Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
possuem um valor intrínseco, decorrente da sua condição humana que é
intransmissível e de aplicação universal. A dignidade que provém da existência
humana, por si só, justifica a proteção conferida pelos direitos humanos, e que,
como já dito anteriormente, perpassa as diferentes culturas e estruturação sociais.
Se a dignidade humana é o aspeto comum à conexão entre todos os seres
humanos, formando, neste sentido, uma comunidade universal, então as diferenças
geográficas, étnicas, políticas, económicas e religiosas são dispensáveis para a
limitação no seu âmbito de aplicação. Isto para dizer que os direitos humanos foram
concebidos na medida referente ao respeito à personalidade do indivíduo como tal,
e direito ao seu pleno desenvolvimento como membro da sua sociedade, ou seja,
baseiam-se na filosofia política do liberalismo e concentram-se nos direitos naturais
do indivíduo, isto é, a ideia universal de justiça e o conjunto de normas e direitos
que já nascem incorporados ao Homem, como o direito à vida; e não da sociedade
e cultura.
Um filósofo que sustenta a universalidade sobre estas bases, embora mais
centrado no fator valorativo, é Kant, o qual, através daquilo a que chamou de
imperativo categórico, constrói e estabelece a ideia de que existem ações e direitos
sujeitos à universalização. Este aponta que a racionalidade, sendo algo próprio ao
indivíduo, é o instrumento canalizador para a ação propriamente dita. Com isto, a
razão, deve levar em conta o outro, e consequentemente a coletividade. Tendo
como exemplo, a citação "A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do
outro" (1) , explicita adequadamente essa noção, uma vez que, o direito à liberdade
só se dá devido à existência do outro e pelo o outro, logo, é universal. Nesse
sentido, os direitos humanos são universais, não só pelo facto de incidirem sobre os
seres humanos, mas principalmente por se concretizarem e terem validade pela
interação entre os mesmos.
Os defensores do relativismo cultural rejeitam, por sua vez, a universalidade
dos direitos humanos. Segundo esta tese, a identidade e a diversidade culturais e
os costumes dos povos devem ser respeitados no que diz respeito ao modo de
distribuição de direitos e liberdades individuais e coletivas que prevalece em
determinado contexto social. Na medida em que há culturas e sistemas morais
distintos, é impossível determinar princípios morais de validade universal que
comprometam todas as pessoas da mesma maneira, de acordo com os relativistas.
A título de exemplo, um pensamento que remete para este panorama é o do
historiador alemão Oswald Spengler, que ressalta:
“Toda a cultura tem o seu próprio critério, no qual começa e termina a sua
validade. Não existe moral universal de nenhuma natureza.” (2)
Assim, podemos compreender que através deste instituto os indivíduos
adquirem hábitos pertencentes ao meio em que se inserem, sendo que por conta de
tal razão reproduzem atividades diversas, entregando-se a crenças e realizando
rituais, em prol da fé que professam e dos hábitos que lhes são impostos. Porém, o