Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
g1 ge gshow globoplay
Sociedade
Jan Niklas
09/08/2019 - 06:00
/ Atualizado em 16/09/2019 - 09:47
Newsletters
https://oglobo.globo.com/epoca/sociedade/minha-casa-minha-vida-constroi-hoje-as-favelas-de-amanha-diz-antonio-riserio-23864615 1/11
21/09/2022 09:08 ‘Minha Casa Minha Vida constrói, hoje, as favelas de amanhã’, diz Antonio Risério - Época
No livro, digo que não existe a casa romana — o domus não é a mesma coisa que
a insulae —, assim como não existe a casa medieval ou a casa brasileira. Tudo
isso tem de ser encarado em termos plurais. Não posso confundir uma casa-
grande senhorial com um flat ou um loft. Ao mesmo tempo, parafraseando
Gertrude Stein, uma casa é uma casa é uma casa. As necessidades básicas da
espécie humana, às quais a casa responde, permanecem no tempo e no espaço:
comer, dormir, fazer sexo etc. É o que faz com que as casas variem muito, mas
sejam sempre reconhecíveis como tais.
https://oglobo.globo.com/epoca/sociedade/minha-casa-minha-vida-constroi-hoje-as-favelas-de-amanha-diz-antonio-riserio-23864615 2/11
21/09/2022 09:08 ‘Minha Casa Minha Vida constrói, hoje, as favelas de amanhã’, diz Antonio Risério - Época
https://oglobo.globo.com/epoca/sociedade/minha-casa-minha-vida-constroi-hoje-as-favelas-de-amanha-diz-antonio-riserio-23864615 3/11
21/09/2022 09:08 ‘Minha Casa Minha Vida constrói, hoje, as favelas de amanhã’, diz Antonio Risério - Época
https://oglobo.globo.com/epoca/sociedade/minha-casa-minha-vida-constroi-hoje-as-favelas-de-amanha-diz-antonio-riserio-23864615 4/11
21/09/2022 09:08 ‘Minha Casa Minha Vida constrói, hoje, as favelas de amanhã’, diz Antonio Risério - Época
Na avaliação de Risério, o Minha Casa Minha Vida segue o caminho da mediocridade e do desrespeito à população mais
pobre ao reproduzir o modelo dos projetos habitacionais do regime militar. Foto: Silva Junior / Folhapress
Já observei que Machado foi o romancista das casas ricas do Rio. Ele pouco fala
da cidade e menos ainda da população mais pobre. Seu tema é a classe
dominante, centrado na relação homem-mulher, carregada pelas cores do
adultério. Seus personagens vivem em espaços periféricos, chácaras
deslumbrantes e, quando estão na cidade, circulam pelos meios ricos. Digo
sempre que, às virtudes da rua, Machado preferia os vícios caseiros. E, dentro da
chácara, ele retrata os ricos. É um recorte social nítido, com o romancista se
concentrando em pessoas que ocupam “elevado lugar na sociedade”. Enfim, em
matéria de geografia urbana, Machado é o romancista da expansão rica do Rio,
na segunda metade do século XIX. Lima Barreto, ao contrário, não só encara
diretamente a questão racial e está atento para a ascensão social dos mulatos
naquela época, como abre o foco sobre um espectro amplo, abordando as
https://oglobo.globo.com/epoca/sociedade/minha-casa-minha-vida-constroi-hoje-as-favelas-de-amanha-diz-antonio-riserio-23864615 5/11
21/09/2022 09:08 ‘Minha Casa Minha Vida constrói, hoje, as favelas de amanhã’, diz Antonio Risério - Época
diversas classes sociais. É por isso mesmo que ele lança luz sobre a vida nos
cortiços, onde, aliás, mora um personagem como Ricardo Coração dos Outros, o
violonista e compositor de modinhas de Triste fim de Policarpo Quaresma.
Agora, aviso que faço leituras sociológicas. Nada disso é juízo valorativo.
Machado é nosso grande escritor. E gosto demais de Lima Barreto.
https://oglobo.globo.com/epoca/sociedade/minha-casa-minha-vida-constroi-hoje-as-favelas-de-amanha-diz-antonio-riserio-23864615 6/11
21/09/2022 09:08 ‘Minha Casa Minha Vida constrói, hoje, as favelas de amanhã’, diz Antonio Risério - Época
Há uma coisa de que a gente costuma não se lembrar. Na Europa, foi o campo
que gerou a cidade. No Brasil, ao contrário, foi a cidade que criou o campo. Foi
preciso construir Salvador para que os canaviais se expandissem pelo
Recôncavo. No Rio, foi preciso expulsar os franceses e consolidar a cidade de São
Sebastião para que o campo se configurasse como realidade socioeconômica. Na
moradia, o jogo entre campo e cidade se mostra de várias formas. Vejamos as
casas térreas do segmento intermediário da população colonial. Essas casas se
construíam nos moldes da arquitetura vernacular lusitana. Vamos ver isso nas
casas rurais mais modestas, mas também nas casas térreas dos núcleos urbanos,
residência típica de pequenos e médios comerciantes e de funcionários públicos
subalternos. É interessante ver a identidade dessas moradias. Já a casa-grande
se verticalizou no sobrado urbano. Aí vamos ter, de resto, o início da
verticalização das cidades brasileiras, com sobrados de cinco, seis andares
surgindo no Recife e na Bahia. Eles só não se projetaram mais alto por questões
construtivas e porque naquela época não existiam elevadores. Mas a
verticalização não é um processo moderno, está presente já no mundo colonial.
https://oglobo.globo.com/epoca/sociedade/minha-casa-minha-vida-constroi-hoje-as-favelas-de-amanha-diz-antonio-riserio-23864615 8/11
21/09/2022 09:08 ‘Minha Casa Minha Vida constrói, hoje, as favelas de amanhã’, diz Antonio Risério - Época
Conteúdo Publicitário
Como você enfrentaria um cenário de Segunda Guerra Mundial? Esse
jogo simula conflitos geopolíticos
Grande Simulador de Estratégia Histórica | Patrocinado
Atenção! Este jogo vai deixar até sua namorada com ciúmes!
MMOHAVEN.COM | Patrocinado Jogar
https://oglobo.globo.com/epoca/sociedade/minha-casa-minha-vida-constroi-hoje-as-favelas-de-amanha-diz-antonio-riserio-23864615 9/11