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Prof. Ms.

Mayra Grava
de Moraes
Droga AS DROGAS AGEM DE
MANEIRA DOSE-
DEPENDENTE
• Qualquer substância, natural ou sintética, que ao ser
introuzida no organismo, gera alterações em seu
funcionamento
DOSE RESPOSTA
• Droga Psicoativa é uma substância que age
principalmente no SNC, alterando a função cerebral,
mudando a percepção, humor, comportamento e
consciência.

• Toda droga vai ter um alvo molecular específico


• O alvo molecular da droga geralmente é um receptor ou
uma enzima
Mecanismo de Ação das Drogas
• Um grande número de substâncias exógenas pode alterar a
atividade do sistema nervoso. Geralmente atuam de forma
temporária sobre os neurônios e de diversas maneiras
como:
- Inibem ou estimulam a secreção de neurotransmissores As drogas chamadas de
pelos neurônios; psicoativas interferem na
- Estimulam/inibem a atividade dos neuroreceptores nas liberação dos neurotransmissores,
modulam a quantidade liberada
sinapses;
ou fazem com que eles
- Alteram o metabolismo dos neurônios ou células gliais permaneçam mais tempo na
reduzindo/aumentando a atividade normal das sinapses conexão entre os neurônios. Isso
(redução da receptação de neurotransmissores). gera uma série de mecanismos
que modificam a forma de
enxergar o mundo.
Onde a droga pode agir?

Importância Biológica da
via/Sistema de recompensa:

Sobrevivência e manutenção da
espécie

(evolução da espécie manteve essa


via ao longo do tempo)
Ativação da via de recompensa

COMPORTAMENTOS
QUE GRAM AÇÃO DA
VIA DE RECOMPENSA

ESSES COMPORTAMENTOS TIDOS


COMO ESSENCIAIS DEVEM SER
MOTIVADOS E RECOMPENSADOS
Comportamentos Motiva o sujeito a
Ativação da via
essenciais são repetir o
de recompensa comportamento
recompensados

• Para manutenção desses comportamentos


motivados, existe especificamente em nosso
encéfalo, um circuito importante para esses
comportamentos

VIA MESOCÓRTICOLÍMBICA
Sistema de Recompensa
• Cada droga de abuso tem o seu mecanismo de
ação particular, mas todas elas atuam, direta ou
indiretamente, ativando uma mesma região do
cérebro: o sistema de recompensa cerebral.
• Esse sistema é formado por circuitos neuronais
responsáveis pelas ações reforçadas positiva e
negativamente. Quando nos deparamos com
um estímulo prazeroso, nosso cérebro lança um
sinal: o aumento de dopamina no SISTEMA DE RECOMPENSA:
núcleo accumbens, região central do sistema de Caracterizado pelos seus componentes
recompensa e importante para os efeitos das centrais e seu envolvimento com
drogas de abuso.
sistema límbico (associado às emoções)
como com os principais centros
responsáveis pela memória (amigdala e
hipocampo)
Área Tegmentar Ventral Córtex Pré-Frontal
(ATV) Relacionada às
Região do mesencéfalo rica funções cognitivas
em neurônios superiores: tomada de
dopaminérgicos, onde se decisão, planejamento
inicia a via de recompensa e sequencimaneto de
ações e controle da
impulsividade

Núcleo Accumbens (NAcc)


Região límbica que recebe
projeção dos neurônios da ATV.
A dopamina liberada atinge
esta área geranso sensação de
prazer
Drogas de Abuso e Via de Recompensa

• Ação na Via de Recompensa


Praticamente todas as drogas tem ação direta ou indireta em neurônios da ATV
Ação direta: Ativação da área
Ação Indireta: vai inibir a inibição da área, ou seja, tira a inibição aumenta a ativação

• Aumento de Dopamina
Estas alterações na função da ATV leva a um grande aumento de dopamina no NAcc, proporcionando
sensação de prazer, euforia e relaxamento. Esse aumento é muito maior do que o gerado por
comportamentos naturais

• Descompensamento da via
Esse aumento exacerbado da atividade da via, após a interrupção do uso surge a síndrome de
abstinência
LIBERAÇÃO DOPAMINA LIBERAÇÃO DOPAMINA MUITO ALÉM DO
FISOLOGICAMENTE QUE É FISIOLÓGICO

COCAÍNA:
- INDUZ A ATV
LIBERAÇÃO DE
DOPAMINA
- INIBE A
RECAPTAÇÃO DO
NT NAcc
Abstinência -> Tolerância
• Ter muita dopamina no Nacc não é
natural ou fisiológico
• Logo, o organismo se adapta a essa
condição
• Produção menor de dopamina
• Diminuindo número de receptores
• O consumo da droga então irá
aumentar, para que o resultado inicial
seja alcançado
• Aumento de doses em progressão torna-
se frequente e o indivíduo chega mais
perto das sensações iniciais que tinha
DEPENDÊNCIA

FÍSICA PSICOLÓGICA

TOLERÂNIA
Consumo Crônico da Droga
• 32 participantes sendo 16 bebedores compulsivos e 16
que bebem socialmente/controladamente
• Primeiro, os participantes tinham que apertar um botão
quando um determinado número fosse exibido. Depois,
eles tinham que apertar de novo o botão quando o
mesmo número fosse mostrado de novo após dois
intervalos.
• O grupo de pessoas que bebem até cair mostrou mais
atividade cerebral do que o outro grupo. Quanto mais
os indivíduos relatavam beber, mais o cérebro mostrava
alterações anormais
• Os dois grupos usam áreas diferentes do cérebro para
executar a mesma função
• Isso significa que, uma vez que as regiões do cérebro
responsáveis por realizar uma tarefa não respondem
direito, novas áreas são recrutadas para “assumir” essa
carga de trabalho
Referências
• CAMPANELLA, Salvatore et al. Increased cortical activity in binge drinkers during
working memory task: a preliminary assessment through a functional magnetic
resonance imaging study. PloS one, v. 8, n. 4, p. e62260, 2013.
• RANG, Rang et al. Rang & Dale Farmacologia. Elsevier Brasil, 2015.
• BRANDÃO, M. L.; GRAEFF, F. G. Neurobiologia dos transtornos mentais. São Paulo:
Editora Atheneu, 2014.
EMOÇÃO SENTIMENTO IMPULSO
• COMPORTAR-SE O que o indivíduo • Desencadeado pela
DIANTE DA descreve como a EMOÇÃO, ANTES
INFORMAÇÃO emoção. DA
RECEBIDA PARA INTERPRETAÇÃO –
TOMAR DECISÕES São representações controlado pelo
em imagens, das córtex pré-frontal
• Ações que emoções e ocorrem
acontecem dentro no plano consciente
do corpo
envolvendo Ou seja, experiência
músculos, coração, mental daquilo que
pulmões, reações se está passando no
endócrinas e etc corpo
Definindo Emoções
• Para Neurociência:
• É uma tendência de ação ou seja, de se comportar de determinada
maneira, acompanhada por uma possível resposta psicológica. Tem
curta duração (de minutos a horas), sempre em resposta a um evento
externo. Produz reações neurovegetativas.
• Considera-se dois grupos de emoção:
EXPRESSÃO DAS EMOÇÕES
• Manifestações/correlatos fisiológico das emoções
são respostas autonômicas comandadas pelo SNA.
• Elas variam com o tipo de emoção e com o
indivíduo.
• Podem ser fracas ou inexistentes para alguns e
fortes e nítidas para outros.
• Pode envolver Sistema cardiovascular, respiratório,
digestivo, urinário, endócrino e imunológico.
• Também provocam manifestações
comportamentais (respostas motoras), podendo ser
de natureza reflexa (involuntária – normalmente
ligadas à sobrevivência) ou bastante complexas
envolvendo ações voluntárias.
Respostas autonômicas e comportamentais
• Respostas emocionais imediatas: ocorrem logo após o Ações de emergência, sem
estímulo necessidade de se pensar
Correr, gritar, chorar...
• Podem se tornar crônicas:
- Estímulos disparadores permanecem
- Indivíduo apresenta algum distúrbio afetivo
Ansiedade, estresse
• Assim, ocorrem respostas prolongadas geralmente
mantidas com envolvimento de hormônios e sistema
imunológico
Úlcera Gástrica Infarto AVC
TEORIAS INICIAIS DAS EMOÇÕES
FAZ SENTIDO?
• Propõem que o ser humano experencia a emoção em
resposta a alterações fisiológicas em seu organismo.
• Nossos sistemas sensoriais enviam informação acerca da
nossa situação atual para nosso encéfalo, e como
resultado, nosso encéfalo envia sinais para o organismo,
mudando o tônus muscular, a frequência cardíaca e
assim por diante.
• Os sistemas sensoriais então reagem então às alterações
evocadas pelo encéfalo, e seria essa sensação que
constitui a emoção
• De acordo com James e Lange, as alterações fisiológicas
são as emoções, e se forem removidas, a emoção
WILLIAM JAMES & CARL LANGE desaparecerá com elas.
Cannon-Bard
• Propuseram que a experiencia emocional pode ocorrer independentemente
de uma reação fisiológica
• Afirmam que reações fisiológicas acontecem de maneira mais lenta que a
experiência subjetiva e não poderia guia-la
• Questionaram ainda: como pode o medo estar associado a mudanças
fisiológicas, quando essas mesmas mudanças estão associadas a outros
estados além de medo?
• Ex: medo acompanha aumento da FC, inibição da digestão e aumento da
sudorese. Entretanto, essas mudanças fisiológicas acompanham outras
emoções como raiva, e ate condices patológicas não emocionais, como a
febre
JAMES PAPEZ
Circuito de Papez
• Originalmente incluía:
1. Córtex cingulado – recebe projeções de diversas outras regiões corticais
associativas, e com elas fornecia base para experiência subjetiva das emoções.
2. Hipocampo – verificou-se que propriamente dito não participa de modo
determinante nos mecanismos neurais da emoção, a não ser consolidando a
memória (que tem conteúdo emocional)
3. Hipotálamo – região de controle das manifestações fisiológicas que acompanham
as emoções, realizando essa tarefa através do Sistema Nervoso Autônomo e
Sistema Endócrino
4. Núcleos anteriores do Tálamo – até hoje não se confirmou como participante
ativo da fisiologia das emoções
5. Acrescentou-se a Amígdala: espécie de “botão de disapro” de toda experiência
emocional
e
• e com elas fornece base para
experiência subjetiva das
emoções.
MEDO
• Causado normalmente por estímulos externos

• Medo Incondicionado: causado por um estímulo por si só como sons


muito fortes e súbitos, produzem medo em todos os animais. A
escuridão é um medo incondicionado para os seres humanos em sua
maioria, mas não é o caso para animais.

• Medo Condicionado: são associados a situações ameaçadoras e


tornam-se “avisos” de que podem estar prestes a acontecer
novamente
• Pode ser rápido e passageiro
• Pronlongado quando o estímulo é de fato
Se ocorrer continuamente ameaçador
durante muito tempo, se • Com maior duração ainda quando o estímulo
transforma em estado de é virtual, ou seja, não necessariamente está
tensão e estresse presente, mas pode acontecer a qualquer
momento.

MEDO ANSIEDADE

O MEDO NORMAL É UMA EMOÇÃO DE INTENSIDADE E DURAÇÃO VARIÁVEIS, ENTRE UM SOBRESSALTO E A ANSIEDADE
1. Estímulos causadores de medo chegam à
NEUROBIOLOGIA DO MEDO
amígdala basolateral através do tálamo
sensorial, ou do cortex
• Participação do
sensorial/multisensorial ou circuito
de regiõesde
pré-Papez original e mais regiões que ainda
nãofrontais
tinhamcinguladas
sido associadas:
2. A amígdala basolateral filtra os estímulos e
ativa a amígdala central, que é encarregada
de distribuir comandos para o hipotálamo,
grísea periaquedutal e tronco encefálico
3. Hipotálamo ativa os circuitos de comando
so SNA, endócrino (libera adrenalina) e
imunitário.
4. Grísea periaquedutal (região do
mesencéfalo) dispara reações
comportamentais de defesa e também a
expressão facial
5. Tronco encefálico ativa as vias ascendentes
– levando a uma reação de ALERTA GERAL
ANSIEDADE E ESTRESSE
• Em algumas circunstâncias o medo torna-se
crônico, resultando em estresse e ansiedade.
• Estresse = quando se pode identificar uma
causa geradora de medo crônico
• Ansiedade = estado de tensão/apreensão cuja
causa nem sempre são produtoras de medo,
mas sim da expectative de algo – nem sempre
ruim – que acontecerá em breve.
TAG (vive sob Síndrome do Pânico Fobias (causa
tensão constante (crises de ansiedade extrema
com medo intense de algo não determinada
sem causa
definido) normalmente inócua)
aparente)
LABIRINTO EM CRUZ ELEVADO (MODELO EXPERIMENTAL PARA ESTUDO DA
ANSIEDADE)

• O rato prefere permanecer mais


tempo nos braços fechados do
que nos abertos – uma
indicação de que evita a posição
que lhe provoca ansiedade
• Animais submetidos a certas
lesões ou sob efeito de
ansiolíticos entram mais vezes e
permanecem por mais tempo
nos braços abertos.
AGRESSIVIDADE

• As reações de medo podem ser seguidas de ataque ou fuga.


• O ataque resultante de medo é um comportamento agressivo de natureza
defensiva – normalmente tem conjunto de comportamentos
estereotipados de defesa.
• O ataque ofensivo geralmente é silencioso e característico do predador.
• A semelhança entre agressividade dos animais e dos homens indica
existência de mecanismos neurais comuns preservados ao longo da
evolução.
• Raiva determina o comportamento de agressão/ataque.
• Relaciona-se com o medo porque pode se seguir a ele, e do mesmo
modo tem ocorrência de manifestações comportamentais e
fisiológicas correspondentes.
PAIXÃO, CORAÇÃO, CÉREBRO....

• Coração está envolvido porque ele “dispara”


• Fenômeno do apaixonar-se compreendido pelo
cérebro como uma urgência
• Gera inclusive certo nível de estresse
• Portanto, a paixão provocará o mesmo trajeto
neuronal do que o medo – ativação e liberação de
serotonina e adrenalina como sinal de alerta na
amígdala
• Sobretudo, a sensação de prazer posterior é
resultado também de uma ativação dos núcleos da
base
• Além disso, existem relatos
de que o momento que se
está vivenciando a paixão, a
estrutura do córtex pré-
frontal é pouco ativada
• Por isso realizamos atitudes
em que muitas vezes não
faríamos se estivéssemos
em nosso estado normal
(menor ativação da porção
de planejamento e
raciocínio)
MEDO
Resumindo
• A emoção produz uma sequência de eventos:
1) um estímulo é apresentado ao organismo;
2) estruturas biológicas, anatômicas e fisiológicas determinam como o
organismo responderá;
3) a resposta é processada pelo córtex e pelo sistema límbico;
4) as informações desse processamento são transmitidas do sistema
nervoso central para os nervos periféricos através do sistema
neuroendócrino
5) Ocorre uma emoção/reação
Diante disso, como vocês imaginam que
nosso cérebro compreende as emoções?

• Para a Neurociência, como é emoção?


• Qual a diferença de entendimento de emoção para uma área
biológica (neurofisiologia/neurociência) e uma área de humanas (a
psicologia)?
• Consigo trazer utilidade para isso em meu trabalho como psicólogo?
• São áreas independentes ou interdependentes?
Referências
• LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de
neurociência. In: Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais
de neurociência. 2004.
• GAZZANIGA, Michael S.; IVRY, Richard B.; MANGUN, George
Ronald. Neurociência cognitiva: a biologia da mente. Artmed, 2006.
• BEAR, Mark F.; CONNORS, Barry W.; PARADISO, Michael
A. Neurociências: desvendando o sistema nervoso. Artmed Editora,
2002.
• RAMOS, Renato T. Neurobiologia das emoções. Revista de Medicina,
v. 94, n. 4, p. 239-245, 2015.

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