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Khuper, Addan (s.d).

Antropólogos de Antropologia: Escola Britânica moderna, 3ª ed, New


York

Prefacio da 3ª edição.

Duas décadas atras, Isaac Schapera me convidou para escrever um relato da antropologia
social britânica moderna. Eu não tinha por um momento contemplado tal projecto, mas ele é
um bom vendedor; eu era jovem e descuidado, e aceitei. Reli devidamente as monografias e
os diários e organizei uma série de seminários em que vários da geração mais velha foram
persuadidos a relembrar. Pude entrevistar alguns dos protagonistas o que compulsou um
pouco o factor de não ter acesso a acervos privados de cartas, ou mesmo ao arquivo
Malinowisk que estava sendo contruído na London School of Economics. (evidentemente
alguns dos anciãos da profissão planejavam escrever seus próprios relatos, embora nenhum
deles tenha aparecido).

As noticias do projecto atraiu uma resposta mista. Alguns dos meus superiores eram
cautelosos, até furtivos, mas dispostos a fornecer anedotas não confiáveis sobre seus
contemporâneos, do que falar abertamente de si mesmos.

Dois ou três eram deliberadamente obstrutivos, mas não estava preparado para as reações que
a publicação provocou. Era, claro, um livro para jovens e o tom carecia de reverência. Porque
tratava-se de acontecimentos muito recentes, era obrigado a tocar em assuntos que ainda eram
controversos. Apreciei que alguns colegas pudessem sentir que lidavam muito com
personalidades.

No entanto, fiquei espantado com a reação furiosa de alguns da geração mais velha quando
eles leram o livro (ou mesmo, em pelo menos, um caso quando ela não o havia lido, Lucy
Mair comentando que isso a incomodaria muito ler o livro coisa, o que foi uma pena, já que
ela me deu a melhor das minhas entrevistas).

Revendo o livro no homem, depois que a poeira baixou um pouco, Roy Willis comentou, sua
audácia dessacralizar os divinos fundadores de nossa disciplina e apresenta-los como alguns
bairros: era, no entanto, uma acção necessária e salutar. Na verdade, eu não tinha percebido o
quão audacioso eu estava sendo. Felizmente eu estava em campo, na Jamaica, quando o livro
apareceu em 1973.

Vários meses depois, eu e minha esposa voltamos e encontramos a atmosfera ainda


fortemente carregada. Ocasiões profissionais em Londres eram, por um tempo, passiveis de
serem um tanto constrangedoras, embora Jéssica tentasse limpar o ar, espalhando um boato
de que eu estava preparando uma nova edição, com novos insultos.

Em retrospecto, a reação emocional teve haver com o facto de o livro ter surgido em um
momento de transição na antropologia britânica. Como tradição intelectual, a Antropologia
social remonta a década de 1960 nas ultimas décadas do século XIX, nas mãos de E.B.Tylor
e J.G. Frazer, tornou-se um discurso especializada em evolução social e cultura.

Na virada do seculo, Alfred Haddon e W.H.R. Rivers ambos leccionando em Cambridge,


organizaram a primeira expedição etnográfica britânica e iniciaram o processo de
profissionalização.

Em seus escritos teóricos, Rivers baseou-se no evolucionismo dos victorianos e nos escritos
difusionistas da escola geográfica alemã, mas também antecipou e ajudou a moldar alguns
dos debates da próxima geração.

A.R.Radcliff Brown foi o primeiro aluno de Rivers em Antropologia, e ele estava lançando
seus argumentos na forma de uma critica a Rivers vinte anos depois de seu professor ter
morrido. Bronislaw Malinowisk trabalhou na Oceânia, sobre a qual Rivers havia escrito sua
obra prima, e ele se gabava de que se Rivers fosse o cavaleiro abatido da antropologia, ele
seria seu conrad.

Contudo, se havia continuidades, as descontinuidades eram mais marcantes. Malinowisk foi o


pioneiro em novos métodos de pesquisa de campo. Particularmente sob influencia de Radcliff
Brown, a sociologia Durkheimiana e outros modelos intelectuais substituíram as ideias
evolucionistas e difusionistas da geração mais velha. Malinowisk e Radcliff-Brown eram
revolucionários auto conscientes. Eles estabeleceram o que equivalia a uma tradição numa
investigação intelectual, que veio a ser chamada livremente de antropologia funcionalista, ou
simplesmente Antropologia social britânica.

A roptura não foi repentina ou tao completa que possa ser datada com exatidão, embora os
contemporâneos não tivessem duvidas de que era bastante real.

Qualquer ponto de partida é arbitrário. Esse livro toma 1992 como base, ano em que Rivers
morreu e tanto Malinowisk quanto R.Brown publicaram seus primeiros grandes estudos de
campo. O que a principio era uma empresa radical e marginal logo se tornou uma profissão
estabelecida, um ramo distinto e reconhecido da Antropologia mundial.
A geração formada por Malinowisk nas décadas de 1920 e 1930 assumiu a liderança de nova
profissão asseguir da segunda guerra mundial. Eles foram nomeados para as cadeiras nos
vários departamentos antigos e novos na Grã-Bretanha e na commonweth, e controlaram o
campo por duas décadas. No inicio dos anos 1970, quando meu livro foi publicado, todos
estavam-se aposentados.

Foi um momento dedicado, especialmente porque, como observou com perspicácia o


antropólogo Belga Luc the Heusch observou com perspicácia, L’antropologie francaise par
un trait remarquabre elle a ll’espirit de familly (Antropologia francesa por uma característica
marcante em espirito da familia.

Vinte anos depois, enquanto preparo essa terceira edição, fica claro que o projecto iniciado
por Malinowisk e Radcliff Brown passou por uma década 1970, o que meu livro tinha o
caracter obituário.

No mundo pós-colonial, surgiu uma antropologia social diferente. Algumas das suas raízes
remontam a desenvolvimento dentro da antropologia social britânicas na década de 1960,
pois como tentei mostrar, essa nunca foi um discurso estabelecido ou completamente
homogéneo, mas não havia muitas correntes frescas. A geração que entrou na disciplina nos
anos de 1960, como estudantes de pesquisa ou como jovens professores, foi influenciada pelo
estruturalismo e pelas ideias marxistas do período.

Mais tarde, ficaram impressionados com o que Quentin Skinner identificou como
renascimento da grande teoria nas ciências sociais. Não se apegaram as modas cambiais da
antropologia cultural americana, que passava por uma transformação do seu passado. Alguns
foram especialmente influenciados por ideias feministas e outros assumiram novas
especialidades, notadamente a antropologia visual e antropologia cognitiva.

Um discurso antropológico social distinto continuou a se desenvolver, mas foi transformando


e não era mais uma empresa especificamente britânica. A antropologia social britânica
clássica a antropologia social rapidamente se estabeleceu na Austrália, Nova Zelândia e
Africa do Sul, e tornou-se uma especialidade reconhecida em alguns departamentos de
antropologia americana, notadamente na Universidade de Chicago. Após a guerra, a
antropologia social começou a se desenvolver nas universidades indianas, mas também em
algumas universidades africanas.
A antropologia social francesa, essencialmente gémea do projecto neo Durkheimiano
britânico influenciou estudiosos na América latina e na Africa ocidental, mas foi
especialmente na europa que o interesse pela antropologia pela antropologia social se
espalhou e novos departamentos foram estabelecidos. Ao se tornar verdadeiramente um
projecto cosmopolita, a antropologia social mudou fundamentalmente.

Descrevi esse processo continuo de transformação em um novo capitulo final. Quanto ao


resto, fiz uma serie de mudanças editoriais e adicionei um apêndice que aponta as principais
publicações recentes sobre a historia da Antropologia britânica.

…………………………………….Adan
Kuper………………………………………………..

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