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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

Fenômenos de Transporte 1
Introdução à Mecânica dos Fluidos

Prof. Raniere Henrique P. Lira


raniere.lira@delmiro.ufal.br

INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS FLUIDOS

A Mecânica dos Fluidos é a ciência que estuda o comportamento físico


dos fluidos, assim como as leis que regem esse comportamento.
Os aspectos teóricos e práticos da mecânica dos fluidos são de
fundamental importância para a solução de diversos problemas
encontrados habitualmente na engenharia, sendo suas principais
aplicações destinadas ao estudo de escoamentos de líquidos e gases,
máquinas hidráulicas e pneumáticas, hidráulica industrial, sistemas de
ventilação além de diversas aplicações na área de aerodinâmica.

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 Unidades de Medidas
Muitas propriedades da matéria são quantitativas, isto Grandeza Unidade (SI)
Comprimento m
é, são associadas a números. Tempo s

Quando um número representa uma medida Massa kg


Força N
quantitativa, as unidades de grandeza devem sempre Velocidade m/s
ser especificadas. Aceleração m/s2
Área m2
Os prefixos são usados para indicar frações decimais Vazão m3/s
de várias unidades.
Por exemplo: o prefixo (mili) representa
uma fração 10-3 da unidade: um
miligrama (mg) é 10-3 grama (g), um
milímetro (mm) é 10-3 metro (m) e
assim por diante.

 Homogeneidade Dimensional

Este princípio da homogeneidade dimensional garante que a comparação


de grandezas físicas tem der ser feita tanto numericamente quanto
dimensionalmente.
“Todas as grandezas físicas são quantificadas por um valor e uma
unidade; qualquer comparação entre grandezas deve envolver tanto os
valores quantos as unidades.”
Qualquer equação corretamente construída deve estar sujeita à
homogeneidade dimensional, isto é, todos os termos devem ter a mesma
dimensão (unidade).

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 Fluido
O que é fluido? Qual a diferença entre um fluido e um sólido?

Figura 01: Estados físicos da matéria.

Figura 02: Sólido entre duas placas planas paralelas.


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Figura 03: Fluido entre duas placas planas paralelas, uma inferior fixa e a superior móvel.

Fluido é uma substância que se deforma continuamente sob a ação


de uma força tangencial, por menor que seja esta força.

O fluido tem a propriedade de escoar.

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 Tensão de cisalhamento

Figura 04: Força aplicada sobre superfície plana.

Define-se tensão de cisalhamento como sendo a relação entre o módulo


da componente tangencial da força e a área da superfície onde ela está
aplicada.
Ft
 
A
As unidades usuais são: SI = N/m2; Sistema CGS = dina/cm2; Sistema MK*S
(técnico) = kgf/m2.
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 Pressão
A pressão é uma das grandezas mais importantes quando se lida com
fluidos, tanto para fluidos em escoamento como em repouso.

Se Fn representa a força normal que age numa superfície de área A, e dFn


a força normal que age num infinitésimo de área dA, a pressão num ponto
será:
dF n
p 
dA
Se a pressão for uniforme, sobre toda a área:
Fn
p 
A
As unidades usuais são: SI = N/m2 (Pa = Pascal); Sistema CGS = dina/cm2;
Sistema MK*S (técnico) = kgf/m2.
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 Hipótese do Contínuo
O comportamento dos fluidos é explicado por sua estrutura molecular. Os
fluidos são compostos por moléculas coesas pela atração molecular, o que
permite mobilidade das moléculas.
A Hipótese do Contínuo admite a matéria contínua nas condições normais
de engenharia. A consequência prática desta hipótese é a utilização das
ferramentas do cálculo diferencial e integral na análise dos sistemas
fluidos.
Exemplo: para volumes elementares, o cálculo da massa específica de um
fluido pode ser feito em um ponto qualquer do fluido pelo conceito de
derivada.
dm
 
dV

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 Massa específica ou densidade absoluta (ρ)


É a relação entre a massa do fluido e o volume que contém esta massa.
m
 
V
Nos sistemas usuais, tem-se: SI = kg/m3; Sistema CGS = g/cm3.

Tabela: Massa específica de alguns fluidos.

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 Densidade relativa (δ)
É a relação entre a massa específica de uma substância com relação a de
outra, tomada como referência. É adimensional.

 
o

 Peso específico (ɣ)


É a relação entre o peso do fluido e o volume que contém este peso.
G
 
V
Nos sistemas usuais, tem-se as seguintes as unidades: SI = N/m3; Sistema CGS =
dines/cm3.
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 Fluidos incompressíveis
Diz-se que um fluido é incompressível se o seu volume não varia ao
modificar a pressão. Isso implica o fato de que a sua massa específica não
variará com a pressão. Nos problemas de engenharia, os líquidos são
considerados incompressíveis.

 Fluidos compressíveis
Os gases e vapores são considerados fluidos compressíveis, isto é, sua
massa específica sofre grande influência da pressão envolvida no
ambiente de trabalho.

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 Equação de estado dos gases
Quando um fluido não puder ser considerado incompressível e, ao mesmo
tempo, houver efeitos térmicos, haverá necessidade de determinar as
variações da massa específica ρ em função da pressão e da temperatura.

A equação dos gases perfeitos é uma forma bastante simples de


relacionar o volume de um gás a variáveis como temperatura e pressão. É
usualmente apresentada da seguinte forma:

p .V  n . R .T
Onde a constante universal dos gases R no SI apresenta o seguinte valor:
R = 8,314510 N.m/mol.K

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 Transporte de quantidade de movimento


O transporte da quantidade de movimento foi estudado por Newton, que
propôs um modelo para o movimento relativo entre duas camadas
adjacentes de fluidos em escoamento.
Se há variação da quantidade de movimento, há força, nesse caso uma
força distribuída ou tensão tangencial, denotada por  .

Princípio da aderência - os
pontos de um fluido, em contato
com uma superfície sólida,
aderem aos pontos dela, com os
quais estão em contato.

Quantidade de movimento - a
camada mais lenta tende a ser
acelerada, em razão do
transporte de quantidade de
movimento da camada mais
Figura 05: Diagrama de Velocidades do fluido entre as duas placas. veloz.

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 Lei de Newton da viscosidade
Newton descobriu que em muitos fluidos a tensão de cisalhamento é
proporcional ao gradiente de velocidade, isto é, à variação da velocidade
com y.
dv 
  ou  const.
dy dv
dy

Os fluidos que obedecem a esta proporcionalidade são chamados Fluidos


Newtonianos. São eles o ar, a água, os óleos, etc.

Os fluidos para os quais a tensão de cisalhamento não é diretamente


proporcional à taxa de deformação são chamados de Fluidos Não
Newtonianos.
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 Viscosidade absoluta ou dinâmica (µ)


A constante de proporcionalidade referida na lei de Newton da viscosidade
foi chamada de Viscosidade absoluta ou dinâmica.
Desta forma a Lei da Viscosidade de Newton fica:

dv
 
dy

Nos sistemas usuais, tem-se: SI ou MKS ou Giorgi = N.s/m2; Sistema CGS


dina.s/cm2 = poise; Sistema MK*S (técnico) = kgf.s/m2; utiliza-se ainda o
centipoise: 1 cpoise = 0,01 poise.

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 Viscosidade cinemática (ν)
É o quociente entre a viscosidade dinâmica e a massa específica do fluido.


v

Nos sistemas usuais, tem-se: SI = m2/s; Sistema CGS = cm2/s = stoke (St);
Sistema MK*S (técnico) = m2/s

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 Fluido ideal

Fluido ideal é aquele cuja viscosidade é nula.


Por essa definição podemos concluir que é um fluido que escoa sem
perdas de energia por atrito.

dv Lei da Viscosidade
  de Newton
dy

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dv
 
dy
  v .
2 2
cm m
v  0 ,1 St  0 ,1 .  10  5 m 2 / s
s 10 4 cm 2

m2 kg
  10  5 . 830    8 , 3 x10  3 kg / s .m
s m3
kg 4m s
  8 , 3 x10  3 .    16 , 6 kg s 2 .m
s .m 2 x10  3 m

kg N 1
  16 , 6  16 , 6 .    16 , 6 N m 2
s 2 .m m s 2 s 2 .m 19

INTRODUÇÃO À MECÂNICA DOS FLUIDOS

Bibliografias Consultadas:
BIRD, B., STEWART, W. E. e LIGHTFOOT, E. N., Fenômenos de Transporte, 2ª Edição, Rio de
Janeiro: LTC, 2004.
BROWN, T. L., LEMAY, H. E., BURSTEN, B. E. & BURDGE, J. R. , Química: a Ciência Central. 9ª
Edição, Editora Pearson, São Paulo, 2005.
BRUNETTI, F., Mecânica dos Fluidos, 2ª Edição, São Paulo: Editora Pearson, 2008.
CANEDO, E. L., Fenômenos de Transporte, 1ª Edição, Rio de Janeiro: LTC, 2010.
FILHO, W. B., Fenômenos de Transporte para Engenharia, 2ª Edição, Rio de Janeiro: LTC, 2012.
LIVI, C. P., Fundamentos de Fenômenos de Transporte: Um Texto para Cursos Básicos, 2ª
Edição, Rio de Janeiro: LTC, 2012.
POTTER, M. C. e WIGGERT, D. C., Mecânica dos Fluidos. 3ª Edição, Editora Cengage Learning,
São Paulo, 2004.
SISSOM L. E. e PITTS D. R., Fenômenos de Transporte, Ed. Guanabara Dois S.A., 1979.

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