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Universidade Técnica de Moçambique

Área de Formação em Ciências Tecnológicas

Curso: Engenharia e Gestão de Energias Alternativas e Recursos Petrolíferos

Cadeira: Gestão de Petróleo

Tema: Contrato de Partilha de Produção (PSC/PSA)

Docente: Pedro Bento

Discentes:
Aline Franco
Elsie Uate
Márcia Chembeze
Wendy Moisés

Maputo, Novembro de 2022


Índice
Introdução.................................................................................................................................... 4
1. Objectivos............................................................................................................................. 5
2. Contracto de Partilha de Produção ................................................................................... 6
2.1. Objectivos do Contracto ................................................................................................. 7
2.2. Regime do Contracto (Vigência) .................................................................................... 7
2.3. Prazo de vigência do contracto ...................................................................................... 7
2.4. Propriedades dos Hidrocarbonetos ............................................................................... 8
2.5. Papeis e Responsabilidades da IOC e do Governo ....................................................... 8
2.6. Estrutura básica do PSC................................................................................................. 9
2.8. Mecanismos de escolha e contratação das OICs......................................................... 11
2.9. Propriedade das intalações de E&P ............................................................................ 11
2.10. Revisão Contractual .................................................................................................. 11
2.11. Vantagens do PSC ..................................................................................................... 12
2.12. Desvantagens do PSC ................................................................................................ 12
Conclusão ................................................................................................................................... 13
Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 14

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Introdução
Para realizar-se actividades de exploração e produção de petróleo e gás natural é da
actractividade geológica e das condições institucionais que determinam a forma de
execuções das actividades. Como o contexto geológico é determinado por nada mais nada
menos que a natureza, cabe aos Governos promover um ambiente favorável ao
desenvolvimento das actividades de exploração e produção, ambiente este que é
determinado pelo regime jurídico que vigora no Estado hospedeiro junto do tipo de
contracto/licença definido por lei. Licença (contracto) é uma área definida, por decreto
do Governo ou lei de Estado, onde uma companhia é permitida a realizar actividades de
pesquisa e produção ou relacionadas por um certo período de tempo, de acordo com as
leis locais e regulamentos. Na indústria petrolífera existem quatro tipos de contractos,
nomeadamente: Contracto de Concessões, Contractos ou Acordos de Partilha e Produção
(PSA, PSC), Contracto de Prestação de Serviços e Joint Ventures. Cada modelo de
contracto traz diferentes divisões de lucro e tratamento de custo.

O presente trabalho visa promover uma revisão da literatura sobre o Contracto de Partilha
de Produção (PSA, PSC) com enfoque em aspectos relacionados à objectivos do tipo de
contracto, regime em que o contracto é aplicado, o prazo de vigência, como é feita a
divisão dos lucros a definição de taxas e calculo das receitas geradas durante a produção.

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1. Objectivos
o Objectivo geral:
 Analisar de forma generalizada os contractos de partilha de produção.
o Objectivos expecificos:
 Falar dos objectivos, regime bem como prazo de vigência do contracto;
 Falar das características do contracto;
 Dar a conhecer sobre as suas vantagens e desvantagens;
 Compará-lo com outros contractos de modo a encontrar o melhor contracto
a ser aplicado em Moçambique.

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2. Contracto de Partilha de Produção
Um Contracto de Partilha de Produção (PSC) é um contrato entre um ou mais
investidores e o Governo no qual os direitos de prospecção, exploração e extração de
recursos minerais de uma área específica durante um período do tempo especificado
são determinados. Em outras palavras, um PSC é um acordo entre as partes de um
poço e um país anfitrião em relação a porcentagem de produção de petróleo e gás que
cada parte receberá depois que as partes recuperam uma quantidade especificada de
custos e despesas.

Os PSCs foram desenvolvidos principalmente na Ásia e na África, entre as


Companhias Nacionais de Petróleo (NOC) e as Empresas Internacionais de Petróleo
(IOC) para desenvolver novos campos de petróleo e gás, especialmente campos
offshore para os quais a NOC tinha experiência e recursos financeiros limitados.

Os PSCs foram introduzidos na Indonésia em 1966. O primeiro PSC já assinado foi


pela IIAPCO e Permina, a Companhia Nacional de Petróleo da Indonésia na época
(agora Pertamina) e tinha as seguintes características:

Características básicas do primeiro contrato PSC:

● A propriedade dos hidrocarbonetos permaneceu com o estado.


● Todos os equipamentos adquiridos e importados para o país pelo contratante
tornaram-se propriedade da NOC. Equipamentos de empresas de serviços e
equipamentos alugados estavam isentos.
● A Companhia Nacional de Petróleo manteve o controle de gestão, sendo o
contratante responsável pela execução das operações petrolíferas de acordo
com os termos do contrato.
● O contratante foi obrigado a apresentar programas de trabalho e orçamentos
anuais para escrutínio e aprovação da NOC
● Não houve pagamento de royalties.
● O contrato foi baseado em partilha de produção e não em base de participação
nos lucros.
● A contratada forneceu todo o financiamento e tecnologia necessários para as
operações e suportou os riscos.

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2.1.Objectivos do Contracto
O objectivo do PSC, em comparação com os contratos de concessão padrão, é que os
NOCs mantenham algum controle sobre o desenvolvimento do campo de petróleo e
gás e que as COIs transfiram a experiência para NOC, embora toda a tecnologia a
decisões estratégicas para desenvolver o campo passam ser tomadas pelos COIs.

Mas é importante sublinhar que embora as COIs, neste tipo de contrato, assumam
maior parte dos riscos, o que vai determinar o tamanho do lucro são as contribuições
que as mesmas dao nas fases iniciais da Exploracao.

2.2. Regime do Contracto (Vigência)


No “PSC”, o governo do país anfitrião concede a uma empresa petrolífera (ou grupo
de empresas, normalmente chamado de Contratante) os direitos de explorar em uma
área específica e, após a descoberta de hidrocarbonetos nessa área, o direito de
produzir tais recursos descobertos. A Contratada assume inicialmente o risco de
encontrar hidrocarbonetos e o risco financeiro da iniciativa e explora, desenvolve e
finalmente produz o campo de acordo com os termos do PSC. Quando bem-sucedida,
a Contratada pode usar o dinheiro da venda de petróleo produzido, após o pagamento
de royalties devidos ao governo anfitrião, para recuperar suas despesas de capital e
operacionais, conhecidas como cost oil. O dinheiro restante é conhecido como
petróleo de lucro e é dividido entre o Governo e o OC.

2.3. Prazo de vigência do contracto


O prazo do contrato é frequentemente composto por um Período de Exploração e
um Período de Desenvolvimento, cada um com um cronograma e compromissos de
trabalho. Os prazos muitas vezes podem ser estendidos dependendo das
circunstâncias e da aprovação do governo anfitrião. No caso de uma descoberta
comercial e posterior delimitação do campo relevante, o prazo para desenvolvimento
e produção pode, por exemplo, ser de 20 anos ou mais com extensões adicionais
possíveis.

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2.4.Propriedades dos Hidrocarbonetos
A produção é sempre de propriedade do Estado hospedeiro, sendo que parte da
produção é entregue a OC a titulo de compensão pelo risco corrido na exploração e
peelos investimentos feitos nas fases contratuais.

2.5.Papeis e Responsabilidades da IOC e do Governo


● Estado

Neste tipo de contrato o estado, além de regularizar e fiscalizar,atua directamente nas


atividades de exploração e produção, através da sua NOC,que pode ser operado ou
não.

● IOC
⮚ As IOCs são responsáveis pela producao do hidrocarboneto, até a sua
disponibilização física;
⮚ É também responsabilidade da IOC de suportar todos os prejuizos que incorram,
inclusive aqueles resultantes de imprevistos ou de força maior, bem como de
acidentes, ou de eventos da natureza que afectem a E&P dos hidrocarbonetos.
⮚ É tambem responsavel pelas perdas e danos causados, directa ou indirectamente
ao meio ambiente em virtude da execucao das Operacoes.

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2.6. Estrutura básica do PSC

Alocação da produção

Os PSCs incluem um instrumento fiscal que define parte da produção como


“Petróleo/Gás Custo” e o restante como “Petróleo/Gás Lucrativo” que é
compartilhado entre o Estado e o Contratante.

● Petróleo/gás custo: é o petróleo retido pelo contratante para recuperar os


custos de exploração, desenvolvimento e produção.

A maioria dos PSCs limita a quantidade de cost oil que pode ser retida em um
determinado período contábil, de modo que o Estado receba uma parte da
produção como profit oil assim que a produção começar, independentemente de
o projeto do contratante ser lucrativo ou não. A quantidade de hidrocarbonetos a
ser recuperada através do “cost oil” é limitada a uma porcentagem da produção.
Os custos que não são recuperados são transportados e recuperados
posteriormente. A maioria dos PSCs permite um transporte virtualmente
ilimitado, com algumas exceções, e se a produção for suficiente durante a vigência
do contrato, os proprietários de interesses de trabalho acabarão por recuperar todas
as suas despesas recuperáveis.

● Petróleo/gás de lucro: O óleo de lucro é a parcela da produção restante após


o pagamento de royalties (e outros impostos de produção, se houver) e o óleo
de custo ter sido entregue ao contratante, pago em dinheiro ou em espécie.

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O óleo-lucro é compartilhado entre as partes, destinando-se uma determinada
porcentagem do óleo-lucro diretamente ao governo, com os membros do grupo
contratante, que pode incluir a estatal, compartilhando o óleo restante na
proporção de sua participação segundo uma fórmula estabelecido no PSC.

2.7. Mecanismos de remuneração ao Estado

Além do compartilhamento da produção, outros instrumentos alocam produção, receita


ou lucro. Alguns desses instrumentos incluem uma alocação mais direta da produção,
enquanto outros cobrem as receitas que os governos recebem indiretamente como parte
da receita fiscal geral.

Os PSCs incluem cláusulas fiscais que determinam o tratamento fiscal da produção


compartilhada. Os principais componentes fiscais de um PSC podem incluir: (i)
bônus, (ii) royalties, (iii) aluguel.

● Bónus: Os empreiteiros costumam pagar bônus de assinatura para adquirir o


direito de explorar, desenvolver e produzir. Os bônus de assinatura são um
pré-pagamento da participação do governo de fluxos de caixa futuros e podem
ser negociados, definidos pelo governo anfitrião ou lícita dos podendo diferir
consoante o estágio do projecto da COI.

● Aluguel (terreno, taxas de superfície): Geralmente pago anualmente com


base no tamanho da área sob arrendamento, normalmente no início do ano
civil ou ano do contrato. Eles podem assumir diferentes formas: pode ser um

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valor fixo para o contrato ou por quilômetro quadrado. do terreno das
operações, o “valor do objeto” ou um valor negociado.
● Royalties: A maioria dos PSCs contém cláusulas segundo as quais um royalty
é pago ao governo fora da produção, embora os royalties não sejam uma
característica essencial dos PSCs. A combinação de uma limitação de cost oil
e uma parcela mínima de profit oil para o estado na verdade replica as
características econômicas de um royalty: garante que o governo receba uma
parcela do valor da produção, assim que a produção começar.

2.8. Mecanismos de escolha e contratação das OICs


A selecção e escolha da IOC a actuar no pais hospedeiro compreende 2
modalidades:

⮚ Negociação directa: nesta modalidade, a IOC iodentifica a área de interesse.


Depois a sua identificação, aproxima-se as autoridades locais e inicia
negociações com o objecto de obter uma licensa que as permita realizar as
actividades de E&P no país.
⮚ Licitação: empresas interessadas fazem suas ofertas ao governo local, este
escolhe a empresa a actuar com base na melhor oferta que for feita.

2.9. Propriedade das intalações de E&P


Para o PSC/PSA a propriedade das instalações petroliferas é do Estado que podem
ser revertida a favor deste no final do prazo de vigência do contracto.

2.10. Revisão Contractual


O PSC é um contracto regulado por seus próprios termos e condições e pela
legislação específica que o rege, sendo assim ele não está sujeito a variações ou
mundanças de outras legislaçõoes genéricas dos Estado hospedeiro. Portanto, este
tipo de contracto permite ao investidor ter ser certeza dos seus direitos e deveres
antes de de comprometer seus recursos em um projecto de E&P.

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2.11. Vantagens do PSC
Este contracto apresenta as seguintes vantagens:

● Baixo risco para o pais anfitrião: por meio do contracto deste contrato, o
pais anfitrião pode desenvolver novas reservas sem riscos e com custos
limitados. O pais anfitrião não precisa fazer um investimento significativo
para actividades de E&P afinal a COI arca com todos os riscos operacionais e
financeiros.
● Possibilidade de transferência de conhecimento das COIs para o Estado
anfitrião: Uma COI, por definição, produz petróleo e gás para vários países.
Assim, quando entram no pais anfitrião, podem partilhar seus conhecimentos
com mesmo, sendo que todas as tecnologias e estratégias em campo são
lideradas pelas COIs.
● Facilidade de criação de estratégias de recuperação de custos tanto do
Estado anfitrião como da COI: ao redigir os PSCs, ambas as partes devem
concordar com a melhores estratégias de recuperação de custo. A diferença
entre essas estratégias está na forma em que a divisão das receitas brutas é
feita e como o lucro é compartilhado.

2.12. Desvantagens do PSC


Os PSCs apresentam desvantagens, como a complexidade da letra desses acordos. o
inquilino assume todos os riscos operacionais e financeiros. No entanto, as COPS
apresentam desvantagens, como a complexidade da letra desses acordos.

Há muitos fatores-chave que precisam ser acordados antes de assinar. Como um pequeno
número de esforços de exploração resulta em uma descoberta comercial, o compromisso
com o trabalho e os compromissos financeiros são importantes fatores de negociação,
pois definem a extensão do risco de exploração. O país anfitrião vai querer moldá-los
com o máximo de especificidade possível, enquanto o COI prefere compromissos que
permitam o máximo de discrição.

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Conclusão
Na elaboração do presente trabalho foi possível concluir que a maior diferença que se faz
sentir entre os tipos de contracto está na propriedade dos HCs, e em como ambas as partes
(Estado hospedeiro e COIs saem a ganhar com os projectos). Neste contracto diferente
do contrato de concessão, por exemplo, o Estado hospedeiro tem direito a parte dos lucros
provenientes da produção dos HCs mesmo que quem realmente arca com os custos e lida
com os riscos dos projectos. Este tipo de contracto apresenta várias vantagens,
principalmente para o Estado hospedeiro, sendo a maior de todas o facto do mesmo não
ter de arcar com os riscos e custos das operações de E&P.

Quando a viabilidade para o Estado hospedeiro, mais concretamente o Estado


moçambicano, uso deste contracto seria, na visão do grupo, a melhor opção visto que é
um contracto que dá poder aos Estados hospedeiros (NOCs) de controlarem o
desenvolvimento do campo de petróleo e gás bem como permitir que os mesmos
adquiram experiência no ramo com os investidores. O estado, alem de poder cobrar o
pagamento de taxas de arrendamentos, royalties, etc, ele também tem participação nos
lucros provenientes da produção dos HCs.

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Referências Bibliográficas

3. http://emporiododireito.com.br/leitura/o-regime-de-partilha-da-producao-o-
novo-e-sempre-o-melhor-por-guilherme-chamum-aguiar
4. https://cbie.com.br/artigos/qual-a-diferenca-entre-regime-de-concessao-e-
partilha/
5. https://www.lawinsider.com/clause/termination-of-profit-sharing-agreement
6. https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/rbdp/article/download/36374/PDF
7. http://www.rulg.com/documents/the_concept_of_production_sharing.htm

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