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TÓPICOS INTEGRADORES II

ENGENHARIA CIVIL

UNIDADE III
Sumário
Para início de conversa....................................................................................... 3
ESTATICIDADE E ESTABILIDADE ............................................................................... 7
FORÇAS INTERNAS ...................................................................................................... 8
CARREGAMENTO DISTRIBUÍDO ................................................................................ 13
VIGAS BIAPOIADAS SIMPLES ................................................................................... 15
VIGA ENGASTADA ........................................................................................................ 19

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Tópicos Integradores II
Unidade III

Para início de conversa

Olá, prezado(a) aluno(a), chegamos ao nosso terceiro encontro da disciplina de


Tópicos Integradores II, espero que esteja gostando desta troca de informações
tão valiosa para seus estudos.

Preparado(a) para mais uma etapa?

Então vamos juntos, caso precise de ajuda, o seu tutor aguarda sua sinalização
para orientar você no que for preciso.

Fique atento!

A translação produzida por uma força F pode possuir três componentes dispostas nos eixos x, y e z. Da
mesma forma, ocorre com um momento M. Essas seis possibilidades de deslocamento produzem seis
condições de equilíbrio para uma estrutura espacial.

Assim, dizemos que uma estrutura no espaço possui 6 graus de liberdade, composta por três translações
e três rotações. Um grau de liberdade representa uma possibilidade de deslocamento.

Porém, é necessário restringir cada um desses seis gruas de liberdade, para que se possa garantir que
uma estrutura esteja realmente em equilíbrio, evitando-se qualquer tendência de movimento.

Os elementos que poderão oferecer essa restrição ao deslocamento são chamados de apoios. O
aparecimento de reações nesses apoios oferecerá a resistência necessária aos movimentos que Força e
Momento poderão provocar na estrutura.

Assim, o conjunto das forças e cargas aplicadas à estrutura e as reações nos apoios formam um sistema
de equações, cuja resolução será o objetivo das nossas próximas atividades.

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Orientações da Disciplina

Pois bem, agora você já é capaz de reconhecer que uma estrutura no espaço está submetida a esforços
provocados por forças e momentos, que tendem a imprimir à estrutura uma iminência de movimento. Na
Resistência dos Materiais, nosso objetivo será estringir qualquer movimento na estrutura.

Para isso, utilizaremos as condições de equilíbrios representadas pelas equações fundamentais da


Estática. Tais restrições são oferecidas pelos apoios que utilizamos na estrutura.

Mas que tipo de apoio podemos utilizar?

É o que vamos ver a seguir.

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Meu(inha) querido(a) estudante, como já dissemos, os apoios têm a função de restringir os graus de
liberdade das estruturas, oferecendo para isso reações nas direções dos movimentos que serão impedidos.

Sua classificação é função da quantidade de graus de liberdade que ele consegue restringir, que podem
ser de 6 tipos diferentes, pois podem impedir de 1 a 6 movimentos.

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No caso de estruturas planas carregadas no plano xy, muito frequente na análise de estruturas, só haverá 3
graus de liberdade a combater. Neste caso específico, as equações fundamentais no plano são resumidas
a três:
ΣFX = 0
ΣFY = 0
ΣMo = 0

Em estruturas planas com cargas aplicadas no plano xy, as componentes FZ serão nulas. Com isso, os
momentos MX e MY também serão nulos, pois eles dependem da existência de uma força aplicada no
eixo z. Por esta razão, as equações de equilíbrio utilizadas serão apenas as três indicadas acima.

Então, na análise Estrutural, poderão ser utilizadas três tipos de apoio:

a) Apoio de 1º gênero

O apoio do 1º gênero tem a capacidade de oferecer restrição apenas ao deslocamento na direção do eixo
y, permitindo livre rotação em torno dele e deslocamento livre na direção do eixo x.

Pense como se fosse um apoio em rodízio. Haveria restrição ao deslocamento vertical, mas qualquer
esforço lateral produziria um movimento na direção do eixo x, já que o rodízio não oferece tal restrição.

Na direção do movimento impedido, no eixo y, aparecerá uma reação V no apoio.

Os apoios de primeiro gênero são representados conforme o símbolo abaixo:

b) Apoio de 2º gênero

O apoio de 2º gênero é capaz de restringir as duas translações possíveis que podem ocorrer no plano xy.
Na direção das translações impedidas, aparecerão então as reações H e V.

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A representação do apoio do 2º gênero está apresentada na figura abaixo:

c) Apoio de 3º gênero

No apoio de 3º gênero todos os movimentos possíveis serão impedidos: as duas translações e a rotação.
Dizemos, neste caso, que o apoio engasta a estrutura e, por esta razão, o apoio pode ser chamado de
engaste.

Estruturas engastadas são aquelas que geralmente possuem apenas um apoio e ele será responsável por
impedir os três movimentos em uma estrutura plana. O apoio de 3º gênero possui então três reações de
apoio H, V e M, indicadas na figura abaixo:

ESTATICIDADE E ESTABILIDADE

Como vimos anteriormente, os apoios são responsáveis por restringir os graus de liberdade de uma
estrutura. Sendo assim, você pode se deparar com três casos distintos:

a) Os apoios de uma estrutura oferecem três reações de apoio necessárias para impedir todos os
movimentos possíveis. Neste caso, o número de incógnitas, ou seja, o de reações de apoio é igual ao
número de equações, as chamadas condições de equilíbrio. Dizemos então que a estrutura é isostática,
com equilíbrio estável. Essa é a condição ideal com que trabalharemos nossos exercícios mais adiante.

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b) Os apoios de uma estrutura oferecem duas reações de apoio, que, sabemos, não são suficientes
para impedir os três movimentos possíveis. Assim, teremos as três equações para resolver apenas duas
incógnitas. Como o número de reações é inferior ao de equações de equilíbrio, dizemos que a estrutura
é hipostática. Significa afirmar que a ocorrência do terceiro movimento não será impedida por nenhum
dos apoios, o que levaria a estrutura ao movimento. As estruturas hipostáticas não são aceitáveis nas
construções por sua instabilidade.

c) Quando os apoios oferecem quatro reações, isto é, em número superior à quantidade necessária
para impedir todos os movimentos possíveis, estaremos com um caso de viga hiperestática. As equações
da estática não serão suficientes para resolver o sistema e encontrar as quatro reações, sendo necessá-
rias outras equações relacionadas com as deformações dos materiais que compõem a estrutura. Neste
caso, ocorre uma situação de equilíbrio estável além do necessário.

FORÇAS INTERNAS

Quando um sistema de forças atua sobre um corpo, você já sabe que esse corpo sofrerá uma tendência de
movimento. Para reprimir esse movimento, são utilizados os apoios da estrutura que oferecerão, através
de suas reações, uma resistência ao movimento, garantindo assim a condição de estabilidade do corpo.

No entanto, meu(inha) caro(a), tais forças provocam diversos efeitos internos e estáticos nos corpos,
que agora chamaremos de esforços solicitantes. Note que o mesmo conjunto de forças podem provocar
efeitos diferentes, que poderão provocar nos corpos deformações diferentes.

O seu objetivo como responsável por garantir a estabilidade das coisas, corpos e estruturas, é projetar
peças que resistam a essas deformações diversas.

Imagine então um corpo qualquer em equilíbrio submetido a um sistema de forças:

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Ao seccionarmos o corpo com um plano P que o intercepta na seção S, verificaremos que o sistema de
forças poderá produzir duas resultantes: uma para força com a resultante R e outra para momento com a
resultante M, conforme a figura abaixo:

Considere então as duas partes E e D. A resultante R é a força que equilibra todas as cargas atuantes no
lado direito (D) e vice-versa. Ou seja, são as resultantes que se anulam quando somadas, pois, têm mesma
intensidade e direção, porém com sentidos diferentes. A mesma observação deve ser feita em relação às
resultantes M dos lados esquerdo e direito do corpo.

Lembre-se que as resultantes R e M que aparecem em ambas as partes do corpo são resultantes dos
esforços internos provocados pelo sistema de forças atuantes no corpo, representadas nas duas figuras
anteriores.

Meu(inha) caro(a), se fizermos uma análise mais detalhada dos efeitos que R e M provocam na seção S do
corpo em estudo, você identificará quatro efeitos diferentes. Vejamos a figura abaixo, com a decomposição
dos vetores R e M no eixo perpendicular à seção e no próprio plano da seção:

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Note que a decomposição desses vetores nos eixos produz componentes de força e de momento.
Assim, a decomposição do vetor R, que, lembre-se, é a resultante das forças, produz as novas forças N
(perpendicular à seção S) e Q (tangencial à seção S). Na representação à direita, na figura acima, observe
que a resultante dos momentos se decompõe nos momentos T (perpendicular à seção S) e M (tangencial
à seção S).

Essas novas quatro componentes, duas de força e duas de momento, provocam efeitos diferentes no
corpo. São efeitos internos, que tendem a deformar a peça e podem ser assim resumidos:

a) A componente N representa o chamado esforço normal. Ele atua perpendicularmente ao plano


da seção transversal e seu efeito é o de tracionar as seções transversais uma em relação à outra ou de
comprimi-las. O esforço normal em uma seção transversal é a soma algébrica de todas as forças que
atuam na direção normal à seção transversal, ou seja, perpendicular. Será positivo quando provocar um
afastamento entre duas seções infinitamente próximas, ou seja, quando estiver “saindo” da seção trans-
versal. Neste caso, chamamos esse efeito de tração. Do contrário, se a força estiver “entrando” na seção
transversal, o efeito será de compressão.

b) A componente Q representa o esforço cortante. A atuação desse esforço ocorre no próprio plano
da seção transversal e seu efeito é de deslizar uma seção transversal em relação à outra infinitamente
próxima, com a tendência de provocar um cisalhamento ou corte. Daí o nome de esforço cortante. A
orientação do sentido do esforço cortante está relacionada com o lado da seção transversal que se está
analisando: pelo lado esquerdo da seção, o esforço cortante será positivo quando tiver o sentido positivo
do eixo y, ou seja, para cima. Do contrário, o esforço cortante será negativo. O estudo de esforços cortan-
tes é muito importante para se estimar a tendência de corte em uma estrutura. O seu valor varia ao longo
do comprimento da estrutura e é função do somatório de todas as cargas que estão à esquerda da seção
considerada.

Com o desenho do diagrama de esforço cortante, que será assunto da nossa próxima unidade, você
será capaz de identificar o valor do esforço cortante em cada ponto da estrutura, apenas observando um
diagrama.

c) A tendência do momento provocado pela componente T é de promover uma rotação relativa entre
duas seções infinitamente próximas em torno de um eixo perpendicular. O momento é denominado de
momento torsor, pois seu efeito provoca uma torção na peça. Dizemos que o momento torsor é positivo
quando ele traciona a peça no sentido anti-horário, sendo negativo em caso contrário. A torção é bastante
estudada em problemas em que peças estruturais são submetidas a esforços mecânicos, produzidos por
fontes externas e que exigem das estruturas uma resistência à deformação.

d) Por fim, a última componente M é chamada de momento fletor. A tendência desse momento é
de provocar uma rotação em torno do eixo situado no próprio plano da seção transversal. O momento M
provoca uma tendência de alongamento em uma parte a seção transversal e um encurtamento na outra
parte, quando a peça então estará sofrendo um efeito de flexão. Por essa razão, M é chamado de momen-
to fletor.

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Com o desenho do diagrama do momento fletor, que será assunto da nossa próxima unidade, você será
capaz de identificar o valor do momento fletor em cada ponto da estrutura, apenas observando o diagrama.
Também será possível a determinação do momento fletor máximo.

Fique atento!

É necessário conhecer que região da estrutura está sendo tracionada e qual está sendo comprimida.
Quando o momento fletor traciona as fibras inferiores da seção, ou seja, a parte inferior, dizemos que o
momento fletor é positivo. Do contrário, o momento fletor será negativo, comprimindo as fibras inferiores
e tracionando as superiores.

Essa observação é muito importante quando estão sendo projetadas as vigas de concreto armado, pois
é com a identificação do sentido do momento, positivo ou negativo, que são calculadas as barras de aço
que precisarão ser inseridas, na parte inferior ou superior da viga.

Guarde os esforços internos causados por força N e Q:

N – Esforço Normal, atua perpendicular à seção transversal e é positivo quando traciona a seção
transversal (como se fosse uma força saindo da seção). Em caso contrário, é negativo.

Q – Esforço Cortante, atua no plano da seção transversal e é positivo quando aponta para o eixo positivo
de y, quando se analisa o lado esquerdo da seção. Em caso contrário, é negativo.

Guarde os esforços internos causados por momento T e M:

T – Momento torsor, atua em torno de um eixo perpendicular à seção, sendo positivo quando tende a
torcer as fibras no sentido horário. Em caso contrário, é negativo.

M – Momento fletor, atua no plano da seção transversal, sendo positivo quando traciona as fibras
inferiores da seção. Em caso contrário, é negativo.

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Exemplo

Exemplo 1: A lança DF do guindaste giratório tem peso desprezível. Se o guincho e a carga pesam 3000 N,
determine as cargas internas resultantes nas seções transversais que passam nos pontos A e B.

Solução

Como estamos analisando um sistema de força coplanares, os esforços solicitantes se estriguem a força
normal, a força de cisalhamento e o momento fletor.

Para você calcular os esforços é preciso utilizar o método das seções, ou seja, passa uma linha imaginário
dividindo a estrutura em duas partes. Você pode escolher o lado direito ou o lado esquerdo para determinar
os esforços solicitantes.

Nesse exemplo iremos escolher o lado direito, pois se escolhêssemos o esquerdo teríamos que calcularmos
as forças de reação antes de determinarmos das forças internas.

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Aplicando as equações de equilíbrio na estrutura seccinada, obtemos:

ΣFx = 0
N=0

ΣFy = 0
V – 3000 = 0
V = 3000 N

ΣM = 0
(Quando calculamos o momento fletor devemos usar sempre como referência para o cálculo do momento
a seção)

M -3000*0,9 = 0
M = 2700 Nm

Como não existe nenhuma outra força sobre a barra DF, os esforços solicitantes no ponto B tem o mesmo
lavor dos esforços no ponto A.

Convido você a determinar os esforços solicitantes alisando a seção do lado direito. Lembre que o valor
encontrado deve ser igual ao calculado acima.

Se precisar, fale com o seu tutor, ele vai te ajudar no que for preciso.

CARREGAMENTO DISTRIBUÍDO

Meu(inha) caro(a) aluno(a), antes de iniciar o estudo sobre vigas, é importante que você revise o conceito
de força e as formas como ela se apresenta: concentrada ou distribuída.

Dizemos que uma força é concentrada quando sua área de atuação pode ser resumida em um ponto. Assim,
imagine uma pessoa de 80 kg que transfere para a superfície onde ela está apoiada um determinado peso
igual a 784 N (lembre-se de que peso é igual ao produto da massa em kg pela aceleração da gravidade
em m/s2).
Assim, é possível imaginar que essa pessoa transfere para a superfície um peso P = 784 N através do
contato dos seus pés com a superfície, uma área relativamente pequena que pode ser entendida como
um ponto.

Já se sobre essa superfície estiver apoiado um container com 4m de comprimento e peso total igual a 10
kN, não é razoável dizer que o peso está sendo aplicado em um ponto específico resumidamente. Nesse
caso, diz-se que a carga é distribuída ao longo do comprimento: o peso será então 10 kN dividido por 4m
de comprimento, ou simplesmente, 2,5 kN/m. A carga distribuída é uma taxa de carga aplicada ao longo
de um comprimento.

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No cálculo das reações de apoio, um procedimento específico deverá ser adotado quando houver cargas
distribuídas ao longo de um comprimento: elas deverão ser substituídas por uma carga concentrada
equivalente aplicada em um ponto específico que deve coincidir com o centro geométrico da área da
figura que representa a carga distribuída. Vejamos, então, alguns exemplos de carregamento distribuído.

1º Uma carga uniformemente distribuída de valor igual a q = 2 N/m. Suponha que o comprimento da viga
sobre a qual atua essa carga distribuída é igual a 6 m.

No exemplo acima, observe que a carga de 2 N/m distribuída ao longo de 6m foi substituída por uma
carga concentrada de 12 N (obtida pelo produto do valor da carga distribuída pelo comprimento onde ela
se aplica) e colocada exatamente no centro geométrico da área que representa a carga distribuída, ou
seja, na metade do retângulo.

No caso de uma carga não uniformemente distribuída, ela varia ao longo do comprimento onde se aplica.
A figura geométrica que representa essa carga não será mais um retângulo e pode assumir, por exemplo,
uma forma triangular. Veja abaixo:

Observe, nesse segundo exemplo, que a carga distribuída não é uniforme ao longo da viga. Ela começa
com 2 N/m e varia até 0 (zero) no fim do comprimento da viga. Essa carga distribuída é convertida então
em uma carga concentrada de valor igual à área da carga distribuída, que será a área do triângulo de
altura igual a 2 N/m, que corresponde à carga distribuída variável, e base igual a 6 m, que corresponde
ao comprimento da viga em que ela se aplica. Assim, é encontrado o valor de P = 6 N (correspondente
ao cálculo, que é a área do triângulo). Note que o ponto de aplicação dessa carga deve ser o centro
geométrico da figura, ou seja, a um terço do comprimento da viga tomando como referência ângulo reto
do triângulo, que representa 2m do total de 6m do comprimento da viga.

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Você também deve considerar que as cargas podem se apresentar de forma concentrada, porém aplicadas
em ângulo sobre a superfície. É o caso de cargas inclinadas, como no caso abaixo:

Observe que agora que a carga P é aplicada sobre a viga formando um ângulo ϴ. Isso significa que
sua ação sobre a viga pode produzir um deslocamento segundo a orientação do eixo x e também do
eixo y. Assim, você precisará conhecer o valor dessas duas componentes, que nada mais são do que as
decomposições da força P nos eixos x e y. Perceba que a componente Py, oposta ao ângulo ϴ, é igual
ao produto de P pelo seno de ϴ, já que o seno de um ângulo é igual ao cateto oposto ao ângulo sobre a
hipotenusa do triângulo formado. E a componente x da força será igual ao produto de P pelo cosseno do
ângulo ϴ. Teremos, por fim, as componentes P·senϴ e P·cosϴ.

Meu(inha) caro(a), agora que você já sabe o que fazer quando se deparar com cargas inclinadas e
distribuídas, fazemos as devidas conversões em cargas concentradas equivalentes, agora comecemos a
estudas as vigas biapoiadas.
Vamos lá?

VIGAS BIAPOIADAS SIMPLES

Prezado(a) estudante, uma viga biapoiada simples é uma estrutura submetida a um sistema de forças,
sustentada por dois apoios: a viga começa no primeiro apoio e termina no segundo. A figura abaixo ilustra
um exemplo de viga biapoiada simples:

Observe que a viga se projeta sobre dois apoios, um do primeiro gênero (B) e um do segundo gênero (A).

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Esses apoios oferecerão ao todo, três reações de apoio: uma horizontal e uma vertical no A e uma vertical
no B. Como temos três equações para calcular essas três incógnitas, que são as desconhecidas reações
de apoio (HA, RA e RB), dizemos que essa estrutura é uma viga isostática.

A condição de estar sustentada por dois apoios lhe confere a classificação biapoiada e ela é simples
porque começa num apoio e termina no outro.

Fica a Dica

Aluno(a), em qualquer viga submetida a forças, será sempre necessário conhecer as reações nos apoios
e, com todas as forças nela atuantes sendo conhecidas, é possível identificar os efeitos que os esforços
solicitantes provocam nas suas superfícies internas.

Como você já sabe, esses esforços variam conforme a localização no comprimento da viga. Se diversas
forças estão atuando, será necessário verificar em que ponto ocorre o maior esforço cortante e também o
maior momento fletor, pois esses valores interferem diretamente no dimensionamento da peça. Ou seja,
para se projetar as dimensões de uma viga, é necessário conhecer o valor dos esforços que ela deverá
suportar e comparar com a resistência do material com que a viga será feita.

Praticando

Por enquanto, nosso objetivo será calcular as reações de apoio em uma viga biapoiada simples, submetida
a um carregamento específico. Prezado(a) estudante, vamos praticar agora e conto com sua atenção nos
exercícios a seguir:

Exercício 1. Determine as reações de apoio na viga biapoiada solicitada pela ação da carga distribuída
de intensidade igual a q = 2 kN/m, conforme ilustrado na figura abaixo. Considere que a viga tem 8 m de
comprimento.

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Resolução:

Essa é uma questão de uma viga de 8 m de comprimento submetida a uma carga distribuída ao longo do
seu comprimento no valor de 2 kN/m. Isto quer dizer que a carga tem um valor igual a 2 kN em cada metro
de comprimento da viga e que os dois apoios precisam reagir a essa ação da força em igual valor, mesma
direção e sentido contrário.

A primeira coisa que você deve identificar é o tipo de carga que aparece. Uma carga distribuída, como é
o caso, precisa ser convertida numa carga equivalente concentrada.

Ela será equivalente apenas quando transferir para os apoios a mesma intensidade de força que a
carga distribuída oferece: Assim, a carga distribuída de 2 kN/m ao longo de 8 m equivale a uma carga P
concentrada com valor igual a:

Guarde essa ideia!

É extremamente importante, meu(inha) caro(a), que você preste atenção nas unidades das grandezas
que aparecem nos exercícios. Observe que a unidade de distância da carga distribuída (metro) é a
mesma unidade de distância do comprimento da viga (metro), o que lhe permite efetuar a multiplicação
diretamente. Caso isso fosse diferente, você deveria fazer inicialmente a conversão de unidades.

Utilizando então as condições de equilíbrio para calcular as reações de apoio:

ΣFx = 0 à HA = 0, pois não há força externa atuante no eixo x da viga.

ΣFx = 0 à VA + VB – 16 = 0 à VA + VB = 16 (1)

Por fim, a terceira condição de equilíbrio fornecerá o valor de uma das reações:

ΣMA = 0 à 16 x 4 – VB x 8 = 0 à VB = 8 kN. (2)

Usando (2) em (1), temos que VA = 8kN.

Façamos agora mais uma aplicação de vigas biapoiadas simples, dessa vez, submetidas a cargas
inclinadas e distribuídas:

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Exercícios 2. Determine as reações de apoio na viga biapoiada solicitada pela ação da carga distribuída
de intensidade igual a q = 8 N/m ao longo de 2 m de comprimento e uma carga concentrada e inclinada
de 40N, conforme ilustrado na figura abaixo. Considere que a viga tem 8m de comprimento.

Resolução:

A viga biapoiada de 8 m de comprimento está submetida a duas cargas: uma distribuída de valor igual
a 8 N/m ao longo de 2m e outra concentrada inclinada no valor de 40N aplicada a 5 m do apoio mais à
esquerda.

Há pouco, você foi apresentado aos procedimentos para converter cargas inclinadas e distribuídas em
suas equivalentes concentradas ortogonais:

1. A carga distribuída deve ser substituída por uma carga concentrada de valor igual a 16N, aplicada a 1m
do apoio mais à esquerda. O valor da força é encontrado pelo produto da carga distribuída (8 N/m) pelo
comprimento (2 m) e o ponto de aplicação é exatamente a metade do comprimento.

2. Já a carga inclinada deve ser substituída por suas componentes vertical e horizontal. A componente
vertical, oposta ao ângulo de 60º, é igual ao módulo do vetor multiplicado pelo seno de 60°, o que resulta
no valor igual a 60 N. A componente horizontal será igual a 34,64 N.

A viga então terá a seguinte configuração, após as substituições:

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Utilizando então as condições de equilíbrio para calcular as reações de apoio:

ΣFx = 0 à HA – 34,46 = 0, logo HA = 36,64 N

ΣFy = 0 à VA + VB – 16 – 60 = 0 à VA + VB = 76 (1)

Por fim, a terceira condição de equilíbrio fornecerá o valor de uma das reações:

ΣMA = 0 à 16 x 1 + 60 x 5 – VB x 8 = 0 à VB = 39,5 N (2)

O ponto A foi escolhido, pois é ponto que possui o maior número de força atuando nele ou que a linha de
ação da força passa por ele. Assim as forças VA, HA e a componente da força inclinada de intensidade de
36,64 N não produzem momento com relação ao ponto A.

Usando (2) em (1), temos que VA = 36,5 N

VIGA ENGASTADA

As vigas engastadas e livres refletem o tipo de apoio de que se utilizam. Diz-se que uma viga está engastada
quando o seu apoio é do terceiro gênero, isto é, oferece três restrições de movimento através de três
reações de apoio. Uma extremidade da viga estará engastada e a outra, livre, sem apoio. Considere,
assim, o exemplo da viga engastada e livre abaixo:

Exercício 3. Calcule as reações no apoio da viga engastada ilustrada na figura 2.5.

Resolução:

A viga só está apoiada no engaste, localizado na sua extremidade esquerda, enquanto a extremidade
direita não possui qualquer apoio, ou seja, está livre. Como existe uma carga distribuída, ela deverá ser
substituída por sua equivalente concentrada e projetada no centro geométrico da figura que representa a
carga distribuída.

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Essa força concentrada será então igual a 12 t, resultado do produto da carga distribuída igual a 3t/m pelo
comprimento da viga igual a 4 m. O ponto de aplicação dessa força deverá ser o centro da viga (centro
geométrico do retângulo que representa a carga distribuída), ponto que coincide com o ponto de aplicação
da carga concentrada existente de 4 t.

Utilizando então as condições de equilíbrio para calcular as reações de apoio:

ΣFx = 0 à HA = 0

ΣFy = 0 à V – 12 – 4 = 0 à V = 16 t (1)

Por fim, a terceira condição de equilíbrio fornecerá o valor do momento de reação oferecido pelo
engaste:

ΣM = 0 à M – 4 x 2 – 12 x 2 = 0 à M = 32 Nm

Palavras do Professor

Prezado(a) aluno(a), encerramos a nossa unidade III. Acredito que depois do estudo do conteúdo e os
exemplos práticos dos exercícios você já assimilou os conteúdos estudados até o momento.

Caso tenha alguma dúvida o que é normal, faça uma nova leitura dos livros disponíveis na biblioteca
virtual. Agora acesse o AVA e responda as atividades avaliativas, e surgindo alguma dificuldade, não
perca tempo e pergunte ao seu tutor!

Bom estudo e até o nosso quarto encontro!

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