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1.3.

A normalização contabilística portuguesa

A informação contabilística:

 destina-se a diversos utilizadores, com interesses


antagónicos, na maior parte das vezes.

 tem de ser relevante, compreensível, fiável e


comparável;

 Para isso é necessário que a Contabilidade utilize um


conjunto de princípios, processos e regras
conhecidas, aceites e iguais.

Existe, assim desta forma, a necessidade de

Normalização Contabilística

Que resulta da necessidade de definir regras únicas


relativamente aos diferentes aspetos das políticas
contabilísticas.

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Vantagens na Normalização Contabilística:

 Harmonização de conceitos;

 Uniformidade na produção, apresentação e interpretação da


informação financeira (regras e os procedimentos);

 Melhora a informação económica e financeira, tanto interna


como externa;

 Facilita o trabalho da administração fiscal, das inspecções, o


trabalho de revisão contabilística e a certificação legal das
contas;

Vantagens na Normalização Contabilística:

 Facilidade de análise, interpretação e compreensão da


informação elaborada em diferentes países;

 Diminuição do custo de elaboração e apresentação da


informação para as Multinacionais;

 Eliminação de uma barreira à livre circulação de capitais;


Permite a elaboração de estatísticas sectoriais e nacionais
credíveis, permitindo informação mais adequada para
fundamentar decisões de política económica;

 Ensino de contabilidade;

 Ajuda ao desenvolvimento dos sistemas contabilísticos dos


países menos desenvolvidos.
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Desvantagens da Normalização:

Restrições à criatividade dos profissionais;

Limitação ao desenvolvimento da contabilidade;

Informação limitada pelas regras impostas.

Normalização Contabilística em Portugal

COMISSÃO DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA


http://www.cnc.min-financas.pt/

SNC - Sistema de
Normalização Contabilística
Decreto-Lei n.º 158/2009, de 13 de Julho (republicado pelo Decreto-Lei nº
98/2015, de 2.6.2015) que o aprova e que indica os seus elementos
fundamentais.

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ARTIGO 9º
Microentidades (NC-ME)
as que não ultrapassem dois destes três limites:
 Total Balanço: 350.000 €
 Total Rendimentos: 700.000 €
 Nº Trabalhadores: 10 (média anual)
Pequenas entidades (NCRF-PE)
as que não ultrapassem dois destes três limites:
– Total Balanço: 4.000.000 €
– Total Rendimentos: 8.000.000 €
– Nº Trabalhadores: 50 (média anual)
Médias entidades (NCRF)
as que não ultrapassem dois destes três limites:
– Total Balanço: 20.000.000 €
– Total Rendimentos: 40.000.000 €
– Nº Trabalhadores: 250 (média anual)

Normas Contabilísticas de Relato Financeiro


NCRF - Globais

1 Estrutura e Conteúdo das DF

2 Demonstração de Fluxos de Caixa

3 Adoção pela primeira vez das NCRF

4 Políticas Contabilísticas, Alterações nas Estimativas


Contabilísticas e Erros
5 Divulgações de Partes Relacionadas

6 Ativos Intangíveis

7 Ativos Fixos Tangíveis

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8 Ativos não Correntes detidos para Venda e
Unidades Operacionais Descontinuadas
9 Locações

10 Custos de Empréstimos Obtidos

11 Propriedades de Investimento

12 Imparidade de Ativos

13 Interesses em Empreendimentos Conjuntos e


Investimentos em Associadas
14 Concentrações de Atividades Empresarias

15 Investimentos em Subsidiárias e Consolidação

16 Exploração e Avaliação de Recursos Minerais

17 Agricultura

18 Inventários

19 Contratos de Construção

20 Rédito

21 Provisões, Passivos e Ativos Contingentes

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22 Contabilização dos Subsídios e Apoios do
Governo
23 Efeitos de Alterações em Taxas de Câmbio

24 Acontecimentos Após a Data do Balanço

25 Impostos Sobre o Rendimento

26 Matérias Ambientais

27 Instrumentos Financeiros

28 Benefícios dos Empregados

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1.4 Estrutura Conceptual


Conjunto de princípios, conceitos e definições que apoiam e
fundamentam do ponto de vista teórico a elaboração das
demonstrações financeiras.

1. Introdução;
2. Objetivos das Demonstrações Financeiras;
3. Pressupostos subjacentes;
4. Características Qualitativas das DF’s;
5. Elementos das DF’s;
6. Reconhecimento dos Elementos das DF’s;
7. Mensuração dos Elementos das DF’s;
8. Conceitos de Capital e Manutenção de Capital

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Objetivos das demonstrações financeiras
Fornecer informação útil acerca da posição financeira, do
desempenho e das alterações da posição financeira, que seja útil
na tomada de decisões de um conjunto de utentes

Mostrar as consequências da utilização dos recursos que foram


postos à disposição da administração das empresa

As partes componentes das diferentes DF’s estão


interrelacionadas porque refletem aspetos diferentes das mesmas
transações ou outros acontecimentos.

Ainda que cada DF proporcione informação distinta das outras, é


provável que nenhuma só por si sirva um propósito único ou
proporcione toda a informação que satisfaça as necessidades
particulares dos utentes.

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Pressupostos Subjacentes

Pressupostos básicos a ter como verdadeiros:

Regime do Acréscimo

As transações e outros acontecimentos são reconhecidos


quando ocorrem (e não quando se recebem ou pagam)
sendo registados contabilisticamente e relatados nas DF’s dos
períodos com os quais se relacionem.
Continuidade
As DF’s são normalmente preparadas no pressuposto de que
a entidade vai continuar a existir num futuro próximo e
previsível.

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Consistência na Apresentação
A apresentação deve ser mantida. Se se efetuarem
alterações na apresentação (por ser muito mais adequada), a
entidade tem de reclassificar a sua informação comparativa.

Materialidade e Agregação

“se uma linha e item não for individualmente material, ela é


agregada a outros itens …”.

Compensação
“os ativos e os passivos, os rendimentos e os gastos, não
devem ser compensados, excepto quando tal for permitido
por uma NCRF”.

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Características da informação financeira

Características Qualitativas

São os atributos que tornam útil, para os seus utilizadores, a


informação contida nas DF’s.

Quanto ao Conteúdo da 1. Compreensibilidade;


Informação Apresentada 2. Relevância;

Quanto à Forma das DF´s 3. Fiabilidade;


4. Comparabilidade

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1. Compreensibilidade
A informação Financeira proporcionada nas DF’s deve ser compreensível
para os utentes…
• pressupondo que estes tenham um conhecimento razoável dos
aspectos empresariais, económicos e contabilísticos e que tenham
interesse em estudar a informação com razoável diligência; e
• não excluindo das DF’s qualquer informação acerca de matérias
complexas .

2. Relevância
A informação é relevante quando a sua utilização ou omissão influencia as
decisões económicas dos utentes, ou seja, quando é necessária para a
avaliação dos acontecimentos passados ou para a projeção de
acontecimentos futuros.
A relevância da informação é afetada pela sua:
 natureza
 materialidade* (alteração do sentido da decisão económica )
 tempestividade* (oportunidade da sua disponibilização).

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Materialidade

• A informação é material quando o utilizador altera a sua


opinião em presença da inexatidão do relato de um facto
patrimonial, por omissão ou por erro.

• O conceito da materialidade pode não ser uniforme para


todas as situações, já que uma informação pode alterar
uma opinião e outra não.

UMA INFORMAÇÃO MATERIAL É SEMPRE RELEVANTE

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Oportunidade

• A informação tem esta característica quando está


disponível no momento em que o utilizador necessita dela
para tomar as suas decisões.

Se a informação não é oportuna,


então ela não é relevante.

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3. Fiabilidade

Para ser útil e digna de confiança a informação deve ser fiável


(isenta de erros materiais e preconceitos):

Subatributos:
• Representação fidedigna (de transações e outros
acontecimentos);
• Substância sobre a forma (prevalência da forma económica
sobre a jurídica);
• Neutralidade (livre de preconceitos);
• Prudência (inclusão de um grau de precaução ao fazer
estimativas de modo a não sobreavaliar os
activos/rendimentos e não subavaliar os passivos/gastos).
• Plenitude (dentro do limite da materialidade vs. custo).

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Representação A informação financeira deve representar de forma fiel as
operações e outros acontecimentos que, pretende
Fidedigna representar e que se espera que represente.

Quando não se verifique uma coincidência entre forma


Substância
jurídica e substância económica, é esta que deve
sobre a forma prevalecer.

A informação financeira não pode ser utilizada para


privilegiar um determinado grupo de utentes em
Neutralidade detrimento de outros, ou evidenciar mais uns factos
patrimoniais do que outros.

Deve-se incluir um certo grau de precaução ao fazer


estimativas de modo a não sobreavaliar os
Prudência ativos/rendimentos e não subavaliar os
passivos/gastos).

A informação financeira deve relatar todos os factos de


forma a evidenciar os objetivos que se propôs, pois se
Plenitude não relatar todos os factos pode induzir os utentes em
erro.

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4. Comparabilidade
Os utentes devem ser capazes de comparar:
• As sucessivas DF’s de uma empresa ao longo do tempo,
a fim de nelas identificarem tendências na posição
financeira e no desempenho;
• As DF’s de diferentes empresas, a fim de avaliarem de
forma relativa a sua posição financeira, o desempenho e
as alterações na posição financeira.
• Assim, a valorimetria deve ser efetuada de forma consistente* na
empresa ao longo do tempo e em relação às outras empresas.
• A comparabilidade não deve ser confundida com uniformidade, pelo
que não se deve tornar num impedimento à introdução de políticas
contabilísticas melhoradas.

*se houver alterações os utentes tem que ser informados (no anexo).

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Restrições ou Constrangimentos

1. Tempestividade
A demora indevida no relato da informação pode fazer com que
se perca a sua relevância. O gestor tem que balancear os
méritos do relato tempestivo com o fornecimento de informação
relevante e fiável.

2. Balanceamento entre benefício e custo

Os benefícios da informação (avaliados pelo utilizador) devem


exceder o custo de a proporcionar (avaliado pelo produtor.

3. Balanceamento entre as características qualitativas

Conseguir um balanceamento apropriado entre as características


qualitativas quando entram em conflito entre si, especialmente
entre a relevância e a fiabilidade.

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RESUMO: Características Qualitativas


(atributos que tornam a informação útil)

COMPREENSIBILIDADE
CARACTERÍSTICAS Materialidade
RELEVÂNCIA
QUALITATIVAS FIABILIDADE Plenitude
COMPARABILIDADE Representação fidedigna
Substância sobre a forma
Neutralidade
Prudência

Restrições:
- Oportunidade (tempestividade)
- Relação Custo/Benefício
- Balanceamento entre Características Qualitativas

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Principais FinanceirasDemonstrações
BALANÇO
E
MAPA DE ALTERAÇÕES AO CAPITAL PRÓPRIO

MAPA DE DEMONSTRAÇÃO
FLUXOS DOS RESULTADOS
CAIXA FUNÇÕES E
NATUREZAS

ANEXO ÀS
DEMONSTRAÇÕES
FINANCEIRAS

UMA SÓ REALIDADE
DIFERENTES PERSPETIVAS

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Objetivos das DF’s

Posição Financeira Balanço

Desempenho D. R.

Alterações da posição financeira

Demonstração Alterações de Capital

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Balanço
Os elementos diretamente relacionados com a mensuração da
posição financeira no balanço são os ativos, os passivos e os
capitais próprios.

Ativo: Recurso controlado pela empresa, como resultado


de acontecimentos passados, do qual se espera que
fluam para a empresa benefícios económicos futuros.

Passivo: Obrigação presente da empresa, fruto de


acontecimentos passados e da qual se espera um
exfluxo (saída de fundos da entidade)

Capital Próprio: É definido como o valor residual dos


ativos da empresa depois de se lhe deduzir todos os
seus passivos.

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Ativos Correntes vs Ativos não correntes


Um ativo deve ser classificado como corrente quando satisfazer
qualquer um dos seguintes critérios:
a) Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido
ou consumido, no decurso normal do ciclo operacional da
entidade;
b) Seja detido essencialmente com a finalidade de ser negociado;
c) Espera-se que seja realizado num período até doze meses
após a data do Balanço; ou
d) É Caixa ou equivalente de Caixa, a menos que lhes seja
limitada a troca ou uso para liquidar passivo durante pelo
menos doze meses após a data do Balanço.

Todos os ativos que não se enquadrem em ativos correntes são


considerados como ativos não correntes.

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Passivos Correntes vs Passivos não correntes
Um passivo deve ser classificado como corrente quando satisfazer
qualquer um dos seguintes critérios:
a) Espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal
da entidade;
b) Seja detido essencialmente com a finalidade de ser negociado;
c) Deva ser liquidado num período até doze meses após a data do
Balanço; ou
d) A entidade não tenha um direito incondicional de diferir a
liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a
data do Balanço.

Todos os passivos que não se enquadrem em passivos correntes


são considerados como passivos não correntes.

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Ciclo operacional
Nota: O ciclo operacional de uma entidade é o tempo entre a
aquisição de ativos para processamento e a sua realização
em caixa ou seus equivalentes. (Quando o ciclo operacional
normal da entidade não for claramente identificável,
pressupõe-se uma duração de doze meses.)

Por exemplo, os ativos correntes incluem ativos (tais como


inventários e dívidas a receber comerciais) que são vendidos,
consumidos ou realizados como parte do ciclo operacional
normal, mesmo quando não se espere que sejam realizados
num período até doze meses após a data do balanço.

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Capital Próprio: Elementos

Capital estatutário subscrito, que


corresponde à soma das quotas-partes de
INICIAL
capital subscritas pelos sócios ou
acionistas
Capital
Próprio
de exercícios
Capital que resultou anteriores
de lucros não
ADQUIRIDO
levantados ou
distribuídos do exercício

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Demonstração dos Resultados
Rendimentos
São aumentos nos benefícios económicos durante o período
contabilístico na forma de:
• Influxos,
• Aumentos ou melhorias de ativos,
• Diminuições de passivos,

que resultem em aumentos do capital próprio não relacionados


com as contribuições de sócios.

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Gastos

São diminuições nos benefícios económicos durante o


período contabilístico na forma de:
– Exfluxos,
– Redução / deperecimentos de ativos,
– Incorrência de passivos
que resultem em diminuições do capital próprio não
relacionadas com a distribuição aos detentores do Capital
Próprio.

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O ANEXO deve:

• Apresentar informação acerca das bases de preparação


das DF’s e das políticas contabilísticas utilizadas;

• Divulgar as informações exigidas pelas NCRF que não


sejam apresentadas nas DF’s previstas;

• Proporcionar informação adicional que não seja


apresentada nas DF’s, mas que seja relevante para uma
melhor compreensão de qualquer uma delas.

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Demonstração de alterações do capital próprio

As alterações no Capital Próprio, entre duas datas de Balanço,


refletem o aumento ou a redução nos seus Ativos Líquidos
durante esse período.

Esta DF introduz o conceito de resultado integral que resulta da


agregação do resultado líquido do período com todas as
variações ocorridas nos capitais próprios não directamente
relacionadas com os detentores de capital, agindo enquanto tal
(doações, subsídios, etc).

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Demonstração de Fluxos de Caixa

• Esta demonstração elucida sobre o modo como a empresa


gera e utiliza o dinheiro de um determinado período.

• Apura os saldos do período numa perspetiva de tesouraria


(recebimentos/pagamentos).

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