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Inibição do poder parental

A inibição do exercício do poder paternal, ocorre quando qualquer dos pais infrinja
culposamente os deveres para com os filhos, com grave prejuízo destes, ou quando, por
inexperiência, ausência ou outras razões, não se mostre em condições de cumprir aqueles
deveres, bem como por interdição ou inabilitação por anomalia psíquica.1

Em determinados casos, a imposição de condutas e de deveres aos pais é suficiente para


assegurar a prossecução casuística do interesse do menor. Porém, existem determinadas
circunstâncias em que a intervenção judicial apresenta um carácter mais radical, privando os
progenitores do exercício da sua autoridade: estamos perante os casos de inibição, regulados nos
artigos 328 da Lei da Família2 e al. e) do artigo 80 do Código Penal.

Assumindo um carácter de garantia para os filhos (e não de sanção para os pais), os fundamentos
de inibição tanto podem reconduzir-se a factores de ordem objectiva como de ordem puramente
subjectiva. Isto é, a lei distingue entre inibição de pleno direito e inibição judicial, nos termos do
artigo 328 e 330 respectivamente, ambos da Lei da família, consoante se trate de inibição
resultante de situações expressamente fixadas na lei ou decorrente de situações não
concretamente definidas e a apreciar a final pelo tribunal.

Mas, tanto num caso como no outro, o verdadeiro motivo da privação do exercício da autoridade
dos pais é o incumprimento dos deveres fundamentais para com os filhos. Não se atribui uma
valoração relevante à culpa, mas realçase a situação de efectiva incompatibilidade entre um
normal desenvolvimento do filho e o exercício do poder paternal pelos seus pais. São
pressupostos da inibição a violação culposa dos deveres parentais para com os filhos e a
gravidade do prejuízo que para estes resulte dessa violação e, ainda, a falta de condições do
progenitor ou progenitores em cumprirem aqueles deveres.

A incompatibilidade entre um normal desenvolvimento do filho e o exercício do poder paternal


pelos seus pais poderá surgir de circunstâncias que afectam os pais, independentemente da sua
actuação para com os filhos. Estas circunstâncias implicam, que a esses progenitores seja, desde
logo, vedado o exercício das responsabilidades parentais, sem necessidade de verificação das
relações existentes com os filhos. Tal acontece em relação aos condenados definitivamente por
1
Disponível em: https://www.pgdporto.pt/proc-web/faq.jsf?ctxId=14&subCtxId=109&faqId=1063&show=&offset=
consultado no dia 04 de Março de 2023 às 18 horas e 17 minutos.
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Lei da fammmm
crimes a que a lei atribua esse efeito (artigo 328.º, n.º1 alínea a) da Lei da Família), aos interditos
e inabilitados por anomalia psíquica (artigo 328.º, n.º1 alínea da Lei da Família). A cessação das
causas que conduziram à inibição, determinam automaticamente o seu fim (artigo 329 da Lei da
Família). A inibição do poder parental pode ser levantada quando cessem as causas que lhe
deram origem ou ainda a pedido do Minist+erio Público, a todo tempo ou por qualquer dos pais,
passado dois anos sobre o transito em julgado, nos termos do artigo 331 da Lei da Família.

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