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O MUSEU NACIONAL E O ENSINO DAS CIÊNCIAS

NATURAIS NO BRASIL NO SÉCULO :xix·

MAO ALI ROMERO SÁ e HELOÍSA MARIA BERTOL DOMINGUES

RESUMO - Este trabalho reristra a relevância dos cursos ptíblicos do Musett Nacional
110 século XIX. para o ensino da s ciências naturais na época. Ao longo de todo o período
imperial, o Museu Nacional desenvolveu, além de práticas científicas. atividades de
apoio ao e11si110 das ciências 11at11rais em diversas i11stit11ições. A sistematização. poré111,
do ensino príblico de especialidades do Museu como a botânica, agricultura. zaologia,
mineralogia, geologia e antropologia, somente teve início em 1876. Os cursos públicos
foram populares 11a época do Império. freqiiememente gerando polêmicas em relação à
posições antagônicas dos palestrantes em temas filosófico-científicos.
ABSTRA CT - The work reco rds lhe relevance of the public lecwres of 11i11etee111lt-
centuT)• Museu Nacio11alfor tlte teachi11g ofnatural history•at tlte ti11 !Jesides its trivial
activities. the Museu provided material and logistic s11pport to i11s111111ions devoted to
teachi11g 11a111ral ltistOly d11ri11g ali ofthe Imperial period. The syste111at1c teachi11g o/ the
M11seu111 :\· most characteristic dfa ciplines, such as botany, agriculture, :.oolog)\ mi11eralogy,
geology w1d anthropolog): 111as on/y initiated i11 1876. The public lecw res were popular
in Bruzif 's /111perial times, and f requently generated pole111ics due ro cmtago11istic 11iews
regarding phylosophicaf and scie11tific subjecrs.

Introdução

Fundado em 18 18 com o objcli vo de ··propagar os conhecime111os e estudos das ciências naturais no


Reino do Brasil" , 1 o Museu Nacional de»empenhou, desde os primórdios de seu funcionamento, papel
prcpontlcrante como gerador e divulgador do conheci mento científico. Enquanto divulgador c ientífico
manteve pcnmmentcmente a sua cxposii;ão e, colaborou com escolas e faculdades do Império, tendo
também partic ipado ativamemc da educação através de cursos populares inaugurados em 1876.
A interação do Museu Nacional com as instituições de ensi no d o Império deu-se pela utilitação de
seus espaços para aulas práticas, principamente do seu lab1Jratório químico criado ainda em 1824, e pela
doação de material mineralógico, botânico e zoológico à escolas. Ainda que a doação deste material que

&te trabalho. parte do "Projeto Memória de> Musc:u N:idonnl". coordenado pelo profcl>S• r Arn:ildo Campo> Santo>
Coelho, 1eve uma pn111c1m versão apresentada no congresso "Rcílexõcs sobre Ane.. e Ciêncm. no Peraodo d:i Mon:irqu1:i
no Brasil (1808-1889). Rio, UFRJ. Fórum de Ciência e Cuhurn, 27-29/Nov11995 O lev:uuamcnto de dado~ contou. cm
parte. i:om o auxilio da bolsista do CNPq, J.Jcaara Medeiros. da pesquisa coordenada pcl profcssorn M:arn1 Amcha
M Dante... "Os Projetos Modcmw1dor~ no Bnisil" Agradecemos ainda a Alfredo TTolmasqum pcl;i leitura e 'ugcstõc:.
Decreto de c:nação do Museu por D Jo:lo VI CAAHC-MN. Pasta OI. Doe. 2. 1818)

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estatutos. conslllwu ·
tinha fina lidade didática, não representasse atividade prevista<· riginalmc nte em seus
s de ensino tias
se o Museu, desde a sua fundação, cm "um cenLro irradiador e de apoio às atividade
ciências naLurais" (Lo pes, 1993: 334).
quem o Museu
Em 1832, re itera va já o Minis tro d os Negócio s do Império (Ministé rio a
nc de um acervo
ia
estava ad minis trati v ame nte subo rdinado) cm seu re latório anual, que a ex istê
com o d e um laborató rio
zoológico , bo tânico, mineraJó gico e d e ute nsüios indígenas no Museu, bem
m ecânica, co locavam a
químico c m func io na m ento e equipado com in slnlment os de íís ica e
(R e lató rio d o M inisté rio
Instituiç ão em cond içõcs de abrigar um " Colégio de Ciê ncias Fís icas"
s, o ministro s ubstituto reite ro u que a
do I mp6rio rc fe re n te a 1832, p. 18). Dois an os depoi
geraria "co11hec imew o do valor real
c riação d e uma " E!;cola de Ciências Fís icas" no Museu
ainda. que a Biblio teca Nac io n al
e superior idade das nossas produçõ es naturais ''. Ass inalou
histó ria natural , Le ndo recomen dado a
deveria ser suprida com um maio r núme ro de obras de
na turalistas v iuj amcs como os de Spix e Manius e Saint
aquisição . por exeniplo , de re latos d e
p . 10- 14).
Hillairc, ambos recé m publicados (R e lató rio Anual de 18 34, Minis tério cio Império.
po líticas e sociais no país que resuJturar n. dentre outra~
À partir de 1870. ·oram introdu1.id as rcfom1as
ensino cm geral, lendo sido criadas novas escolas e modificad o o
medidas, na maior p riorização do
e das faculdade s do Impéiio. Em 1874, a Escola Ccmral passou a ser
currículo escolar de a lgumas delas
denomina da Escola Politécni ca, e o C urso de Ciências Físicas e M atemática da primeira foi subdividi do
passando a formar
nos cursos de ·'Ciênc ias Físicas e M atemática " e "Ciência-; Naturais e Matemáti ca'',
esp ecialidade s (Tclles, 1984: 85). Neste contexto, foram instiluida s as conferênc ias
bacharé is nestas
cuja tcmáuca versava
populares na Corte, in iciativa que incluiu os "Cursos Públicos do Museu Nac ionaJ",
es também inic iaram,
exclusiva mente sobre; as suas especialidades, as ciências natu rais. Outras insLituiçõ
nte ver nos jorna is anúncios de
à época, programa s s imi lares de conferênc ias públicas. se ndo freqüe
tais conferênc ias eram prestigiad as
palestras sobre os ma is diversos lemas cicmffico s. Em su m aioria,
har o desenvolv imento dos estudos
pelo Imperador, que emonstra va sempre grande interesse cm acompan
c ie ntíficos e 1iterá rios na C orte (Coll ichio, 1988:43).
G lória no Rio de
Em 1873, por exemplo, foram instituídas as "Conferências Populares " da Freguesia da
Pública que, à época. era presidida pelo conselhei ro e
Janeiro. pela Sociedétd c Promotora da Instrução
ia. Estas tinham como objetivo a di vulgação ela c iência e da
senador do império, '\ltanoel Francisco Corre
até 1889. quando foram 111terromp idas. tendo s ido retomada .... após~
cultura e realizaram -!•e regularme nte
regime de governo, cm 1891 (Fonseca, 1996: 135). Além das menc ionadas
turbulênc ias da rnudélnça de
de 1876. a Escola Nom1al de Niteró i promoveu o "Curso Popular de Q uímica",
conferênc ias, cm 16 d e nu1io
. Cabe menciona r
que teve preleções regulares durante todo aq uele ano (Jornal <lo Commcrc io. l 6.V.1876)
Medicina Alheneu
a111da as conferênci as promovid as pela Associaç ão de EstuJantc s da Faculdad e de
questão cie ntífica da
Acadêmic o que, iniciadas cm julho de 1876, abordaram cm sua primeira preleção a
s intelectua is. em
"geração espontâne a " (Jornal do Com mcrcio, 07.Vll. 1876). Em meio à estas iniciativa
Públicos' , s ubseqüen temente
1875, o Museu Nacio nal iniciou uma prév ia do que seriam os seus ··cursos
d o Museu. Só no
ministrad os, por mai <> de dez anos, pelos d iretores e vice-diretores das di forcnlcs Seções
fo ram anunciad os
ano de 1876, além d ns conferênc ias do Museu, nada menos do que 6 cursos populares
no Jornal do Cornme rcio do Rio de Janeiro.
de d 1' ulgação
Neste sentido par ece important e rcgistrur a participaç ão do Museu Nacional no procC3so
lo XIX e que. apesar de sua curta du ração,
científica e instrução popular que ocorreu no fi nal do sécu
da história natural no Brasil, como também para a
marcou um significativo momento não só no estudo
própria história do M useu Nacional.

Os Cursos Públitcos do Museu NacionaJ

O " Rcgulamc nl ·· do Museu Nacional, instituído cm 184 2, cm seu artigo 8 , parágrafo


11 5L. estabekc ia

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80
que: "Aos Diretores do Museu incumbe dar um curso anual das ciêncicis relativas às suas seções, iJ v1.wa
dos respectivos p rodmos, segundo as instruções do gov erno " (Regulamento Nº 123 de 3 de fevereiro de
1842).
Apesar dos esforços do entã o diretor, Frei Custódio Alves Serrão1 , ideal i7.ador do novo "Regulamento".
o curso não foi estabelec ido naquela época e, quando o mesmo deixou a direção do M useu em J 847, seu
projeto de ensino não fora realizado. Mesmo nas ges tões subseqüentes, o M useu apenas abriu suai.
portas cm umas pouc~s ocasiões para conferências isoladas ou para que c ursos públkos gratuitos
fossem ministrados em suas d ependências, como os de "Medicina l egal ", dado pelo Dr. Francisco
Ferreira de Abreu (AAHC-MN, Pasta 3, Doe. 158) de " Geometria, Otica e Elerriczdade " dado por Pedro
Alcântara Lisboa em 1850-52. (AAHC-MN , Pasta 4, Doe. 29, 185 1) Em nenhum momento, contudo. o staff
do Museu esteve e nvolvido cc. m tajs cursos públicos.
Em 1875 assumiu a direçãv du Museu Ladislau de Souza Mello Neuo, que já vinha atuando como
Diretor da Seção de Botânica e Agricultura desde 1866, e como diretor interino da instituição desde 1872
(AAHC-MN Pas ta 11 , Doe. 13) . Ladislau Netto vinha há muito tentando sensibilizar a classe políúca para
a re levância da atuação da in::.t1 tuição científica Museu N acio nal, q ue e le corretamente reconhecia como
geradora de conhecime ntos em nível nacional e internacion al.~
Decidido a úrar o Museu da fase obscurantista em que d izia se encontrar, L. Neuo tentou já e m 1874,
reativar o antigo Laboratório Q uímico, que únha sido criado pelo direlOr do Museu, o médico João da
Silveira Caldeira (AAHC-MN, Pasta 1. Doe. 35). Este laboratório, q ue se achava desaúvado há cerca de
doze anos, havia sido de grande utilidade práúca para o Museu, pois, nele eram realizadas análises
mineralógicas e botânicass. Er:l intenção de Ladislau N euo reinic iar as análises químicas que estavam
sendo feitas no Laboratório da Faculdade de Medicina da Corte.
Contudo, ao tentar, j unto ao Ministério da Agricultura, obter ve rba~ para a reativação do Laboraión o,
foram cobradas de Ladislau N.:!tto ns funções de ensino negligenc111Jas pe los anúgos diretores. Como
ofi ciou o Ministro:

"Concebo, observando L1ue as análises devem ser ícitas pe lo rel-pectivo diretor (da ::.eção
mineralógica), cujos tra balhos no Museu não são de ordem tal que lhe não deixem tempo
para este serviço, tanto n 1uito quanto é certo que nenhum dos di retores do Museu satisfazem
a obrigação que lhes im pôs o Regulamento de 1842 de fazere m cursos públicos sobre os
assuntos de suas respect ivas seções" (Arq. Nae. IE7 64, 3 de fevereiro de 1874).

/\ cobrança do Ministrn desencadeou o processo que, por mais de uma década, havia marcado o
cenúrio da educação popular n;t área das ciências naturais na sede do Império.
/\p6s Ladis lau Neuo ter co nseguido, j unto ao Minis tro, a liberação da sala do Museu ocupada por
máquinas da Soc iedade Auxil iad ora da Indústria Nacional, em 6 de j ulho Jc 1875 foi finalmente iniciado o
programa de " Cw·sos Públicos cJo Museu Nacional". E m ofício dirigido ao Ministéà o da Agricultura em 5
de j ulho de 1875 , L. Ne llo comu nicava:

"Te nho a honra de participar a V. Exa. que amanhã 3ª feira às 8 horas da noite. na presença
de Sua M aj estade o lmpc n1dor, cumprir-n11: -á o dever. na q ualidade de Diretor deste Museu.
de dar princípio ao c urso público que nos e imposto pelo regulamento vigente, devendo

2. Frei Custódio Alves Scrrão ( 1799- 1873). Mamnlicnsc. fommd o pela U111vcrs1dndc de Coimbra. ingressou no Museu cm
l 82H pnra exercer o cargo de dire or, onde n1uou :ué 1847. Foi u1111bC111 profcs~o1 du Acndernin Mihlur de 1826· I !147.
(Rhein boldt. 1994:8 1).
:i. Parn mníorcs dernl lics ver Rhcin boldt, op.cil.
4. Lndislnu Netto j:í em 1870, publicou um livro sobre n limórin do Museu com ênfase no acervo d:l ms11tu11;ão Er:I cn1ão
suu inh:nção divu lgar o Museu intcrn ucionnlmcntc. (Nctto, 1870)
5. Documentnção referente às an:ílis1:s q1111111cus fc11ns no Museu cs1:i dcpos11ndn no Arquivo Admm1stra11vo 1hstóm:o·
C1cn1ífico da l n~ti1 uiçiio, Pasaas de: nº 1 n 6

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tratar do ensino da Botânica como Diretor da respectiva Seção ... " (Arq. Nac. lE7 65. 1875).

Assim sendo, entre 6 de j ulho e 7 de outubro daquele ano. foram ministradas no Museu Nacio nal 4
palestras sobre botânica, 4 sobre zoologia, 2 sobre arqueologia e etnografia e 1 sobre mineralogia que,
segundo Ladislau Ncllo, não pode se r terminada por problemas c.le saúde do palestrante, o " ilustrado Sr.
Dr. J. M. da Silva Coutinho" (Arq. Nac. IE7 65, l 5.X.1875).
A repercussão junto ao público e à imprensa foi extremamente favorável, tendo deixado Ladislau
Nello entusiasmado com essa nova função do Museu. Em ofício dirigido ao ministério e le agradece a
"acertada deliberação tomada pe lo Governo Imperial de mandar por em exec11ção este curso
determinado pelo reg11la111e11to vige11te... "(Arq. Nac. IE7 65, l 5.X.1875).
Em fevereiro de 1876 foi inserid o no novo Regulamento d o Museu, no Capítulo referente a c ursoi.
públicos, prazo para o início e ténn ino dos mesm os ( 1º de março e 31 de outubro, respectivamente).
havendo ainda as recomendações de que cada matéria fosse ministrada ao menos uma vez por semana e
q ue o Lema da aula fosse previamen1e anunciado no Diario Oficial (Regulamento nº 6 11 6 de 9.Il. 1876).
Note-se que, durante os anos segui nces, os cursos populares do Museu re presentaram para Ladislau
Nello uma das aiividades prioritárias da instituição.
Em 10 de março de 1876, foi anunciado no Jornal d o Commerc io:

" Os cursos públicos de hist<1ria natural, au1orizados na recente org anização do Museu
Nacional, serão inaugurados noje, às 7 horas da noite, pe lo Sr. Dr. Ladislao Nctto, diretor
geral do Museu Nacional e professor da cadeira de botânica d o mesmo Museu."

"Estes cursos, de que já houve um ensaio ano passado. são dest.n. dos à instrução das
classes estranhas ao estudo eia história natural, das senhoras, dos homens de letras, dos
empregados públicos, do povo, enfim, que poderá utilizar desce modo uma hora desocupada
da noite em proveito da sua instrução.

"Os nomes do pessoal encarregado do ensino do museu dispensam-nos de dizer o que


esperamos de tão importante instituição, em favor do público e da instrução superior do
país".

Os cursos abrangiam as disciplin;:is de Botânica, Agricultura, Geologia, M inera logia Antropologja e


Zoologia. e eram ministrados pelos respectivos diretores das seções que compunham a estrutura
organizacional do Museu. Na época, faz.iam parte dos quadros do Museu os seguintes fu ncionários: na 1•
Seção de Antropologia, Zoologia G1;ral e Aplicada e Paleontologia, os médicos João Joaquim Pizarro
como diretor, e João Batista de Lacerd a Filho como sub-diretor; na 2ª Seção de Botânica Geral e Aplicada
e Paleontologia Vegetal , Ladislau de Souza Mello Netto como diretor, e o médico Nicolau Joaquim Moreira
como sub-diretor; na 3• Seção de Ciências Físicas, Mineralogia, Geologia e Paleontologia Geral, o geólogo
norte-americano Charles Frederick Hartt como diretor; e Carlos Luiz de Saules Junior como sub-diretor.
Todos os diretores e sub-diretores de Seção iniciaram seus respecti vos cursos logo após ao de
Ladislau Netto, Lendo os resumos dos mesmos, à exceção do curso de João Joaquim Pizarro, sido publicados
no Jornal do Commcrcio.
O "Curso de Bo1ãnica", ministrad o por L. Neuo, tTatava inicialmente em seu programa da anatomia,
morfologia dos vegetais e sua fisiologia. Para os anos posteriores tinha Netto a intenção de prosseguir
com "os estudos da botânica siste11Lática sob o ângulo da geog rafia botâmca saliemando a 11awreza
mineralógica do solo, as formas e os hábitos dos vegetais" (AAHC-MN, Pasta 16, Doe. 46).

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A idéia cenLral do Curso de Botânica não se diferenciava da d >"Curso de Agricultura", m1cmdo em
1877 e minisLrado pelo médico Nicolau Joaquím Moreira, sub-d ir •torda Seção de Botânica. O Curso de
Agricultura enfocava as n~laçôcs ela agriculLUra e as ciências naturais básicas e, enfatiza ndo o c:.tudo tia~
plantas industriais e de a1 imentnção. propunha-se a "exa111i11ar a!. partes cons titutivas do vegetal sob o
ponto de vista a11á10111o}isiológicu e as operações 'l" e sobre ela se podem pra1ica r com o fim de
propagar e melhorar os v egewis " (AAHC· MN, Past<i 17, Doe. 29).
O "Curso de \nLropc•logia" ministrado por João Batista de Lacerda, tratava cm seu programa do
"esrudo da anatomia e fisiologia do homem e o esrudo das raças h umanas, principa/111e111e das raças da
América, tocando i11cide1i1alme111e nas questões da herança, mes1tçage111 e aclimatação " (Arq. Nac IE1
65, 13. V. 1877). Complementannente ao curso de Lacerda, o programa do "Curso de Zoologia", ministrado
por João Joaquün Pizarro. contava a discussão da "história dos ammais. o esmdo das classificações. e os
caracteres anarômicos e fis it1i6gicos que eram os indicadores deis diferenças dos quadros ta.xonômrcos ·
(AAHC-MN, Pasta 16, Dcic. 45).
É signi(icativo o fato ele os programas destes cursos salientarem a fisiologja no estudo das c1ênc1as
naturais, importância eslu que foi corroborada com a criação do L 1borat6rio de Fisiologia do Museu cm
1880, sob a direção do professor francês Louis Couty (Ofício de 17 de janeiro de 1880 • AAHC-MN- Pac;ta
19, Doc. I).
O "Curso de Mineralogia" ministrado por Carlos Luiz de Saulcs Junior, a partir de l 876, apresentava
como proposta para o seu segundo ano, um programa de caráter mais prático do que ceónco Tratava
inicalmente do estudo da nomc.nclatura das espécies minerais e, em seu seguímento posterior começava
a estudar cada mineral indívidualmente, indicando a importância induslrial das principais jazidas, com uma
sumária exposição dos pri ncipais métodos de exploração (AAHC-MN. Pasta 16. Doe. 39). Apesar da boa
repercussão pública do Curso de Mineralogia. o mesmo foi interrompido em 1878 devido ao súbito
falecimento de Saules Junior.
O "Curso de Geologi:1'', sob a coordenação do geólogo norte americano Charles F. Hartt cm 1876,
sofreu também uma inten·upção logo após o seu início, devido à exoneração do mesmo do seu cargo no
Museu, em 1877. Somen te em 1879, quando foi contratado o então também geólogo norte-amencano
Orvi lle Derby para ocupar a diretoria da Seção de Geologia e Mi neralogia do Museu, foi que se tentou
normalizar outra vez os cursos de geologia e mineralogia (AAHC-MN, Pasta 18, Doe. 79 . 1879). Mesmo
assim, logo após ter sido contratado, O. Derby, em 1879, teve que ausentar-se do Museu para acompanhar
a Comissão ffidrográfica do Rio São Francisco (AAHC-MN, Pasta IS, Doe. 97, 1879), só iniciando seu
"Curso de Geologia" em t 880.
Preocupação adiciona 1 foi a de tomar as palestras assimiláveis pelo grande público. Para tal, eram
uti lizados pelos palestrantes material didático variado, que incluía espécimes, murais e, em uma das
preleções de Haru, até mesmo um projelor ele imagens foi utilizado, como registrado no Jornal do Commerc10
de 27 de outubro de 1876. Para as demonstrações práticas, contavam os palestrantes com a ass1stênc1a
dos pralicantes e preparadores do Museu Nacional (Arq. Nac. IE7 66. Ol .ill 1879).
Sobre a 1a. confen!ncia proferida pelo geólogo C. Hartt lê-i.e:

"Perante numeroso auditório no qual <;e viam aJgumas senhoras, fez o Sr. Dr. Hartt ... a -.ua
primeira conferência sobre esta ciência (geologia). Narrando a hfatória da terra anlcs de sua
fonnação, mostrou o professor que no principio era a terra uma massa gasosa que se
desprendera do sol ... seguindo as grandes idéias que têm dado à ciência moderna um
caráter eminentemente sério e racional , fez ver que o estado atual do nosso globo não é
senão o resultado ele uma evolução extremamente lenta, gradual e progressiva ... Por meio
de desenhos assaz claros, conquanto toscos e incorretos, como não poderiam deixar de ser
em semelhante ocasião, mostrou o ilustre professor como se lê esse livro geológico... e

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mosLrou ao auditório um belo e spécime de rocha aplanada pela ação lenta da geleira .. :·.
(Jornal do Commercio, l 9.ill. 1876)

Analisando o resumo da confe rência de Hartt, pode-se avaliar o nível de exce lênc ia que se procurou
dar às preleções. A preocupação de trazer à público novas idéias e conceitos c ientíficos foi uma constante
na administração do então d iretor do Museu, que no Regulamento interno da Instituição de 1879 ,
es pecificava no artigo 36° o se.;\uinte:

"Os pro fessores Sl..rno obrigados a tratar da matéria ou matérias compreendidas c m suas
cadeiras no seu mais moderno e elevado desenvolvimento ... "

Cabe registrar que o rigoroso proj e to de Ladislau Netto, de incumbi r cada uma das Seções de urna
palesLra semanal, não pode ser levado adiante em virtude do curto intervalo entre as preleções que não
pennitia tempo hábil para a preparação adequada das mesmas. Em decorrência d isto, em de 25 de abril de
1876, Ladislau NetC> dirigiu um ofício ao Ministério solicitando que as preleções se realizassem a intervalos
maiores

As polêmicas frente às novas t eorias sobre a evolução dos seres vivos

Às conferências polularcs que, como mencionado acima, ti veram início cm pc1íodo de reformas políticas
e sócio-culturais no Brasil , originaram discussões relativas às novas teorias científicas lançadas à época,
principalme nte a teoria da transformação das espécies, proposta pelo naturalisia inglês C harles Darwin
( 1859; 1872) (Collichio, ibid.). Neste contexto, darwinistas como o médico Miranda de Azevedo, o professor
de botânica da Escola de Medicina, Jo aquim Monteirn Caminhoá, o cdil01 da Revista de Horticultu ra,
Frederico de Albuquerque, ou o douto r João Joaquim P izarro, diretor da Seção de Zoologia do M use u
Nac ional. tiveram oportunidade de exp or - e defender - a teoria sobre o e vol ucio nism o bio lógico que
estava então sendo calorosamente disc utido na Europa e nos Estados U nidos.
Em seu curso de Zoo logia, o palcsLra ntc do Museu N acional, J. Pi~arro, como exce lente orador que era,
costumava escandalizar o audilório d uran te as suas preleções sobre a "Teoria da Evolução", enfa Lizando
as scmelhançru; entre o homem e o macaco. Segundo Lacerda ( 1905: 60), o impacto produzido em algumas
das senhoras presentes fazia-as ..desenar do Museu", e com isso comprovar a '·impossibil idade de
reconciliar-se a ciênc ia com a vaidade feminina e com os preconceitos humanos".
Já Ladislau Neuo, um deíensor das 11Jéias uansformis tas de Lamarck (vide Ncuo, 1878), foi d uramente
crü icado durante suas palestras cm ani gos da Revista de Horlicultura , publicados pelo ed itor F rederico
Al buquerque\ que qucsLionava principalme nte as crít icas do d ire tor d o Museu Nacional ao Lrabalho de
Charles Darwi n e Joseph Hooker sobre plantas carnivoras7 • De fato , numa de suas preleções, Neu o teria
a rinnaclo contundentemente sobre os dois célebres naturalistas ingleses:

" ... que os sáhios mais respe itávds têm todos o seu ponto vulnerável, quando só Lrabalham
para apoio ele uma idéia fixa, de Jm sistema que defendem. Tudo lhes serve de argumento,
que a ignorância e o charlatanis1110 exageram se mpre ..." (A lbuquerque. 1876: 63 ).

Ao escrever sua c rônica para a Rc' ista de Hortic ultura, Albuquerque saiu em defesa dos ingle cs.
questionando até mesmo os conhcc1mc ntos botânicos de L. Nello e dirigindo- he as seguintes críticas·

6. Fn:c.km.:o Albuquerque. natural th Rio Grau le do Sul. trabalhou .:orno ndj unto cln Sc<;ão de Bot5nicn do Museu Nnc1on:ll
cm 1875 l-'01 ro:d:uor da Rc\lsta de llomcuhurn durnm e os anos de t 876-1 879 Paro m:u orcs detalhe~ ver L:iccrd:i
<1905). e Blakc (ICJ70J
7 Segundo l\lhuqucrquc ( 1b76; 6·h. Ncuo não cnu.:ou o bolfuu co mglcs Joseph llookcr por .:u rcconhccu.lo conhc:c1mcmo
hotámco. m;i- :ipcnai. pm seu 1ral\alh1 •uhr pl:inl:h c:imí\'ora~ :ipn;,,cntaJ u nu Bril1\h A• ~ciauon of Bdfrua cm 187-1

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84
" ...S .S. já vai sem dúvida desconfiando que contra sua opinião e sentença. acreditamos que
há p lantas que comem animais ... e S.S. é assaz modesto para não se j ulgar ofendido por
neste assunto darmos preferência à opi nião do Dr. Hooker e de Darwin, o que fazemos pela
razão mais simples pc>ssível, a de serem dois cont ra um . além de que, se é verdade o que
dizem as gazetas. qua lquer deles parece ser, nesta matéria. mais especialista que S.S. "
(Albuquerque. 1876: 84).

As restrições que Albuquerque fazia à Ladislau foram novamente levadas à público cm 1878, quando
o primeiro volLou a criticar duramente a cadeira de botânica do curso do Museu:

" Da outra cadeira, a de B otânica, também assistimos a uma lição ... sentimos não poder
dizer a respeito desse cu1 :.0 o mesmo que do de Agricultura; se este pode e deve prestar
serviço ao país, aquele só promete serviços aos seus assistentes; a prime ira condição do
pro fessorado é, sem d úvida alguma, que o pro fessor conheça a matéria que vai lecionar, e
sem procurar atuar na opinião de que goza entre nós o Sr. Ladislau Netto, força é reconhecer
que ele não é mais competente para ocupar o lugar onde, por ordem natural d as nossas
coisas, foi colocado por graça... do nosso governo... a nossa terra é o país do absw·do. e o
S r. Netto é a mais prova dessa verdade..." (Albuquerque, 1878: 82).

Paralelamente ao c urso de Nctto, cm 1876 era oferecido o c urso popular de botânica nos salões das
Escolas da Glória, pelo profossor Joaquim Monteiro Caminhoá. Para promover este curso, o Jornal do
Commercio de 9 de agosto de 1876 anunciava:

"Te m lugar amanhã às 6 1/2 da tarde 11os salões do edifício das Escolas da Freguezia da
Glória, o primeiro ele u m instrulivo curso popular e prático de botânica, do qual e ncan egou-
se o iluslrado professor de botânica da Faculdade de Medicina, o Sr. Dr. Joaquim Monteiro
Caminhoa. Haverá u01a preleção por semana sempre que se anunciar. O fim deste curso é
estudar as aplicações da botânica e seus usos econômicos. medic inais e agrícolas. Toma-
sc portanto um complemento do curso geral do Museu" .

Confro ntando, no entanco, os resumos da'i preleções de Caminhoá, publicados no Jornal du Cornmercio
de agosto a outubro de 1876. com os do curso de Ladislau Nello, verifica-se que ambos igualavcun-sc
nilidarncn lc cm conteúdo, sugerindo assim que as preleções de Cam111hoá objelivavam, em realidade,
questionar as r osições cie n1 fficas de L. Neuo. Este úllimo, cm 1876, abordou em seu curso Lemas
relacionados à anata m ia e morfologia vege1al (Arq. Nac. IE7 65, J 3.V.1 877), assuntos igualmente discuudos
por Carninhoá em suas pre leções nas Escolas <la G lória naq ue le mesmo ano.
As po lêm icas geradas à época dos cursos - eventos que, como registrou Lacerda ( 1905 ), eram
prestigiados por ··uma sociedade disrinra e escolhida. sendo ra ro q11e ali faltasse com a sua presença e
animação o l111perado1; profa•ssores. depwados, senadores, altos fimcionário.1·plÍblicos, damas da a/Ili
sociedade, [que} lá iam nos dias marcados ouvir sobre os diferemev ramos das ciências naturais" -.
foram gradati vamcntc pcrden do o impacto em • iriude da descontinuidade das preleções proferidru. pelos
funcionários do Museu Naci onal. Para atender suas obrigações como naturalistas do Museu Nacional
(como atividades de pcsquisr1e a organização das coleções). os paleMrantes gradualmente deixaram de
priorizar os c ursos públicos, o que oconeu apesar da boa receptividad!! que tiveram os mesmos por parte
do público e tia imprensa, e do esforço do diretor do Museu que. inclusive, havia providenciado a
melhoria das acomodações para a audiência. Em 1882, as preleções furam suspensas por um ano devido
aos prepanui vos para u inaugl1ração, cm j ulho daquele ano, da Exposição Antropológica Brasileira que se
realizaria no Museu. A regularidade dos cursos se tornou cada vez mais problemática. comprometendo-se

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ainda mais no ano seguinte ( 1883), q uando foram exonerados de suas funções no Muse u os professore::.
João Joaquim Pizarro, da Cadeira de Zoologia, e Nico lau Joaquim Moreira, da Cadeira de Agricultura.

Considera ções finais

Devido às di liculdades par 1 promcwcr as preleções regularmente, Ladislau e tto propôs a substituição
dos "cursos regulares" por •·conferên..:ias extraordim1ri ns'', em que ··cada professor se limitasse a expor
trabalhos próprios 0 11 a aprese111ar sinopses gerais dos mais elevt1dos assuntos de ciência tra11sce11de11te
aruai" (Neuo, 1886 apud Lopes, 1993 ).
Desta forma, L. Neuo conseguiu que. no novo Regu lamento do Museu Nacional de 25 de abril de 1888,
fossem extintos os cursos públicos e apenas promovida<> conferênc ias extraordinári as. Somente na
República, em 1911 , por iniciativa dú então diretor. João Batista de Lacerda o~ cursos públicos foram
novamente inseridos no estatuto do Museu (Decreto n. 9.2 11 de 15 de Dezembro de 19 1 J).
i\ forte reperc ussão dos cursos ..,úhlicos de c iê ncias naturais ministrados pelos diretores e sub-
<l1rcturcs no Museu Nacional. bem co-no as polêmicas que suscitaram junto a<)s seus pares, como se pode
observar nos pen6dicos da época, demonstra o forte apelo que alcançavam os temas científicos. Seria
mesmo o tempo do cientilicismo no Brasil? Segundo a conc lusão do d iretor do Museu no início deste
século, João Batbta de Lacada, os curso públicos inscreviam-s e nos objeri vos institucionais e, o Museu
Nacional vinha desempenhan do plenamente o seu papel c ie ntífico e cultur.11. e nquanto promotor das
ciências naturais a nível popular. No seu livro sobre a história do Museu Nacional publicado em 1905.
Lacerda. referindo-se aos museu de história natural e antropologia, sublinhava: ,
·•Os museus não são unicamente destinados a ex ibir coleções, mais ou menos bem coordenadas e
classilicadas. Eles visam também inst ruir o público com o auxJlio dessas c1 leções, e a maneira de tornar
efetiva essa instrução, baseada no conheciment o prático dos objetos. é da-la mediante conferência~

públicas... "

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Documentos Manuscritos Consultados

Arquivo Administrati vo Hist6rico-Cienúfico do M useu Nacional - (AAHC- MN)


PastaJ , Doc.2, 1818;
Pasta J, D oe. 35. 1824;
Pasta 3, D oe. 158, 1850;
Pasta 4, Doe. 29, 1951;
Pasta 11 , Doe. 13, 1972;
Pasta 16, Does. 45 e46, 1877 :
Pasta 17, D oe. 35, 1878;
Pasta 18, Does., 79 e 97, 1879
Pasta 19, Doe. O1, 1880
Arqu ivo Nacional (Arq. Nac .)
IE7 64, 1874; .
IE765, 1875;
1E7 66, 1879;
1E7 66, 1880.

Artigo recebido cm outubro de 1996

MAGALlROMERO SÁ é Dou tom em Filosofiu da Ciência pela Uni\ ersily of Durham, Inglaterra
Endereço: Museu da Vida/COC/FIOCRUZ. Av. Brasil. 4635. 2 1040-360- Rio de Janeiro, B rasil
Tel: (5521 ) 5984343 R. 2201:!21
HELOISA MARTA BERTOL DOMINGUES é Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo.
USP/SP
E ndereço: Museu de Astronomia e Ciências Alins/MAST/CNPq. Rua General Bruce, 586 - 2092 1-030
Rio de Janeiro, Brasil
Te!: (55 21)5807010 R. 216
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