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INDISCIPLINA ESCOLAR INFANTIL COMO LIDAR.

A indisciplina escolar infantil é um dos grandes desafios no universo escolar,


tanto para alunos quanto para professores e família. Saiba como lidar com ela.

Além de dificultar o processo de aprendizagem, indisciplina infantil pode afetar


a construção das relações e prejudicar a sociabilização dos alunos.

Lidar com a indisciplina, em casa ou em sala de aula, pode ser desafiador, mas
não é impossível. Por isso, indicamos alguns pontos importantes para entender as
causas e consequências desse problema, bem como para prevenir e lidar com tal
questão. Continue a leitura para saber mais!

Entendendo a indisciplina escolar infantil na escola

Qualquer ambiente deve ser preservado por regras que regulamentem o


comportamento e a convivência daqueles que nele estão inseridos. Portanto, o
descumprimento dessas regras, a desobediência, confusão ou insubordinação,
traduzem-se como indisciplina.

São várias as causas desse comportamento. Porém, antes de qualquer


julgamento, é importante avaliar o contexto do desenvolvimento cognitivo e
emocional de cada criança.

Dessa forma, torna-se possível compreender melhor por que ela se comporta
dessa maneira, além de exercer uma escuta ativa e personalizar o ensino por meio
de estratégias pedagógicas que promovem o desenvolvimento dos estudantes de
maneira individualizada — sem, entretanto, deixar de estabelecer limites para os
alunos.

Verificando as principais causas do problema

Como mencionado, são muitos os aspectos que podem influenciar direta e


indiretamente o comportamento dos alunos:

• a realidade que a escola apresenta aos seus estudantes;


• o ambiente familiar;
• a forma como os alunos lidam com as emoções;
• o contexto social em que estão inseridos.

Dessas causas, vamos destacar aqui 3, que estão diretamente relacionadas ao


contexto escolar:

1. Falta de interesse nas aulas

Essa é uma das principais dificuldades da educação escolar. Muito alunos


comparecem à aula apenas por obrigação, não se envolvem nas atividades propostas
e tornam-se apáticos. Tal desinteresse pode ser porque eles não percebem a utilidade
dos conteúdos apresentados ou devido a uma didática monótona do professor — quando
ele ensina tudo do mesmo jeito, as aulas são sempre iguais.

Com isso, os estudantes ficam entediados, ansiosos e podem facilmente


desviar o foco com barulhos, brincadeiras, conversas paralelas etc.
Por outro lado, esses comportamentos, mesmo que indisciplinares, podem ser
sintomas de um desejo por uma experiência escolar mais estimulante.

Nesse caso, é fundamental buscar apoio da instituição para adotar meios mais
lúdicos e criativos de ensinar, que mobilizem o interesse dos alunos para os conteúdos
ministrados.

Já existem vários exemplos de professores que propõem aulas dinâmicas, não


só para combater a dificuldade de concentração e engajamento, mas também para
aumentar o nível de assimilação dos alunos.

2. Dificuldade de dosar as ações contra a indisciplina infantil

Quando os combinados da aula não são respeitados, cabe ao professor


balancear as medidas de conscientização conforme a gravidade das ações. Por
exemplo: xingamentos e agressões entre colegas precisam de maior intervenção e
cuidado do que comportamentos como usar boné em sala de aula.

Se o professor trata todas essas ações da mesma maneira, aqueles que


praticaram atos mais leves podem se revoltar e responder com um nível de
indisciplina ainda maior.

O que fazer nesses casos? É recomendável analisar a real gravidade de cada


problema e estabelecer critérios e níveis segundo a indisciplina. Lembre-se de que a
falta de referência na hora de abordá-los pode gerar injustiças ou medidas
excessivas.

Também é importante destacar que, nessas situações, o docente precisa contar


com o apoio dos seus colegas, além da coordenação e direção da escola para lidar
melhor com a indisciplina.

3. Violência gerada por violência sofrida

A falta de medidas preventivas ou de conscientização em casos de violência


ou bullying pode nutrir um sentimento de injustiça e abandono por parte das
crianças e jovens que são alvos dessas ações.

Da mesma forma, aqueles que praticam esses atos podem mais facilmente
naturalizá-los e repeti-los, gerando um gatilho para a violência generalizada e um
círculo vicioso de indisciplina e hostilidade.

Para lidar com esse problema, as medidas de conscientização são o caminho mais
efetivo. Por meio de atividades que estimulem o senso de cooperação e igualdade, é
possível dissolver conflitos. Palestras e ações educativas, com o engajamento da
família, podem levar à raiz do problema e apontar as razões que motivam a
indisciplina e a violência em uma criança.

Por meio da afetividade somada ao empenho em conscientizar os alunos dos


desdobramentos que comportamentos dessa natureza podem acarretar na vida de
todos, o professor amplia o sentimento de justiça, aumentando a segurança e
fortalecendo o convívio harmonioso em sala de aula.

Conhecendo as consequências da indisciplina infantil


Agora que você já conhece 3 das principais causas da indisciplina infantil
escolar e como combatê-las, vale a pena entender melhor quais são as
consequências desse comportamento quando prolongado ou não resolvido. Pensando
nisso, reunimos 3 efeitos da indisciplina na escola:

1. Queda no rendimento escolar individual

O primeiro a sofrer com a indisciplina é o próprio aluno. Os conflitos entre


professor e estudante passam a ser constantes e a aprendizagem vai ficando
comprometida. A criança não consegue mais prestar atenção nas aulas ou pode até
começar a faltar e, com isso, as notas caem.

2. Comprometimento da aprendizagem do grupo

Um aluno indisciplinado geralmente rouba toda a atenção na sala de aula,


tirando o foco das outras crianças. Com isso, além dele próprio ter um aprendizado
menor, muitos colegas podem passar a ter dificuldade em acompanhar as aulas, o
que ainda pode gerar mais indisciplina.

3. Desgaste da relação do professor com os alunos

Esse tipo de comportamento também impacta na relação entre o docente e os


alunos. Os professores encontram cada vez mais dificuldades para exercer seu papel
em sala de aula, o que pode gerar estresse, desmotivação e prejudicar seu
desempenho.

Combatendo a indisciplina escolar

Antes de querer combater a indisciplina, é importante acordar com os alunos quais


serão as regras de convivência em sala de aula, a fim de que todos estejam cientes do
funcionamento do ambiente, assim como de seu papel no conjunto.

A participação das crianças e dos jovens na construção dessas regras é


fundamental para que eles se sintam envolvidos e entendam as normas que regem o
espaço e as relações nos quais estão inseridos, além da razão de cada umas delas
existirem e serem respeitadas.

Veja outras ações que podem ser adotadas no combate à indisciplina infantil na
escola:

• elaborar atividades educativas e lúdicas que ensinem sobre bons hábitos;


• envolver os alunos em atividades de descontração, riso e autoexpressão;
• incentivar a família a estar sempre atenta ao comportamento das crianças e
dos adolescentes, conversando sobre o dia a dia escolar, identificando as
questões emocionais que as afligem;
• lembrar que a família é o exemplo central para as crianças. Elas aprendem
eminentemente pelo exemplo, isto é, secundarizam o discurso.

Portanto, não adianta agir com autoritarismo e apenas brigar, gritar ou


repreender para tentar enfrentar a indisciplina infantil. Esse tipo de postura pode
agravar a situação, levando as crianças a se comportarem de maneira ainda pior.
O primeiro passo é entender o contexto em que elas vivem e, a partir daí,
estabelecer uma relação e uma comunicação pautadas no respeito, no amor e no
carinho. Tal postura favorece um comportamento semelhante nas crianças, o que
auxilia e minimiza os conflitos, promovendo e mantendo a harmonia do ambiente.

Lidando com diferentes perfis de alunos

Outro importante desafio dos professores é aprender a lidar com os vários


tipos de alunos que existem e se misturam no ambiente escolar. Para ajudá-los
nessa tarefa, reunimos as características de alguns dos perfis mais comuns de
estudantes indisciplinados:

1. A geração Z

Esse grupo é formado pelas crianças que já nascem com um smartphone na


mão e estão sempre conectadas. Elas se sentem muito mais à vontade para se
relacionar por meio das redes sociais e estão habituadas à inovação e à velocidade.

Essa geração está crescendo e ocupando as salas de aula, trazendo consigo um


novo desafio para os professores. Afinal, é importante não deixar que o uso
constante das tecnologias leve esses jovens a se tornarem adultos sem qualificação.

Para isso, cabe ao professor:

• ensinar os alunos a fazerem uso da tecnologia em prol do seu próprio


desenvolvimento;
• mostrar à turma como selecionar mais assertivamente as informações em
meio à imensidão de conteúdo;
• incentivar a utilização dos recursos tecnológicos para o enriquecimento
cultural;
• preparar aulas mais dinâmicas e diversificadas, realizando, preferencialmente,
atividades práticas e coletivas.

2. O agressivo

É o aluno que está sempre discordando de todo mundo e criando confusão sem
necessidade. Para conter esse tipo de comportamento, é importante que o professor
não aponte o dedo para o estudante, mas sim que deixe claro que essa postura não
será admitida em sala de aula.

Vale explicar os motivos pelos quais a agressividade não é tolerada e as


consequências para quem se comportar dessa forma. Se necessário, a família pode ser
envolvida para tentar encontrar uma solução.

3. O desafiador

Geralmente, a postura desse tipo de aluno é questionar o tempo todo o


professor. Apesar de muitas vezes esse comportamento ser irritante, é preciso
manter a calma e impor limites para o estudante.

Deixe claro que questionamentos são importantes para o aprendizado de todos,


mas que é preciso saber o momento certo para falar. Estabeleça algumas regras para
o diálogo com esse aluno e o resto da turma.
4. O distraído

Algumas crianças se desconcentram facilmente com qualquer coisa, seja um


barulho, uma conversa paralela ou, até mesmo, pela própria imaginação fértil. Já os
alunos um pouco maiores tendem a se dispersar com temas considerados “chatos”
ou complexos.

Aulas mais dinâmicas e interativas são importantes métodos para evitar essas
distrações, pois ajudam a manter o foco do aluno no professor. Vale também ficar
atento à disposição dos lugares e deixar essas crianças sempre longe de janelas e
portas, lugares que permitem que elas vejam outras atividades.

5. O engraçadinho da turma

Esse é o aluno que faz piada de tudo e dispersa também os colegas com
gracinhas e brincadeiras frequentes durante as aulas. Tal comportamento pode
esconder uma carência por atenção. Por isso, é importante que a advertência não
seja feita diante da turma, a fim de desencorajá-lo a voltar a fazer graça.

Nesse momento a sós com o estudante, o professor pode explicar qual é o


comportamento esperado dele. Já durante as aulas, o aprendizado desse aluno pode
ser melhor desenvolvido com a abordagem de assuntos e a realização de atividades
que sejam do interesse dele.

O papel do docente e da instituição de ensino

Vale ressaltar a importância de o professor e a escola olharem com mais


atenção e cuidado para os alunos com os perfis agressivo, distraído, desafiador e
engraçadinho. Isso porque esses tipos de comportamento podem estar relacionados a
problemas pessoais, familiares, questões emocionais ou até a algum tipo de distúrbio
neurológico.

Isso pode ser uma forte evidência de que a criança precisa de ajuda e,
portanto, é essencial que escola e professor se aproximem dos estudantes para saber
mais sobre sua vida pessoal e, assim, poder encontrar um caminho para ajudá-los
a lidar com determinadas dificuldades.

HTPC – Março de 2023.


Dinelaine (Coordenadora Geral)

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