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EDUCAÇÃO E

DIREITOS HUMANOS
Universidade Católica de Pernambuco

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Universidade Católica de Pernambuco
EDUCAÇÃO E
DIREITOS HUMANOS

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Profa. Dra. Wellcherline Miranda Lima

Educação a Distância
Universidade Católica de Pernambuco
EaD
UNICAP
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO - UNICAP

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Prof. Dr. Pe. Pedro Rubens Ferreira Oliveira, S. J.

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Universidade Católica de Pernambuco


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Msc. Flávio Santos

EDIÇÃO 2021
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Boa Vista - Recife-PE - Cep: 50050-900
Telefone +55 81 2119.4335
PALAVRA
PROFES
SORA
Prezado (a) estudante,

Nesta Unidade 1, vamos iniciar os nossos estudos sobre Afirmação


Histórica dos Direitos Humanos. Abordaremos a origem e o
desenvolvimento dos Direitos Humanos e seus princípios: liberdade,
igualdade, solidariedade e fraternidade. São fundamentos que foram
construídos ao longo da história da humanidade, especialmente do final
do século XIX para nossos tempos, para garantir o direito à vida e
assegurar a dignidade da pessoa humana. Fazemos essa discussão para
que você tenha um novo olhar para a cultura dos direitos humanos, tanto
nas relações sociais como no âmbito escolar.

Outro tema em estudo, refere-se às gerações e dimensões dos direitos


humanos que tiveram origem em fatos históricos, quando houve a
criação dos direitos individuais e para grupos coletivos. As características
dos direitos humanos têm aspectos próprios, inter-relacionados e
interdependentes, que se vinculam aos direitos fundamentais. Isto
possibilita o amparo dos documentos internacionais e nacionais sobre os
direitos humanos.

Diante do exposto, é importante que você realize seu planejamento nos


estudos, pois a autonomia e o protagonismo são marcas da
aprendizagem à distância. É importante que você tenha interação nas

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atividades discursivas e colaborativas, de forma a ampliar o entendimento
dos conteúdos, seus objetivos e competências em desenvolvimento. O
hábito de desenvolver novas práticas e atitudes vem com o espírito de
fraternidade, reconhecimento histórico dos direitos humanos e
acolhimento e amparo de pessoas que se encontram em contexto de
vulnerabilidade social. A atitude de respeito às diferenças se forma no
acolhimento e diálogo com variedade de opiniões e pensamentos.

Bons estudos!

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OBJE
TIVOS
UNIDADE 1 - Afirmação Histórica dos Direitos Humanos

• Possibilitar a compreensão da concepção dos direitos humanos favorecendo


a superação do preconceito e impedir as contradições concedendo o valor a
vida e a preservação da dignidade da pessoa humana.
• Compreender a discussão, ao longo da história da humanidade, sobre a
igualdade e dignidade do indivíduo, o que consequentemente gerou a
classificação dos direitos humanos em gerações ou dimensões e suas
características específicas que harmonizam na atuação entre si.
• Promover o entendimento sobre as diretrizes dos documentos
internacionais e nacionais dos direitos humanos, assim como suas
perspectivas na execução.

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1. A fundamentação dos direitos humanos

A gente quer carinho e atenção / A gente quer calor no coração /


A gente quer suar, mas de prazer / A gente quer é ter muita saúde /
A gente quer viver a liberdade / A gente quer viver felicidade/ […]
É! /A gente quer viver pleno direito / A gente quer viver todo respeito
(Gonzaguinha, da música: É, de 1988)

Esta música, composta por Gonzaguinha, apresenta um grito pela


dignidade e é um pedido quanto a aspectos básicos da vida humana. A
letra pede “pleno direito” e “viver todo respeito”.

Da época da canção para cá, mantivemos a percepção e temos evidências


de que algumas pessoas têm mais direitos que outras. Vemos altas taxas
de feminicídios e violências contra as mulheres, altos índices de
homicídios (em especial de jovens negros e moradores de periferias);
crianças são assassinadas; há abuso policial e execuções cometidas por
policiais ou milícias; é falho o sistema prisional; há racismos de todo tipo;
assassinato de lideranças indígenas; ameaças aos defensores dos direitos
humanos; trabalhos em situações análogas à escravidão; corrupção...

Os direitos civis, políticos e sociais de brasileiros são desrespeitados por


parte de governos, por agentes de Estado, nas empresas, nas relações

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familiares, nas instituições religiosas, nas escolas... Gonzaguinha aponta
déficits na dignidade plena e por isso pergunto a você: de que maneira
podemos garantir a proteção da pessoa e assegurar sua dignidade
humana? Quais caminhos nossa sociedade tem traçado? Temos
conseguido elaborar leis e garantir que essas sejam cumpridas?

Vamos iniciar, apresentando a origem, a institucionalização e o sentido


dos Direitos Humanos, para irmos superando preconceitos e impedir
distorções. É senso comum que toda pessoa tem valor, direitos e
dignidade. Porém, nas situações sociais concretas, a aplicação destes
“princípios” é marcada por fatores culturais e práticas, que nem sempre se
pautam no espírito de solidariedade.
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Vejamos o entendimento da expressão “direitos humanos”. De maneira
resumida, nos referimos aos Direitos Humanos, como sendo os direitos
fundamentais destinados à pessoa humana. Mas, há alguma distinção
entre as duas expressões?

A expressão direitos humanos é do século XX e veio substituir as


expressões até então correntes, como direitos naturais ou direitos do
homem. Revela a evolução destes direitos ao longo da história e insinua
o porvir desta evolução. A expressão direitos humanos nos revela
direitos que estão além daqueles verificados nos textos legais ou nos
livros de direito: ela nos revela direitos morais, direitos que estão no
cerne da existência de uma sociedade, de uma coletividade, ou ainda a
consciência de uma ética coletiva.
Já a expressão direitos fundamentais é usualmente mais utilizada para
se referir aos direitos humanos que já se encontram em fase mais
adiantada de reconhecimento, positivados em um dado ordenamento
jurídico, inseridos no ordenamento jurídico formal de um Estado ou de
uma comunidade internacional por meio de Constituição, leis ou
Tratados (AITH, 2013, p. 276-277).

Você pode observar que os Direitos Humanos atendem ao conjunto de condições


e de oportunidades; se relacionam aos aspectos naturais dos seres humanos, à
competência natural de cada ser humano e aos caminhos que cada pessoa trilha.
Perceba que este conjunto de condições e de oportunidades reunidas, com os
aspectos próprios da pessoa humana, recebe o nome de direitos humanos. São
necessidades similares para todas as pessoas, por exemplo, saúde, educação,
habitação e outros para que sejam capazes de viver com dignidade.

Diante do exposto, agora vamos entender as concepções dos princípios


da igualdade, liberdade, dignidade, solidariedade e fraternidade dentro
dos fundamentos dos direitos humanos.

O princípio da igualdade abrange todas as pessoas e isso não se refere


apenas aos aspectos físico, psicológico e intelectual. Cada indivíduo tem a
sua identidade, levando em conta sua personalidade, a sua maneira
própria de ver, sentir e refletir o que existe (HALL, 2011).

Em coletividade, os grupos sociais têm sua própria cultura fruto de


condições naturais, geográficas e sociais. Vejamos, por exemplo, um grupo
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de pescadores que mora na região de planície e trabalha com atividades no


mar ou no rio. Sua cultura tem marcas distintas da cultura de grupos que
vivem na região de planalto ou na mata; ou diferente das dinâmicas sociais
e culturais de comunidades tradicionais indígenas ou quilombolas.

A obra “Cultura: um conceito antropológico” do


antropólogo Roque Laraia é uma proposta de
12 leitura bastante interessante. A linguagem textual é
clara, simples e didática sobre o tema cultura e
suas múltiplas formas diante da diversidade
cultural dos indivíduos e grupos humanos.
LARAIA, Roque. Cultura: um conceito antropológico.
Rio de Janeiro: Zahar, 2001. Disponível:
https://projetoaletheia.files.wordpress.com/2014/05/
cultura-um-conceito-antropologico.pdf.

Da mesma maneira, os costumes, a organização social, as relações sociais de


uma população urbana, em uma imensa metrópole, não serão os mesmos
modos da população da zona rural (LARAIA, 2001). Observa-se que no
sentido sociocultural, os indivíduos são diferentes, no entanto são iguais
como seres humanos, com as mesmas necessidades e recursos essenciais.
A liberdade encontra-se dentro de cada pessoa humana com a
capacidade de atuar a partir de si, com o poder de ter autonomia e
independência. É necessário respeitar a liberdade que igualmente é o
direito fundamental da pessoa humana.

Da mesma forma que o direito fundamental associado ao princípio da


liberdade existe para aquelas pessoas que realizaram crimes ou ações que
ferem outras pessoas ou grupos sociais. Diante desses fatos, aquela
pessoa que realizou o crime ou ato infracional contrário ao bem comum
da sociedade deve receber a punição contida na lei, porém sem anular
que o praticante do ato ou do crime permaneça a ser uma pessoa.

O que podemos caracterizar como pessoa? O seu aspecto natural, com


consciência e desejo, tem uma dignidade que está acima de tudo o que
existe na humanidade.

A dignidade da pessoa humana se trata de um elemento intrínseco e


indivisível do ser humano. Além disso, a dignidade é um enorme princípio,
de caráter universal e transversal que também se encontra em outros
princípios como a liberdade, igualdade, solidariedade e fraternidade.

O respeito pela dignidade da pessoa precisa sempre existir, em todo o

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tempo e espaço, de forma igual para todas as pessoas. À inexistência de
dignidade ocorre a identificação da pessoa humana como apenas um
instrumento, objeto ou coisa, como uma pessoa na condição de escravo.
O ato que possibilita a desqualificação da pessoa humana afeta também
o princípio da igualdade (SARLET, 2003).

Vamos conhecer a situação de João que é indígena. Ele sonhava


cursar Medicina. Após anos de estudos, ele consegue aprovação. Ao
chegar na Universidade, João é discriminado e humilhado pelos
estudantes por ele ser indígena e estar fazendo um curso
considerado de “elite”. A situação retratada é uma das muitas
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realidades no cotidiano. Diante disso, como assegurar a dignidade
da pessoa humana? Levando em conta que isso se trata de um
exercício de reflexão que devemos praticar sempre!

A dignidade não deve ser dispensada ou alienada. Portanto, não se deve


falar na pretensão de se conceder dignidade a um ser humano. Pois, a
dignidade é uma característica que é intrínseca da própria condição
humana (COMPARATO, 2018; SILVA, 1998).

Em vista disso, o princípio da solidariedade encontra-se dentro da


essência dos direitos humanos. A solidariedade implica o auxílio mútuo,
para se chegar a enorme efetividade da liberdade e proteção da vida.
A resposta para inibir as hostilidades se dá por meio do diálogo que
introduz o entendimento sobre as diferenças entre sexo, cor, raça, etnia,
cultura e religião, considerando até a personalidade (GIDDENS,1996). Esse
diálogo possibilita a solidariedade mútua que faz entender o ponto de
vista da outra pessoa, favorece a autocompreensão e aumenta a
interlocução com o outro.

Com isso, é importante inserir a concepção de solidariedade e


acolhimento da diversidade. Pois, não existe como entender uma
sociedade solidária que não aceite a diversidade.

Título: Lição de Solidariedade e Paz


Ano: 2015 Duração: 03min05s.
Sinopse: o curta-metragem apresenta situações do
cotidiano, pelas quais se argumenta que por meio
de atitudes simples de solidariedade torna-se
possível a conquista da harmonia. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=D3a1pUKugRw

A solidariedade não é específica ao ser humano na forma individual, pois


não existe a possibilidade de ser solidário sozinho porque a solidariedade
é uma condição social (PERRENOUD, 2003). A solidariedade é o resultado
Educação e Direitos Humanos

de uma construção social e cultural, uma conquista da humanidade.

Outro princípio essencial dos direitos humanos é a fraternidade. A


fraternidade destina à ideia do outro, como não sendo a ele próprio e do
seu grupo social, entretanto ao diferente que temos deveres e não
somente a imposição dos direitos fundamentais.

A fraternidade implica no comportamento da pessoa humana atribuído a


promover o bem comum que promove benefício para aqueles que não
estão bem e concedendo a eles a igualdade. Por exemplo, realizar um
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mutirão para construir escola ou quadra poliesportiva numa comunidade
muito carente.

A prática da fraternidade, por muito tempo, tem sido vinculada como


sinônimo da palavra solidariedade. Mas, tal ideia gera engano, pois a
solidariedade é uma relação vertical que um indivíduo ou grupo realiza
visando o bem àqueles que precisam, mas permanece na posição de
força, ou seja, “uma relação vertical que vai do forte ao fraco” (BAGGIO,
2008, p. 22).

A fraternidade é uma relação horizontal em que existe a divisão de bens, a


garantia de acesso aos serviços básicos e a divisão dos poderes (BAGGIO,
2008). Com isso, a solidariedade é um ramo da fraternidade. Agora, você
percebeu a diferença de solidariedade e fraternidade?
Em síntese, você deve ter compreendido a concepção de cada princípio
da igualdade, liberdade, dignidade, solidariedade e fraternidade. Cada
princípio tem em comum as características transversal, intrínseca e
recíproca. Vimos como procede sua propagação a partir da atuação do ser
humano e de seu desenvolvimento em meio social para fomentar os
direitos humanos e mitigar as desigualdades, discriminações e conflitos.

Agora, vamos conhecer de forma concisa a dimensão histórica dos


direitos humanos. Partimos para o entendimento de como os fatos
ocorridos ao longo da humanidade tem sido promovidos com ideias para
fundamentação, caracterização e reconhecimento desses direitos
associados ao seu contexto histórico.

De forma sucinta, podemos dizer que o tema dos direitos humanos está
presente na Grécia e em Roma. A lei escrita e os costumes são o fundamento
da sociedade, fato que deu início ao estudo sobre a pessoa humana, sua
igualdade e dignidade. Na Grécia, além da experiência da implementação da
democracia, na cidade de Atenas, houve a contribuição dos estudos da
Filosofia Estoica centrada no ser humano como uma unidade moral e na
dignidade do homem. Na República Romana, houve a limitação do poder
político e a implementação de instituições jurídicas em defesa do homem.

Na Idade Média, todo os direitos humanos estão relacionados ao

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Cristianismo. Jesus era apresentado como modelo ético de pessoa e
representação divina na terra. Era ele quem defendia a igualdade, a
solidariedade e fraternidade entre as pessoas.

A Idade Moderna foi o período das grandes revoluções científicas,


políticas, sociais e econômicas. Para o tema direitos humanos, duas
revoluções na Inglaterra, uma nos Estados Unidos e uma na França
tiveram papel central.

Na Inglaterra, a Revolução Gloriosa (1688), com a criação do habeas corpus


(liberdade do indivíduo de ir e vir) e a ratificação do Bill of Rights (Declaração dos
Direitos) que concedeu os direitos de liberdade, propriedade privada e
segurança. Nos Estados Unidos, a Independência dos EUA (1776) criou a
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Declaração de Virgínia que estabeleceu o direito à vida e à liberdade. Por fim, na
França, a Revolução Francesa (1789) que proclamou a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão que estabeleceu os direitos individuais civil e político.

A Declaração de Direitos (Bill of Rights) não é uma declaração de


direitos humanos no modelo daquelas que viriam a ser adotadas
um século depois na Constituição dos Estados Unidos. No entanto,
essa Declaração de Direitos gerou o fundamento do que seria
tempos depois uma “garantia institucional”, ou melhor, uma
estrutura do Estado cuja função é a proteção e garantia dos direitos
fundamentais da pessoa humana.
Ainda nesse período, podemos destacar o movimento iluminista como
uma contribuição para a fundamentação dos direitos humanos. Suas
reflexões sobre o domínio da razão e da liberdade os levaram a afirmar
que o homem deve seguir por sua própria razão, sem ser afetado por
crenças, tradições ou opiniões alheias.

A obra “A afirmação histórica dos direitos humanos”


de Fábio K. Comparato possibilita o estudo mais
aprofundado sobre a afirmação da pessoa humana
na história e as grandes fases históricas na
afirmação dos direitos humanos. Disponível na
Biblioteca Unicap (recurso online) em:
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/
9788553607884/cfi/5!/4/4@0.00:0.00

Na Idade Contemporânea, após as atrocidades das duas Guerras Mundiais


(Primeira Guerra Mundial 1914-1918 e Segunda Guerra Mundial 1939-1945),
o surgimento de vários governos totalitários, a descolonização afro-
asiática e a crise dos paradigmas políticos internacionais, ocorreu a
fundação em 1945 da Organização das Nações Unidas (ONU).

A ONU tem a finalidade de desenvolver ações que promovam a paz.Com


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o intuito de garantir a proteção ao ser humano foi criada uma comissão


para criação da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH).

A Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) nasce em 10 de


dezembro de 1948, no contexto do pós-guerra, que reuniu nos 30 artigos
os direitos civis, políticos, sociais, econômicos e culturais do indivíduo,
conquistados ao longo da história da humanidade.

A finalidade da Declaração Universal dos Direitos Humanos é promover


a proteção dos direitos essenciais da pessoa humana e fomentar o
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respeito mútuo em proporção mundial para que todos sejam capazes
viver com dignidade.

Acerca da Declaração Universal dos Direitos


Humanos destacamos a importância de uma leitura
prévia dos artigos desse documento internacional.
Disponível em:
https://www.oas.org/dil/port/
1948%20Declara%C3%A7%C3%A3o%20Universal%20
dos%20Direitos%20Humanos.pdf.
Veja a linha do tempo – Dimensão histórica dos direitos humanos

Você pode observar na linha do tempo que em cada fase histórica houve
garantias históricas e avanços significativos sobre os direitos essenciais,
adequando, dentro das realidades específicas daquele tempo e território,
o indivíduo.

No entanto, a Declaração Universal dos Direitos Humanos representa um


marco documental na fundamentação dos princípios vinculados aos
direitos essenciais (direito à vida, à integridade e à dignidade). O que
possibilita a paz, a cidadania e a democracia no mundo sem distinção de
cor, raça, sexo, classe social, nacionalidade e religião. O que significa a
ampliação universal dos direitos humanos para toda pessoa humana.

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A DUDH foi assinada por 192 países-membros da ONU, incluindo o Brasil.
O documento serve como diretriz e foi incorporado às Constituições e
Tratados internacionais a partir dos encontros das entidades civil e política
para reflexão, discussão e posteriormente elaboração dos tratados para
garantia dos direitos fundamentais, aprofundaremos este tema no tópico
3 desta Unidade.

No Brasil, após o período da Ditadura Militar (1964-1985), houve o processo


da redemocratização com a participação da sociedade civil, dos
intelectuais e dos movimentos sociais. Isso resultou na Constituição
Federal (1988), conhecida como Constituição Cidadã, resultando em uma
conquista do cidadão diante do poder do Estado na garantia dos direitos
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fundamentais, promovendo avanços na vida dos brasileiros.

Com isso, em escala mundial, a Declaração possibilitou grandes avanços


nos direitos sociais, por exemplo, o acesso à saúde e à educação; e direitos
econômicos, por exemplo, o direito ao trabalho digno sem escravidão ou
uso da tortura.
O artigo “Contextos históricos e direitos humanos”,
de Tarcísio Henriques, apresenta o processo histó-
rico sobre o reconhecimento e a institucionalização
dos direitos humanos. O texto também mostra a
contextualização dos direitos humanos no cenário
mundial e brasileiro as aplicabilidades desses
direitos em situações concretas. Disponível em:
http://escola.mpu.mp.br/publicacoes/obras-avulsas/
e-books-esmpu/direitos-fundamentais-em-
processo-2013-estudos-em-comemoracao-aos-20-
anos-da-escola-superior-do-ministerio-publico-da-
uniao/41_contextos-historicos.pdf.

Portanto, finalizando este tópico, apresentamos como os princípios da


igualdade, liberdade, dignidade, solidariedade e fraternidade permeiam
dentro dos fundamentos dos direitos humanos e como se concretizam
em situações reais. Também, mostramos como historicamente se
desenvolveram os direitos essenciais em vários contextos específicos.

Brevemente, traçamos uma linha histórica da Idade Antiga, Idade Média,


Idade Moderna e Idade Contemporânea, ressaltando o período da
aprovação da Declaração Universal dos Direitos Humanos e sua
repercussão na geração de Constituições, como no Brasil, e de tratados
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internacionais, apontando os avanços dos direitos humanos em escala


mundial. No próximo tópico, veremos a caracterização e as dimensões dos
direitos humanos e suas materializações no cotidiano.

2.As características dos direitos humanos

A afirmação histórica dos direitos humanos, vista anteriormente de


maneira concisa, implica destacar os grandes marcos históricos mediante
às lutas contra as limitações de direitos e violência contra as pessoas.

18 Cada época histórica sistematizou uma compreensão, elaborou docu-


mentos e práticas em que aparece o tema direitos da pessoa humana,
atendendo às grandes inquietações e déficits do momento.

Como resultado disso, os direitos humanos podem ser classificados em


dimensões ou gerações, inspiradas nos princípios da liberdade, igualdade
e fraternidade da Revolução Francesa de 1789 (SARMENTO, 2011).

Os direitos de primeira dimensão ou geração são resultado das


Revoluções Liberais do século XVIII, entre elas a Revolução Gloriosa na
Inglaterra (1688), que gerou a Declaração de Direitos, a Independência do
EUA (1776), com a criação da Constituição Americana (1787), onde temos o
direito à vida, à liberdade e à felicidade, e por fim, a Revolução Francesa
(1789), que gera a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
Esses fatos históricos foram a favor do princípio da liberdade e
consolidaram os direitos civis (autonomia do indivíduo), por exemplo,
direito à vida, à liberdade, à propriedade privada, e os direitos políticos
(participação do indivíduo), por exemplo, direito de votar e ser votado. É
importante você entender que os direitos civis e políticos são chamados
de direitos subjetivos, pois, esses direitos se estendem para todos os seres
humanos. Com isso, o Estado não deve infringir os direitos dos indivíduos,
ou seja, o Estado deixar de regular a vida do indivíduo.

A segunda dimensão ou geração é oriunda da inspiração dos movimen-


tos sociais do século XIX, especialmente a partir de eventos históricos
como a Revolução Mexicana (1910), que gerou a Constituição do México
(1917); a Revolução Russa (1918), que criou a Declaração do Povo
Trabalhador e Explorado e a Constituição de Weimar (1919).

A Constituição de Weimar (1919), do Estado alemão, influenciou a


Constituição brasileira de 1934 com seus direitos sociais, por
exemplo, os direitos dos trabalhadores, direito do voto feminino,
entre outros.

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Esta segunda dimensão ou geração dos direitos humanos tem como
princípio a igualdade e constituiu os direitos de prestação que se tratam
dos direitos sociais, culturais e econômicos. Por exemplo, o direito à
saúde, à educação, à moradia e outros. A maioria dos direitos trabalhistas
aparecem no século XX. Os direitos sociais, culturais e econômicos têm a
sua implementação de forma progressiva e o Estado deve promover esses
direitos fundamentais para o ser humano.

A terceira dimensão ou geração ocorreu após a Segunda Guerra Mundial


que tem como princípio a fraternidade e a solidariedade, promovendo a
ampliação dos direitos, antes centrados no indivíduo para a coletividade.
Com isso, há a criação dos chamados de direitos difusos e coletivos (dos
19
povos), ou seja, difusos são titulares pessoas indeterminadas e ligadas por
algum fato, e coletivo o titular, é o grupo de pessoas ligadas entre si ou parte
contrária por uma relação jurídica, por exemplo, grupo de categoria sindical.

Os direitos difusos e coletivos têm o interesse de proteção e garantia dos


direitos a todos os indivíduos, por exemplo, a proteção ao meio ambiente,
o direito à comunicação, à autodeterminação dos povos, entre outros.

Há registros da existência da evolução da classificação dos direitos


humanos na quarta, quinta e sexta dimensão ou geração devido ao
desenvolvimento da globalização, das tecnologias e da economia mundial.

A quarta dimensão ou geração está associada aos direitos dos povos. Na


concepção do cientista político Paulo Bonavides, os direitos dos povos
referem-se à proteção de interesses do coletivo como a globalização,
democracia, informação, pluralismo que têm a finalidade da preservação
da pessoa humana em relação aos direitos que conseguem pôr em risco a
vida do ser humano. Na concepção do filósofo Norberto Bobbio,
destinam-se ao direito à biossegurança, à bioética, às pesquisas biológicas
e ao manuseio do patrimônio genético dos seres humanos e teve como
marco histórico Lei de Biossegurança (Lei nº 11.105/2005).

A quinta dimensão ou geração favorece a paz. O cientista político Paulo


Bonavides entende que a paz se deve a necessidade do reconhecimento
universal, sendo necessária para a convivência das pessoas. Assegurando
os direitos à dignidade da pessoa humana como marco histórico o 11 de
setembro nos EUA. Outros autores anunciam a probabilidade de uma
sexta dimensão ou geração, favorecendo a democracia. Novamente,
Paulo Bonavides afirma que essa dimensão ou geração seria o direito à
proteção à água, igualdade dos sexos, biotecnia, sendo resultado próprio
da globalização. Lembramos a você que a quarta, quinta e sexta
dimensões ou gerações não tem consenso doutrinários, pois, são apenas
concepções de alguns autores, previamente mencionados, e por isso não
seguem uma ordem cronológica de fatos históricos.
Quadro 1 – Dimensões ou Gerações dos Direitos Humanos

1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª
Direitos
Dimensão Dimensão Dimensão Dimensão Dimensão Dimensão
Humanos
ou Geração ou Geração ou Geração ou Geração ou Geração ou Geração
Educação e Direitos Humanos

Proteção à
Proteção à
Sociais, água,
Civis e Difusos e Biossegu- Direito à
Direitos culturais e igualdade
políticos coletivos rança e paz
econômicos dos sexos e
bioética
biotecnia

Grupos Grupos Grupos Grupos


Titular Indivíduo Indivíduo
humanos humanos humanos humanos

Revolução Revolução
Gloriosa Mexicana
20 (1688) (1910) Pós-
Independê Revolução Segunda 11 de
Fatos Lei nº 11.105/ Globali-
ncia dos Russa (1918) Guerra setembro
históricos 2005 zação
EUA (1776) Constituiçã Mundial nos EUA
Revolução o de (1945)
Francesa Weimar
(1789) (1919)

Toda a essência dos direitos humanos tem o mesmo fundamento e o


mesmo destaque das características que são a universalidade, histori-
cidade, essencialidade, efetividade, indivisibilidade, imprescritibilidade,
irrenunciabilidade, interdependentes, inter-relacionados, inalienabilidade,
inviolabilidade, relatividades e concorrência. Vamos conhecer cada
característica dos direitos humanos (SARMENTO, 2011).
Vamos conhecer cada uma das características dos direitos humanos a partir da
universalidade, que assegura que os direitos devem envolver todas as pessoas
humanas, respeitando sua nacionalidade, cor, sexo, religião, raça, etnia, política,
entre outros. Ou seja, todos esses direitos se remetem para as pessoas, levando
em conta que não há discriminação e atendem uma enorme dimensão

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territorial universal, ou melhor, em todo mundo. Mediante a isso, os direitos
humanos também têm a característica inter-relacionada com o conjunto de
direitos que favorece a proteção à vida e assegura a dignidade humana.

Você deve perceber que embora a universalidade dos direitos humanos


tenda pela dignidade da pessoa humana, é complexo favorecer esta
concepção em culturas diferentes. Logo, essa noção universal dos direitos
humanos pode ser associada com o relativismo cultural.

Podemos fazer a seguinte pergunta: qual o ponto central? Torna-se


possível definir o relativismo? E até que ponto podemos justificar os atos
internos de um Estado que, numa visão internacional, sejam
transgressíveis aos direitos humanos? 21

A ideia da proteção aos direitos humanos prevalece forte sem que seja
enfraquecido o relativismo cultural, considerando que o relativismo
cultural não pode ser desprezado, porém não pode ser protegido na
condição de justificar transgressões aos direitos humanos. Devemos
entender que a universalidade é a noção de que toda pessoa humana é
detentora de um conjunto de direitos, de modo independente das
normas e cultura de cada Estado.

Outra característica é a interdependência dos direitos, ainda que sejam


autônomos, têm diversas junções para alcançarem seus objetivos. Por
exemplo, a liberdade de ir e vir está relacionada à garantia de habeas
corpus, ou seja, se caso uma pessoa sofrer uma prisão de forma ilegal,
então não deve apenas justificar a liberdade de ir e vir para sair da prisão.
Pois, é preciso requerer habeas corpus para que o aprisionamento ilegal
seja resolvido e sua liberdade seja assegurada.

A inalienabilidade dos direitos humanos significa que não são objetos negociáveis
e, consequentemente, não deve ser alienado ou transferido, por exemplo, a
dignidade da pessoa humana não pode ser vendida. De fato, o direito humano é
inalienável e não se deve ser negociado. A inviolabilidade é o impedimento do
desrespeito ou ausência de cumprimentos por decisões de atos das autoridades
públicas, sob punição de responsabilização administrativa, civil e criminal.

Em resumo, você deve ter entendido que os direitos humanos não podem
ser executados isoladamente, porém de maneira conjunta e inter-
relacionados com os outros direitos. Essas características, apresentadas
até agora, afastam o entendimento de que existiria uma hierarquia entre
os direitos, ou seja, um direito maior do que os outros, o que se fortalece
na concretização das ações para a garantia da dignidade humana.

A historicidade tem o significado de que os direitos humanos não


apareceram todos ao mesmo tempo, são resultados de conquistas
históricas. Cada conquista foi construída de maneira gradual e se
desenvolvendo ao longo da história, como resultado da luta de
movimentos sociais para que se assegure a dignidade da pessoa humana.

Além disso, você deve perceber que se deve considerar a importância dos
contextos históricos, nacionais e regionais, como os diferentes aspectos
Educação e Direitos Humanos

culturais e religiosos, sendo dever do Estado o reconhecimento histórico.


No Brasil, por exemplo, temos a contribuição histórica, social e cultural das
matrizes indígenas, africana e europeia e também as migrações dos
povos do Oriente Médio e Sul asiático.

No âmbito internacional, a historicidade resguarda vários marcos


históricos para os direitos humanos que no século XX desenvolveu-se de
forma efetiva no ano de 1919, com o surgimento da Organização
Internacional do Trabalho (OIT), tendo obtido grande crescimento após a
Segunda Guerra Mundial (1945), com a criação da Organização das
22
Nações Unidas (ONU).

É importante você perceber que a nossa discussão referente a afirmação


histórica dos direitos humanos se inicia a partir do processo histórico de
forma gradual, caracterizado pelas mudanças políticas, econômicas e
sociais que atingem a humanidade.

Procure na sua cidade ou no seu bairro os monumentos, as praças,


lugares, nomes de rua que tenham como marco histórico ou que
auxiliaram para o desenvolvimento dos direitos humanos. Faça
uma análise das suas contribuições para os nossos tempos.
Outra característica dos direitos humanos é a essencialidade. Entende-se
que o material e o formal são elementos próprios ao ser humano, . O
elemento material mostra os valores supremos do ser humano e sua
dignidade, e o elemento formal reconhece o porte normativo de
destaque.

A efetividade é uma característica dos direitos humanos que envolve a


atuação do Estado na maneira de assegurar o cumprimento dos direitos
humanos e garantias fundamentais previsíveis. A atuação do Estado deve
ser por meio de instrumentos obrigatórios, por exemplo a Constituição
Federal Brasileira (1988). Visto que isso não se desempenha com o básico
reconhecimento abstrato, mas os direitos fundamentais devem ser
assegurados e efetuados no caso concreto. Por exemplo, construção de
hospitais e escolas, campanha de vacinação, entre outras ações do Estado
como garantia à dignidade da pessoa humana.

Outra característica é a indivisibilidade dos direitos humanos, ou seja, eles


são indivisíveis; pois, todos tem o mesmo valor como direito. Os direitos
humanos são de natureza civil, político, social, econômica e cultural e
estão relacionados à dignidade de toda pessoa humana. Como resultado,
todos esses têm o idêntico valor como direitos. Haja vista que não há um
direito "mínimo", assim como, não existe hierarquia de direitos humanos.
A imprescritibilidade tem intenção de assegurar o respeito levando em

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conta a execução de direitos humanos que não se acabam no decorrer
dos anos, sendo capaz de ser exigida a qualquer tempo. Para
entendermos que a passagem do tempo não impede a atitude do
respeito aos direitos que se concretizam com dignidade humana.

A característica da imprescritibilidade dos direitos humanos não deve ser


associada com a prescritibilidade de indenização econômica, sendo uma
consequência da violação de direitos humanos, pois, são duas concepções
do uso da pretensão bastante diferentes. Vale ressaltar, para você entender
melhor: a “imprescritibilidade” é pretensão de respeito e válida para a não
violação aos direitos humanos, enquanto a “prescritibilidade” é a pretensão
do dano sendo consequência da violação dos direitos em que a lei determina
prazos para reparação, por exemplo, indenização por danos morais.
23
A irrenunciabilidade dos direitos humanos desencadeia algumas
importantes discussões abrangendo o direito à vida, por exemplo, o
aborto, a rejeição em receber transfusão de sangue e eutanásia. Então,
podemos fazer a seguinte pergunta: a vida é irrenunciável, logo como
podemos tornar válido o aborto e a eutanásia? Podendo haver o risco de
morte, a demonstração de desejo da pessoa em rejeitar a transfusão de
sangue deve ser levada em conta?

Você pode observar que a resposta a esses questionamentos segue pelo


entendimento da relatividade dos direitos humanos e da precisão de
ajustá-los com outros valores. Pois, cada situação deve ser analisada. Apesar
dos direitos humanos serem irrenunciáveis, esses podem ser relativizados
numa situação real diante da precisão de ajuste com outros valores.
A relatividade é uma característica que demonstra que os direitos
humanos não são atribuídos de forma absoluta, tendo implicações em
conflitos com outros direitos, ou até então, em casos emergenciais de
instabilidade institucional, por exemplo, na publicação do decreto do
Estado de Sítio.

Outro exemplo, trata do direito à liberdade de expressão sendo permitido


ser relativizado a fim de proporcionar a harmonia e proteção à vida
privada. Um outro exemplo de relatividade diz respeito ao direito ao
desenvolvimento, assim, por exemplo, é preciso averiguar o impacto
ambiental diante da construção da estrada que irá unir duas cidades. É
importante deixar registrado em mente que existe uma exceção à
relatividade dos direitos humanos, trata-se da tortura. Pois, a tortura é um
ato proibido em todo e qualquer momento.

Por fim, a concorrência, característica que apresenta a probabilidade de


os direitos humanos serem efetivados concorrentemente, ou seja, de
forma cumulativamente ao mesmo tempo. Por exemplo, ao mesmo
momento em que posso realizar o meu direito à vida, também tenho
direito à liberdade, ter saúde, educação, habitação, trabalho, e mais
alimentação, vestuário e os serviços sociais necessários, enfim, possuir
todos esses conjuntos de direitos para termos uma vida digna.

Diante do exposto, neste tópico, mostramos brevemente as dimensões ou


gerações dos direitos humanos associados aos seus direitos conquistados,
os titulados e os marcos históricos que influenciaram para o
Educação e Direitos Humanos

desenvolvimento e garantia dessas conquistas.

Apresentamos também cada característica dos direitos humanos com suas


concepções e exemplificações. Assim como a compreensão de que todas as
características estão interligadas entre si. Neste próximo tópico de aula,
veremos os documentos nacionais e internacionais sobre os direitos
humanos, assim como suas finalidades mediante as suas contextualidades.

3.Documentos nacionais e internacionais sobre os


direitos humanos
24
Vamos iniciar os primeiros passos sobre a materialização dos direitos
humanos por meio dos documentos nacionais e internacionais. Os
direitos humanos e as garantias fundamentais considerados na integra no
Artigo 5º da Constituição Federativa (CF) de 1988 foram as referências
históricas do fim autoritarismo da Ditadura Militar (1964-1985). O processo
da redemocratização e passagem para a democracia a partir dessa
Constituição, marca o começo do cumprimento dos Direitos Humanos no
Brasil. Leia o artigo 5º da CF:

Art.5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição;
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou
degradante;
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da
indenização por dano material, moral ou à imagem;
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma
da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa
nas entidades civis e militares de internação coletiva;

Você pode perceber que o artigo 5º contém aspectos dos princípios dos
direitos humanos nos quais são garantidos os direitos individuais e coletivos
de todos que habitam o Estado brasileiro. Diante dessas características
apresentadas pela Constituição, ela ficou conhecida como Constituição
Cidadã, devido à extensão dos direitos tanto para brasileiros natos ou
naturalizados quanto para estrangeiros residentes no Estado brasileiro.

Após três décadas da promulgação da Constituição Cidadã tivemos avanços.


Como na área da educação, com a obrigatoriedade do acesso e permanência
para Educação Básica. Entretanto, os desafios no contexto brasileiro ainda

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permanceme, como a desigualdade social, o racismo e a violência, de modo
geral, acreditamos na prática da cultura dos direitos humanos para vencê-los.

Como você já sabe os direitos humanos têm na sua essencialidade a


universalidade que reúnem os demais direitos, por exemplo, o direito ao
desenvolvimento, direito dos refugiados, direito do idoso, ECA, direito do
consumidor, entre outros. Esses direitos, dignos de distinção, de proteção no
propósito de estar junto às mudanças sociais, econômicas e políticas, ainda
que sejam lentas e graduais, são próprias ao processo histórico do Estado.

Certamente, os direitos humanos fazem parte da organização de um


Estado democrático. Nesse entendimento, temos organizações
internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU), a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e outras instituições da
25
esfera internacional, em união com os Estados que também são
membros, chamados de Estados-membros, como o Brasil.

Todas as ações em favor dos direitos humanos têm reunido esforços


universais e regionais para realizar a efetivação das leis de cada um de
seus Estados-membros, assim como a criação de instrumentos de
proteção e contra a violação dos direitos fundamentais.

Registrado isso, torna-se importante uma apresentação de instrumentos


normativos.

Não temos a intenção aqui de abranger todos os acordos e normas


internacionais e leis federais. Apenas faremos o destaque daquelas mais
significativas. No entanto, temos a perspectiva de complementar o
espaço de instrumentos normativos fundamentais com a finalidade de
ajudar a você no estudo dos direitos humanos e a sua aproximação no
âmbito da educação. Vejamos alguns documentos com a essencialidade
dos direitos humanos.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), aprovado em 1990, reúne


normas com a finalidade de proteção integral da criança (inferior a 12
anos) e do adolescente (entre os doze e dezoito anos), empregando
medidas de garantia a dignidade desse público e destinando
encaminhamentos para a justiça. Esse documento tornou-se o marco
legal e normativo dos direitos humanos para as crianças e adolescentes. A
lei, por exemplo, garante que a criança hospitalizada tem direito à
presença da família e a ter assistência educacional.

O Direito das Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais criado em


1999, a lei é resultado da adequação do Estado brasileiro à Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência que
estabelece os direitos às pessoas deficientes, vinculados às políticas
públicas de saúde, educação, trabalho, entre outros. A lei determina que
as edificações garantam acessibilidade aos deficientes.

O Estatuto do Idoso, gerado em 2003, reúne regras jurídicas que


determinam os direitos dos idosos e impõe penalidades para aqueles que
violarem a lei, concedendo aos idosos (a partir dos 60 anos) uma vida com
dignidade. A lei trata da questão de qualidade de vida, como determina
Educação e Direitos Humanos

que os filhos maiores de 18 anos serão responsáveis pela guarda e os


cuidados da saúde e do bem-estar dos pais idosos. Como exemplo, a lei
oferece prioridade de atendimento para os idosos.

A Lei Maria da Penha, criada em 2006, agrega instrumentos para a


prevenção e impedimento da violência doméstica e familiar,
considerando todos os tipos de violência seja física, psicológica, sexual,
patrimonial e moral contra a mulher. Essa lei encontra-se de acordo com
a Constituição Federal e com tratados internacionais como o Pacto de
San José da Costa Rica e a Convenção sobre a Eliminação de Todas as
26
Formas de Discriminação contra a Mulher que o Estado brasileiro
ratificou.. Como exemplo, a lei determina que o agressor se mantenha
afastado da vítima.

O Estatuto da Igualdade Racial, criado em 2010, é uma lei com regras


que visam impedir o preconceito e a discriminação racial. Além disso,
determina políticas públicas para minimizar a desigualdade social ainda
presente entre os diferentes grupos raciais. Entende-se na questão de
raça, cor, seja por descendência ou origem nacional ou de origem étnica.

Além do mais, tem a finalidade de eliminar ou limitar o exercício do


racismo. Também, deve promover a igualdade de condições, de direitos
humanos e direitos fundamentais. A lei estabeleceu a implementação de
cotas raciais para indígenas e negros nas universidades.
O Estatuto da Juventude, criado em 2013, é um conjunto de regras de
proteção de direitos e deveres para a juventude brasileira com idade entre
os 15 e 29 anos. As normas seguem com o direito à participação social,
coletiva e política, à representação juvenil e os direitos à cidadania. A lei
promove implementação de programas de acesso ao primeiro emprego.

A Lei da Migração, criada em 2017, estabelece direitos e deveres, regula a


entrada e saída do estrangeiro seja na condição de migrante ou visitante
no território brasileiro. A lei determina princípios e diretrizes para as
políticas públicas para o emigrante no Brasil.

Essa lei atende ao público de asilados, refugiados, agentes diplomáticos


ou consulares, funcionários de organização internacional privado ou
público e seus familiares. Por exemplo, a lei garante que os imigrantes e
indivíduos e/ou famílias recebam o registro de identificação e aplicação
de vacinas ao chegar no Brasil.

Além disso, é necessário destacarmos a importância de conscientizar a


nossa sociedade sobre o processo permanente da mudança social
registrado no ano de 2006 no âmbito da educação em direitos humanos.
Naquele ano, foi aprovado o Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos (PNEDH) sendo um instrumento apoiado aos documentos
nacionais e internacionais de resultado da política pública do Estado

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brasileiro que materializa um projeto de sociedade constituídos nos
princípios da cidadania, da democracia e da justiça social. Esse
documento foi realizado através da construção coletiva com a
participação dos movimentos sociais, do Ministério da Educação e
Ministério da Justiça.

O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos tem em sua


organização documental as concepções, princípios, finalidades, diretrizes
e linhas de ação, relacionados com os cinco eixos de execução: Educação
Básica, Educação Superior, Educação Não-Formal, Educação dos
Profissionais dos Sistemas de Justiça e Segurança Pública, e Educação e
Mídia. Cada eixo de execução gera uma cultura universal dos direitos
humanos nos espaços de convivência humana.
27
Quadro 2 - Eixos de atuação do PNEDH

Eixos de atuação do PNEDH Locais de atuação

Educação Básica Escola

Educação Superior Instituições do Ensino Superior

Locais de trabalho, nas famílias, nos movimentos


Educação Não-Formal sociais, nas organizações não-governamental,
todos os espaços de convivência humana

Educação dos Profissionais dos Sistemas Setores da justiça, segurança e administração


de Justiça e Segurança Pública penitenciária e privação de liberdade

Educação e Mídia Meios de comunicação e mídias


O PNEDH é um processo de modo sistemático e multidimensional que
direciona a formação do sujeito de direitos, vinculado às dimensões: da
historicidade dos direitos humanos, da afirmação dos valores e
fortalecimento das práticas sociais que elevem a cultura dos direitos
humanos, da formação cidadã, e dos processos metodológicos de forma
participativa e favorecendo a construção coletiva, usando as linguagens e
materiais didáticos contextualizados.

Além dessa contribuição no âmbito da educação em direitos humanos


ocorreu no dia 30 de maio de 2012, no Conselho Pleno (CP) do Conselho
Nacional de Educação (CNE), que pertence ao Ministério da Educação,
aprovação da Resolução nº 01 que gerou as Diretrizes Nacionais para a
Educação em Direitos Humanos (DNEDH).

As Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos


evidenciam os princípios da igualdade de direitos; à dignidade humana;
valorização das diferenças e das diversidades; democracia na educação; à
laicidade do Estado; reconhecer a vivência e globalidade; e garantia da
sustentabilidade socioambiental.

As Diretrizes Nacionais para a Educação em


Direitos Humanos de 2012 ser revisitado para maior
Educação e Direitos Humanos

entendimento sobre os princípios e as práticas da


cultura dos direitos humanos no âmbito da
educação. Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/index.php?
option=com_docman&view=download&alias=32131-
educacao-dh-diretrizesnacionais-pdf&Itemid=30192

Você deve perceber que todos esses documentos elencados até agora são
consequências do contexto histórico brasileiro. São respostas contra a
violação dos direitos, violência social e política manifestadas pela
28
precariedade e fragilidade vivenciada nas décadas de 1960 e 1970.

Essas questões continuaram no cenário da redemocratização com a difícil


transmissão das violações cotidianas nas questões sociais se
determinando de forma imperativa. Sendo que isso era preciso
interromper com a dinâmica da política oligarquica que mantém os
modelos de reprodução da desigualdade e da agressão institucional.

A discussão sobre os direitos humanos e a geração de uma conduta


cidadã foi avançando. Com isso, foram gerados resultados vindos das
mobilizações da sociedade civil com proposições para intermediar as
ações governamentais no âmbito das políticas públicas, almejando a
consolidação da democracia.
Ressaltamos que essas mobilizações tiveram como marco histórico a
Constituição Federal de 1988. Isso, formalmente estabeleceu o Estado
Democrático de Direitos e o reconhecimento da dignidade da pessoa
humana e os direitos estendidos da cidadania. O Brasil ratificou os mais
relevantes tratados internacionais de proteção dos direitos humanos.

Os tratados internacionais sobre os direitos humanos aparecem após o fim


da Segunda Guerra Mundial, em 1945, pelos países que balizaram os
direitos humanos como diretriz para os direitos fundamentais. Essa diretriz
promovia a proteção e a garantia à dignidade humana que se inicia com a
Carta das Nações Unidas publicada em junho de 1945, trata-se de um
documento internacional que constituiu a Organização das Nações Unidas.

A Organização das Nações Unidas (ONU) cria a Declaração Universal dos


Direitos Humanos. Essa Declaração fortalece uma ética universal ao
promover um entendimento sobre valores de forma universal para que
todos os Estados tenham como diretriz.

Logo após a criação da Declaração Universal de 1948 começam a se


ampliar os tratados internacionais sobre os direitos humanos vinculados à
proteção dos direitos fundamentais. Esses tratados internacionais de
proteção apresentam a consciência ética contemporânea e difundida
pelos Estados, a partir do momento que esses ratificam os seus

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documentos na temática dos direitos humanos.

Com isso, ocorreram as criações dos seguintes documentos internacionais


dentro dos temas dos direitos humanos, entre eles o Pacto Internacional
dos Direitos Civis e Políticos (1966) que atende os direitos humanos da
primeira dimensão ou geração em escala global.

Além disso, outros documentos foram criados como o Pacto Internacional


dos Direitos, Sociais e Culturais (1966) que estabelece a garantia dos
direitos da segunda dimensão ou geração em escala internacional.

A Convenção contra Tortura e outras Penas ou Tratamentos Cruéis


Desumanos ou Degradantes (1984) estabelece que os Estados-membros
29
tomarão as providências legislativas, administrativas, judiciais ou de outros
aspectos que se tornem eficazes para interromper atos de tortura. A
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de
Discriminação Racial (1966) determina o impedimento do ato ou prática de
preconceito e discriminação racial contra indivíduo, grupos de indivíduo ou
instituições e zela para que o Estado atue com esta obrigação.

A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de


Discriminação contra a Mulher (1984) gerou a promoção dos direitos da
mulher no empenho da igualdade de gênero e no impedimento de
quaisquer discriminações contra a mulher nos Estados.

A Convenção Internacional sobre a Proteção de Direitos de Todos os


Migrantes (1990) ratifica e determina regras básicas de modo abrangente
e universal. A Convenção sobre o Direito das Crianças (1990) estabelece
que o Estado providencie atos para garantir que a criança até 18 anos
tenha proteção contra todas as formas de discriminação ou pena
relacionadas na condição, nos exercícios, ideias ou crenças de seus pais,
representantes legais ou familiares.

A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com


Deficiência (2006) determina que o Estado deve garantir e promover os
direitos humanos e fundamentais por todas as pessoas com deficiência,
excluindo todos os tipos de discriminação. Por fim, a Convenção
Americana de Direitos Humanos (1978) que ficou conhecida como “Pacto
de San José da Costa Rica” constitui como tratado regional de proteção
dos direitos humanos.

Chegamos ao fim de nossa abordagem sobre os tratados internacionais e


nacionais sobre os direitos humanos, destacamos a necessidade de você
apreender a finalidade de cada um desses documentos. Pois, eles
representam a evolução histórica dos direitos humanos vivenciados por
toda a humanidade e a garantia de proteger e assegurar a dignidade para
toda a pessoa humana.

Síntese da Unidade

Na Unidade 1, abordamos a compreensão dos direitos humanos, como


substituto às ideias preconceituosas e discriminatórias, pelo
reconhecimento das pessoas como titulares dos direitos humanos. Além
Educação e Direitos Humanos

disso, o respeito às diferenças e a atuação com o espírito da fraternidade


presente na cultura dos direitos humanos.

Estes resultados são consequências das lutas dos grupos sociais


promovidos em diversos contextos históricos, inclusive no Brasil. Além
disso, destacamos as gerações ou dimensões dos direitos humanos
relacionadas a cada fase das conquistas dos direitos. Os direitos humanos
têm características próprias que auxiliam na sua dinâmica e na inter-
relação com os direitos fundamentais.

30
Com isso, foi proporcionada a criação de documentos internacionais e
nacionais, com destaque para o Brasil, com a Constituição de 1988, que
promoveu o reconhecimento dos direitos humanos. Esses direitos
vinculados aos direitos fundamentais para a proteção à vida e preservação
da pessoa humana.

Na próxima aula, Unidade 2, haverá a oportunidade de conhecermos e


compreendermos as dimensões dos direitos humanos dentro da
perspectiva da concepção da cidadania, ou seja, a pessoa na cidade; a
noção de democracia diante da convivência social que necessita de
regras para garantia da harmonia; e a Declaração Universal dos Direitos
Humanos como o instrumento balizador para o resguardo da dignidade
para todo o ser humano.
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