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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO
8ª COORDENADORIA REGIONAL DE EDUCAÇÃO
SANTA MARIA – RS Luis Fernando Verissimo nasceu em 26 de setembro 1936,
COLÉGIO ESTADUAL MANOEL RIBAS em Porto Alegre, RS. Filho do grande escritor Érico Veríssimo,
Conteúdos e atividades desenvolvidas durante as aulas remotas formou-se em jornalismo e iniciou sua carreira no jornal Zero
ATIVIDADE PROGRAMADA DE LÍNGUA PORTUGUESA – Hora, em Porto Alegre, em fins de 1966. Trabalhou em vários
11/9/2020 – 6h/a jornais e revistas do país. Na televisão, criou quadros para
Professoras: Adriana Pacheco Pozzebon, Ananda de Belgrado Aita, programas humorísticos, além de participar de séries
Grisiê de Mattos Gründling, Jamille Arispe Xavier televisivas em que seus textos tornaram-se roteiros. O cinema
Área: Linguagens, códigos e suas Tecnologias também absorveu os textos de Veríssimo que viraram roteiros
de filmes importantes. Escritor prolífero, ao longo de sua
carreira, LFV publicou mais de 60 livros, diga-se, sucessos de
Nome: _____________________________________ Turma: ___
venda, e ganhou prêmios pelo Brasil e pelo mundo.
2ª série – TODAS – Turmas: A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, k
→ Da atividade anterior: A crônica é um gênero textual
ATIVIDADE1 híbrido porque transita tanto na esfera literária quanto na
jornalística.
O HOMEM TROCADO
O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está 1. De acordo com o exposto acima, “O homem trocado”
na sala de recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele transita na esfera literária ou jornalística? Justifique sua
pergunta se foi tudo bem.  resposta.
- Tudo perfeito - diz a enfermeira, sorrindo. 
- Eu estava com medo desta operação...  → Nas crônicas humorísticas, o cronista escreve o texto
- Por quê? Não havia risco nenhum.  apresentando uma visão irônica e bem humorada dos
- Comigo, sempre há risco. Minha vida tem sido uma série acontecimentos. É comum, nesses textos, haver uma situação
de enganos... inicial ou uma fala que gera outras situações de humor.
E conta que os enganos começaram com seu nascimento.
Houve uma troca de bebês no berçário e ele foi criado até os 2. Na crônica "O homem trocado", a partir de que fala do
dez anos por um casal de orientais, que nunca entenderam o protagonista são introduzidas as várias situações engraçadas
fato de terem um filho claro com olhos redondos. Descoberto que ocorreram com ele? Transcreva-a.
o erro, ele fora viver com seus verdadeiros pais. Ou com sua
verdadeira mãe, pois o pai abandonara a mulher depois que → As personagens dão vida à história, fazendo com que ela
esta não soubera explicar o nascimento de um bebê chinês. aconteça. Às vezes não são nomeadas, mas identificadas por
- E o meu nome? Outro engano.   características. Também podem aparecer representando
- Seu nome não é Lírio? estereótipos, ou seja, conceitos, ideias ou modelos de imagem
- Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e ...  atribuída a pessoas ou grupos sociais muitas vezes de
Os enganos se sucediam. Na escola, vivia recebendo maneira preconceituosa.
castigo pelo que não fazia. Fizera o vestibular com sucesso,
mas não conseguira entrar na universidade. O computador se 3. Na crônica lida, quais são as personagens principais
enganara, seu nome não apareceu na lista.  envolvidas na história?
- Há anos que a minha conta do telefone vem com cifras
incríveis. No mês passado tive que pagar mais de R$ 3 mil.  → Nas narrativas, há dois tempos: o primeiro é aquele da
- O senhor não faz chamadas interurbanas? 
história propriamente dita, ou seja, pode ter a duração de
- Eu não tenho telefone! 
meses, anos, décadas etc. O outro é o tempo de duração da
Conhecera sua mulher por engano. Ela o confundira com
narração da história. Evidentemente que se trata de tempos
outro. Não foram felizes. 
não coincidentes.
- Por quê? 
- Ela me enganava.
4) De acordo com o que se disse acima, qual é o tempo de
Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações
duração da história lida?
para pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca
alegria, quando ouvira o médico dizer: 
→ O papel do espaço, nas narrativas, é orientar sobre os
- O senhor está desenganado. 
espaços externo, interno e social. O primeiro é representado
Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave
pelo espaço geográfico ou físico, onde circulam as
assim. Uma simples apendicite. 
personagens, onde se dá a ação. Já o segundo é o espaço
- Se você diz que a operação foi bem... 
ideológico, diz respeito ao modo como percebe o espaço
A enfermeira parou de sorrir. 
externo, o mundo. Finalmente, o terceiro é o espaço onde está
- Apendicite? - perguntou, hesitante.
representada a atmosfera social do ambiente, ou seja, como
- É. A operação era para tirar o apêndice?
são e reagem as personagens em seu comportamento social.
- Não era para trocar de sexo? 
Luís Fernando Veríssimo. Seleção de crônicas do livro
Comédias da vida privada. Porto Alegre: LP&M, 1996. 
Qual o sentido da palavra desenganado no contexto em que
se insere?
5) Qual o espaço onde se desenrola o enredo?

→ A crônica de humor, em geral, apresenta situações rápidas, 12. Releia.


em que a fala das personagens assume um papel importante “Até tivera uma breve, louca alegria, quando ouvira o médico
para a construção da história. dizer: 
- O senhor está desenganado.”
6. Que tipo de discurso predomina na crônica lida: o direto ou
indireto? Por que tivera uma louca alegria com o diagnóstico?

7. O que o emprego desse tipo de discurso confere à


narrativa? Justifique sua resposta. 13. A palavra desenganado gera humor no texto. Por quê?

→ Não existe narrativa sem narrador pois ele é o estruturador


da história. Para designar a função do narrador na história 14. Observe as palavras que seguem:
dois termos são usados: foco narrativo e ponto de vista do
narrador ou da narração. Tanto um quanto outro referem-se à desenganado - interurbano – apendicite - universidade
posição ou perspectiva do narrador frente aos fatos narrados.
Assim, com variantes, têm-se dois tipos de narrador, Quanto ao processo de formação, respectivamente, pode-se
identificados pelo pronome pessoal usado na narração: 1ª e 3ª dizer que são exemplos de derivação
pessoa (do singular). a. prefixal e sufixal- sufixal – prefixal e sufixal – prefixal.
b. prefixal – sufixal – prefixal e sufixal – sufixal – prefixal.
8. Releia. c. parassintética – sufixal – parassintética – sufixal.
“O homem acorda da anestesia e olha em volta. Ainda está na d. prefixal e sufixal – sufixal – sufixal – sufixal.
sala de recuperação. Há uma enfermeira do seu lado. Ele e. parassintética – sufixal – sufixal – sufixal – prefixal.
pergunta se foi tudo bem.” (1ºpar.)
15. Releia.
a. Nesse fragmento, quem está contando a história? “- Apendicite? - perguntou, hesitante.”
No contexto em que se insere, a palavra hesitante poderia ser
b. Volte ao texto e encontre outro fragmento em que seja essa substituída por
mesma voz. Escreva aqui. a. nervosa.
b. emocionada.
c. A quem se refere o pronome ele, destacado no fragmento? c. incerta.
d. rindo.
9. Releia. e. desesperada.
“- Se você diz que a operação foi bem...” (20 par.)
→ As reticências assinalam uma interrupção do texto. Utiliza-
a. Nesse fragmento, quem está contando a história? se esse sinal de pontuação:
- para exprimir, nos diálogos, a interrupção da fala de um
b. Volte ao texto e encontre outro fragmento em que seja essa personagem pela interferência de outro;
mesma voz. Escreva aqui. - quando ocorre uma interrupção da frase para que o
interlocutor (também o leitor) a complete;
c. A quem se refere o pronome você, destacado no - quando há uma admiração, grande emoção etc.
fragmento?
16. Leia com atenção o resumo das regras para o uso das
reticências acima.
→ As partes do enredo: apresentação, complicação, clímax e Releia os fragmentos que seguem.
desfecho.
“- Era para ser Lauro. Se enganaram no cartório e ...”
10. O clímax é a parte do enredo em que há maior tensão. Em
“O homem trocado”, o clímax acontece “- Se você diz que a operação foi bem...”
a. concomitantemente à apresentação.
b. concomitantemente à complicação. Volte ao texto e justifique o uso das reticências nos
c. concomitantemente ao desfecho. fragmentos acima.
d. sem concomitância com outra parte do enredo.

Um excelente trabalho!
11. Releia.
“ - O senhor está desenganado.”
→ O título de um texto deve estar relacionado ao tema
desenvolvido de maneira a antecipá-lo.

ATIVIDADE 2
1. No texto lido, o título antecipa fielmente o tema
A vaguidão específica
desenvolvido na narrativa. Explique.
"As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-
específica." → Figuras de linguagem são formas de expressão que dão ao
(Richard Gehman) texto um significado que vai além do sentido literal, portanto
- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.  permitem uma plurissignificação do enunciado.
- Junto com as outras? 
- Não ponha junto com as outras, não. Senão pode vir 2. O título, “A vaguidão específica”, antecipa o tema do texto a
alguém e querer fazer coisa com elas. Ponha no lugar do partir do uso de uma figura de linguagem que consiste
outro dia. 
- Sim senhora. Olha, o homem está aí.  a. no emprego de palavras fora de seu sentido comum, por
- Aquele de quando choveu?  analogia: metáfora.
- Não, o que a senhora foi lá e falou com ele no domingo.  b. na utilização de uma palavra com o significado de outra,
- Que é que você disse a ele?  levando-se em conta várias relações: autor pela obra,
- Eu disse pra ele continuar.  conteúdo pelo continente, parte pelo todo: metonímia.
- Ele já começou?  c. na aproximação de termos que se opõem pelo sentido:
- Acho que já. Eu disse que podia principiar por onde antítese.
quisesse.  d. em atribuir nomes de pessoas ou de lugares por outros ou
- É bom?  por expressões que imediatamente os identifiquem:
- Mais ou menos. O outro parece mais capaz.  antonomásia.
- Você trouxe tudo pra cima? e. na apresentação de ideias em progressão ascendente ou
- Não senhora, só trouxe as coisas. O resto não trouxe descendente: gradação.
porque a senhora recomendou para deixar até a véspera. 
- Mas traga, traga. Na ocasião, nós descemos tudo de novo.
É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na
3. Apresente um exemplo da essa figura de linguagem. (pode
outra noite. 
ser um desenho)
- Está bem, vou ver como. 

FERNANDES, Millôr. Circo das palavras: histórias, → Epígrafe: O termo “epígrafe” vem do grego ( epigraphé) que
poemas e pensamentos. São Paulo: Editora Ática, 2007. significa “escrita na posição superior”. Ela é muito utilizada em
textos acadêmicos, poemas, crônicas, contos etc. Surge
Em atividade anterior, quando nos ocupávamos das fábulas acima do texto. Na epígrafe, um autor utiliza uma passagem
contemporâneas, Millôr Fernandes contribui com um texto de um texto fonte para iniciar um novo texto, estabelecendo
bastante interessante uma relação com essa passagem na criação da nova criação,
portanto um tipo de intertextualidade explícita que atua como
um pensamento que serve de base ao texto e como
Multi- Millôr recorrência à autoridade para confirmar suas ideias.
Em agosto de 1923 nasceu, no Rio de Janeiro, Milton
Fernandes. Quem? O leitor deve estar se perguntando se não
erramos o nome, cochilamos na digitação... A verdade é que o 4. De que forma pode-se dizer que a epígrafe empregada por
filho de Francisco Fernandes e Maria Viola Fernandes foi MiIlôr, em “A vaguidão específica”, confirma a ideia da
batizado como Milton Fernandes. Porém, na letra manuscrita crônica?
da sua certidão de nascimento, o nome escrito parece Millôr.
Bastou que o Liceu de Artes e Ofícios o registrasse na carteira → A coesão e a coerência textuais são elementos
estudantil como Millôr para que a mudança de nome estivesse indispensáveis para a construção de um texto. Coesão é um
consumada: “Descubro [...] que não me chamo Milton, mas mecanismo de recuperação (ou antecipação) de palavras ou
Millôr. Aos 11 anos publicou na imprensa seu primeiro texto, ideias em um texto, de modo que não haja repetições
em O Jornal, RJ. A partir daí, tornou-se uma figura desnecessárias e a leitura do texto seja fluente para o leitor.
permanente em diversos veículos de comunicação. Publicou Essas retomadas podem ser feitas por elementos gramaticais,
vários livros e, na década de 1950, Passou também a ser como pronomes, conjunções, advérbios, por exemplo, por
reconhecido como desenhista. Contribuiu para o teatro, para o outras palavras ou expressões referentes ou simplesmente
cinema e para a música. Millôr é Múltiplo. pela omissão de um termo facilmente subentendido.
Coerência é o fator que garante a inteligibilidade das ideias
apresentadas num texto. Quando falta coerência,
a construção de sentidos  fica seriamente comprometida.
(A coesão e a coerência, não a lógica!) 😉

→ Millôr Fernandes, intencionalmente, brinca com um


5. No texto “A vaguidão específica”, tem-se o diálogo entre
preconceito social a respeito da mulher e seu jeito de falar,
duas personagens, no entanto percebe-se que apenas o
considerado excessivo. Assim, para entendermos o texto,
nome de uma delas é mencionado:
como coerente e coeso, é preciso levar em conta o fato do
“- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.”
autor ser um humorista e seu texto trazer essa marca da
Como a outra personagem é referida primeiramente, ou seja,
"surpresa" ou do "olhar sobre outro ângulo" - como numa
que classe gramatical a nomeia? Confirme com o fragmento
piada.
texto.

11. No texto A vaguidão específica, o leitor é desafiado a


compreender não apenas o contexto de toda a narrativa, mas
6. Releia. principalmente que as personagens se entendem sem um
“- Maria, ponha isso lá fora em qualquer parte.” referencial explícito para o leitor. Millôr ironiza o discurso
feminino ao descrevê-lo como vago e impreciso, discurso
a. O pronome demonstrativo destacado, como já foi falado, estereotipado, diga-se. Essa ideia parece ou não se
também não tem referente. Entretanto, no início do texto, até o confirmar? Por quê?
3º parágrafo é retomado por outro pronome. Qual?

b. O pronome isso é um pronome demonstrativo invariável,


isto é, não muda quanto ao número nem quanto ao gênero.
Entretanto, é retomado por um pronome indefinido variável: 12. Diálogos como o que Millôr Fernandes constrói na crônica
outras. Qual o pronome pessoal que retoma outras? “A vaguidão específica” costumam fazer parte do nosso
cotidiano. Com certeza, tu tens uma história “vago-específica”
particular para contar. Então, conta.

7. Releia.
“Olha, o homem está aí.
Como o homem é retomado no texto? (três respostas)
-
-
-
Um excelente trabalho!
8. Pelo andamento do texto pode-se pensar que “o homem”
seja alguém que venha fazer algum tipo de trabalho na casa.
Mas não é o único. Quem mais aparece como alguém que
possivelmente também tenha trabalhado na casa? Qual é o
melhor? Por quê?

9. No final do texto, a partir do13º parágrafo, o pronome isso


(lá do 1º parágrafo), é novamente retomado. Por quais
pronomes e palavras?

10. Releia.
“É melhor, senão atravanca a entrada e ele reclama como na
outra noite.” (15º par.)

O pronome destacado acima retoma algum que já tenha


sido mencionado no texto ou apresenta um personagem?
Quem poderia ser essa personagem? Por quê?

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