória (Freud)
Ex.: mulheres assujeitadas aos homens, famílias ilegítimas, filhos
ilegítimos etc.

 Foi o imperativo ético, mesmo em detrimento de uma moral sexual


que legitimou, a partir de CR/88, todos os filhos e todas as formas
de família.

 Somente um juízo ético e universal, despido das particularidades


do juízo moral, é que pode nos aproximar do ideal de justiça.
D I STI N ÇÃO EN TRE M ORAL E ÉTI CA

 Distinguir ética de moral é


“suspender o juízo” para que
se possa ver pessoas como
sujeitos a-morais. Para que
isto seja possível, e para
ajudar a viabilizar julgamentos
e considerações éticas, acima
de valores morais, muitas
vezes estigmatizantes e
excludentes, é necessário
buscar uma principiologia
para o Direito de Família,
apesar de toda subjetividade Homem Vitruviano (1490), de
Leonardo da Vinci
neles contida.
D EZ PRI N CÍ PI OS FUN D AM EN TAI S

1 - PRINCÍPIO DA DIGNIDADE HUMANA

 É um dos esteios da sustentação dos ordenamentos jurídicos


contemporâneos.

 É o vértice do Estado Democrático de Direito, pois é pressuposto da


idéia de justiça humana.

 É um macroprincípio, ou superprincípio, que dá base e sustentação aos


sistemas jurídicos.

 É o que paira e sustenta todos os outros princípios, e foi ele que permitiu
incluir todas as categorias de filhos e famílias na ordem jurídica.

 A dignidade humana pressupõe, entre outros requisitos, não estar


assujeitado ao desejo do outro.
Pr incípio da dign ida de da pe ssoa h um a na

 ( ...) O post ulado da dignidade da pessoa hum ana,


que represent a – considerada a cent ralidade desse
princípio essencial ( CF, art . 1º , I I I ) – significat ivo
vet or int erpret at ivo, verdadeiro valor- font e que
conform a e inspira t odo o ordenam ent o
const it ucional vigent e em nosso País, t r aduz, de
m odo expressivo, um dos fundam ent os em que se
assent a, ent re nós, a ordem republicana e
dem ocrát ica consagr ada pelo sist em a de direit o
const it ucional posit ivo. ( ...) O princípio
const it ucional da busca da felicidade, que decorre,
por im plicit ude, do núcleo de que se irradia o
post ulado da dignidade da pessoa hum ana, ( ...)
( STF, RE 4 7 7 .5 5 4 - AgR, Rel. Min. Celso de Mello,
j ulgam ent o em 16- 8- 2011, Segunda Turm a, DJE de
26- 8- 2011)
2 - PRI N CÍ PI O D O M ELH OR I N TERESSE D A CRI AN ÇA /
AD OLESCEN TE

 É este princípio que autoriza e dá sustentação, por ex., para que a


guarda dos filhos esteja com quem tiver melhores condições,
especialmente psíquicas e emocionais, para cuidar dos menores,
independentemente de ser o pai ou a mãe biológicos.

 Associado ao princípio da dignidade e o princípio da afetividade, fez


nascer novos institutos jurídicos, tais como guarda compartilhada,
síndrome da alienação parental (implantação de falsas memórias) e a
parentalidade socioafetiva.
Pr incípio M e lhor int e r e sse

 ( ...) Em det erm inadas sit uações, o in t e r e sse j urídico


poderá vir acom panhado de algum a repercussão em
out ra esfera, com o a afet iva, a m oral ou a econôm ica
e, nem por isso, essa circunst ância t erá
necessariam ent e o condão de desnat urá- lo. Exem plo
disso é o que ocorre na hipót ese específica, em que o
at endim ent o ao princípio do m e lh or in t e re sse da
cr ia nça é o que est á a conferir carga em inent em ent e
j urídica ao pedido de assist ência deduzido pela
m enor, com vist as a lhe garant ir um desenvolvim ent o
em ocional e afet ivo sadio e com plet o. ( ...) STJ, REsp
1199940 / RJ, Relª Minª .Nancy Andrighi, 3ª t urm a,
pub 04/ 03/ 2011)
3 - Pr incípio da m onoga m ia

 É um ponto-chave das conexões morais,


mas não pode ser uma regra moralista. A
ética deve imperar sobre a moral no
julgamento dos casos concretos.

 É um princípio jurídico organizador das


relações conjugais e deve funcionar como
um interdito proibitório para viabilizar e
organizar determinados ordenamentos
jurídicos.


Roda da vida (1934) , escultura de
Assim como o incesto, monogamia e Gustav Vigeland
poligamia são interditos viabilizadores das
relações e organizações sociais. Não há
cultura, socialização e sociabilidade sem
que haja proibições e interdições ao desejo
Pr incípio da M onoga m ia

 ( ...) As uniões afet iv as plúr im a s, m últ iplas, sim ult âneas e


paralelas t êm ornado o cenário fát ico dos processos de
fam ília, com os m ais inusit ados arr anj os, ent re eles,
aqueles em que um suj eit o direciona seu afet o para um ,
dois, ou m ais out ros suj eit os, form ando núcleos dist int os e
concom it ant es, m uit as vezes colident es em seus int eresses.
- Ao analisar as lides que apresent am paralelism o afet ivo,
deve o j uiz, at ent o às peculiar idades m ult ifacet adas
apresent adas em cada caso, decidir com base na dignidade
da pessoa hum ana, na solidar iedade, na afet ividade, na
busca da felicidade, na liberdade, na igualdade, bem assim ,
com redobrada at enção ao prim ado da m onogam ia, com os
pés fincados no princípio da et icidade. ( ...) STJ, Resp n°
1157273 / RN , Relª Minª .Nacy Andr ighi, 3ª t ur m a, pub.
07/ 06/ 2010)
Pr incípio da m onoga m ia

 ( ...) Honestidade, assassinato, afeto, segurança, escolha, desejo,


lealdade, mentiras, risco, dever, filhos, emoção, amor, promessas,
preocupação, curiosidade, ciúmes, direitos, culpa, êxtase,
princípios, castigo, dinheiro, confiança, inveja, paz, solidão, lar,
humilhação, respeito, concessão, regras, continuidade, sigilo,
chance, compreensão, traição, intimidade, consolação, amizade,
aparência, suicídio e, claro, a família.
A monogamia não é simplesmente sobre essas coisas, entre
outras; mas quando falamos de monogamia não há como deixar
de falar dessas coisas também(...) a monogamia é a única questão
filosófica séria
(PHILIPS, Adam. Monogamia. São Paulo: Cia de Letras, 1997)
4 – PRI N CÍ PI O D A I GUALD AD E D OS GÊN EROS E O
RESPEI TO À D I FEREN ÇA

 É uma conseqüência do declínio do patriarcalismo e do movimento


feminista.

 A igualdade formal já está posta na lei, mas o princípio da


igualdade vai mais além de uma simples regra (lei).

 Igualdade deve pressupor a consideração da diferença.

 Deveríamos atribuir um conteúdo econômico ao essencial trabalho


doméstico com a criação e educação de filhos?

“Temos o direito de sermos iguais quando as diferenças nos


inferiorizam, e temos o direito de sermos diferentes quando as
igualdades nos escravizam” (Boaventura de Sousa Santos).
I gua lda de de gê n e r o

 ( ...) Se os docum ent os j unt ados com a pet ição inicial parecem ,
efet ivam ent e, indicar que as part es conviveram em regim e de
união est ável e que pode haver efet ivo desequilíbrio na part ilha do
pat rim ônio, isso é suficient e para dar suport e ao pedido de fixação
de alim ent os que a dout rina vem ch a m a n do de
" com pe n sa t ór ios" , que visam à correção do desequilíbrio
exist ent e no m om ent o da separação, quando o j uiz com para o
st at us econôm ico de am bos os cônj uges e o em pobrecim ent o de
um deles em razão da dissolução da sociedade conj ugal. A própria
t ese acerca da possibilidade de fixação de alim ent os
com pensat órios - bem com o a da prevalência do princípio da
dignidade da pessoa hum ana sobre o da ir repet ibilidade dos
alim ent os - insere- se no cont ext o da verossim ilhança,
em prest ando relevância aos fundam ent os j urídicos expendidos na
peça de recurso. 2. A alegação de ocorrência de desequilíbr io na
equação econôm ico- financeira sugere, de form a enfát ica, a
pot encialidade de causação de lesão grave e de difícil reparação, a
dem andar at uação j urisdicional posit iva e im ediat a por m eio do
recurso de agravo. ( TJD F, AI n º 2 0 1 1 0 0 2 0 0 3 5 1 9 3 , Re l De s.
Ar n oldo Ca m a n h o de Assis, 4 ª Tu r m a Cíve l, j . 2 5 / 0 5 / 2 0 1 1 )
I gua lda de de gê n e r o

 Alim ent os com pensat órios são pagos por um


cônj uge ao out ro, por ocasião da rupt ura do
vínculo conj ugal. Servem para am enizar o
desequilíbrio econôm ico, no padrão de vida de
um dos cônj uges, por ocasião do fim do
casam ent o. Agravo não provido. ( TJDF, AI nº
20090020030046, Rel Des. Jair Soares, 6ª
Turm a Cível, j . 10/ 06/ 2009)
5 – PRI N CÍ PI O DA AUTON OM I A E DA M EN OR
I N TERVEN ÇÃO ESTATAL

 Qual o limite entre o público e o privado?

 É a dicotomia do público x privado que nos impulsiona a pensar,


por exemplo:

- O Estado-Juiz pode determinar se existe um culpado pelo fim da


conjugalidade?

- Pode o Estado estabelecer regras para a união estável, tal como


na Lei 9.278/96 e art. 1.725, CCB.2002, aproximando-a cada vez
mais do casamento e, portanto, deixando de ser livre?
Aut onom ia e nã o int e r ve nçã o

 ( ...) A força norm at iva da const it uição deve ser vist a com o
veículo para a concret ização do princípio da dignidade da
pessoa hum ana, que inclui o direit o à m ínim a int erferência
est at al nas quest ões ínt im as e que est ão est rit am ent e
vinculadas e conect adas aos direit os da personalidade . ( ...)
( TJMG, Apelação Cível n° 1.0024.05.778220-3/ 001, Rel Des. Edivaldo
George dos Sant os, Rel. p/ Acórdão wander Marot t a, 7ª Câm ara Cível,
pub. 07/ 04/ 2009)
6 – PRI N CÍ PI O DA PLURALI D AD E D AS FORM AS DE
FAM Í LI A

 O art. 226 da CR/88 estabelece três formas de


constituição de família, mas não é numerus clausus.

 Família não é um fato da natureza, mas, sim, um fato


da cultura (Jacques Lacan).

 Novas estruturas parentais e conjugais estão em curso.


Plur a lida de

 “ O caput do art . 226 confere à fam ília, base da


sociedade, especial prot eção do Est ado. Ênfase
const it ucional à inst it uição da fam ília. Fam ília em seu
coloquial ou proverbial significado de núcleo dom ést ico,
pouco im port ando se form al ou inform alm ent e
const it uída, ou se int egrada por casais het eroafet ivos ou
por pares hom oafet ivos. ( ...) I m periosidade da
int erpret ação não- reducionist a do conceit o de fam ília
com o inst it uição que t am bém se form a por vias dist int as
do casam ent o civil. Avanço da CF de 1988 no plano dos
cost um es. Cam inhada na direção do pluralism o com o
cat egoria sócio- polít ico- cult ural. ( ...) STF, ( AD I 4 .2 7 7 e
AD PF 1 3 2 , Rel. Min. Ayres Brit t o, j ulgam ent o em 5- 5-
2011, Plenário, DJE de 14- 10- 2011.) N o m e sm o
se nt ido: RE 4 7 7 .5 5 4 - AgR, Rel. Min. Celso de Mello,
j ulgam ent o em 16- 8- 2011,Segunda Turm a, DJE de 26-
8- 2011.
 (...) para os pessimistas que pensam que a civilização corre risco
de ser engolida por clones,bárbaros bissexuais ou delinqüentes
da periferia, concebidos por pais desvairados e mães errantes,
observamos que essas desordens não são novas – mesmo que
se manifestem de forma inédita – e sobretudo que não impedem
que a família seja atualmente reivindicada como o único valor
seguro ao qual ninguém quer renunciar. Ela é amada, sonhada e
desejada por homens, mulheres e crianças de todas as idades,
de todas as orientações sexuais e de todas as condições.

(ROUDINESCO, Elisabeth. A família em desordem. Rio de


Janeiro: Jorge Zahar, 2003)
7 – PRI N CÍ PI O D A AFETI VI D AD E

 Desde que a família deixou de ser,


Gustav Vigeland
.

essencialmente, um núcleo econômico


e de reprodução (despatrimonializou e
desierarquizou) para ser o locus do
amor, da valorização e formação do
sujeito, o AFETO passou a ser um
valor jurídico.
 Afeto pressupõe também o seu avesso: amor e ódio são
complementares.

 O princípio da afetividade é o grande vetor e catalisador do


Direito de Família contemporâneo
... N A JURI SPRUD ÊN CI A

 (...) Adotando-se uma interpretação sistemática da Constituição da República,


não se pode olvidar que a concepção de família encontra-se atrelada aos
direitos e garantias fundamentais e, claro, ao princípio maior da dignidade da
pessoa humana. Além disso, mormente por ser a família uma realidade
sociológica, que transcende o Direito, não resta dúvida que a Constituição da
República, especificamente em seu art. 226, consagra uma concepção aberta
de família, a qual deve ser apurada mediante as peculiaridades de cada caso
concreto. Nessa toada, levando-se em conta que a família contemporânea
não se restringe a modelos fechados, tendo ainda, por sustentáculos a
afetividade solidária, a discussão sobre a formação de vínculo de parentesco
com base no afeto é, pelo menos, em tese, possível, seja porque inexiste
vedação que impeça a busca dos pretensos direitos, seja porque a pretensão
encontra-se alicerçada em interpretação plausível de dispositivos
constitucionais e infraconstitucionais.(Grifamos)( Ap. Cível Nº
1.0024.05.816329-6/ 001, Voto vencido Des. Maria Elza– TJMG)
8 - O pr incípio da solida r ie da de

 A solidariedade, ant es concebida apenas com o dever


m oral, com paixão ou virt ude, passou a ser ent endida
com o princípio j urídico após a Const it uição da República
de 1988, expressam ent e dispost o no art . 3º , I . “ Art . 3º
Const it uem obj et ivos fundam ent ais da República
Federat iva do Brasil: I – const ruir um a sociedade livre,
j ust a e solidária.”
 É result ant e da superação do individualism o j urídico,
com o ocorria na sociedade dos prim eiros séculos da
m odernidade e se preocupava predom inant em ent e com
os int eresses pat rim oniais e individuais.
Solida r ie da de

 ( ...) Enquant o os direit os de pr im eira geração ( dir eit os civ is


e polít icos) – que com preendem as liber dades clássicas,
negat iv as ou form ais – realçam o princípio da liber dade e os
dir eit os de segunda ger ação ( direit os econôm icos, sociais e
cult ur ais) – que se ident ifica com as liberdades posit ivas,
reais ou concret as – acent uam o pr incípio da igualdade, os
dir eit os de t erceira ger ação, que m at erializam poderes de
t it ularidade colet iva at ribuídos gener icam ent e a t odas as
form ações sociais, consa gr a m o pr in cípio da
solida r ie da de e const it uem um m om ent o im port ant e no
processo de desenvolvim ent o, expansão e reconhecim ent o
dos direit os hum anos, caract erizados, enquant o valores
fundam ent ais indisponíveis, not a de um a essencial
inex auribilidade.” ( M S 2 2 .1 6 4 , Rel. Min. Celso de Mello,
j ulgam ent o em 30- 10- 1995, Plenár io, DJ de 17- 11- 1995.)
8 - O pr incípio da solida r ie da de

 O princípio da solidariedade, no plano das fam ílias,


apresent a duas dim ensões: a prim eira, no âm bit o
int erno das relações fam iliares, em razão do respeit o
recíproco e dos dev eres de cooperação ent re seus
m em bros; a segunda, nas relações do grupo fam iliar
com a com unidade, com as dem ais pessoas e com o
m eio am bient e que vive. ( LÔBO, Paulo. Conferência
Magna: Princípio da solidariedade fam iliar. I n: Anais do
VI Congresso Brasileiro de Direit o de Fam ília, realizado
em Belo Horizont e. Rio de Janeiro: I BDFAM/ Lum en Juris,
2007, p. 1 e 10) .
9 - Pr incípio da Re sponsa bilida de

 Assim com o a cidadania, a responsabilidade t ornou- se


um a palavra de ordem da cont em poraneidade.

 Jacques Lacan: “ t odo suj eit o deve ser responsabilizado


pelos seus at os” .

 Liberdade e responsabilidade est ão no m esm o plano


axiológico.
Pr incípio da Re sponsa bilida de

 Nas relações parent ais, o princípio da responsabilidade est á


present e principalm ent e ent re pais e filhos. Os pais são
responsáveis pela criação, educação e sust ent o m at erial e
afet iva de seus filhos.

 Nas relações conj ugais: a culpa foi subst it uída pelo princípio da
Responsabilidade. Est á associado ao princípio da m enor
int ervenção est at al e na r eafirm ação e consolidação do Est ado
Laico.

 EC 66/ 2010 alt erou profundam ent e o sist em a de Divórcio no


Brasil:
 Acabou com prazos para se requerer o divórcio
 Acabou com o anacrônico inst it ut o da separação
j udicial, subst it uiu o discurso da culpa pela
responsabilidade.
Pr incípio da Re sponsa bilida de

 ( ...) A r e spon sa bilida de dos pa is, port ant o, se


assent a na presunção j uris t ant um de culpa e de
culpa in vigilando, o que, com o j á m encionado, não
im pede de ser elidida se ficar dem onst rado que os
genit ores não agiram de form a negligent e no dever de
guarda e educação. Esse é o ent endim ent o que
m elhor harm oniza o cont ido nos art s. 1.518, § único e
1.521, inciso I do Código Civil de 1916,
correspondent es aos art s. 942, § único e 932, inciso
I , do novo Código Civil, respect ivam ent e, em relação
ao que est abelecem os art s. 22 do Est at ut o da
Criança e do Adolescent e, e 27 da Lei n. 6.515/ 77,
est e recepcionado no art . 1.579, do novo Código Civil,
a respeit o dos direit os e deveres dos pa is em relação
aos filh os. ( STJ, REsp n° 777327 / RS, Rel Min.
Massam i Uyeda, 3ª t urm a, pub. 01/ 12/ 2009)
1 0 - Pr incípio da pa t e r nida de r e sponsá ve l

 I nt eressa não apenas às relações int erprivadas, m as


t am bém ao Est ado, na m edida em que a
irresponsabilidade pat erna, som ada às quest ões
econôm icas, t em gerado m ilhares de crianças de rua e
na rua. Port ant o, é um princípio que se revest e t am bém
de carát er polít ico e social da m aior im port ância.

 É um desdobram ent o dos princípios da dignidade


hum ana, da responsabilidade e da afet ividade. Na
verdade, ela est á cont ida nest es out ros princípios
nort eadores e a eles se m ist ura e ent relaça.
CR/ 1 9 8 8

 Art . 226. A fam ília, base da sociedade, t em especial


prot eção do Est ado. § 7º - Fundado nos princípios da
dignidade da pessoa hum ana e da pat ernidade
responsáv el, o planej am ent o fam iliar é livre decisão do
casal, com pet indo ao Est ado propiciar recursos
educacionais e cient íficos para o ex ercício desse direit o,
vedada qualquer form a coercit iva por part e de
inst it uições oficiais ou privadas.

 Art . 229. Os pais t êm o dever de assist ir, criar e educar


os filhos m enores, e os filhos m aiores t êm o dev er de
aj udar e am parar os pais na velhice, carência ou
enferm idade.
Aba ndono a fe t ivo

 ( ...) a dor sofrida pelo filho, em virt ude do


abandono pat erno, que o privou do direit o à
convivência, ao am paro afet ivo, m oral e
psíquico, deve ser indenizável, com fulcro no
princípio da dignidade da pessoa hum ana. ( ...)
TAMG, Apelação cível nº 408.550- 5, 7ª CC,
Des. Rel. Unias Silva, DJ de 29.4.2004.
Supe r ior Tr ibuna l de Just iça

 ( ...) O cuidado com o valor j urídico obj et ivo est á


incorporado no ordenam ent o j urídico brasileiro não
com essa expressão, m as com locuções e t erm os que
m anifest am suas diversas desinências, com o se
observa do art . 227 da CF/ 88. 3. Com provar que a
im posição legal de cuidar da prole foi descum prida
im plica em se reconhecer a ocorrência de ilicit ude
civil, sob a form a de om issão. I sso porque o non
facere, que at inge um bem j uridicam ent e t ut elado,
leia- se, o necessário dever de criação, educação e
com panhia - de cuidado - im port a em vulneração da
im posição legal, exsurgindo, daí, a possibilidade de se
pleit ear com pensação por danos m orais por abandono
psicológico. ( STJ, Resp n° 1159242 / SP, Relª Min.ª
Nancy Andrighi, 3ª t urm a, pub. 10/ 05/ 2012)
Aba ndono a fe t ivo

 ( ...) Ora, j ulgar - se inexist ente ilícit o quando um ou am bos os pais,


com provadam ent e e de form a om issiva, deixam seus filhos em
abandono m oral e m at erial é não garant ir a eficácia do próprio direit o
no ordenam ent o j urídico, o que levaria ao cet icism o j urídico, incluindo-
se aí a cet icem ia, consist ent e na doença m oral que corrói t odo o
sist em a j urídico que nos envolve.
Para que não haj a essa cet icem ia j urídica decorrent e de ofensas
( posit ivas ou negat ivas) à lei, ao direit o e à j ust iça, tenho necessidade
de ent ender que o abandono afet ivo é ilícit o capaz de gerar danos
m orais e ensej ar a sua reparação.
Nesse diapasão, indispensável afirm ar- se que a responsabilidade civil
do requerido est á pat ent eada não som ent e cont ra a pessoa do seu
filho, m as t am bém cont ra a requerent e, por via reflexa, pelo que
desnecessária é a perquirição sobre o elem ent o subj et ivo da culpa, por
ser est a presum ida às escâncaras.( ...) ( TJSC, Apelação Cível n.
2006.015053- 0, Relat or Designado: Des. Mont eiro Rocha, 2ª Câm ara
de Direit o Civil, j . 10/ 12/ 2008)
Pa t e r nida de r e sponsá ve l

 ( ...) Com fundam ent o na pa t e r nida de r e spon sá ve l,


“ o poder fam iliar é inst it uído no int eresse dos filhos e
da fam ília, não em proveit o dos genit ores” e com base
nessa prem issa deve ser analisada sua perm anência
ou dest it uição. Cit ando Laurent , “ o poder do pai e da
m ãe não é out ra coisa senão prot eção e direção”
( Principes de Droit Civil Français, 4/ 350) , segundo as
balizas do direit o de cuidado a envolver a criança e o
adolescent e. - Sob a t ônica do legít im o int eresse
am parado na socioafet ividade, ao padrast o é
conferida legit im idade at iva e int eresse de agir para
post ular a dest it uição do poder fam iliar do pai
biológico da criança. ( ...) ( STJ, REsp 1106637 / SP,
Relª Minª . Nacy Andrighi, 3ª t urm a, pub. 01/ 07/ 2010)
Gustav Vigeland

“Das coisas, a mais nobre é


a mais justa, e a melhor é a
saúde; porém, a mais doce
é ter o que amamos.”
( ARI STÓTELES. Ét ica a
Nicôm aco, Livro I )
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