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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

PSICOLOGIA

AURORA AMADO DA ROCHA CRUZ - 42221358


FELIPE FONTANESI DA SILVA - 42210410
GUILHERME SILVEIRA LONGO - 42219612
LUCCA CHIORINO FIGUEIREDO MARTINS - 42215188
JOAQUIM ALVES DE LIMA GUIMARÃES - 42238080
RAUL GOMES NASCIMENTO - 42209757

O CORTIÇO
E
O QUE FAZ BRASIL, BRASIL

São Paulo
2022
TÓPICO 1: “Os caminhos para Deus”

Em “Os caminhos para Deus”, Roberto Damatta ressalta como a religião e a


comunicação com o “outro mundo” fazem parte do cotidiano do brasileiro, já que
ansiamos por essa conexão entre deuses e homens, criamos um elo pessoal com
essas entidades religiosas fazendo com que elas façam parte de nossa vida e
rotina. Fazendo um paralelo com o livro “O Cortiço”, Jerônimo é representado como
um homem simples e honesto, e, ao descrever seu dia-a-dia, podemos ver a
presença da figura religiosa, como mostra o trecho abaixo:

“Saía de casa para o serviço e do serviço para casa, onde nunca ninguém o vira
com a mulher senão em boa paz; traziam a filhinha sempre limpa e bem alimentada,
e, tanto um como o outro, eram sempre os primeiros à hora do trabalho. Aos
domingos iam às vezes à missa ou, à tarde, ao Passeio Público; nessas ocasiões,
ele punha uma camisa engomada, calçava sapatos e enfiava um paletó; ela o seu
vestido de ver a Deus, os seus ouros trazidos da terra, que nunca tinham ido ao
monte de socorro, malgrado as dificuldades com que os dois lutaram a princípio no
Brasil.” - Azevedo, Aluísio - “O cortiço” (1890)
TÓPICO 2:"O modo de navegação social: a malandragem e o 'jeitinho'

Em "O modo de navegação social: a malandragem e o 'jeitinho'", a autora


descreve o jeitinho brasileiro de se tirar vantagem de alguma situação. O "jeitinho" é
um modo amistoso de se resolver algum tipo de situação ou disputa com alguém, já
o "você sabe com quem você está falando?" citado algumas vezes por Roberta
coloca em como vantagem na disputa alguma hierarquia elevada do indivíduo na
sociedade, de forma a oprimir o outro nesse "jogo". Em diversos momentos do livro
"O cortiço" é possível observar uma disputa, João Romão chama atenção nessas
disputas por apresentar como argumento sua autoridade, tentando reprimir os
moradores do cortiço ou até mesmo de fora dele.

"Agora, na mesma rua, germinava outro cortiço ali perto, o “Cabeça-de-Gato”.


Figurava como seu dono um português que também tinha venda, mas o legítimo
proprietário era um abastado conselheiro, homem de gravata lavada, a quem não
convinha, por decoro social, aparecer em semelhante gênero de especulações. E
João Romão, estalando de raiva, viu que aquela nova república da miséria prometia
ir adiante e ameaçava fazer-lhe à sua, perigosa concorrência. Pôs-se logo em
campo, disposto à luta, e começou a perseguir o rival por todos os modos, peitando
fiscais e guardas municipais, para que o não deixassem respirar um instante com
multas e exigências vexatórias; enquanto pela sorrelfa plantava no espírito dos seus
inquilinos um verdadeiro ódio de partido, que os incompatibilizava com a gente do
"Cabeça de gato".

Nesse trecho, João utiliza diferentes formas de ataque ao novo cortiço, que poderia
ameaçar a existência do seu.
TÓPICO 3: "A ilusão das relações sociais"

Em: “O que faz o Brasil, Brasil”, Roberto DaMatta trás importante conceitos e
condições de como se dava a relação das diferentes etnias durante o período
colonial e principalmente escravatura, com enfoque nas relações sociais mais
frequentes na época, demonstrando as diferentes formas da opressão. Podemos
ver um exemplo no trecho: “Trata-se, conforme já apontou um sociólogo brasileiro,
Oracy Nogueira, de um tipo de preconceito racial que considera básicas as “origens”
das pessoas, e não somente a “marca” do tipo racial, como ocorre no caso
brasileiro. Desse modo, o nosso preconceito seria muito mais contextualizado e
sofisticado do que o norte-americano, que é direto e formal. A consequência disso,
sabemos bem, é a dificuldade de combater o nosso preconceito, que em certo
sentido tem, pelo fato de ser variável, enorme e vantajosa invisibilidade. Na
realidade, acabamos por desenvolver o preconceito de ter preconceito, conforme
disse Florestan Fernandes numa frase lapidar.”

No trecho do cortiço, observa-se características similares ao apontados pelo autor


principalmente ao que diz respeito ao racismo (sendo incorporado até mesmo em
uma personagem, a Rita Baiana), como visto no trecho: “Posto que lá na Rua do
Hospício os seus negócios não corressem mal, custava-lhe a sofrer a escandalosa
fortuna do vendeiro “aquele tipo! Um miserável, um sujo, que não pusera nunca um
paletó, e que vivia de cama e mesa Com uma negra!”. Todavia, o preconceito não
se restringe à etnia, mostrando seu caráter misógino em passagens como:

“E depois, fechado no quarto de dormir, indiferente e habituado às torpezas carnais


da mulher, isento já dos primitivos sobressaltos que lhe faziam, A ele, ferver o
sangue e perder a tramontana, era ainda a prosperidade do vizinho o que lhe
obsedava o espírito, enegrecendo-lhe a alma com um feio Ressentimento de
despeito.”

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