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Efeitos interativos da coesã o da equipe na eficá cia percebida no

esporte semiprofissional
Abstrato
O presente estudo examinou as relaçõ es entre coesã o, autoeficácia, percepçõ es dos treinadores sobre a eficácia
de seus jogadores no nível individual e percepçõ es dos atletas sobre a eficá cia de seus companheiros de
equipe. Os participantes (n = 76) recrutados de quatro times semiprofissionais de futebol e basquete
completaram questioná rios de coesã o e eficácia que. Os dados foram analisados por meio de uma metodologia
correlacional. Os resultados indicaram correlaçõ es significativas entre autoeficá cia e coesã o de tarefas e coesã o
social. Os resultados da aná lise de regressã o sugerem que a coesã o da tarefa está positivamente relacionada à
percepçã o de eficácia dos treinadores e companheiros de equipe. Esses resultados têm implicaçõ es para os
profissionais em termos da importâ ncia da construçã o da equipe para aumentar a coesã o da equipe e os
sentimentos de eficácia.
Pontos chave
 Este trabalho aumenta o conhecimento sobre a aná lise de partidas de futebol e basquete.
 Dê valores normativos para estabelecer a prá tica e combinar os objetivos.
 Dê ideias de aplicaçõ es para conectar a pesquisa com a prá tica dos treinadores.
Palavras-chave: Coesã o, autoeficácia, eficá cia percebida, futebol, basquete
Introdução
A coesã o e a eficá cia percebida sã o fatores com potencial para influenciar a dinâmica das equipes esportivas. Os
pesquisadores descobriram que a coesã o e a eficácia se relacionam positivamente com o desempenho da
equipe (Carron et al., 2002 ; Heuzé et al., 2006a ; Myers et al., 2004 ; Watson et al., 2001 ). A coesã o é definida
como um processo dinâ mico que se reflete, em parte, na tendência de um grupo se unir e permanecer unido na
busca de seus objetivos instrumentais e/ou para a satisfaçã o das necessidades afetivas de seus membros
(Carron e Brawley, 2000) .). Essa definiçã o reflete o fato de que existe tanto uma base orientada para a tarefa
(os membros da equipe trabalham juntos para alcançar objetivos comuns identificá veis) quanto uma base
socialmente orientada (quã o bem os membros da equipe gostam uns dos outros e obtêm prazer pessoal de
fazer parte de uma equipe). para funcionamento e unidade do grupo (Carron et al., 1985 ).
Em relaçã o à eficácia, há uma variedade de maneiras de avaliar a eficá cia dos membros do grupo e as crenças
de eficá cia (Beauchamp, 2007 ). Uma das formas mais conhecidas é a autoeficácia, que foi definida por
Bandura, 1997 como a crença de um indivíduo em sua capacidade de organizar e executar uma tarefa
específica. Outro tipo de eficácia importante para nossa á rea de interesse é a eficá cia percebida pelo treinador
da equipe. Isso é definido pela confiança de um treinador nas habilidades de seu jogador para realizar
determinadas tarefas (Chase et al., 1997 ). A eficá cia percebida dos pares no esporte é proposta para
representar a crença de cada jogador sobre as habilidades de seus companheiros de equipe para realizar uma
tarefa com sucesso (Lent e Lopez, 2002 ).
É bem conhecido que pensamentos e comportamentos sã o cruciais no desempenho esportivo (Weinberg e
Gould, 2007 ). No esporte, acredita-se que a eficá cia seja um componente importante dos pensamentos e
comportamentos dos atletas (Beauchamp, 2007 ; Milne et al., 2004 ). Atletas de esportes coletivos passam
muito tempo com seus companheiros de equipe e treinadores e a natureza dessas interaçõ es durante os treinos
e competiçõ es contribui para moldar as crenças de eficá cia (Beauchamp, 2007). Dessa forma, é compreensível
que a percepçã o de eficá cia de um indivíduo, bem como as expectativas de eficácia de outros, sejam
influenciadas por fatores sociais no contexto esportivo. Este facto também dependerá em certa medida da
posiçã o desempenhada, funçã o e papel dos jogadores dentro da equipa e da natureza das relaçõ es (Eys e
Carron, 2001 ; Heuzé et al., 2006a ; Paskevich et al., 1999 ).
Em relaçã o à investigaçã o sobre a eficá cia do treinador, destacamos o estudo realizado por Hoyt et
al., 2003 . Hoyt et al., 2003 descobriram que os treinadores que comunicam crenças de alta eficácia aos
jogadores de sua equipe, e tais equipes se tornam mais eficazes e o desempenho subsequentemente melhora.
Como foi observado anteriormente, os sentimentos de eficá cia dentro do grupo provavelmente sã o
influenciados por fatores sociais e pelas relaçõ es interdependentes que se desenvolveram dentro da equipe. A
coesã o do grupo representa a força do vínculo entre os membros do grupo e está fortemente relacionada à
eficá cia do grupo (Heuzé et al., 2006a ; 2006b ; Kozub e McDonnell, 2000 ; Myers et al., 2004 ; Paskevich et
al., 1999 ; Spink, 1990 ).
Existe um corpo de conhecimento que examinou a eficácia e a coesã o coletivas (Heuzé et al., 2006a ; Heuzé et
al., 2006b ; Paskevich et al., 1999 ). No entanto, foram realizados apenas alguns estudos que examinaram as
percepçõ es de eficácia de atletas individuais em relaçã o aos resultados do grupo, como coesã o e eficá cia do
grupo (Leo et al., 2010 ). Este estudo de pesquisa foi projetado para abordar essa lacuna na literatura.
Foram encontradas relaçõ es positivas entre a eficá cia e a coesã o do grupo (Heuzé et al., 2006a ; 2006b ; Kozub
e McDonnell, 2000 ; Myers et al., 2004 ; Paskevich et al., 1999 ; Spink, 1990 ). Descobriu-se que equipes com
maior coesã o tendem a ter avaliaçõ es mais favorá veis das capacidades de desempenho de sua equipe, o que
pode se traduzir em maior sucesso na competiçã o (Carron et al., 2002 ). Além disso, o sucesso do grupo pode
aumentar os sentimentos de eficácia coletiva dos atletas, o que também pode contribuir para o
desenvolvimento da coesã o do grupo (Heuzé et al., 2006a ; Paskevich et al., 1999). Assim, descobriu-se que a
eficá cia coletiva é um preditor mais forte do desempenho da equipe do que a soma das pró prias crenças de
autoeficá cia dos membros da equipe (Lent et al., 2006 ) .
Spink, 1990 descobriu que equipes com maior eficácia coletiva também tinham maior coesã o de tarefa e coesã o
social do que equipes com menor eficá cia coletiva. Mais recentemente, Paskevich et al., 1999 relataram altos
coeficientes de correlaçã o entre aspectos relacionados à tarefa de coesã o e crenças compartilhadas pelos
membros sobre a eficácia coletiva. Jogadores que percebem alta coesã o de tarefa tendem a perceber maior
eficá cia coletiva geral em sua equipe.
Resultados semelhantes foram encontrados por Kozub e McDonnell, 2000 , em um estudo envolvendo sete
times de rugby union. Eles descobriram que as duas dimensõ es de coesã o da tarefa eram preditores positivos
de eficá cia coletiva, com a tarefa de integraçã o em grupo sendo preditores ligeiramente melhores do que a
atraçã o individual para a tarefa de grupo (Feltz e Lirgg, 2001; Myers et al. , 2004 ) .
Como já foi referido, vá rios estudos têm destacado a importâ ncia do parentesco no grupo, bem como o papel
que cada jogador desempenha na equipa (Carron e Hausenblas, 1998 ). Alguns autores têm apontado a
relevâ ncia do uso de sociogramas para identificar as interaçõ es em uma equipe, bem como esclarecer os
diferentes papéis que cada jogador desempenha dentro e fora da partida (Díez e Má rquez, 2005 ; Weinberg e
Gould, 2007 ), porque cada atleta joga um papel fundamental no funcionamento da equipe e afeta a coesã o do
grupo. Eys e Carron, 2001estudaram relaçõ es entre ambigü idade de papel, coesã o e autoeficácia em seis times
universitá rios de basquete. Eles descobriram que aqueles jogadores que nã o tinham responsabilidades de
papel claras percebiam menos coesã o de tarefa e menos coesã o de grupo em comparaçã o com jogadores cujos
papéis eram mais claramente definidos. Além disso, esses resultados sã o consistentes com os achados de
Beauchamp e Bray ( 2001 ), indicando que os jogadores que tinham níveis mais altos de ambigü idade e conflito
de papéis tinham níveis mais baixos de eficá cia em relaçã o à s tarefas associadas à s suas responsabilidades
dentro da equipe.
O primeiro objetivo deste estudo foi examinar os padrõ es de relacionamento entre a coesã o da equipe, as
crenças de eficácia individual e de grupo dos jogadores e as percepçõ es dos treinadores sobre a autoeficácia de
seus jogadores. O segundo objetivo foi determinar qual das variá veis poderia prever melhor os resultados de
eficá cia dos atletas. Nossa hipó tese é que a coesã o do grupo estaria positivamente relacionada à autoeficá cia
individual e à eficá cia percebida por treinadores e companheiros de equipe. Em segundo lugar, hipotetizamos
que os fatores de coesã o da tarefa preveem a autoeficácia e a eficácia percebida por treinadores e
companheiros de equipe.
Métodos
participantes
A amostra para este estudo foi composta por 76 participantes que foram recrutados de quatro equipes
espanholas semiprofissionais; dois times de futebol da Terceira Divisã o e dois times de basquete da Terceira
Divisã o. Esses atletas tinham em média 23,2 anos de idade (DP = 3,4) e menos de seis anos de experiência no
esporte. Foram selecionados para o estudo quatro treinadores, dois deles com formaçã o federativa na
modalidade e os outros dois com formaçã o superior em atividade física e ciências do esporte.
Medidas
Coesã o. Uma versã o do Multidimensional Sport Cohesion Instrument (MSCI: Yukelson et al., 1984 ) que havia
sido previamente traduzida para o espanhol por García et al., 2006foi usado para avaliar a coesã o da
equipe. Este inventá rio consiste em 22 itens e avalia quatro aspectos da coesã o: trabalho em equipe (ou seja,
“Qual você acredita ser sua contribuiçã o para esta equipe?”), funçõ es valorizadas (ou seja, “Você acha que sua
funçã o ou contribuiçã o para a equipe é valorizada pelo outros membros da equipe?”), unidade de propó sito (ou
seja, “Como você avaliaria o nível de ajuda e respeito mú tuo entre os jogadores do seu time?”) e atraçã o pelo
grupo (ou seja, “Você está satisfeito com as amizades que você tem no time?"). A dimensã o atraçã o para o grupo
reflete o nível de coesã o social enquanto os outros aspectos estã o relacionados com a coesã o da tarefa. As
respostas foram dadas em uma escala Likert de 5 pontos ancoradas nos extremos por “discordo totalmente” (1)
e “concordo totalmente” (5).
Além desse instrumento, foi desenvolvido um sociograma que caracterizou as relaçõ es sociais e de tarefas dos
jogadores da equipe. O sociograma permite explorar o nível de coesã o e a estrutura do grupo através da
manifestaçã o de atraçã o ou recusa de seus membros, determinando o papel de cada um em relaçã o aos outros
(Díez e Má rquez, 2005 ) . Este sociograma baseado nas consideraçõ es apresentadas por Díez e
Má rquez, 2005composto por 16 itens, divididos em duas dimensõ es. Uma dessas dimensõ es está relacionada
com os aspectos sociais, e é composta por quatro itens positivos (ou seja, “Com quem você preferiria sentar no
ô nibus?”) e quatro itens negativos (ou seja, “Com quem você nã o gostaria de discutir um problema
pessoal? ?”). A outra dimensã o estava relacionada aos aspectos da tarefa com quatro itens positivos (ou seja,
“Quem é o companheiro de equipe com quem você mais gosta de jogar?”) e quatro negativos (ou seja, “Com
qual companheiro de equipe você nã o gosta de jogar em duplas? -duas situaçõ es?”). Para cada questã o deste
instrumento, os itens avaliam as relaçõ es positivas da tarefa (Tarefa PR), as relaçõ es negativas da tarefa (Tarefa
NR), as relaçõ es sociais positivas (RP Social) e as relaçõ es sociais negativas (NR Social). Os participantes
tiveram que preencher a resposta em branco e escrever o nome de um companheiro de equipe.
Eficácia. Para avaliar as características de eficá cia, um questioná rio baseado em Bandura ( 2006) foi usado para
medir as percepçõ es dos jogadores e treinadores sobre os níveis de eficácia dos membros da equipe. As
respostas foram fornecidas em uma escala Likert de 5 pontos ancoradas nos extremos por “discordo
totalmente” (1) e “concordo totalmente” (5). As diferentes dimensõ es avaliadas incluíram competências
técnicas ofensivas e defensivas (ie “Quã o favoravelmente avalias as capacidades técnicas ofensivas deste
jogador?”), estratégias tá cticas (ie “Quã o favoravelmente avalias as habilidades defensivas deste jogador?”),
aspectos psicoló gicos (ie “ Quã o favoravelmente você avalia suas habilidades psicoló gicas?”) e um ú ltimo item
de avaliaçã o geral do jogador (ou seja, “Como você o avalia como jogador em geral?”). Todos os itens, além de
serem medidos em cada jogador,
Procedimento
Antes da coleta de dados, recebemos o consentimento informado dos treinadores, jogadores e pais dos
jogadores e explicamos o objetivo geral do estudo. Apó s a autorizaçã o de todos os participantes, procedeu-se à
recolha de dados. Os participantes preencheram os questioná rios no vestiá rio, levando aproximadamente 15 a
20 minutos para serem concluídos. Um pesquisador esteve sempre presente e incentivou os participantes a
fazerem perguntas quando necessá rio. Eles também foram solicitados a responder à s perguntas da maneira
mais honesta possível e foram assegurados de que suas respostas permaneceriam estritamente confidenciais.
Análise de dados
A aná lise dos dados prosseguiu em etapas sequenciais para atender a cada um dos três propó sitos do
estudo. Na amostra de calibraçã o, a aná lise descritiva e a aná lise correlacional foram usadas para desenvolver
as primeiras hipó teses. A aná lise de regressã o foi realizada para verificar as afirmaçõ es da segunda hipó tese,
onde procuramos o preditor mais forte da eficácia percebida. O programa estatístico SPSS 15.0 foi utilizado
para análise dos dados.
A confiabilidade da consistência interna das medidas de autoeficácia foi avaliada e cada medida atingiu um alfa
de Cronbach acima de 0,80. Cada uma das escalas adicionais também demonstrou validade interna adequada,
exceto para a subescala de unidade de propó sito da medida de coesã o, que teve um valor alfa de Cronbach
pró ximo a 0,70 e foi considerada “limite aceitá vel”.
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Resultados
tabela 1resume as estatísticas descritivas para coesã o, variá veis de sociograma e níveis de eficácia relatados
por jogadores individuais, companheiros de equipe e treinadores. Além disso,tabela 1mostra correlaçõ es entre
as variá veis estudadas. Assim, as percepçõ es dos treinadores sobre a eficá cia de seus atletas foram
significativamente associadas a todas as variá veis, incluindo as avaliaçõ es de eficácia dos companheiros de
equipe (r = 0,88, p < 0,01), as avaliaçõ es de autoeficácia dos atletas individuais e as quatro dimensõ es de
coesã o, com todas as correlaçõ es excedendo r > 0,30 (p < 0,01). A esse respeito, quando os treinadores
perceberam níveis mais altos de eficácia do atleta, os atletas individuais também relataram níveis mais altos de
eficá cia, receberam estimativas mais favorá veis de sua eficá cia de companheiros de equipe e relataram
percepçõ es mais fortes de coesã o do grupo. A percepçã o dos treinadores sobre a eficácia de seus atletas se
correlacionou significativamente com relaçõ es sociais positivas e negativamente com relaçõ es negativas de
tarefas, conforme hipotetizado.
Os resultados mostram uma relaçã o significativa entre as percepçõ es de eficácia dos membros da equipe e cada
um dos quatro fatores do sociograma, com correlaçõ es superiores a 0,30 em cada caso e na direçã o

hipotética. No que diz respeito à sua relaçã o com os fatores de coesã o, descobrimos que a autoeficá cia no nível
individual foi significativamente correlacionada com cada uma das dimensõ es de coesã o, exceto pela unidade
de propó sito. A autoeficá cia por si só foi significativamente relacionada apenas à s relaçõ es sociais positivas e à s
duas dimensõ es de coesã o do trabalho em equipe e atraçã o para o grupo.
Também foram identificadas relaçõ es entre os fatores de coesã o. O trabalho em equipe teve uma relaçã o
significativa com o restante dos componentes e a atraçã o pelo grupo e os papéis valorizados tiveram uma
relaçã o particularmente forte (r = 0,69, p < 0,05). A atraçã o pelo grupo e os papéis valorizados foram
relacionados à s variá veis do sociograma e na direçã o antecipada.
A fim de compreender melhor a relaçã o entre a coesã o da equipe e as percepçõ es de eficá cia dos treinadores,
uma aná lise de regressã o hierá rquica foi realizada com as percepçõ es dos treinadores sobre a eficácia de seus
atletas servindo como variá vel dependente (mesa 2). No geral, 43% da variaçã o nas percepçõ es de eficá cia dos
treinadores foi explicada pelas variá veis de papéis valorizados, unidade de propó sito e relaçõ es sociais
positivas. O preditor mais forte foram os papéis valorizados, que responderam por 22% da variâ ncia. Aqueles
jogadores que tendem a ter um papel importante também tendem a ser avaliados por seus treinadores como
tendo maior eficá cia. Na segunda etapa da aná lise, a unidade de propó sito foi inserida e um adicional de 9% de
variâ ncia foi explicado. Na terceira etapa, as relaçõ es sociais positivas foram responsá veis por 12% adicionais
da variâ ncia.
Tabela 3fornece a aná lise de regressã o hierá rquica, incluindo como variá vel dependente as percepçõ es de
eficá cia dos membros da equipe. No geral, a aná lise de regressã o foi significativa e 51% da variaçã o nas
percepçõ es de eficácia dos companheiros de equipe pode ser explicada pela combinaçã o linear de quatro
variá veis. Na primeira etapa, as relaçõ es de tarefas negativas foram incluídas na explicaçã o e representaram
26% da variaçã o nas percepçõ es de eficá cia dos colegas de equipe. Nesse caso, essa variá vel está negativamente
associada à eficácia dos companheiros de equipe, de modo que relaçõ es mais negativas em torno da tarefa
enfraquecem a percepçã o dos jogadores sobre a eficácia de sua equipe. Na segunda etapa, os papéis valorizados
entraram na equaçã o e explicaram 13% adicionais da variaçã o. Na terceira etapa, as relaçõ es sociais positivas
contribuíram com 8% adicionais para a explicaçã o. Finalmente,

Tabela 4resume as análises de regressã o dos níveis de autoeficácia de jogadores individuais. Como é evidente,
apenas as percepçõ es dos treinadores sobre a autoeficá cia de seus jogadores emergiram como um preditor
significativo dos níveis de autoeficácia pessoal dos jogadores e explicaram 11% da variâ ncia dessa variá vel.
Discussão
O objetivo principal deste estudo foi examinar as relaçõ es entre a coesã o, as características individuais de
autoeficá cia dos atletas e as percepçõ es dos treinadores sobre a eficácia de seus jogadores. Os resultados
apoiaram a hipó tese de que existia uma relaçã o positiva e significativa entre a coesã o do grupo e as crenças
individuais de autoeficá cia dos jogadores, as avaliaçõ es de eficácia deles fornecidas pelos companheiros de
equipe e as percepçõ es de eficá cia fornecidas pelo treinador.
Os resultados também indicaram que a eficá cia percebida por treinadores e companheiros de equipe está
relacionada aos quatro componentes da coesã o do grupo, incluindo a coesã o social e a coesã o da tarefa. Foi
importante observar que as relaçõ es estavam relacionadas com a tarefa e a coesã o social, o que nã o é
consistente com os achados de Paskevich et al., 1999 , que só encontraram correlaçõ es entre aspectos
relacionados à tarefa de coesã o e eficá cia.
Relaçõ es significativas também estavam presentes entre os relató rios do treinador sobre os níveis de eficá cia
do atleta e a coesã o social e de tarefas. No entanto, os níveis de correlaçã o entre o nível de eficácia do atleta e a
coesã o da tarefa foram maiores do que a coesã o social e a eficácia do atleta. Este resultado indica que os
jogadores que sã o julgados por terem comportamentos mais fortes relacionados à tarefa sã o julgados por seus
treinadores como tendo maior eficá cia. Esses resultados sã o consistentes com estudos anteriores que
indicaram que a eficácia coletiva está mais fortemente relacionada à coesã o da tarefa do que à coesã o social
(por exemplo, Kozub e McDonnell, 2000 ; Leo et al., 2010 ; Paskevich et al., 1999 ).
As percepçõ es de eficácia dos companheiros de equipe foram significativamente relacionadas com os dados do
sociograma. Esses achados indicaram que os jogadores que foram julgados pelos companheiros como tendo
níveis mais altos de eficá cia também tiveram relacionamentos mais positivos e frequências mais baixas de
relacionamentos negativos com os companheiros do que aqueles jogadores que foram considerados por seus
companheiros como tendo níveis mais baixos de eficá cia.
Além disso, descobrimos que a coesã o e a autoeficácia foram significativamente, mas fracamente
correlacionadas com o trabalho em equipe e a atraçã o para as dimensõ es de coesã o do grupo. A autoeficácia
também foi fracamente relacionada com a dimensã o de relacionamento social positivo do sociograma.
A primeira hipó tese foi suportada, exceto pela influência da autoeficá cia pessoal, caso em que a coesã o nã o se
mostrou relacionada aos níveis pessoais de eficá cia. No entanto, foram encontradas relaçõ es positivas entre a
eficá cia do grupo e as percepçõ es de eficácia relatadas por colegas de equipe e treinadores. Spink, 1990 obteve
resultados semelhantes ao constatar que a atraçã o individual para o grupo-tarefa e a integraçã o grupal-social
diferenciou entre jogadores de voleibol de elite em grupos de alta e baixa eficácia coletiva e que as equipes de
alta eficácia coletiva relataram maior coesã o de grupo.
Em relaçã o à segunda hipó tese, esperá vamos que os fatores que compõ em a coesã o da tarefa fossem os
melhores preditores da autoeficá cia, bem como da eficácia percebida pelo treinador e pelos companheiros. Os
resultados sugerem que os sentimentos dos jogadores de papéis valorizados e unidade de propó sito emergiram
como os preditores mais fortes das percepçõ es de eficá cia dos treinadores. No entanto, os jogadores que
relataram níveis mais altos de coesã o de grupo possuíam percepçõ es de eficá cia mais favorá veis, conforme
avaliado pelo treinador. Esses resultados sã o consistentes com o trabalho de Heuzé et al. ( 2006a ) e Paskevich
et al., 1999, que descobriu que os jogadores em equipes mais coesas tendem a manter crenças compartilhadas
mais fortes na competência de sua equipe, o que pode se traduzir em maior sucesso da equipe. As relaçõ es
entre coesã o e eficá cia foram encontradas no nível do grupo, mas nã o haviam sido encontradas anteriormente
no nível individual, como foi encontrado neste estudo.
Consistente com esse achado, podemos reafirmar que a eficácia percebida pelos colegas de equipe foi associada
a padrõ es positivos e negativos de interaçã o social dentro do grupo. Nesse caso, tanto a ausência de interaçõ es
negativas relacionadas à tarefa quanto a presença de interaçõ es sociais positivas contribuíram para uma maior
eficá cia percebida pelos colegas de equipe. Além disso, os papéis valorizados também emergiram como
preditores da percepçã o de eficácia pelos colegas de equipe (Leo et al., 2010 ). Resultados semelhantes foram
encontrados por Beauchamp e Bray, 2001que mostraram que jogadores com altos níveis de ambiguidade e
conflito de papéis também possuíam baixos níveis de eficácia em relaçã o à s tarefas a serem executadas para
sua equipe. Finalmente, a autoeficá cia surgiu para prever as percepçõ es dos colegas de equipe sobre a eficácia
do indivíduo. Esse achado é importante porque, se os níveis de autoeficá cia pessoal nã o foram correlacionados
com as percepçõ es de eficácia fornecidas pelos colegas de equipe, isso pode indicar que as avaliaçõ es de
autoeficá cia individual foram muito altas ou muito baixas e a coesã o do grupo pode ser afetada.
No entanto, a aná lise de regressã o indicou que os papéis valorizados pareciam ser um importante contribuinte
para os resultados de eficá cia. Este resultado leva-nos a concluir que uma consideraçã o fundamental para a
relaçã o entre a perceçã o de eficácia dos colegas e dos treinadores é o papel que cada atleta assume no grupo e o
reconhecimento que os jogadores recebem por fazerem parte do mesmo. Essa descoberta é consistente com o
estudo de Eys e Carron, de 2001 , em relaçã o ao exame das relaçõ es entre ambigü idade, coesã o e autoeficácia
do papel, e descobriu que os jogadores que nã o tinham responsabilidades claras percebiam menos coesã o na
tarefa e níveis mais baixos de atraçã o pelo grupo do que aqueles jogadores com responsabilidades de papel
mais claras.
Nessa mesma linha, a eficá cia individual percebida pelo treinador foi o ú nico preditor significativo dos níveis de
autoeficá cia individual dos jogadores, o que reflete consistência nessas duas avaliaçõ es de eficá cia. É
importante referir que jogadores e treinadores partilham pontos de vista comuns e este facto é relevante
porque cada atleta reconhece o seu nível e o papel que foi identificado no grupo nã o só percebido pelos
companheiros mas também por parte do treinador.
Pelas razõ es acima, a segunda hipó tese foi geralmente suportada com exceçã o da autoeficácia, o que significa
que os fatores relacionados à coesã o da tarefa apareceram como preditores de eficácia conforme percebidos
pelo treinador e companheiros de equipe, mas nã o como preditores da autoeficácia individual dos atletas
níveis. Em termos de variá veis relacionadas à coesã o, os treinadores identificaram papéis valorizados e
relacionamentos sociais positivos como os principais preditores da eficá cia do atleta, enquanto os jogadores
identificaram a ausência de relacionamentos negativos nas tarefas e a presença de relacionamentos sociais
positivos como principais contribuintes para a eficá cia do atleta. Como tal, um conjunto de variá veis forma os
principais contribuintes para as crenças de eficá cia. No entanto, as relaçõ es sociais positivas foram citadas
como importantes por treinadores e companheiros de equipe, embora a magnitude da contribuiçã o possa ser
pequena. Em contraste,
A primeira limitaçã o deste estudo envolveu o tamanho amostral relativamente pequeno, ao contrá rio de uma
amostra maior que permitiria uma maior capacidade de generalizaçã o para a populaçã o como um todo. Outra
modificaçã o que os investigadores implementarã o em estudos futuros é medir a eficá cia coletiva conforme
percebida por cada membro da equipe e o desempenho coletivo da equipe, o que seria benéfico para a
compreensã o dos resultados do grupo.
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Conclusão
Uma das questõ es mais relevantes a enfatizar é que as percepçõ es de eficácia percebidas pelos companheiros
de equipe ou treinador estã o positivamente relacionadas à coesã o do grupo. Além disso, a eficácia e a coesã o
estã o ligadas ao desempenho de funçõ es valorizadas em nome de jogadores individuais. Logicamente, quando
os jogadores sentem que estã o desempenhando papéis valiosos e importantes, eles experimentam um maior
senso de coesã o dentro da equipe. Assim, uma pesquisa sobre organizaçã o da equipe poderia revelar se os
processos da equipe sã o eficazes ou ineficazes. Além disso, o nível de interaçã o social que é promovido ou
inibido pode fornecer pistas sobre o eventual nível e tipo de coesã o desenvolvida.

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