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Capítulo 33
Resumo
Introdução
Faz sentido. Em uma Copa do Mundo que viu as principais estrelas individuais do
esporte serem eliminadas nas quartas de final – adiós, Lionel Messi; cheerio, Wayne
Rooney; adeus, Kaká e Cristiano Ronaldo
– A Espanha teve que transformar tudo em um jogo de equipe. Isso incluía o
objetivo decisivo… Nem mesmo a Rolex produz movimento tão coordenado e
verdadeiro (Wahl, 2010, para. 2–4).
A importância da coesão do grupo não pode ser exagerada. Na citação anterior, a
capacidade da seleção espanhola de futebol de executar seu plano de jogo de
maneira unida e coesa durante a Copa do Mundo de 2010 é apresentada em
contraste com outras equipes que potencialmente não integraram suas estrelas
individuais de maneira tão eficaz. Além disso, a capacidade da Espanha de
combinar com sucesso os esforços de 11 jogadores talentosos forçou outras
equipes a reconsiderar suas estratégias e táticas. O mais notável foi a mudança de
abordagem adotada pela seleção holandesa no jogo final; passando de um jogo
elegante para um jogo agressivo para tentar interromper o flow do time espanhol. O
presente capítulo enfoca o conceito de coesão, resume evidências empíricas sobre
sua importância no esporte, e destaca brevemente as sugestões de construção de
equipes destinadas a aumentar as percepções dos indivíduos sobre a integração de
seu grupo e seus próprios sentimentos de conexão com a equipe.
OBJETIVOS
Essas contribuições são propostas para influenciar uma série de fatores que levam
a resultados individuais e grupais, incluindo: a estrutura do grupo (liderança,
responsabilidades de papéis, expectativas normativas, hierarquias de status), seus
processos (comunicação, coordenação, cooperação) e o grau de união da equipe
em relação às metas sociais e de tarefa (ou seja, coesão). É importante considerar
todos os fatores relacionados ao envolvimento do grupo no esporte e no exercício.
No entanto, o restante do capítulo se concentrará no conceito de coesão.
COESÃO DO GRUPO
Medindo a Coesão
Processos de grupo
Capítulo 34
Resumo
Este capítulo destaca o comportamento encontrado no ambiente da equipe e os
fatores que influenciam esse comportamento. Inicialmente, as normas do grupo são
definidas e recebem um propósito à medida que se relacionam com a cultura
esportiva. Em seguida, é discutida a capacidade de mudar as normas dentro do
grupo, usando exemplos práticos. Este capítulo continua com uma análise da
formação de regras e da distinção entre disciplina e punição. Como líderes de
equipes ou grupos esportivos, como podemos utilizar a disciplina? A discussão
sobre disciplina positiva incorpora diversas soluções práticas para treinadores e
líderes esportivos. Compreender as normas do grupo, a influência das regras e a
abordagem correta para reforçar o comportamento é significativo na criação de um
ambiente esportivo positivo e produtivo para todos.
Introdução
São seis e quinze da noite e o time local de vôlei feminino do clube acaba de
terminar o aquecimento para o treino. Ashley, a melhor bloqueadora central do time
e uma jogadora novata, acaba de chegar. O treinador chama as duas capitãs da
equipe e destaca a chegada tardia. As capitãs concordam que é importante que
todos cheguem na hora, prontos para começar o treino às seis horas. O time
começa um exercício de ataque e o treinador instrui Ashley a se apressar e colocar
suas joelheiras, tornozeleiras e tênis de quadra para poder participar do exercício.
Ashley balança e acerta seus três primeiros ataques na rede.
No final do treino, o treinador faz uma revisão com a equipe. Após a conversa, as
capitãs perguntam a Ashley "o que houve, por que você chegou atrasada?". Ashley
explica que seu pai se atrasou ao chegar em casa do trabalho, então ela não
conseguiu pegar uma carona a tempo para o treino. As capitãs explicam que é
importante chegar no horário para que ela faça um aquecimento adequado e não se
machuque. Elas também informam que chegar no horário é importante para que
todos estejam prontos para começar os exercícios e aproveitar ao máximo as duas
horas que têm juntos para trabalhar como equipe. As capitãs sugerem que Ashley
possa ir de bicicleta, pegar o ônibus ou ligar para alguém da equipe para levá-la ao
treino, para que ela não precise depender de seu pai e seu horário de trabalho.
Ashley concorda que este é um bom plano; ela admite que se sentiu muito
deslocada quando chegou ao treino pela primeira vez.
Objetivos
DEFININDO NORMAS
Normas são expectativas e crenças às quais os membros de um grupo são
considerados aderir. As normas podem ser sutis, e nem sempre as reconhecemos
até que sejam violadas. Existem muitos exemplos de normas na vida cotidiana. Um
exemplo comum de norma é quando alguém passa por uma porta na sua frente; a
expectativa é que eles o mantenham aberto. Nós não pensamos muito sobre essa
norma até que alguém passe pela porta, não a segure aberta e ela se feche na
nossa cara. Nossa reação costuma ser irritação e incredulidade de que essa norma
foi violada.
Normas diferem das regras (regras serão discutidas com mais detalhes
posteriormente neste capítulo) e normas não oficiais podem complementar as
regras oficiais. Na grande corrida de ciclismo, o Tour de France, por exemplo, os
ciclistas não aproveitam quando outro ciclista é desacelerado por algo fora de seu
controle; em vez disso, eles esperam o ciclista se juntar ao grupo novamente (Fink
& Smith, 2012). As normas podem ser conceituadas como operando dentro de uma
faixa, ou seja, há um intervalo aceitável de comportamentos que se encaixam dentro
da norma. Como tal, as normas são um tanto flexíveis e não são formalmente
estabelecidas pelo grupo. No caso de Ashley, a jogadora novata de vôlei
mencionada na introdução, ela provavelmente não estava ciente da norma de
chegar na hora e aquecer com o time. Essa norma não teria sido declarada como
uma regra formal, e foi apenas quando ela violou a norma que sua falta de
conformidade foi destacada (ilustrando a natureza discreta das normas). Se Ashley
tivesse chegado apenas alguns minutos atrasada e participado de parte do
aquecimento do time, é improvável que sua chegada tardia fosse um problema. Os
membros do time de vôlei aderem às normas de aquecimento do time e chegam no
horário para o treino porque se sentem parte do time e experimentam uma
sensação de satisfação. Eles não aderem necessariamente à norma por medo de
punições. Note que não houve punição para a primeira violação da norma por
Ashley, nem houve recompensas explícitas por sua conformidade anterior à norma.
No entanto, consequências pela violação da norma provavelmente ocorreriam se as
violações continuassem ou se desviassem do intervalo aceitável de comportamento.
TIPOS DE NORMAS
NORMAS DE MUDANÇA
Normas inadequadas são estabelecidas às vezes no ambiente da equipe. Isso é
lamentável, já que as normas são resistentes à mudança (Carron & Eys, 2012). Um
exemplo de norma inadequada seria um atleta conversando durante um treino ao
receber instruções de um treinador. Esse comportamento é inadequado, pois o
atleta fica distraído com a instrução dada, pode perder pontos críticos e a conversa
distrai os outros ao redor e o treinador. Normas inadequadas podem ser
gradualmente modificadas por meio de métodos como: (a) comunicação (discutida
com mais detalhes nos próximos parágrafos); (b) ter membros influentes e de alto
status (por exemplo, o capitão da equipe) como exemplos de comportamentos
normativos adequados; (c) estabelecer metas colaborativas para a equipe que
destaquem como as normas adequadas contribuirão para o alcance dos objetivos; e
(d) criar um código de conduta para a equipe (ver Exercício 2 perto do final deste
capítulo).
Conforme descrito por Penrod (1986), comunicadores eficazes possuem alto status
e, como discutido anteriormente no capítulo, indivíduos de alto status têm mais
influência na formação e conformidade das normas do grupo. Comunicadores
eficazes também têm maior probabilidade de usar perguntas retóricas. Perguntas
retóricas ajudam os indivíduos a sentirem que contribuíram de alguma forma para a
decisão e que têm um investimento nas normas do grupo (Penrod, 1986). O que o
comunicador diz, ou a natureza da comunicação, também é importante. Existem
vários fatores relacionados à natureza da comunicação que afetam as normas do
grupo (Penrod, 1986). Assista a uma cena de um filme esportivo de sua escolha,
observe a natureza da comunicação de um treinador ou líder da equipe que está
tentando mudar uma norma do grupo. Por exemplo, no filme "Coach Carter", várias
dessas técnicas são usadas na tentativa de mudar a norma de que os jogadores de
basquete não precisam estudar ou frequentar aulas para obter uma nota de
aprovação.
Outro fator na comunicação é o ouvinte, o indivíduo que recebe a comunicação.
Existem inúmeros fatores que influenciam a receptividade do ouvinte à comunicação
(Turman, 2003). Como sugerido pelo uso de perguntas retóricas, incentivar uma
percepção de escolha é essencial (Penrod, 1986). Assim como com a criança
teimosa que se recusa a comer vegetais, quando perguntamos "Você pode
escolher, quer cenoura ou ervilha?", eles podem ser mais propensos a selecionar
uma opção e sentir que têm controle sobre suas escolhas alimentares
REGRAS DE DESENVOLVIMENTO
Uma vez que as regras estejam em vigor, é essencial que os treinadores ou líderes
organizacionais as apliquem de maneira consistente. Qualquer inconsistência na
aplicação pode minar seriamente a credibilidade do treinador. Como Martens (2004)
afirmou: "aplicar as regras de forma inconsistente é pior do que não ter regras" (p.
154).
Além disso, é importante que os líderes sirvam de exemplo para seus atletas,
seguindo as regras que foram estabelecidas. A aplicação das regras da equipe é um
processo de promoção e manutenção da disciplina dentro do grupo.
DISCIPLINA
Quando se pensa na palavra disciplina, mais frequentemente do que não, ela tem
uma conotação negativa. Imagens de correr em velocidade após se comportar mal
ou ficar de fora de uma parte do jogo porque os indivíduos chegaram atrasados para
o treino estão frequentemente associadas a essa visão negativa. Essa é uma
análise justa da disciplina ou existem outras maneiras de pensar nesse conceito à
luz de liderar equipes? Para responder a essa pergunta, primeiro deve-se fazer uma
distinção entre disciplina e punição. A punição é a imposição de uma penalidade por
uma transgressão ou ofensa, usada para moldar o comportamento subsequente
(por exemplo, correr em velocidade ou não começar um jogo). De fato, a punição é
uma forma negativa de cultivar disposição para uma conduta prescrita. Isso é
bastante diferente da definição de disciplina.
A disciplina deve ser vista como um "estado de espírito que produz uma prontidão
para uma conduta disposta, inteligente e apropriada" (Tozer, 1997, p. 233). Essa
visão da disciplina busca uma visão holística do eu e autoconsciência à luz das
normas estabelecidas pelo grupo, organização ou sociedade na qual o indivíduo
reside.
Seja a disciplina coletiva, imposta ou autodisciplina, dois fatores são essenciais para
a evolução da disciplina nos indivíduos e na equipe. O primeiro fator, autocontrole, é
um elemento essencial para manter uma constituição forte e uma disciplina sólida
(Tozer, 1997). A capacidade de focar os pensamentos para lidar com estresse,
fadiga e situações desconfortáveis é a base para sustentar uma abordagem
disciplinada. Por exemplo, os campos de treinamento de equipe são conhecidos por
promoverem os três elementos mencionados anteriormente: estresse ao tentar fazer
parte da equipe, fadiga de múltiplos treinos diários e a situação desconfortável de
aprender novos sistemas ou jogar em uma nova posição, que podem ser agravados
por mudar para uma nova cidade ou iniciar um novo programa acadêmico. Atletas
que estão preparados para enfrentar esses desafios e têm a capacidade de se
adaptar a obstáculos imprevistos reconhecerão o maior sucesso durante o período
de treinamento.
A terceira ação é que os líderes devem se esforçar para tornar a disciplina divertida
(Lynch, 2001). Esse conceito pode parecer um paradoxo para alguns. Como algo
que pode envolver punição pode ser divertido? Os líderes esportivos devem
reconhecer que os atletas estarão dispostos a trabalhar mais se houver diversão e
prazer no que estão fazendo. Como Lynch (2001) explica, "treinadores que têm
equipes disciplinadas percebem que os atletas estarão mais receptivos ao trabalho
duro se houver alguma diversão envolvida: eles irão além se gostarem do que
fazem" (p. 132). Promover diversão não significa adotar uma atitude de laissez-faire
em relação à liderança. Incorporar diversão em seu programa de treinamento
envolve trabalho criativo, conhecimento e habilidade (Lynch, 2001). O trabalho
criativo requer organizar sessões que incorporem elementos de diversão e um
espírito competitivo positivo. O conhecimento envolve uma compreensão de como
os atletas percebem a diversão e quais são os elementos necessários para criar um
ambiente de diversão em um programa de treinamento.
DISCIPLINA POSITIVA
O termo disciplina positiva foi popularizado na América do Norte pela Dra. Jane
Nelsen (Nelsen, 1981). Esse termo foi derivado do trabalho de Alfred Adler e Rudolf
Dreikurs (Nelson, 2006; Dreikurs & Cassel, 1972; Dreikurs, 1968). Nelsen delineou
três abordagens principais em relação à interação e disciplina. A primeira
abordagem é a rigidez, caracterizada por um controle excessivo. A rigidez envolve
"ordem sem liberdade", onde os indivíduos não têm escolha (Nelsen, 2006, p. 8). A
segunda abordagem é a permissividade, que não impõe limites ao comportamento.
A permissividade gera "liberdade sem ordem", onde os indivíduos podem fazer o
que quiserem (Nelsen, 2006, p. 8). A terceira abordagem, disciplina positiva,
envolve gentileza e firmeza ao mesmo tempo. A disciplina positiva envolve
"liberdade com ordem", destacando o fato de que os indivíduos têm escolhas dentro
de limites que demonstram respeito por todos (Nelsen, 2006, p. 8). Um exemplo de
disciplina positiva é definido por Nelsen (2006):
Com base na discussão anterior sobre disciplina neste capítulo, a disciplina positiva
envolve muitos fatores relacionados à disciplina produtiva, coletiva e auto disciplina.
O conceito de disciplina positiva também tem sido adaptado para a educação física
e ambientes esportivos há muitos anos. Papaioannou (1998) examinou as
diferenças individuais na orientação de metas em relação às razões para ser
disciplinado na aula de educação física. Este estudo utilizou a Teoria da
Autodeterminação (TAD) para justificar elementos como "razões dos alunos para a
disciplina" e "estratégias dos professores para manter a disciplina" (Papaioannou,
1998). Utilizar um amplo quadro teórico como a Teoria da Autodeterminação (TAD)
permite aos pesquisadores definir elementos de motivação intrínseca e extrínseca e
seu impacto no desenvolvimento social (Deci & Ryan, 2002). Essa teoria também
aborda a internalização de regras pelos indivíduos, o que pode levar a
comportamentos responsáveis, que é o objetivo da disciplina positiva. A Teoria da
Autodeterminação é discutida em detalhes no Capítulo 5 deste volume e também é
abordada em relação à Teoria das Metas de Realização no Capítulo 4 e ao clima
motivacional no Capítulo 35.
Papaioannou (1998) revelou que, para os alunos, "a percepção de um ambiente que
enfatiza a melhoria pessoal parece promover a disciplina na lição" (p. 437). Isso está
diretamente relacionado à premissa da disciplina positiva, que enfatiza a "liberdade
com ordem" (Nelsen, 2006). À medida que os alunos têm permissão para tomar
decisões em relação à sua melhoria pessoal, eles se envolvem mais e,
consequentemente, se tornam mais disciplinados em suas atividades. Para os
instrutores, esse conceito é igualmente importante, pois "a percepção de estratégias
de ensino que promovem razões determinadas pelos alunos para se comportarem
bem foi um forte preditor positivo da disciplina relatada pelos alunos" (Papaioannou,
1998, p. 437). Estratégias como envolver os atletas na criação de metas e regras da
equipe e aumentar a crença deles nesses elementos promovem um ambiente de
empoderamento e podem, de fato, incentivar a conformidade com essas metas e
regras de forma mais eficaz do que o próprio grupo (Carron & Eys, 2012). Por outro
lado, Papaioannou (1998) também revelou que uma abordagem autoritária tinha um
impacto negativo, onde "o professor tenta impor as regras e faz [os alunos] se
sentirem envergonhados quando se comportam mal" (p. 437). Se os treinadores
escolhem adotar esse estilo de liderança autoritária por um longo período, podem
observar uma falta de disciplina ocorrer e, na verdade, podem perder o grupo que
estão tentando liderar.
Outra pesquisa intimamente relacionada à disciplina positiva na atividade física é o
trabalho de Hellison (1995) que examina o Ensino da Responsabilidade. Adições
recentes a este livro destacaram vários níveis de consciência ou desenvolvimento.
Esses níveis incluem uma progressão do respeito, para o esforço, para a
autodireção e, finalmente, para o cuidado e a ajuda (Hellison, 2011). Novamente, a
internalização de valores altruístas apropriados, como cuidado e ajuda, reflete a
responsabilidade evidente na disciplina positiva. A disciplina positiva também foi
adaptada para treinar e gerenciar o comportamento dos jogadores (Martens, 2004).
Nessa adaptação, a disciplina positiva também inclui elementos de instrução,
treinamento e correção (Martens, 2004). A instrução envolve o ensino de
habilidades esportivas e habilidades de vida. O treinamento oferece a oportunidade
de praticar essas habilidades utilizando cenários realistas.
Por fim, a correção é facilitada pelo treinador para corrigir erros de habilidade ou
comportamento. Como afirmou Martens (2004), "a disciplina positiva é entender que
disciplina é mais do que apenas corrigir comportamentos; é também ensinar
comportamentos" (p. 143). Essa abordagem é vista como produtiva porque busca
um terreno comum de respeito mútuo entre treinador e atleta; "treinadores que usam
disciplina positiva inspiram empolgação, entusiasmo e motivação positiva" (Martens,
2004, p. 145). De fato, a disciplina positiva é um equilíbrio sutil que estabelece
limites, permitindo que os atletas cresçam e explorem seu ambiente.
APOIOS DE APRENDIZAGEM
4. Comunicação é fundamental
• Ouça atentamente os companheiros de equipe e treinadores
• Seja respeitoso com os funcionários
• Declare claramente os problemas quando eles surgirem”
Capítulo 35
RESUMO
Cenário Um: Seán adora participar de futebol e está ansioso para voltar na próxima
temporada. Ele não é o jogador mais talentoso da equipe, mas entende o papel
importante que desempenha. Seu treinador sempre fala sobre dar o melhor esforço
e informa Seán sobre maneiras de continuar melhorando suas habilidades no
futebol. Seguindo o conselho de seu treinador, todos os jogadores da equipe de
Seán ajudam a decidir no que trabalhar nos treinamentos. Mesmo quando perdem o
jogo, fica claro para Seán e seus colegas de equipe que o treinador está ao lado
deles.
Cenário Dois: Desde pequeno, John gosta de brincar de jogos ativos, mas não é o
aluno mais coordenado ou fisicamente forte em sua aula de EF. Seu professor atual
prefere fazer os alunos competirem entre si em diferentes atividades esportivas
durante a EF, e fica claro quem são os "melhores atletas" e quem está com
dificuldades. John se preocupa que os outros sejam melhores do que ele, se sente
pior em relação às suas capacidades físicas e não gosta de EF. Ele perdeu todo o
interesse e não se esforça mais na aula de EF.
Cenário Três: Kate é uma jovem atleta talentosa e está em uma academia de tênis
de elite com bolsa de estudos. Kate sempre jogou tênis porque achava divertido e
queria ser uma tenista profissional um dia. No entanto, o ambiente na academia
está começando a minar sua motivação intrínseca. Seu treinador dá feedback de
maneira muito intimidadora e fala frequentemente sobre todo o dinheiro que ela
ganhará se tiver sucesso no tênis profissional. Quando ela não tem um bom
desempenho, o treinador deixa Kate saber que ela o decepcionou. Kate se sente
muito estressada durante as competições e não sente que as metas estabelecidas
para o desenvolvimento de seu tênis são suas próprias metas. Kate está
considerando desistir do esporte.
OBJETIVOS
Com base tanto na TMR quanto na TAD, podemos definir o clima motivacional no
esporte e na educação física como o ambiente psicossocial criado por treinadores
ou professores por meio do que eles geralmente dizem ou fazem, capturando como
eles tendem a fornecer feedback, avaliar e organizar questões em
treinamentos/competições ou aulas, respectivamente. O grau de envolvimento dos
atletas/estudantes nas decisões tomadas pelo treinador/professor também contribui
para o clima motivacional. Os aspectos interpessoais do relacionamento entre o
atleta/estudante e seu treinador/professor também compõem o clima motivacional
em operação; por exemplo, o treinador é distante e frio? O estudante sente que o
professor de educação física o respeita e se preocupa com ele? A TMR concentra-
se nos aspectos de envolvimento na tarefa e envolvimento no ego dos ambientes
manifestados no esporte e na educação física. A teoria prevê que um clima
motivacional mais envolvido na tarefa (e/ou menos envolvido no ego) corresponde a
processos motivacionais mais adaptativos e resultados positivos. Um grande
número de pesquisas no esporte e na educação física apoia essas previsões (Duda
e Balaguer, 2007). Quando um clima motivacional é mais envolvido na tarefa, o
treinador ou professor enfatiza a importância de dar o melhor esforço, apoia a
colaboração e mostra que valoriza o aprendizado do atleta/estudante, o crescimento
pessoal, a melhoria das habilidades e o domínio da tarefa. Um treinador/professor
envolvido na tarefa tende a fornecer instruções e encorajamento após erros. Se o
clima motivacional no esporte ou na educação física é mais envolvido no ego, então
é incentivada a rivalidade entre os atletas/estudantes, a ênfase é colocada em ter
que ser "o melhor" e aqueles que são mais talentosos e bem-sucedidos recebem
tratamento preferencial do treinador ou professor. Em um ambiente envolvido no
ego, fica evidente para os atletas/estudantes que os erros devem ser evitados, pois
geralmente são seguidos de uma resposta punitiva. Dentro de um ambiente
esportivo ou de educação física marcado por características de envolvimento no
ego, os atletas e estudantes sabem onde estão na escada da habilidade (ou seja,
são superiores ou não tão bons quanto os outros?). Eles também percebem que,
aos olhos do treinador ou professor, estar no topo dessa escada é o que é mais
valorizado.
Foi proposta uma estrutura integrativa (Duda, 2013) que reúne essas dimensões
relacionadas à motivação do clima motivacional sob as perspectivas da TMR e da
TAD. Essa abordagem integrativa conceitua o clima motivacional como sendo mais
capacitador quando esse ambiente social é altamente envolvido na tarefa, oferece
apoio à autonomia e suporte social. Um treinador ou professor que exibe
comportamentos consistentes e proeminentes de envolvimento no ego e de controle
cria um clima motivacional que é mais desmotivador para seus atletas.
Estudos anteriores sobre o clima motivacional criado pelo treinador e pelo professor
de educação física, sob a perspectiva da TMR, forneceram resultados consistentes
com as previsões teóricas (Duda e Balaguer, 2007). Esse conjunto de pesquisas
confirma que as percepções de um ambiente envolvente na tarefa estão geralmente
associadas a resultados intrapessoais e interpessoais positivos. Por exemplo, as
percepções dos atletas e estudantes de educação física sobre um clima envolvente
na tarefa têm sido relacionadas a:
Embora a maioria dos estudos que examinam o clima motivacional criado pelo
treinador e pelo professor tenha adotado um desenho transversal, alguns estudos
utilizam uma metodologia de pesquisa mais complexa. A pesquisa longitudinal é
necessária para determinar se o ambiente psicológico criado pelo treinador está
associado a mudanças nas experiências dos atletas no esporte ao longo do tempo
(por exemplo, do início ao fim da temporada). Um dos primeiros estudos a
determinar os correlatos de um clima motivacional percebido como envolvente na
tarefa e no ego nas respostas emocionais dos atletas ao longo do tempo foi
conduzido por Reinboth e Duda (2006). Em seu estudo com atletas universitários
avaliados no início e no final de uma temporada competitiva, um clima percebido
como envolvente na tarefa foi positivamente relacionado aos sentimentos de
vitalidade dos atletas em ambos os momentos.
Dentro de estudos educacionais baseados na TAD, a atenção tem sido dada aos
correlatos de comportamentos de suporte social do professor. No entanto,
pesquisas limitadas determinaram as implicações dessa dimensão do clima
motivacional criado pelo treinador ou professor de educação física especificamente.
Uma exceção em termos de pesquisas esportivas existentes é o estudo de
Reinboth, Duda e Ntoumanis (2004) com jogadores adolescentes de futebol e
críquete britânicos. Em seu trabalho, a percepção de suporte social fornecido pelo
treinador foi positivamente correlacionada com os sentimentos de vitalidade,
satisfação e interesse dos atletas, e negativamente associada à exaustão física e
emocional relatada (um sintoma de burnout).
Embora tenham sido feitas tentativas de usar a TMR ou a TAD para informar
intervenções no esporte, os estudos de intervenção geralmente têm como alvo
aspectos isolados do clima motivacional criado pelo treinador, como o grau de apoio
à autonomia ou as pistas voltadas para a tarefa. Os benefícios potenciais dessas
intervenções podem ser considerados limitados, uma vez que elas não conseguiram
integrar completamente a TMR e a TAD e treinar os treinadores para criar um clima
mais capacitador, que seja rico em apoio à autonomia, apoio social e incentivo à
tarefa. Tendo isso em mente, parece prudente que os treinadores entendam melhor
as possíveis desvantagens de um ambiente desmotivador, ou seja, um clima
motivacional que seja altamente voltado para o ego e controlador.
Conclusão
Auxílio de aprendizagem
1. O que é amplamente entendido na literatura pela frase "clima
motivacional"?
4. Com base no quadro integrativo proposto por Duda (2013), quais são as
características de um clima motivacional capacitador e de um clima
motivacional incapacitante?
Capítulo 36
Comunicação em equipes esportivas
OBJETIVOS
Tipos de mídia
● Verbal/face a face
● Telefone ou computador
● Não verbal/linguagem corporal
Tipos de conteúdo
COMUNICAÇÃO ATLETA-ATLETA
A característica mais óbvia da comunicação durante os jogos é que ela tende a ser
definida pela ação do jogo. Por exemplo, Hanin (1992) estudou os padrões de
comunicação em jogos de vôlei. Ele descreveu quatro tipos de comunicação -
orientação, estimulação, avaliação e comunicação irrelevante para a tarefa.
Orientação se referia às discussões entre os companheiros de equipe sobre o
planejamento e coordenação do desempenho. Estimulação foi definida como
mensagens com o objetivo de motivar os companheiros de equipe a manter ou
aumentar os níveis de atividade. Discussões de avaliação foram aquelas que
lidavam com avaliações positivas ou negativas do desempenho anterior.
Comunicações irrelevantes para a tarefa eram mensagens que não tinham relação
com o desempenho. Hanin descobriu que as equipes de vôlei tendem a exibir um
padrão relativamente estável de comunicação em seus jogos. Os companheiros de
equipe principalmente demonstravam orientação antes do desempenho,
estimulação durante o desempenho e avaliação após o desempenho. No geral, os
padrões de comunicação das equipes pareciam ser baseados principalmente em
estimulação.
Escuta eficaz: A comunicação é uma interação de duas vias e uma das melhores
maneiras de incentivar a comunicação eficaz é ser um ouvinte eficaz. Ao se
comunicar com os membros da equipe, permita que eles tenham tempo para falar,
bem como tempo para ficarem em silêncio e organizar seus pensamentos. Não
reaja de maneiras que desvalorizem suas opiniões. Faça perguntas para que eles
possam esclarecer seus pensamentos e emoções, e evite perguntas que sejam
julgadoras. E lembre-se da linguagem corporal como ouvinte - o contato visual e
uma postura corporal relaxada são excelentes maneiras para os membros da
equipe demonstrarem uma escuta eficaz durante as interações.
COMUNICAÇÃO TREINADOR-ATLETA
Deve-se ter em mente que mensagens são comunicadas o tempo todo de maneiras
verbais e não verbais. Portanto, é necessário considerar os seguintes passos:
● Onde a mensagem deve ser comunicada? Isso pode ser em público, na frente do
grupo de treinamento, em uma reunião privada, durante o treinamento ou no
ambiente competitivo.
● Quem é o receptor? Um atributo-chave de um treinador eficaz é a capacidade de
adaptar suas estratégias comunicativas para melhor se adequar às características e
preferências do receptor. Uma estratégia de comunicação genérica provavelmente
não será eficaz para todos os atletas e, portanto, o treinador precisa conhecer cada
atleta individualmente e adaptar sua abordagem de acordo.
APOIOS DE APRENDIZAGEM
Capítulo 37
Liderança transformadora
RESUMO
Introdução
Muitas vezes, são as pequenas coisas que podem ter efeitos mais profundos e
poderosos. Considere o exemplo de Jake White, treinador da equipe sul-africana na
Copa do Mundo de Rugby de 2007. No dia antes da final, ele entregou cartas
escritas à mão, personalizadas, para cada jogador da equipe (eram 22 jogadores no
elenco para o jogo). Nessa carta, ele revelou o quanto estava orgulhoso de seus
jogadores e o quanto as famílias deles ficariam orgulhosas de suas conquistas.
White explicou a cada jogador o que o tornava especial, como seu papel era
essencial para a equipe e o que se esperava dele. Ele também agradeceu a cada
jogador, nessas contas personalizadas, por suas contribuições para o time (Ackford,
2007).
A IMPORTÂNCIA DA LIDERANÇA
O termo 'liderança transformacional' foi trazido pela primeira vez à atenção pública
pelos primeiros escritos políticos de Burns (1978). No entanto, foi somente quando
Bernard Bass e seus colegas (Bass, 1985; Bass & Riggio, 2006) conceituaram e
operacionalizaram esse construto que o estudo da liderança transformacional
começou a proliferar. Bass e seus colegas conceituaram a liderança
transformacional dentro de um modelo de amplitude total (também referido como
teoria da liderança transformacional) que também inclui dimensões de liderança
transacional e laissez-faire.
Tem sido sugerido que a liderança eficaz é sinônimo de ensino eficaz (Beauchamp
et al., 2010). Por exemplo, tanto a liderança quanto o ensino estão relacionados a
elevar os outros para alcançar um conjunto de objetivos. Com isso em mente, um
corpo recente de pesquisa aplicou a teoria da liderança transformacional a
ambientes de educação física escolar. Evidências iniciais qualitativas sugerem que
o uso de comportamentos de ensino transformacionais por parte dos professores,
conforme relatado pelos alunos, está positivamente associado a respostas
adaptativas dos alunos na educação física, como crenças e atitudes positivas em
relação à educação física, prazer na educação física e comportamentos de atividade
física em sala de aula (Morton, Keith & Beauchamp, 2010). Em um estudo
subsequente, Beauchamp et al. (2010) descobriram que as percepções dos
adolescentes sobre os comportamentos transformacionais de seus professores
estavam associadas a uma motivação mais autodeterminada e ao prazer positivo na
educação física. Além disso, evidências experimentais preliminares demonstraram
que os comportamentos de liderança transformacional podem ser desenvolvidos por
professores de educação física escolar por meio de intervenção (Beauchamp,
Barling, & Morton, 2011). Os resultados deste estudo de Beauchamp et al.
revelaram que os professores na condição de intervenção (que envolvia um
workshop de um dia) foram relatados por seus alunos como exibindo níveis mais
altos de ensino transformacional no acompanhamento. Além disso, os alunos
relataram níveis melhorados de motivação autodeterminada, autoeficácia e
intenções de serem fisicamente ativos em seu tempo de lazer do que aqueles no
grupo de controle. Do ponto de vista da promoção da saúde adolescente, embora as
crianças e adolescentes passem um tempo substancial na escola, eles também
passam muito tempo em casa praticando atividades de lazer. Os pais
desempenham um papel importante no apoio à saúde e bem-estar psicológico de
seus filhos. De fato, os tipos de comportamentos que os pais utilizam com seus
filhos mostram impactar os comportamentos subsequentes de atividade física (e
outros relacionados à saúde) de seus filhos. A aplicação da teoria da liderança
transformacional ao domínio da parentalidade foi destacada inicialmente por
Zacharatos, Barling e Kelloway (2000). Especificamente, Zacharatos e seus colegas
examinaram até que ponto os comportamentos de liderança transformacional
usados pelos pais dentro de casa poderiam se traduzir em adolescentes
demonstrando esses mesmos comportamentos no contexto de suas interações com
os colegas no esporte. Este estudo revelou que as avaliações da liderança
transformacional dos adolescentes (avaliadas por seus treinadores e colegas) foram
previstas pelos comportamentos de liderança transformacional dos pais. Isso sugere
que as crianças, em parte, aprendem esses tipos de comportamentos com seus
pais. Curiosamente, os processos de liderança transformacional foram descritos
como análogos à dinâmica entre pais e filhos em muitos aspectos (Popper &
Mayseless, 2003). Por exemplo, tanto os líderes (dentro de ambientes
organizacionais) quanto os pais (dentro de famílias) desempenham um papel
importante em motivar e encorajar os outros, ajudando-os a realizar seu potencial.
Um estudo recente de Morton e colegas (2011) demonstrou que as percepções dos
adolescentes sobre os comportamentos de seus pais (ou seja, a parentalidade
transformacional) estavam positivamente associadas às crenças de eficácia de
autorregulação dos adolescentes (ou seja, sua confiança em sua capacidade de
monitorar, estabelecer metas e superar barreiras) para se envolverem regularmente
em atividades físicas e manterem uma dieta saudável. Curiosamente, as
percepções dos adolescentes sobre os comportamentos de parentalidade
transformacional de seus pais também conseguiram explicar uma quantidade
significativa de variância (29%) nos índices de satisfação com a vida dos
adolescentes. Diante dos efeitos preditivos dos comportamentos de parentalidade
transformacional em relação aos resultados adaptativos relacionados à saúde dos
adolescentes, parece pertinente em futuras pesquisas examinar o potencial de
intervenções parentais, orientadas pela teoria da liderança transformacional, para
promover a saúde e o bem-estar dos adolescentes.
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