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Escola de Engenharia
Julho de 2021
Universidade do Minho
Escola de Engenharia
Julho de 2021
DIREITOS DE AUTOR E CONDIÇÕES DE UTILIZAÇÃO DO TRABALHO POR TERCEIROS
Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as regras e
boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e direitos conexos.
Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença abaixo indicada.
Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em condições não
previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor, através do RepositóriUM da Universidade
do Minho.
Atribuição
CC BY
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
ii
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor José Telhada pela orientação e disponibilidade que sempre demonstrou ao longo
deste projeto.
Aos meus pais e irmã por tudo que fizeram por mim ao longo de todo o meu percurso académico.
Às minha amigas e meus amigos pelos momentos passados ao longo desta etapa.
iii
DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE
Declaro ter atuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo que não
recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação de informações ou
resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração.
Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de Conduta Ética da Universidade do Minho.
iv
RESUMO
O objetivo deste estudo é a aplicação do modelo de portfólio de compras de Kraljic como principal
ferramenta na definição das estratégias de compras no contexto de uma empresa da construção civil.
Como ainda não existem muitos exemplos da aplicação da matriz de Kraljic no contexto deste setor de
atividade, o estudo proporciona um entendimento em relação à utilidade desta ferramenta. O modelo
utilizado não foi desenvolvido com o intuito de se aplicar no contexto de construção civil, no entanto pode
ser facilmente adaptado a esta e outras realidades.
O mesmo inclui a preparação e definição de objetivos, análise de dados, construção e interpretação dos
resultados da matriz de Kraljic e, por último, a definição das estratégias de compras.
A construção do portfólio de compras começa por possibilitar a criação de uma imagem da situação
atual das compras, incitando o diálogo entre os stakeholders sobre as questões atuais e perspetivando
as melhores formas de agir, juntamente com a aplicação das estratégias de compras definidas.
PALAVRAS-CHAVE
v
ABSTRACT
KEYWORDS
vi
ÍNDICE
Agradecimentos.................................................................................................................................. iii
Resumo............................................................................................................................................... v
Abstract.............................................................................................................................................. vi
Índice ................................................................................................................................................ vii
Índice de Figuras ................................................................................................................................. x
Índice de Tabelas ............................................................................................................................... xi
Lista de Abreviaturas, Siglas e Acrónimos ......................................................................................... xiii
1. Introdução .................................................................................................................................. 1
1.1 Enquadramento .................................................................................................................. 1
1.2 Objetivos ............................................................................................................................. 2
1.3 Metodologias de investigação .............................................................................................. 2
1.4 Estrutura do documento ...................................................................................................... 3
2.4 Síntese.............................................................................................................................. 25
vii
3. Descrição e análise da situação atual ........................................................................................ 26
3.1 Apresentação da empresa ................................................................................................. 26
viii
5.2.4 Sub. serralharias ligeiras............................................................................................ 61
5.2.5 Sub. estruturas pré-fabricadas em betão e sub. aplicação de aço ............................... 62
5.2.6 M.o. sub. reboco estuque .......................................................................................... 63
5.2.7 Movimentações na matriz .......................................................................................... 63
6. Conclusões ............................................................................................................................... 68
Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 70
Apêndice 1 – Questionário sobre os hábitos de aplicação de estratégias de compras ........................ 73
Apêndice 2 – Pontuações dadas pelos compradores às variáveis que definem o risco de abastecimento
........................................................................................................................................................ 76
Anexo 1 – Organograma do grupo DST ............................................................................................. 78
ix
ÍNDICE DE FIGURAS
x
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Principais tarefas, informação necessária e nível de decisão adaptado de Kraljic, 1983 ..... 16
Tabela 2 - Critério de avaliação do portfólio de compras adaptado de Kraljic, 1983............................ 17
Tabela 3 - Implicações estratégicas do posicionamento do portfólio de compras adaptado de Kraljic, 1983
........................................................................................................................................................ 19
Tabela 4 - Resumo da classificação ABC dos segmentos (2020) ....................................................... 29
Tabela 5 - Análise ABC por fornecedor (2020) .................................................................................. 29
Tabela 6 - Classificação do nível de gestão das principais tarefas do processo de contratação de
fornecedores .................................................................................................................................... 33
Tabela 7 - Segmentos classe A em volume de compras (2020) ......................................................... 42
Tabela 8 - Escala fundamental de Saaty (1980) ................................................................................ 45
Tabela 9 - Matriz de comparação par a par ....................................................................................... 45
Tabela 10 - Pesos de cada critério da matriz normalizada ................................................................. 46
Tabela 11 - Resultado do somatório do produto da matriz inicial de comparação com o peso de cada
critério.............................................................................................................................................. 46
Tabela 12 - Cálculo do valor de λMax................................................................................................ 47
Tabela 13 - Índice aleatório (RI) (adaptado de Saaty, 1980) .............................................................. 47
Tabela 14 - Posicionamento dos segmentos nos quadrantes do portfólio de compras ...................... 49
Tabela 15 - Resumo do posicionamento dos segmentos por quadrante da matriz do portfólio de compras
........................................................................................................................................................ 50
Tabela 16 - Risco de abastecimentos dos segmentos do quadrante estratégico ................................. 50
Tabela 17 - Risco de abastecimento dos segmentos do quadrante gargalo ....................................... 51
Tabela 18 - Análise SWOT do segmento sub. cofragem ..................................................................... 53
Tabela 19 - Análise SWOT do segmento mão de obra ........................................................................ 55
Tabela 20 – Resumo das estratégias de compras para o quadrante estratégico ................................. 58
Tabela 21 - Análise SWOT do segmento sub. geotecnia ..................................................................... 59
Tabela 22 - Análise SWOT do segmento sub. revestimentos metálicos ............................................... 60
Tabela 23 - Análise SWOT do segmento infras águas ......................................................................... 60
Tabela 24 - Análise SWOT do segmento sub. serralharias ligeiras ...................................................... 61
Tabela 25 - Análise SWOT dos segmentos sub. estruturas pré-fabricadas em betão e sub. aplicação de
aço................................................................................................................................................... 62
xi
Tabela 26 - Análise SWOT do segmento m.o. sub. reboco estuque .................................................... 63
Tabela 27 - Resumo das estratégias de compras para o quadrante gargalo ....................................... 64
Tabela 28 - Resumo das estratégias de compras para o quadrante rotina .......................................... 66
Tabela 29 - Resumo das estratégias de compras para o quadrante alavanca ..................................... 67
Tabela 30 - Pontuações dadas pelos compradores às variáveis que definem o risco de abastecimento
........................................................................................................................................................ 76
Tabela 31 - Legenda das pontuações das variáveis que caracterizam o risco de abastecimento ......... 77
xii
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRÓNIMOS
xiii
1. INTRODUÇÃO
1.1 Enquadramento
A indústria da construção, apesar de ser muito antiga e ter sofrido bastante mudanças ao longo do
tempo, tem muita dificuldade em eliminar alguns problemas tais como: a baixa produtividade, problemas
de planeamento, condições de trabalho desadequadas, escassez de mão de obra qualificada, elevada
quantidade de desperdícios e pouca qualidade (Koskela, 1992).
Assim, o departamento de compras da empresa vê o seu trabalho dificultado devido aos problemas e
dificuldades inerentes a este setor de atividade. Além das questões referidas anteriormente, é importante
referir que a empresa está inserida num mercado muito competitivo, o que torna gritante a necessidade
de aumentar a eficácia do departamento e aumentar as margens de lucro. No sentido de atingir este
objetivo, optou-se por desenvolver (novas) estratégias de compras de modo a atenuar as dificuldades
sentidas pelo departamento.
As estratégias de compras têm um papel importante em qualquer indústria, tanto para a função compras
como para toda a organização (Bildsten, 2015), uma vez que estas permitem dar resposta à missão da
organização (Carvalho, 2012).
O papel das compras tem vindo a mudar ao longo dos anos, assumindo um papel mais dinâmico e
estratégico (Burt & Pinkerton, 1996). Por isso, optou-se, nesta dissertação, por aplicar o modelo de
portfólio de compras de Kraljic para se proceder à definição de estratégias de compras.
O modelo de portfólio de compras, criado por Kraljic (1983), é uma ferramenta que possibilita a definição
de estratégias diferenciadas de compras através da distinção dos produtos ou serviços em quatro
1
quadrantes. O seu objetivo principal é diminuir o risco de abastecimento, fortalecendo a relação com os
fornecedores.
Apesar do modelo de Kraljic ser um modelo de referência, este não está livre de críticas, em particular
no que diz respeito à definição de variáveis e mensurações, falta de definição de como devem ser feitos
os cortes no impacto financeiro e risco de abastecimento e falta de considerações pelos movimentos na
matriz (Gelderman & Van Weele, 2003). Gelderman e Van Weele (2003) apresentam propostas para
contornar as críticas identificadas, explicando como se podem dar os movimentos na matriz e estratégias
associadas aos mesmos.
Apesar de haver poucos dados de estudos feitos no sentido de aplicar a matriz de Kraljic na indústria da
construção civil, Ferreira e Kharlamov (2012) fizeram um estudo nesse âmbito e obtiveram um feedback
positivo da gestão de topo. Esta considerou que a aplicação da matriz de Kraljic mostrou-se eficaz a
expor e mitigar as dificuldades sentidas ao nível de risco de abastecimento.
1.2 Objetivos
Este trabalho tem como objetivo o desenvolvimento de estratégias de compras para a DST, utilizando o
modelo de portfólio de compras sugerido por Kraljic (1983) e as sugestões apresentadas por Gelderman
e Van Weele (2003) que solucionam algumas questões menos claras no modelo de portfólio.
Espera-se que o departamento de compras da DST adote uma visão mais estratégica dos seus negócios
e consiga solucionar ou atenuar muitos dos problemas sentidos, muito comuns no ramo da construção
civil, através da aplicação das estratégias que se definirão neste estudo. Com a aplicação das estratégias
propostas, espera-se que o departamento de compras consiga aumentar o poder de negociação, obter
melhores preços de compra, melhorar o relacionamento com os fornecedores, e diminuir os custos pós
obra provocados por escolhas inadequadas de fornecedores.
A metodologia de investigação utilizada nesta dissertação foi o estudo de caso. Um estudo de caso
normalmente combina vários métodos de colheita de dados como entrevistas, documentos, observações
e questionários resultando em dados qualitativos e/ou quantitativos (Eisenhardt, 1989). Este é
geralmente utilizado para a exploração e geração de hipóteses, mas também pode ser usado para
fornecer explicações e para testar hipóteses (Benbasat et al., 1987).
2
No âmbito desta dissertação, o estudo de caso diz respeito ao desenvolvimento de um processo de
definição de estratégias de compras na DST, s.a.
O horizonte temporal utilizado foi o transversal, uma vez que este estudo realizou-se por um período de
tempo específico, ou seja um tempo limitado.
Para se realizar este estudo de caso foram seguidos os passos a seguir enumerados.
1. Revisão da literatura. Foi elaborada uma revisão bibliográfica de modo a obter o conhecimento
necessário para se desenvolver o estudo em questão. Foram utilizadas diversas fontes
bibliográficas tais como artigos científicos, livros e dissertações.
2. Análise da situação atual. Nesta fase foi elaborado um diagnóstico ao departamento de compras
com o objetivo de identificar os problemas sentidos. Num primeiro passo foi feita a
contextualização do estado atual das compras, compreensão do processo de compras e método
de avaliação de fornecedores utilizado. De seguida, foi feito um inquérito no sentido de entender
quais os hábitos de compras dos fornecedores. Para terminar, fez-se um levantamento dos
principais problemas sentidos com objetivo de os eliminar ou suavizar.
3. Desenvolvimento de estratégias de compras. Foram desenvolvidas estratégias de compras para
o departamento de compras com base nos conhecimentos adquiridos na fase da revisão da
literatura.
4. Discussão dos resultados. Depois de serem elaboradas as estratégias de compras, em conversa
com os colaboradores do departamento de compras, houve uma discussão sobre a utilidade das
estratégias desenvolvidas. Também será feita uma comparação da situação presente, com a
situação depois de se terem implementado todas as estratégias de compras sugeridas.
5. Escrita da dissertação. Neste documento é feita a descrição detalhada dos passos executados
durante este estudo de caso.
Esta dissertação encontra-se dividida em seis capítulos. O primeiro capítulo apresenta uma introdução
ao tema, dando um enquadramento do mesmo, definição de objetivos, metodologia de investigação
empregue e estrutura do documento de dissertação.
No segundo capítulo faz-se a revisão bibliográfica dos principais conceitos ligados ao tema da dissertação.
Apresenta-se a definição de compras, evolução da função compras, processo de compras e importância
da seleção de fornecedores. De seguida apresentam-se conceitos ligados às estratégias de compras,
3
assim como os passos para definição de estratégias de compras e tipos de estratégias de compras. Por
fim, são apresentados o funcionamento do modelo de portfólio de compras de Kraljic, os passos
necessários para a sua aplicação, as principais críticas ao modelo de Kraljic, assim como sugestões para
colmatar algumas dessas críticas, nomeadamente, no que diz respeito a movimentos na matriz e
utilização do método de análise hierárquica AHP.
No terceiro capítulo apresenta-se o grupo DST, a DST, s.a. e o departamento de compras. Faz-se uma
descrição do estado atual das compras, e do processo de contratação de fornecedores. De seguida
apresenta-se o método de avaliação de subempreiteiros utilizado pela empresa e uma análise dos hábitos
de aplicação de estratégias de compras através da realização de um questionário aos compradores do
departamento de compras da DST e termina-se com uma síntese dos problemas identificados.
4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Neste capítulo é apresentada uma revisão bibliográfica dos principais conceitos relacionados com o tema.
Inicia-se com a definição e evolução da função compras. Posteriormente apresentam-se as etapas do
processo de compra e a importância da seleção de fornecedores. De seguida faz-se referência às
estratégias de compras, dos passos sugeridos para a definição das mesmas, e também são enumerados
alguns tipos de estratégias de compras.
Por fim, faz-se uma introdução ao modelo de portfólio de compras, é feita uma abordagem ao modelo
de Kraljic, os passos para a aplicação da matriz, críticas feitas ao modelo de Kraljic assim como algumas
alternativas para contornar algumas das questões criticadas do modelo.
É de conhecimento geral que as empresas precisam de comprar materiais e/ou serviços de modo a
conseguirem manter a sua atividade.
Elliott-Shircore e Steele (1985) afirmam que a compra é o processo pelo qual uma empresa (ou outra
organização) contrata terceiros para obter bens e serviços necessários para cumprir os seus objetivos da
maneira mais oportuna e económica.
2.1.1 Evolução
5
Durante os anos 50 e 60, a gestão de abastecimento continuou a ganhar força com o aumento de
colaboradores competentes. Com a entrada dos anos 70, surgiram alguns problemas tais como:
escassez internacional da maioria das matérias primas e um aumento dos preços desde o fim da
segunda guerra mundial. No verão de 1973 foram sentidas dificuldades devido ao embargo do petróleo
no Médio Oriente. Esta situação colocou os holofotes no abastecimento, pois, este destacou-se pelo seu
sucesso em obter itens dos fornecedores a preços adequados, o que marcou a diferença entre o sucesso
e o fracasso.
Na década de 1990 ficou claro que as organizações devem ter uma função de abastecimento eficiente
de modo a terem capacidade para competir com sucesso no mercado global (Johnson et al., 2011).
Atualmente, a gestão de compras e da cadeia de abastecimento reconhece cada vez mais a importância
dos seus fornecedores. As relações com os fornecedores está a mudar de uma abordagem adversária
para uma abordagem cada vez mais colaborativa (Monczka et al., 2009).
Monczka (2009) conclui que a reformulação do papel das compras na economia global está em
andamento, em resposta aos desafios apresentados pela concorrência mundial e que importância da
função compras está a aumentar.
Carvalho (2012) refere que a evolução das compras nos últimos anos se deve à globalização do
comércio, leis e diretivas governamentais (melhoria das práticas de compra por parte de organismos e
empresas públicas), escassez de recursos naturais (implica aumento dos preços de matérias-primas
essenciais e obriga a um acompanhamento rigoroso da sua evolução), e processos de concentração em
alguns setores de atividade, o que faz com que haja menos fornecedores e fornecedores com maior
poder negocial.
A importância da função compras cresceu muito significativamente, e deixou de ser uma função
administrativa, passando a ser uma tarefa com vertente estratégica e essencial no crescimento de uma
organização (Gelderman & Van Weele, 2005).
Dooley (1995) também partilha esta visão, uma vez que refere que o processo de compras emergiu
como uma área estratégica importante no processo de tomada de decisões.
Para Chiavenato (2005), as compras são consideradas um centro de lucro e não um centro de custo,
visto que, quando bem geridas, podem trazer poupanças consideráveis, vantagens e lucros para a
empresa.
6
As compras afetam as capacidades estratégicas da organização de várias maneiras. As compras são
vistas como um conjunto de processos de agregação de valor que se ligam diretamente ao mercado e à
capacidade da organização de inovar e agregar valor no mercado (Cavinato & Kauffman, 2000).
Os passos deste processo variam em diferentes organizações, variam de acordo com o tamanho da
compra, com a sua importância, com o tempo disponível, qualidade exigida e com o facto de ser uma
compra nova ou repetida.
Apesar destes fatores, existe um fio condutor generalizado para o processo de compras (Monczka et al.,
2010).
De seguida estão apresentadas as 5 etapas que constituem um processo de compras sugeridas por
Carvalho (2012).
Começa-se por fazer a definição das especificações dos itens a ser comprados. Existem duas
especificações distintas: especificações técnicas e funcionais.
As especificações funcionais dizem respeito à funcionalidade que um produto ou serviço tem para o
consumidor. As especificações técnicas são as propriedades técnicas e características do produto, bem
como as atividades que o fornecedor deve executar (pré e pós-transação).
O caderno de encargos inclui tanto as especificações funcionais como técnicas. Este documento deve
ter registadas as especificações de qualidade, especificações logísticas, especificações de manutenção,
requisitos legais e ambientais, entre outros.
O valor que o comprador cria nesta etapa resume-se a: evitar ambiguidade na forma como as
especificações são elaboradas e apresentadas aos fornecedores; evitar especificações de “marca” e ou
sobre especificações que conduzem a que só um fornecedor consiga cumprir com os requisitos; definição
7
de procedimentos claros de inspeção de amostra e de aceitação de alteração de requisitos inicialmente
estabelecidos.
2. Seleção de fornecedores
Na etapa seguinte procede-se à pesquisa de fornecedores no mercado. Nesta fase tomam-se várias
decisões nos seguintes pontos:
5. Avaliação
Nesta fase pode ser feita a execução de reclamações, ativação de cláusulas de penalização, acertos
resultantes de trabalho extra e organização da documentação relativa ao fornecedor e ao projeto.
Este é um ponto importante na medida em que garante que a experiência obtida nesse projeto possa
ser utilizada durante as fases de especificação e seleção de projetos futuros.
8
2.1.3 Importância da seleção de fornecedores
O processo de seleção de fornecedores tem uma importância considerável uma vez que contribui
diretamente para maximizar o desempenho da cadeia de abastecimento. Este processo pode ser
essencial na redução dos custos das compras e aumento da competitividade (Sanayei et al., 2008).
Pires (2004) afirma que, se for possível optar por fornecedores mais capacitados, os custos poderão ser
reduzidos e a qualidade dos serviços aumentada.
A seleção de fornecedores não pode ser apenas baseada em qualidade, entrega, custos e serviço, mas
também em outros fatores como: meio ambiente, social, política e satisfação do cliente (Leenders &
Fearon Harold, 1996).
Com o passar dos anos, o processo de seleção de fornecedores foi-se tornando cada vez mais complexo,
devido à globalização e banalização do uso da internet, aumentando continuamente o leque de
alternativas de potenciais fornecedores. Daí a necessidade de agilizar esse processo de modo a atender
as necessidades da empresa e, consequentemente, dos seus clientes (Yang et al., 2008).
A seleção de fornecedores é umas das principais tarefas da função compras, e estudos apontam que
50% dos problemas de qualidade resultam da inadequada seleção e gestão de base de fornecedores. A
seleção dos fornecedores adequados pode reduzir significativamente o número de problemas no futuro
(Carvalho, 2012).
A definição de estratégias numa organização tem como objetivo dar resposta à missão da organização,
o que também abrange a sobrevivência a longo prazo. A longo prazo, a empresa deve garantir que os
custos de operação nunca ultrapassem as receitas. Este objetivo base é alcançado de duas formas
distintas: aumentando as receitas e diminuindo/controlando os custos (Carvalho, 2012).
Os responsáveis pelas compras precisam de tomar decisões a três níveis: estratégico, tático e
operacional. No entanto, até há relativamente pouco tempo, as decisões eram apenas de nível
operacional e tático. Atualmente, é reconhecida a importância das decisões a nível estratégico na função
compras (Monczka et al., 2010).
9
Quayle (2006) enumerou os fatores que nos últimos anos fortaleceram o desenvolvimento da perspetiva
estratégica de compras:
Como já referido anteriormente, a função compras tem vindo a sofrer uma metamorfose, passando de
uma função administrativa para uma função estratégica. Por isso, é relevante adotar-se estratégias de
compras de modo a atingir os objetivos das organizações.
A gestão de topo de uma organização é a responsável pela definição de estratégias de compras. Deve
ser elaborado um plano que permita à organização diferenciar-se da concorrência, alcançar os seus
objetivos de crescimento, gerir os custos, alcançar a satisfação dos seus clientes e manter níveis
adequados de rentabilidade (Carvalho, 2012).
Monczka (2010) sugere cinco passos para a definição de estratégias de compras que se passam a expor
de seguida.
10
• Conseguir ter o apoio da gestão de topo, essencial para o projeto progredir;
• Criar uma equipa de trabalho, identificar os problemas, recolher dados e fazer pesquisa;
• Definir um plano de trabalhos, quantificar custos, identificar benefícios, indicar quais as
contribuições para a concretização dos objetivos da empresa, definir responsabilidade e
metas para o projeto;
• Sustentar o projeto, especialmente durante a sua fase inicial.
Neste ponto, as bases do projeto foram definidas, sendo que a equipa já pode iniciar o seu trabalho.
O objetivo deste passo é conseguir ter uma visão detalhada do estado atual das compras, e como a
função deve evoluir no futuro.
Para atingir tal objetivo, começa-se por fazer uma análise de gastos. Muitas vezes recorre-se à análise
ABC de modo a examinar e categorizar os gastos feitos por compra.
• O que foi comprado no ano anterior? Esta análise mostra os produtos comprados e identifica
oportunidades para normalizar produtos, reduzir o volume de compras, consolidar compras, entre
outros;
• Qual o valor gasto em compras? Esta questão é essencial para se fazer o controlo financeiro e para
se fazer o cálculo dos custos com os produtos;
• A organização recebeu os bens e serviços corretos que encomendou? É essencial analisar esta
questão uma vez que a continuidade das operações depende disso;
• Quais os fornecedores com a maior percentagem de volume gasto em compras? Aqui se determina
a importância de cada fornecedor, se consolidam ordens de compra, reduzem-se o número de
fornecedores e explora-se o mercado de forma a que a organização obtenha melhores condições;
• As faturas estão de acordo com as ordens de compras e contratos? Aqui é possível verificar se os
fornecedores vão de encontro aos requisitos financeiros estabelecidos nos seus contratos;
• Cada parte da organização gastou o dinheiro em produtos e serviços conforme o que foi previamente
orçamentado? Esta informação permite planear as despesas e controlar os gastos.
Uma análise de gastos evidencia os padrões das compras e é importante para o planeamento financeiro
da organização.
Uma variação da análise de gastos é o portfólio de compras. A base deste portfolio reside no facto de
cada compra poder ser classificada em quatro categorias distintas: rotina, gargalo, alavanca e
11
estratégico, o que permite distinguir as compras conforme a sua importância estratégica. Mais à frente,
o portfólio de compras irá ser explorado com maior detalhe.
Neste passo procura-se entender as capacidades dos fornecedores, produtos, condições e capacidade
de satisfazer os requisitos dos clientes. Para tomar uma decisão adequada, os compradores precisam
de:
Nesta fase é feita a escolha de objetivos estratégicos de acordo com o contexto. Cada organização é
única e funcionará melhor com as estratégias definidas para o seu contexto. No entanto, existem padrões
comuns de objetivos estratégicos tais como:
A fase de implementação engloba agir conforme as mudanças que foram pensadas e definidas
anteriormente. Isto inclui estabelecer tarefas e a data de finalização, designar responsáveis pelas tarefas
e assegurar que os recursos necessários estão disponíveis.
12
É comum a equipa dissolver-se no final desta fase, mas fica sempre uma pessoa responsável por
monitorizar o desempenho das novas estratégias, e assegurar-se que tudo ocorre como planeado. A
monitorização pode envolver os seguintes aspetos:
• Realizar reuniões com uma certa regularidade, pelo menos anual, para verificar se as estratégias
ainda vão de encontro aos objetivos da organização;
• Verificar se os objetivos principais estão a ser alcançados, caso não seja o caso, deve ter-se um plano
de contingência para aplicar;
• Identificar mudanças no contexto do mercado que possam exigir alguns ajustes nas estratégias;
• Obter feedback sobre o grau de satisfação do cliente interno quanto às estratégias.
Uma organização deve escolher as estratégias que forem adequadas ao seu contexto e que lhe permitam
atingir os seus objetivos de crescimento. No entanto, existem algumas estratégias que são comumente
utilizadas, tais como as estratégias apresentadas a seguir, baseadas nos trabalhos de Carvalho (2012)
e Monczka (2010).
Global sourcing. Esta estratégia permite à organização alargar os seus horizontes, no sentido em que
esta passa a ver o mundo inteiro como tendo potenciais fontes de fornecimento. O objetivo desta
estratégia passa por reduzir os custos de abastecimento e de ter acesso a novas tecnologias, técnicas
utilizadas no estrangeiro, e a possibilidade de estabelecer presença em novos mercados.
13
Total quality management. TQM é uma filosofia de gestão que tem como objetivo assegurar um nível de
qualidade maior possível. A ideia chave é que uma organização não consegue atingir uma qualidade
perfeita por si só, a não ser que obtenha materiais dos fornecedores com perfeita qualidade. Esta
estratégia exige que os fornecedores façam o desenvolvimento de uma filosofia de zero defeitos e de
melhoria contínua.
Custo total de posse. O custo total de posse tem em consideração todos os custos de aquisição de um
material, tais como o preço, custos de produção e transporte, eventuais penalizações devido a entregas
atrasadas, fraca qualidade e custos de reciclagem e descarte. A aplicação desta estratégia pode trazer
melhorias nas decisões, uma vez que possibilita ter-se uma visão mais ampla dos custos.
Durante muito tempo, a análise ABC foi a única ferramenta utilizada para fazer a diferenciação entre
compras mais ou menos relevantes (Gelderman, 2003).
De acordo com Dias (1994), na análise ABC os itens são divididos em três classes:
• Classe A: Tem o maior valor em termos de investimento (cerca de 80%) que corresponde a cerca de
20% do total de artigos. Por isso, esta é a classe que merece uma maior atenção.
• Classe B: Representa cerca de 15% do valor monetário total, e corresponde a 30% dos artigos.
• Classe C: Representa apenas cerca de 5% do valor monetário total, no entanto corresponde a cerca
de 50% do total dos artigos. Esta classe é constituída por produtos em que o investimento é baixo
relativamente aos restantes, daí ser a que exige menor atenção.
Apesar de a análise ABC ser útil para fazer a diferenciação entre compras, esta não fornece
recomendações por categoria, apenas fornece informações sobre a concentração de gastos nas
compras. Por isso, considera-se que a análise ABC é uma ferramenta de classificação e não um modelo
de portfólio (Gelderman, 2003).
O conceito de portfólio apresentado por Gelderman e Van Weele (2000) tem como base a ideia de
simplificação de um problema complexo, procedendo à classificação de itens numa matriz de duas
dimensões, e fornecendo recomendações estratégicas para cada célula da matriz.
14
Olsen e Ellram (1997) destacam a importância da aplicação de diferentes estratégias para diferentes
tipos de fornecedores/compras.
É importante fazer-se a diferenciação entre fornecedores e compras de modo a conseguir obter um guia
de ações para cada um dos diferentes casos. A aplicação de modelos de portfólio de compras é uma
ferramenta adequada para concretizar os passos anteriormente sugeridos.
No sentido de apresentar uma ferramenta para delinear estratégias diferenciadas de compras, Kraljic
publicou em 1983 o seu modelo de portfólio de compras.
Kraljic (1983) dividiu o seu modelo em quatro fases de implementação: classificação das compras,
análise de mercado, posicionamento estratégico e desenvolvimentos de planos de ação.
• Impacto financeiro: pode ser definido em termos de volume de compras, percentagem do volume
de compras, impacto na qualidade do produto ou crescimento do negócio.
• Risco de abastecimento: é avaliado em termos de disponibilidade dos fornecedores,
competitividade da oferta disponível, decisões de make-or-buy, custos logísticos, possibilidades
de substituição.
De acordo com esta classificação, os itens comprados pela organização, ficam divididos em quatro
categorias: rotina, gargalo/estrangulamento, alavanca e estratégico.
15
Figura 1 - Categorias da matriz de Kraljjc adaptado de Kraljic, 1983
Na Tabela 1 são apresentadas as principais tarefas, informações requeridas, e níveis de decisão de cada
categoria.
Tabela 1 - Principais tarefas, informação necessária e nível de decisão adaptado de Kraljic, 1983
Kraljic (1983) afirma que cada categoria requer uma diferente abordagem em função da complexidade
das suas implicações estratégicas, e que é necessário fazer uma revisão regular ao portfólio, pois podem
surgir alterações nos padrões de abastecimento e procura, o que pode resultar numa diferente
distribuição dos produtos pelas categorias.
16
Fase 2: Análise de mercado
Na fase seguinte, a organização compara o seu poder negocial em relação ao dos seus fornecedores.
A terceira fase consiste no posicionamento dos materiais identificados como estratégicos na primeira
fase numa nova matriz. A nova matriz será elaborada tendo por base a comparação das forças dos
fornecedores e forças da organização.
Na Figura 2 é possível observar esta nova matriz que resulta em três estratégias: explorar, equilibrar e
diversificar.
17
Figura 2 - Matriz do portfólio de compras adaptado de Kraljic, 1983
Explorar:
No caso dos itens da zona “explorar” a empresa tem oportunidade de pressionar os seus fornecedores
de modo a conseguir melhores preços. É importante ter em atenção que uma pressão exagerada pode
prejudicar a longo prazo a relação com os fornecedores.
Equilíbrio:
Para os itens deste grupo é necessário aplicar uma estratégia equilibrada. Deve-se ter em consideração
que uma postura agressiva pode prejudicar a relação com os fornecedores e até gerar retaliações. Por
outro lado, uma postura conservadora poderia originar situações de compra menos favoráveis.
Diversificar:
Em itens onde o papel da organização é secundário e os fornecedores tem força, deve-se adotar uma
estratégia de diversificação. A estratégia engloba a procura por novos fornecedores ou produtos
substitutos.
Cada uma das três estratégias tem implicações distintas para os elementos individuais para estratégias
de compras.
18
Tabela 3 - Implicações estratégicas do posicionamento do portfólio de compras adaptado de Kraljic, 1983
Estratégias
Explorar Equilíbrio Diversificar
Volume Distribuir Manter ou alternar Centralizar
cuidadosamente
Preço Pressionar para Negociar oportunisticamente Manter low profile
reduzir
Cobertura contratual Compras spot Balancear compras spot com Assegurar abastecimento
acordos contratuais com base em contratos
Novos fornecedores Manter contacto Fornecedores selecionados Procura intensiva
Inventários Manter reduzido Utilizar stocks como “buffer” Reforço de stocks
Produção própria Reduzir ou não Decidir seletivamente Desenvolver
fazer
Substituição Manter contactos Procurar boas oportunidades Procurar ativamente
Engenharia - criação Fazer o fornecedor Executar seletivamente Iniciar programa próprio
de valor cumprir
Logística Minimizar custos Otimizar seletivamente Assegurar stocks
Gelderman (2003) sugere cinco passos para se proceder à aplicação prática da matriz de Kraljic:
1. Preparação
Ao fazer o design da matriz deve-se ter em conta o nível de agregação, a seleção de dimensões,
variáveis e o método de medida. Na determinação do nível de agregação deve-se optar por agrupar
ou não agrupar os itens, conforme a necessidade de facilitar todo o processo. O nível de agregação
deve ter em consideração se é possível serem aplicadas as mesmas estratégias de compras a
determinado grupo; caso não seja possível, deve-se avaliar os itens individualmente.
19
As dimensões impacto financeiro e risco de abastecimento podem ser interpretadas de diversas
maneiras. Kraljic (1983) sugere os seguintes fatores:
• Volume de compras;
• Disponibilidade do produto;
• Possibilidade de substituição;
No entanto, podem-se recorrer a outros fatores para definir tanto o impacto financeiro como o risco
de abastecimento. A equipa deve chegar a um consenso sobre os fatores que constituem o impacto
financeiro e o risco de abastecimento.
A equipa deve comparar os resultados obtidos com as expetativas anteriores sobre os resultados. De
seguida a equipa deve entender os motivos desses resultados obtidos e refletir na gravidade da
situação.
Este passo é dedicado à seleção de respostas estratégias às posições na matriz. Existem várias
alternativas para cada posição na matriz. É necessário perceber quais são as melhorias necessárias
20
e possíveis. Existem estratégias que mantém a posição e estratégias que fazem mover o item para
outra posição. Naturalmente, nem sempre será possível mudar as posições.
5. Avaliação e follow up
Ao pôr em ação as estratégias definidas, a posição dos itens na matriz poderá mudar. A posição na
matriz reflete o estado atual da situação, por isso é importante comparar a matriz atual com uma
anterior, caso seja possível. Também é imprescindível fazer a análise ao portfólio de compras pelo
menos uma vez por ano. Deve-se definir objetivos concretos a atingir e estes devem ser incluídos no
plano de compras.
Apesar de o modelo de Kraljic ser uma referência na área, também existem críticas associadas ao
mesmo. De acordo com Gelderman e Van Weele (2003), as principais críticas ao modelo são:
• O modelo não define como devem ser feitos os cortes no impacto financeiro e no risco de
abastecimento;
• O modelo não define claramente o que são as dimensões impacto financeiro e risco de
abastecimento e como se deve medir essas dimensões;
• O modelo não tem em consideração as reações ou estratégias que o fornecedor possa ter em
mente;
• O modelo não considera os movimentos na matriz, em termos de posição atual e posição que
se deseja alcançar e como alcançar essas posições (estratégias).
Gelderman e Van Weele (2003) sugerem ações estratégicas de acordo com o objetivo de movimentação
na matriz:
• Manter a mesma posição na matriz: uma posição pode ser mantida caso a empresa acredite
que é a melhor posição para determinando item ou porque se considera que não existem
hipóteses realísticas de alterar a posição.
21
• Mudar para outras posições na matriz: quando é possível e se pretende, deve-se alterar a posição
do item na matriz; neste caso as estratégias são mais radicais e ativas.
Gelderman e Van Weele (2003) apresentam as estratégias e movimentos possíveis na matriz (Figura 3).
Figura 3 - Visão geral das orientações estratégicas para os quadrantes (Gelderman & Van Weele, 2003)
É possível observar na Figura 3, que os movimentos no quadrante estratégico ou gargalo são para a
esquerda, o que implica reduzir o risco de abastecimento. No quadrante rotina, os movimentos são para
cima e o os artigos do quadrante alavanca são trocados pelos artigos do quadrante estratégico.
Gelderman e Van Weele (2003) apresentaram as seguintes estratégias para cada situação:
• Quadrante gargalo
Os artigos deste quadrante têm um baixo impacto financeiro e um risco de abastecimento alto,
as organizações devem procurar alternativas de fornecimento.
22
Estas medidas levam a uma redução do risco de abastecimento e menor dependência do
fornecedor, e consequentemente a mudança para o quadrante rotina.
Caso não exista a possibilidade, o artigo deve manter a mesma posição. Nesta situação devem-
se tomar as seguintes ações:
o Sistemas de consignação;
• Quadrante rotina
Os itens deste quadrante devem ser comprados em grandes quantidades, o que permite explorar o
poder de compra. Se necessário deve haver um processo de normalização dos artigos.
o Soluções de e-procurement.
Quando não é possível normalizar os requisitos de compra, as empresas devem optar por
encomendas individuais. Devem-se procurar formas de reduzir os custos indiretos das compras que
estão ligados a atividades administrativas.
• Quadrante alavanca:
Os itens deste quadrante têm um grande impacto financeiro e um risco de abastecimento reduzido.
O comprador, muitas vezes, pode utilizar a sua posição favorável a seu favor. Neste quadrante pode-
se explorar os contratos a curto prazo e potenciar a licitação e parcerias de conveniência com
fornecedores.
23
Apenas se faz a movimentação de um item para o quadrante estratégico como exceção com o intuito
de desenvolver uma parceria estratégica com um fornecedor. Uma estratégia cooperativa só deve
ser desenvolvida se o fornecedor estiver com disposição e capaz de contribuir para a capacidade
competitiva da organização.
• Quadrante estratégico
a. Manter posição: manter posição estratégica e aceitar parceria fechada com o fornecedor.
As empresas devem manter parcerias estratégicas de longo prazo sempre que as mesmas
tragam vantagens competitivas. Estas relações devem incluir confiança, compromisso e uma
troca aberta de informações entre comprador e fornecedor.
O método de análise hierárquica (AHP) é bastante útil para se obter a quantificação do impacto financeiro
e o risco de abastecimento.
O método AHP, introduzido por Saaty (1980), é uma ferramenta eficaz para facilitar a tomada de decisões
complexas e importante na definição de prioridades e escolha de melhor decisão a tomar. Este método
baseia-se na redução de decisões complexas, fazendo uma série de comparações a pares e por fim
sintetizando os resultados.
Este método é explicado detalhadamente por Saaty e Vargas (2001) e mais resumidamente por Drake
(1998).
24
Em resumo, seguem-se os seguintes passos:
• Ponderar a importância relativa dos critérios recorrendo a comparações de pares com base
numa escala de importância relativa de 1 a 9;
• Obter os valores globais de preferência de cada alternativa com base nos cálculos descritos no
método.
Bianchini, Pellegrini e Rossi (2019) recorreram ao método AHP para fazer a priorização de critérios. Esta
priorização consiste em designar um peso a cada critério que foi previamente selecionado de modo a
comparar a sua importância relativa.
Ferreira e Kharlamov (2012) destacaram que este método é uma maneira eficaz de lidar com a
priorização de critérios.
Drake, Myung Lee e Hussain (2013), também utilizaram o método AHP para fazer a priorização de
critérios selecionados no seu estudo.
2.4 Síntese
Como referido ao longo deste capítulo, a função compras pode ter um papel fulcral no sucesso de uma
organização. No sentido de tirar maior proveito da função compras, é importante adotar-se uma
abordagem estratégica, designadamente a adoção de estratégias de compras.
A matriz de Kraljic (1983) é uma ferramenta que pode ser muito útil para a definição de estratégias de
compras de uma organização. Esta matriz tem como objetivo classificar os itens comprados pela
organização em quatro categorias distintas: alavanca, estratégico, rotina e gargalo. Esta categorização é
feita através da classificação dos mesmos em termos de risco de abastecimento e impacto financeiro.
Finalmente, esta ferramenta sugere estratégias de acordo com a categoria em que os itens estão
enquadrados. Também é importante referir a relevância das propostas sugeridas por Gelderman e Van
Weele (2003) para colmatar algumas críticas feitas a este modelo.
Ao longo deste estudo será reportada a aplicação do modelo de Kraljic combinado com as propostas de
Gelderman e Van Weele de modo a fazer uma abordagem mais completa e eficaz na definição de
estratégias de compras.
25
3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DA SITUAÇÃO ATUAL
Neste capítulo é feita a apresentação da empresa onde foi desenvolvido este trabalho, uma análise do
funcionamento do departamento e do seu processo de compras, e os problemas detetados durante a
análise.
O presente projeto foi desenvolvido no departamento de compras da empresa DST s.a., sediada em
Braga, pertencente ao Grupo DST.
A família Silva Teixeira iniciou a atividade de extração de inertes nos anos 40, e em 1984 a empresa
Domingos da Silva Teixeira & Filhos é constituída. A empresa sofreu um crescimento na década de 90
com a aquisição de várias empresas, entrada em novas áreas de negócio e passagem a sociedade
anónima: Domingos da Silva Teixeira, S.A.
A missão do grupo DST é construir projetos empresariais sustentáveis que acrescentem valor para a
comunidade. Neste sentido, a sua principal atividade é a área de engenharia e construção, no entanto
também abrange outras variadas áreas tais como ambiente, telecomunicações, energias renováveis, real
state e ventures. No Anexo 1 – Organograma do grupo DST, é possível consultar o organograma do
Grupo DST.
É bem patente o incentivo do grupo à cultura não só no slogan “building culture”, mas também nas suas
práticas. Em 1995, iniciou-se a atribuição do Grande Prémio de Literatura DST, com o objetivo de
premiar, todos os anos, uma obra em português de um autor português. Em 2014, foi estabelecido um
protocolo com a Universidade do Minho no sentido de participar num programa de atribuição de bolsas
de estudo aos melhores alunos do Mestrado Integrado de Engenharia Civil.
O grupo tem aumentado a sua presença internacional em vários países dos continentes europeu,
africano, americano e asiático. Neste momento o grupo possui cerca de 1800 trabalhadores e encontra-
se situado em Palmeira, Braga. A planta das instalações do grupo DST é apresentada na Figura 4.
26
Figura 4 - Planta das instalações do grupo DST
A DST, s.a. inclui-se na área de Engenharia e Construção e divide-se em três ramos de atividade:
construção civil, infraestruturas e água, ambiente e energia.
A sua atividade principal é a construção civil, e opera de forma competitiva nas áreas da indústria e
logística, turismo e lazer, edifícios de utilização pública, comércio e serviços, requalificação histórico-
artística e habitação. Ao longo do tempo, tem-se vindo a especializar nas infraestruturas, sejam elas
rodoviárias e urbanas, ferroviárias, aeroportuárias, marítimo-portuárias ou de telecomunicações. Por
último, a DST, s.a. tem mais de 70 anos de experiência em água, ambiente e energia e conta com um
portfólio composto por obras em parques eólicos, parques solares, infraestruturas hidráulicas,
infraestruturas ambientais e infraestruturas de gás.
Na Figura 5 é possível observar alguns exemplos de obras das áreas referidas anteriormente.
27
Figura 5 - Exemplos de obras realizadas pela DST
A DST, s.a. foi distinguida em 2007 pelo Great Place Institute como a melhor empresa de construção
civil e obras públicas para trabalhar em Portugal. De 2009 a 2011, foi eleita pela revista Exame, em
parceria com a Heidrick & Struggless (H&S), como uma das melhores empresas para trabalhar em
Portugal. Em 2016, ficou em primeiro lugar no setor da Construção no ranking ‘500 Maiores & Melhores
Empresas’ da revista Exame, do jornal Expresso. Mais recentemente, em 2018, recebeu o prémio da
Euromoney Real Estate Survey 2017 na categoria “Best Developers, Industrial/Warehouse Portugal”.
Como foi mencionado anteriormente, este projeto foi desenvolvido no departamento de compras da DST,
s.a. Este departamento é o responsável por obter todo o material e serviços necessários para que a
empresa mantenha os seus processos produtivos a funcionar.
28
3.2 Estado atual das compras
O departamento de compras tem crescido ao longo dos anos, acompanhando o crescimento da empresa.
Cada comprador é responsável por fazer os negócios dos segmentos que lhe são atribuídos. Os
segmentos são caracterizados como tipos de materiais (mat.), subempreitadas (sub.), mão de obra (m.o.)
e serviços (serv.).
As compras são feitas a fornecedores diversos, de materiais, mão de obra e serviços, incluindo também
subempreiteiros. Ao longo deste documento, o conceito de fornecedor servirá para referir qualquer tipo
de fornecedor, exceto quando explicitamente indicado.
Na Tabela 4 são apresentados os volumes de negócio do ano de 2020 da totalidade dos segmentos e a
sua análise ABC. Aplicando a Lei de Pareto, foi possível verificar que 23% dos segmentos representam
80% do volume de compras total, 24% dos segmentos representam 15% do volume total de compras e
53% dos segmentos representam apenas 5% do volume total de compras.
Na Tabela 5 é apresentada uma análise similar à anterior, mas tendo em conta o volume de compras
por fornecedor. Em 2020, 11% dos fornecedores absorveram 80% do total de volume de compras, 20%
dos fornecedores absorveram 15% do total do volume de compras e 70% dos fornecedores absorveram
apenas 5% do volume total de compras.
Na Figura 6 é possível observar a distribuição dos fornecedores da empresa por Portugal continental. É
possível concluir que a maior densidade de fornecedores se localiza na zona metropolitana de Lisboa,
seguido da zona norte entre Porto e Braga.
29
Figura 6 - Distribuição dos fornecedores da empresa por Portugal continental
O mapa da Figura 7 mostra a localização das obras da empresa em 2020. É possível verificar que as
obras se distribuem, na sua maioria, pela zona metropolitana de Lisboa e zona norte do país. Nas obras
que têm localizações mais remotas, geralmente são sentidas mais dificuldades de abastecimento, uma
vez que o número de fornecedores é significativamente mais reduzido nessas zonas geográficas.
No início de 2020, foi criada a equipa de sourcing no sentido de suprimir as dificuldades que se
faziam/fazem sentir, tanto nas localizações mais remotas como nas restantes. Nos primeiros três
trimestres de 2020, registou-se um crescimento de 83% no registo de novos contactos de fornecedores
face ao período homólogo do ano anterior. Consequentemente, no mesmo período, registou-se um
crescimento de 6% de novos fornecedores adjudicados face a 2019.
30
Quando um novo fornecedor é selecionado para uma obra, é feito um registo de poupança. Essa
poupança é calculada pela diferença entre o valor do orçamento fechado com esse novo fornecedor com
o segundo melhor orçamento.
Na Figura 8 é apresentado o crescimento de poupanças obtidas dos anos 2018, 2019 e 2020.
O processo de compras inicia-se quando a empresa ganha uma obra e, por consequência, há a
necessidade de fazer a subcontratação de uma série de subempreitadas e fornecimento de materiais.
O procedimento é iniciado com uma requisição por parte da direção de obra, via email, onde se expressa
as suas necessidades de acordo com o projeto da obra, o que engloba de artigos ou subempreitadas a
comprar ou a contratar, os valores orçamentais disponíveis para o negócio e respetivas datas de fecho
de processo. No caso de artigos, também são anexados os desenhos das peças e dados sobre as
quantidades necessárias.
De seguida, o comprador cria o processo num documento Excel (chamado mapa de aprovisionamento)
onde irá fazer o registo dos processos e do estado dos mesmos. Depois de fazer o planeamento do
negócio, é iniciado o processo de seleção de fornecedores.
O comprador verifica se se trata de uma rubrica crítica, ou seja, onde existam poucos fornecedores na
base de dados do departamento. Caso seja uma das rubricas mais críticas, o comprador avisa a equipa
de sourcing para que esta inicie o seu trabalho no terreno.
Assim, a equipa de sourcing inicia o processo de procura de novos contactos de fornecedores no terreno
e abastece o comprador com propostas dos novos contactos. Finalmente, o comprador lança um
31
concurso aos fornecedores, via email, onde começa por questionar o interesse dos mesmos em trabalhar
com a DST em determinada obra.
Caso o fornecedor alegue não ter interesse em trabalhar com a DST, o comprador irá tentar persuadi-lo.
Caso não o consiga, o processo com esse fornecedor termina nesta fase. Caso o comprador tenha
sucesso, o fornecedor irá enviar a sua proposta de orçamento.
Posteriormente, o comprador atualiza um documento Excel apelidado de mapa comparativo. Neste mapa
comparativo, são preenchidos os preços orçamentados pelos diversos fornecedores com que se
contactou. É feita uma verificação dos requisitos financeiros, prazos de pagamento acordados e se o
preço, prazos e qualidade cumprem-se para a compra em questão.
Caso não se cumpram, o comprador negoceia uma revisão de proposta com o fornecedor e caso consiga,
atualiza essa proposta no mapa comparativo.
De seguida, é feita a análise de um ficheiro Excel, intitulado de “go no go”, onde se faz a verificação final
de alguns dos requisitos como condições financeiras, históricos de obra realizadas anteriormente pelo
fornecedor, etc.
Caso seja aceite, se for um fornecedor que esteja a trabalhar pela primeira vez com a DST, o comprador
irá fazer uma atualização da base de dados, informar a equipa de sourcing e esta irá fazer o registo da
poupança que obteve com este fornecedor.
De seguida, o processo é enviado para a direção de obra onde fica a aguardar pela aprovação por parte
do cliente. Quando é feita a aprovação, a direção de obra cria uma requisição de subempreitada que irá
servir de base para efetuar a contratualização com o fornecedor. Caso o valor adjudicado seja inferior a
10 mil euros, o comprador envia um pedido de validação para o diretor de produção; caso o valor seja
superior, seguirá também para o presidente do conselho administrativo.
Por fim, faz-se a formalização do contrato com o fornecedor, caso o mesmo aceite as condições
contratuais.
Na Tabela 6 encontra-se um resumo das principais tarefas efetuadas por parte do departamento de
compras no processo de contratação de um fornecedor. Foram atribuídas classificações às mesmas, de
acordo com o nível de gestão (tático e operacional) em que se enquadram.
32
Tabela 6 - Classificação do nível de gestão das principais tarefas do processo de contratação de fornecedores
33
Figura 9 - Diagrama BPMN do processo de contratação fornecedores
34
3.4 Avaliação de subempreiteiros
Depois de a obra ser concluída, a equipa de sourcing é responsável por fazer uma avaliação aos
subempreiteiros. Esta avaliação fica registada na intranet da empresa, e é apelidada de ranking de
subempreiteiros.
A avaliação é feita tendo como base seis critérios: capacidade técnica, cumprimentos dos prazos,
cumprimento das regras ambientais, cumprimento das regras de segurança, relações humanas e
capacidade negocial. Depois de atribuída a classificação a cada parâmetro, é calculada uma classificação
global. As classificações finais dividem-se entre A (excelente), B (desejável), C (deve melhorar), D (logo
que possível excluir), E (excluído).
Como é possível verificar na Figura 10, a maioria dos subempreiteiros obtiveram classificação B entre
o período de 2011 até 2021.
A avaliação dos subempreiteiros permite aos compradores consultar o ranking de subempreiteiros e dar
preferência à contratação de subempreiteiros com classificação de A ou B, fazendo assim um esforço
por fazer compras com maior qualidade.
35
3.5 Hábitos de aplicação de estratégias de compras
O inquérito foi enviado aos 12 comprados do departamento, tendo-se recorrido à plataforma Google
Forms para a elaboração do mesmo.
Obteve-se uma taxa de resposta de 83%, o que permite tirar algumas conclusões acerca das respostas
obtidas.
Figura 11 - Percentagem de compradores que sentem ou já sentiram dificuldades de abastecimento em determinados segmentos
Na questão “Tem estratégias de compras concretas definidas para os segmentos mais críticos?”, 90%
dos inquiridos responderam que sim (Figura 12).
No entanto, através da realização de discussões mais detalhadas com os compradores, foi possível
concluir que estas estratégias de compras resultam maioritariamente do seu conhecimento empírico, e
não de estudo baseado na literatura sobre o tema.
36
Figura 12 - Percentagem de compradores com estratégias de compras definidas para os segmentos mais críticos
A maioria dos compradores (73%) sente necessidade de melhorar a sua relação com os fornecedores
(Figura 13). Este é um dos pontos mais importantes na realização de melhores negócios, por isso um
dos focos deste trabalho será a definição de estratégias no sentido de melhorar o relacionamento com
os fornecedores.
Figura 13 - Percentagem de compradores que sente necessidade de melhorar a relação com os fornecedores
Quando questionados sobre a frequência em que têm oportunidade (tempo) de fazer uma análise dos
pontos a melhorar no negócio de cada segmento, 30% responderam “Muitas vezes”, 40% “Às vezes” e
30% responderam “Raramente” (Figura 14).
37
Figura 14 - Frequência com que os compradores têm oportunidade de fazer uma análise dos pontos a melhorar no negócio de cada
segmento
A maioria dos compradores considerou que a definição de estratégias de compras tem um impacto muito
relevante na melhoria de resultados financeiros, na eficácia do processo de negociação, na facilidade em
garantir melhores fornecedores em termos da relação qualidade/preço e na melhoria da relação da
empresa com os fornecedores (Figura 15).
Figura 15 - Opinião dos compradores em relação ao impacto da definição de estratégias de compras em relação diversas melhorias do
sistema
38
Figura 16 - Opiniões dos compradores do departamento em relação à importância de se investir tempo em analisar e pensar em
estratégias de compras para os segmentos mais críticos
Em suma, através deste questionário, foi possível concluir que os compradores já se depararam com
problemas de abastecimento, sentem necessidade de melhorar a relação com os fornecedores,
valorizam a definição de estratégias de compras e consideram que a mesma tem um impacto muito
relevante em vários fatores.
O departamento de compras está dependente dos seus fornecedores para desenvolver a sua atividade.
A qualidade das compras tem um enorme impacto no sucesso de toda a empresa, por isso o
departamento sentiu necessidade de mudar o paradigma e passar a ter uma visão mais estratégica do
negócio.
Apesar de ser um departamento sólido e com bastantes colaboradores, ainda existe uma margem de
crescimento significativa nos aspetos seguintes:
• Os custos pós obra são maioritariamente consequência das escolhas incorretas dos
subempreiteiros. Em 2020 a empresa terminou um estudo sobre as causas dos custos pós obra
39
das obras realizadas entre 2017 e 2019 e foi possível concluir que a má execução é a maior
causa de reparações realizadas pós obra.
Alguns dos problemas sentidos são também consequência direta de a empresa estar inserida no ramo
da construção civil, sofrendo assim as dificuldades inerentes. Os projetos de construção sofrem atrasos
constantes, erros, pausas não produtivas em determinada parte da obra (Al-Aomar, 2012), o que dificulta
o trabalho do comprador e a sua relação com os fornecedores.
A área da construção civil é um setor bastante complexo onde é sentida instabilidade, pois as obras são
feitas em locais temporários, por elementos temporários e que variam de acordo com as fases da obra
(Fearne & Fowler, 2006). O objetivo é minimizar os efeitos destes problemas tão característicos da área
da construção civil através da definição de estratégias de compras.
40
4. DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÃO DO MODELO DE PORTFÓLIO DE COMPRAS
Para iniciar o processo de desenvolvimento das estratégias de compras, optou-se por seguir os cinco
passos para a aplicação de portfólio de compras de Gelderman (2003) referidos na Secção 2.3.2. Estes
passos incluem a preparação, design e preenchimento da matriz, interpretação dos resultados, definição
de ações estratégias, avaliação e follow up.
O primeiro passo para se iniciar este projeto foi averiguar se o departamento de compras tinha interesse
numa análise do seu portfólio de compras de modo a chegar ao desenvolvimento de estratégias de
compras.
Foram nomeados alguns elementos do departamento de compras cujo papel é prestar apoio ao
desenvolvimento do portfólio de compras. Como o tempo de desenvolvimento do projeto é relativamente
reduzido, foi necessário estabelecer-se prioridades. Por isso, optou-se por trabalhar o portfólio de
compras apenas com os segmentos que representam maior volume de compras designadamente:
subempreitadas, mão de obra e serviços.
Como foi referido no capítulo anterior, apesar de o departamento ter uma posição bastante sólida e ter
sofrido um crescimento significativo ao longo dos anos, pretende-se aumentar a competitividade,
alcançar melhores preços de compra e fazer compras com a maior qualidade possível.
41
4.2 Design e preenchimento da matriz
Nesta secção é desenvolvida a matriz de Kraljic. A matriz de Kraljic irá proporcionar uma visão dos níveis
de risco de abastecimento de cada segmento e irá servir como base para a definição de estratégias de
compras, tendo em conta o posicionamento final de cada segmento na matriz.
Para se definir o nível de agregação, foi necessário aceder à informação disponível do volume de compras
do departamento referentes ao ano de 2020.
Como referido na secção anterior, devido a limitações de tempo, optou-se por apenas ter em
consideração subempreitadas, mão de obra e serviços.
De modo a tornar a construção do portfólio de compras mais relevante para o departamento, deu-se
preferência apenas aos segmentos com maior volume de faturação do grupo referido.
Procedeu-se a uma análise ABC de modo a identificar quais os segmentos pertencem à classe A. Na
Tabela 7, estão apresentados os segmentos classe A selecionados.
42
4.2.2 Seleção de dimensões e quantificação
Como sugerido por Kraljic (1983), as dimensões selecionadas foram o impacto financeiro e o risco de
abastecimento.
O impacto financeiro correspondeu ao volume de compras de cada segmento, sendo que o eixo terá
por valor mínimo 600 000 e valor máximo de 7 000 000. O corte intermédio foi definido em 3 800 000,
equivalendo ao valor intermédio entre o mínimo e o máximo.
Para determinar o risco de abastecimento, foram selecionadas cinco variáveis avaliadas numa escala
de 1 a 4, em que 1 equivale à classificação mais favorável e 4 representa a classificação menos favorável.
43
4- localização representa fator de risco elevado
Como o risco de abastecimento foi definido por cinco variáveis, foi necessário recorrer a um método
de ponderação de fatores de modo a obter o peso de cada variável. Para determinar o peso de cada
variável, utilizou-se o método de análise hierárquica (AHP).
44
2. Definição de prioridades. De modo a estabelecer prioridades entre as variáveis, procede-se a uma
comparação par a par das variáveis. Para fazer essa comparação, recorre-se à Tabela 8.
Escala Avaliação
Igualmente importante 1
Importância moderada 3
Mais importante 5
Muito mais importante 7
Importância extrema 9
Valores intermédios 2; 4; 6; 8
3. Matriz de comparação. Para se chegar à matriz de comparação, foi necessário reunir com os
compradores e chegar a um consenso. Comparando o poder negocial com o número de fornecedores
disponíveis, considerou-se que o poder negocial tem uma importância moderadamente maior (3) na
definição do risco de abastecimento. Consequentemente, o valor obtido na comparação da
importância do número de fornecedores disponíveis em relação ao poder negocial o valor será o
simétrico do dado à comparação anterior (1/3). Na Tabela 9, é possível consultar o resultado final
da matriz.
Número de Facilidade em
Poder Localização Enquadramento
Critérios fornecedores trocar de
negocial da obra nos prazos
disponíveis fornecedor
Poder negocial 1 3 5 5 5
Número de fornecedores
1/3 1 4 4 4
disponíveis
Localização da obra 1/5 1/4 1 1/2 4
Enquadramento nos prazos 1/5 1/4 2 1 2
Facilidade em trocar de
1/5 1/4 1/4 1/2 1
fornecedor
• Fazer a divisão dos elementos da matriz comparação pelo valor resultante da soma da respetiva
coluna.
• Fazer a média aritmética de cada linha de modo a chegar aos pesos das variáveis (Tabela 10).
45
Tabela 10 - Pesos de cada critério da matriz normalizada
Número de Facilidade em
Poder Localização Enquadramento
Critérios fornecedores trocar de Peso
negocial da obra nos prazos
disponíveis fornecedor
Número de
fornecedores 0,172 0,211 0,327 0,364 0,250 0,265
disponíveis
Enquadramento nos
0,103 0,053 0,163 0,091 0,125 0,107
prazos
Facilidade em trocar
0,103 0,053 0,020 0,045 0,063 0,057
de fornecedor
De seguida, é necessário calcular a razão de consistência. A razão de consistência (CR) precisa ser igual
ou inferior a 0,10; caso não o seja, é necessário fazer um novo julgamento aos valores dados na matriz
de comparação.
CI
A CR calcula-se recorrendo à seguinte fórmula: CR= RI
λMax-n
O CI diz respeito ao índice de consistência e é calculado por: CI= .
n-1
Para se obter o valor do λMax, começa-se por calcular o produto da matriz inicial de comparação com o
peso de cada critério e procede-se ao somatório por linha (Tabela 11).
Tabela 11 - Resultado do somatório do produto da matriz inicial de comparação com o peso de cada critério
Número de Facilidade em
Poder Localização Enquadramento
Critérios fornecedores trocar de Soma
negocial da obra nos prazos
disponíveis fornecedor
0,465 0,795 0,535 0,535 0,285 2,615
Poder negocial
Número de
0,155 0,265 0,428 0,428 0,228 1,504
fornecedores
disponíveis
0,093 0,066 0,107 0,054 0,228 0,548
Localização da obra
46
De seguida, divide-se o resultado da soma feita anteriormente pela média aritmética de cada critério e
obtém-se um vetor. Procede-se ao somatório dos valores do vetor e divide-se o valor pelo número de
critérios (5). Finalmente, obteve-se o valor de λMax.
5,624
5,675
5,119
5,554
5,202
Somatório
27,174
λMax
5,435
Calculou-se o CI, conforme a fórmula apresentada anteriormente e obteve-se o valor de 0,109. Por fim,
para calcular a razão de consistência (CR), divide-se o índice de consistência (CI) pelo índice aleatório
(RI). O valor de RI está tabelado e varia conforme o número de critérios (Tabela 13).
Tabela 13 - Índice aleatório (RI) (adaptado de Saaty, 1980)
n 2 3 4 5
O valor obtido para a razão de consistência (CR) foi de 0,097, o que é aceitável uma vez que o valor é
inferior a 0,10.
Em suma, recorrendo ao método AHP e após discussão com os compradores para se chegar a um
consenso em relação à avaliação par a par das variáveis, foi possível chegar aos valores ponderados dos
pesos de cada critério que definem o risco de abastecimento.
47
4.2.3 Análise das variáveis que definem o risco de abastecimento
Para os compradores, a variável que mais pesa para definir o risco de abastecimento é o poder negocial.
O poder negocial está diretamente ligado à facilidade de o comprador obter melhores preços nas
condições pretendidas. Pode-se dizer que o preço é um fator essencial na ótica dos compradores, pois
é o mesmo que dita as margens de lucro do departamento.
De seguida, os compradores nomearam o número de fornecedores disponíveis como uma das variáveis
com importância bastante significativa. Existindo vários fornecedores interessados em trabalhar, o risco
de rotura diminui automaticamente. Num negócio, quando existem muitos fornecedores disponíveis e
interessados, o comprador tem poder de escolha e margem para fazer melhores negócios e alcançar
melhores preços. Esta variável também acaba por refletir a importância dos preços nas compras do
departamento.
O enquadramento dos prazos pode prejudicar o negócio na medida em que, muitas vezes, a direção de
obra exige prazos muitos apertados, o que dificulta o trabalho dos compradores na seleção de
fornecedores. Muitas vezes, os fornecedores ficam automaticamente fora do negócio, pois não
conseguem enquadrar-se nos prazos exigidos. Esta preocupação deve-se às falhas de planeamento da
direção de obra que acabam por dificultar os negócios do departamento de compras.
Por fim, a variável com menos peso é a facilidade em trocar de fornecedor, ou seja, apesar da facilidade
em trocar de fornecedor (relativamente aos habituais) ser algo relevante no negócio, cada uma das outras
variáveis tem um maior peso, sendo suficiente para suprimir uma eventual rotura de abastecimento.
Foi realizada uma reunião com o comprador responsável por cada segmento para se proceder ao
preenchimento de um questionário com as pontuações de cada variável que definem o risco de
abastecimento.
De seguida, essas pontuações foram ponderadas, de modo a obter-se o valor final do risco de
abastecimento de cada segmento. No Apêndice 2 – Pontuações dadas pelos compradores às variáveis
48
que definem o risco de abastecimento, é possível consultar o resultado do inquérito realizado e o valor
do risco de abastecimento por segmento.
O impacto financeiro foi definido através do volume de compras de 2020 de cada segmento.
A matriz do portfólio de compras é apresentada na Figura 18. A matriz foi construída recorrendo aos
valores de volume de faturação dos segmentos para representar o impacto financeiro. Para o risco de
abastecimento, recorreu-se aos valores obtidos através das pontuações dadas pelos compradores às
variáveis que definem o risco de abastecimento.
Na Tabela 14, é possível consultar a posição de cada segmento nos respetivos quadrantes da matriz do
portfólio de compras.
49
4.3 Interpretação dos resultados
Através da Figura 18 é possível observar que os quadrantes com menos segmentos são os quadrantes
alavanca e estratégico.
O quadrante rotina representa 18% do impacto financeiro e corresponde a 37% da totalidade dos
segmentos.
Tabela 15 - Resumo do posicionamento dos segmentos por quadrante da matriz do portfólio de compras
É possível perceber, desde já, que a empresa está moderadamente exposta ao risco, uma vez que os
quadrantes que representam o risco de abastecimento (estratégico e gargalo) equivalem a 50% do
impacto financeiro. Por isso, é relevante analisar estes dois quadrantes em maior detalhe.
É possível observar na Tabela 15 que este quadrante contém apenas dois segmentos e representa 22%
do impacto financeiro. Também é possível verificar na Tabela 16 que o segmento m.o./hora tem um
risco de abastecimento moderado, no entanto o segmento cofragem tem um risco de abastecimento
bastante elevado.
50
O segmento m.o./hora tem uma avaliação mais desfavorável na variável “poder de negociação”.
Reduzindo a pontuação dada, aumentando o poder de negociação o segmento poderia transitar para o
quadrante alavanca. Assim, pode-se concluir que este segmento representa um risco moderado.
O segmento sub. cofragem tem um risco de abastecimento muito elevado, devendo-se este valor a uma
pontuação desfavorável em todos as variáveis que definem o risco de abastecimento deste segmento. O
poder de negociação neste segmento é baixo uma vez que a principal dificuldade reside em encontrar
fornecedores que se encaixem nos prazos exigidos e nos preços. Os fornecedores deste segmento
acabam por ter um poder de negociação elevado, pois existe muita procura deste tipo de subempreitada
e pouca oferta no mercado, tendo os fornecedores maior margem de escolha.
Este quadrante é constituído por sete segmentos. Todos os segmentos apresentam um risco de
abastecimento elevado ou muito elevado (Tabela 17).
O segmento sub. aplicação de aço apresenta um risco de abastecimento de 2,46. Neste segmento o
poder de negociação é baixo. Quando a obra é localizada numa área mais remota existe um risco médio
de rotura, uma vez que há uma dificuldade em contratar fornecedores dispostos a trabalhar nesses locais
e, consequentemente, os preços e as condições do negócio tornam-se menos aliciantes. Por vezes, os
fornecedores ficam automaticamente fora do negócio, pois não se conseguem enquadrar nos prazos
exigidos, diminuindo assim a escolha de possíveis fornecedores para o negócio.
O segmento m.o. sub. reboco estuque tem um valor de risco de abastecimento similar ao segmento
anterior (2,48). As principais dificuldades nestes segmentos são o número reduzido de fornecedores
disponíveis a trabalhar com a DST, dificuldades no enquadramento de prazos e o facto de haver pouca
facilidade em trocar de fornecedor em relação aos habituais.
51
O segmento sub. estruturas pré-fabricadas em betão tem um valor de 2,57 para o risco de
abastecimento. As variáveis mais problemáticas são o poder de negociação baixo, o facto de o
enquadramento nos prazos, por vezes, ser fator de exclusão do fornecedor e a pouca facilidade em trocar
de fornecedor.
Por fim, o segmento sub. geotecnia apresenta dificuldades no poder negocial, sendo este muito baixo,
no número de fornecedores disponíveis igualmente baixo e, por fim, na pouca facilidade que tem em
trocar de fornecedor em relação aos habituais. Caso os fornecedores que normalmente trabalham com
a empresa fiquem indisponíveis, seria muito difícil colmatar essa falha pois existem poucos fornecedores
nesta área. Consequentemente, a falta de fornecedores também acaba por prejudicar o poder negocial.
Para diminuir o risco de abastecimento deste segmento, seria necessário aumentar o leque de
fornecedores que trabalha com a empresa.
52
5. DEFINIÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE COMPRAS
Para se proceder à definição das estratégias de compras, teve-se em consideração a posição de cada
segmento na matriz de Kraljic e a posição desejável do mesmo analisadas no capítulo anterior.
O objetivo é diminuir o risco de abastecimento, o que torna imprescindível a deslocação dos segmentos
para a esquerda na matriz. Esta deslocação colocará parte dos segmentos nos quadrantes alavanca e
rotina.
Para se chegar às estratégias de compras, além das recomendações teóricas ligadas à matriz de Kraljic
(1983) e ações ligadas com os tipos de movimentação pretendidas na matriz referidas na Secção 2.3.4,
foi feita uma análise SWOT dos segmentos com maior risco de abastecimento (estratégico e gargalo) no
sentido de analisar o segmento e mitigar as fraquezas que possam existir.
Nas secções seguintes são apresentados os objetivos e estratégias definidas para os segmentos de cada
quadrante da matriz.
Do quadrante estratégico apenas fazem parte dois segmentos. Neste quadrante o risco de abastecimento
e o impacto financeiro são elevados. O objetivo principal é diminuir o risco de abastecimento destes
segmentos, por isso é necessário encontrar formas de o reduzir.
No sentido de se atingir uma estratégia de compras mais eficiente, procedeu-se a uma análise SWOT de
cada segmento de modo a entender quais as suas forças, fraquezas, oportunidades e ameaças.
Depois de se reunir com o comprador responsável do segmento, foi possível chegar à análise SWOT do
segmento, apresentada na Tabela 18.
Forças Oportunidades
• A DST é uma empresa sólida, com • Crise económicas podem ser oportunidade na medida que
pagamentos garantidos e grande carteira de aumentam o poder de negociação com subempreiteiros;
obras. • Oportunidade para subempreiteiros trabalharem com obras
de renome.
Fraquezas Ameaças
• Falhas no planeamento por parte da direção • Falta de subempreiteiros no mercado com disponibilidade
de obra; e/ou interesse em encaixar nos prazos da DST;
• Falta de continuidade em obras adjudicadas • Outras empresas conseguem garantir continuidade de
(negócio feito obra a obra). trabalhos aos subempreiteiros.
53
É importante eliminar ou diminuir as fraquezas e ameaças do segmento cofragem. Quanto às fraquezas,
como são consequência do ambiente interno da empresa, poderá ser mais fácil tomar ações concretas
de melhoria das mesmas. Quanto às ameaças, são fatores negativos externos à empresa, por isso será
mais complexo ou impossível eliminá-las.
Para mitigar os problemas identificados, é importante que se atinjam os seguintes objetivos e respetivas
ações:
• Ter um plano de trabalhos assertivo por parte da direção de obra, garantindo continuidade de
produção aos subempreiteiros. Devido a falhas de planeamento por parte da direção de obra, muitas
vezes existem intervalos de tempo sem trabalho, o que desagrada os subempreiteiros e,
consequentemente, originam uma falta de interesse em trabalhar com a empresa. Existe a
necessidade de garantir um fluxo de trabalho contínuo em obra de modo a que estas pausas não
planeadas deixem de acontecer. De modo a pressionar a direção de obra a apresentar um plano de
trabalhos que corresponda ao planeamento real, o departamento de compras deverá exigir à direção
de obra um plano de trabalhos real em anexo ao contrato. Desta forma, os subempreiteiros terão
previamente acesso ao planeamento da obra e poderão prever possíveis intervalos de tempo sem
trabalho. Caso esta pressão não seja suficiente para provocar mudanças, o departamento poderá
criar a figura de valor /hora no contrato para mitigar incumprimentos do plano de trabalho por parte
da direção de obra, ou seja, caso haja pausas improdutivas não planeadas, a empresa terá de fazer
o pagamento estabelecido no contrato. Esta ação tanto beneficiará o subempreiteiro como o
departamento de compras, pois espera-se que, para evitar o pagamento, deste valor a direção de
produção apresente os planos de trabalho reais.
54
5.1.2 Mão de obra
Forças Oportunidades
• A DST é uma empresa sólida, com pagamentos • Falta de trabalho dos concorrentes, o que facilitaria o
garantidos e grande carteira de obras. processo de escolha de subempreiteiros (maior oferta);
• Oportunidade para subempreiteiros trabalharem com
obras de renome.
Fraquezas Ameaças
• Falhas no planeamento por parte da direção de obra; • Falta de subempreiteiros no mercado com
• Falta de continuidade em obras adjudicadas (negócio disponibilidade e/ou interesse em encaixar nos prazos
feito obra a obra). Outras empresas conseguem e nos preços da DST.
garantir continuidade.
Para diminuir ou eliminar os pontos negativos identificados, é necessário definir objetivos e determinar
ações para os atingir:
• Diminuir falhas no planeamento por parte da direção de obra. À semelhança do segmento anterior,
as falhas no planeamento de obra são uma situação que desagrada os subempreiteiros e tem como
consequências os mesmos darem preferência a outras empresas para prestarem os seus serviços.
De modo a suavizar este problema, deve-se proceder a atualizações de planeamento: a direção de
obra deve enviar para o departamento de compras a atualização das datas de entrada em obra de
modo a ser possível avisar os subempreiteiros com a devida antecedência. Por vezes, a direção de
obra assume o papel de entrar em contacto com o subempreiteiro e fazer este aviso, no entanto é
importante que este seja feito pelo comprador, uma vez que existe uma maior relação de proximidade
entre comprador e subempreiteiro.
Pretende-se alterar a posição dos segmentos sub. cofragem e mão de obra na matriz, movendo-os para
a esquerda de modo a diminuir o risco de abastecimento. Para isso será necessário:
55
• Criar novos parceiros estratégicos. Com a criação de parcerias, além de se diminuir o risco de
abastecimento, também se pode chegar a acordos mutuamente vantajosos e eventualmente
alcançar melhores preços de compras.
Esta metodologia, criada por Marston (1928), propõe um modelo que divide as pessoas em quatros
perfis distintos: dominância, influência, estabilidade e cautela e, fornece diretrizes sobre como se
relacionar com cada tipo de perfil. Esta ajuda a entender o perfil dos mesmos e daqueles que os
rodeiam (Brocato, 2003).
Esta metodologia contribui para a melhoria de muitas atividades organizacionais tais como:
comunicação eficaz, desenvolvimento de capacidades de venda, recrutamento e seleção (Watson &
Klassen, 2004).
A adoção desta metodologia demonstra resultados muito positivos na melhoria da comunicação entre
colaboradores de uma organização (Sugerman, 2009).
Sugere-se que, tanto os compradores como os fornecedores, façam o questionário DISC, pois assim
os compradores terão as ferramentas necessárias para melhorar a comunicação com os
fornecedores e consequentemente o seu relacionamento com os mesmos.
Para a aplicação prática da metodologia DISC propõe-se a utilização da plataforma online, disponível
em https://www.discprofile.com/what-is-disc, onde cada pessoa preenche um questionário e, de
seguida, a plataforma indica o perfil da mesma e dá indicações de como se relacionar mais
eficazmente com os outros.
Assim, o comprador saberá qual a melhor forma de se dirigir a diferentes fornecedores e conseguirá
melhorar a relação com os mesmos e ser mais assertivo nos seus negócios.
Por fim, para facilitar a criação de parcerias, sugere-se a criação de um clube de fornecedores. Deste
clube, irão fazer parte subempreiteiros previamente selecionados, que além de terem a possibilidade
56
de estabelecer acordos de abastecimento mutuamente vantajosos, também terão acesso a outras
regalias tais como formações e workshops relevantes para as suas áreas de negócio.
• Pesquisa de novos fornecedores. Com esta proposta, pretende-se aumentar a base de dados de
subempreiteiros qualificados de modo a diminuir as hipóteses de falha no abastecimento. Para isso,
a equipa de sourcing deve continuar o seu trabalho de pesquisa ativa no mercado de modo a
encontrar contactos de novos subempreiteiros.
Em suma, prevê-se que o segmento mão de obra/ hora terá mais facilidade em mover-se para o
quadrante alavanca, pois tem um risco de abastecimento mais baixo. Relativamente ao segmento sub.
cofragem, como tem um risco de abastecimento bastante mais elevado, espera-se que a sua
movimentação para o quadrante alavanca seja mais demorada e exija um maior esforço por parte dos
compradores na aplicação das estratégias propostas.
Na Tabela 20 é possível consultar o resumo das estratégias de compras para o quadrante estratégico.
57
Tabela 20 – Resumo das estratégias de compras para o quadrante estratégico
58
5.2 Quadrante gargalo
O quadrante gargalo é composto por sete segmentos. Neste quadrante o risco de abastecimento é
elevado e o impacto financeiro é reduzido. À semelhança do quadrante estratégico, o objetivo principal
é diminuir o risco de abastecimento. Por isso, também se procedeu a uma análise SWOT de maneira a
complementar a definição de estratégias de compras para cada segmento.
Forças Oportunidades
• A DST está bem cotada no mercado, com obras • Falta de trabalho dos concorrentes, o que facilitaria
emblemáticas em que empresas tem interesse em o processo de escolha de subempreiteiros (maior
participar para ter no portfólio. oferta).
Fraquezas Ameaças
• Existe uma empresa interna no segmento, o que dificulta • Falta de subempreiteiros com interesse em
o trabalho do comprador, pois as empresas não trabalhar com a DST.
respondem ao comprador.
Como existe uma empresa interna no Grupo DST que faz trabalhos na área de geotecnia, muitas vezes
as obras são adjudicadas a essa empresa. A consequência disso é que os subempreiteiros perdem o
interesse em dar orçamentos ao departamento de compras, pois assumem que não terão hipóteses de
ganhar as obras visto que esperam que as mesmas sejam entregues à empresa interna do grupo.
O objetivo principal neste segmento é aumentar as taxas de respostas dos subempreiteiros a pedidos de
orçamento. Como existe a empresa interna que trabalha na área deste segmento existe uma maior
dificuldade em aplicar estratégias. Neste caso, propõe-se que se deixe de fazer consultas aos
subempreiteiros para tudo, e que se faça apenas consultas quando existem hipóteses de subempreiteiros
externos à empresa serem selecionados. Desta forma espera-se que os subempreiteiros não percam a
confiança no departamento de compras e passem a responder aos pedidos de orçamento, pois saberão
que são fundamentados e não apenas procedimentos sem nenhuma hipótese de resultar em adjudicação
de obras.
59
5.2.2 Sub. revestimentos metálicos
Forças Oportunidades
• Negócios de grande volume e grande quantidade de negócios ao • Crise no mercado que pode aumentar o
longo do ano. poder negocial.
Fraquezas Ameaças
• Existência de uma empresa interna que retira o interesse de outras • Falta de mão de obra especializada.
empresas a participar no negócio.
À semelhança do segmento anterior, também existe uma empresa interna ao grupo que trabalha na área
de revestimentos metálicos. Por isso, são sentidas as mesmas dificuldades a nível da falta de resposta
dos subempreiteiros. Para mitigar este problema, também se sugere que apenas se façam pedidos de
orçamentos aos subempreiteiros quando existe a hipótese de se fazer negócio com uma empresa externa
ao grupo.
Forças Oportunidades
• A DST é uma empresa sólida com grande cota de obras no mercado o que • Crise no mercado que pode
se torna numa oportunidade para subempreiteiros trabalharem com obras aumentar o poder negocial.
de renome.
Fraquezas Ameaças
• Condições de pagamentos não são aliciantes para os subempreiteiros; • Falta de subempreiteiros no
• Muitas empresas existentes do segmento já trabalham diretamente com o mercado.
cliente final.
Muitos subempreiteiros não estão satisfeitos com as condições de pagamento, o que gera menos
interesse em trabalhar com a empresa. Para resolver essa situação, sugere-se que se informe a
administração da importância da existência de boas condições de pagamento e a implementação de um
programa de pagamentos rápidos quando existe essa necessidade. Para isso, será necessário criar uma
lista dos parceiros (subempreiteiros) mais importantes para os negócios e incluí-los no programa de
pagamentos rápidos. Desta forma, esses parceiros terão assegurados os seus pagamentos de forma
mais célere.
60
DISC para ter um melhor conhecimento sobre eles e agir em conformidade. Para aumentar a lista de
subempreiteiros, a equipa de sourcing precisa de reforçar a sua pesquisa ativa no mercado.
Forças Oportunidades
• A DST é uma empresa sólida com grande carteira de obras o que • Obras com localizações favoráveis.
representa uma oportunidade de subempreiteiros trabalharem em
obras de renome.
Fraquezas Ameaças
• Preparação inadequada do processo por parte da direção da obra o • Subida do preço do ferro;
que leva a pouca receção de orçamentos; • Risco de subempreiteiros começarem a
• Elevado número de processos; trabalhar maioritariamente com outras
• Falha no planeamento por parte da direção de obra (prazos empresas.
planeados não são cumpridos e não existe comunicação por parte
da direção de obra para avisar dessas situações).
A direção de obra é responsável por preparar o processo enviado ao subempreiteiro para este dar o seu
orçamento. Neste processo, estão indicadas todas as necessidades, assim como quantidades e
desenhos técnicos dos respetivos artigos que forem necessários. Muitas vezes esses processos
apresentam-se mal-organizados, não existindo correspondência clara entre os artigos e os respetivos
desenhos, o que que torna o processo de consulta muito moroso para os subempreiteiros.
Consequentemente, os subempreiteiros, muitas vezes, acabam por nem dar o seu orçamento, pois
preferem dar prioridade a responder a outros pedidos de orçamento mais fáceis de consultar.
Nesse sentido, para haver uma mudança, recomenda-se que o departamento de compras comece a
rejeitar processos pouco claros para conseguir aumentar a taxa de resposta de orçamentos por parte
dos subempreiteiros.
Como todas as obras tem serralharias, o comprador tem sempre um elevado número de processos, o
que acaba por dificultar os negócios, pois o comprador não consegue disponibilizar a atenção e tempo
necessários para cada processo. Para colmatar essa situação, é importante adicionar mais um elemento
responsável pelas compras deste segmento, de modo a que todos os processos tenham a atenção
necessária e assim garantir negócios mais vantajosos para a empresa.
Neste segmento, também é comum existirem falhas no planeamento por parte da direção de obra, o
que causa pausas improdutivas nos trabalhos, algo que desagrada aos subempreiteiros. Para evitar estas
situações e melhorar a relação com os subempreiteiros, o departamento de compras deve exigir um
61
plano de trabalhos real a anexar ao contrato, e, caso haja alterações ao mesmo, seja feito um aviso aos
compradores responsáveis do negócio.
O comprador responsável pelo segmento sub. estruturas pré-fabricadas em betão e sub. aplicação de
aço é o mesmo, e, em reunião, foi possível perceber que as análises SWOT deste segmento são iguais.
Tabela 25 - Análise SWOT dos segmentos sub. estruturas pré-fabricadas em betão e sub. aplicação de aço
Forças Oportunidades
• A DST é uma empresa sólida, com • As crises económicas podem ser uma oportunidade na medida
pagamentos garantidos e grande carteira de que aumentam o poder de negociação com subempreiteiros.
obras.
Fraquezas Ameaças
• Falhas no planeamento por parte da duração • Acordos entre subempreiteiros podem prejudicar o poder de
de obra; negociação.
• Subempreiteiros sentem que poderão não ter
continuidade em obras seguintes.
É possível verificar que existem problemas em comum com outros segmentos. Existem falhas no
planeamento por parte da direção de obra que fazem com os subempreiteiros não sintam confiança nos
planeamentos apresentados e também existe a situação em que a DST não garante continuidade em
outras obras aos subempreiteiros, sendo os negócios feitos obra a obra. Como outras empresas
conseguem negociar garantindo a continuidade em obras seguintes, acabam por se tornar mais atrativas
para os subempreiteiros.
Nestes segmentos, é bastante recorrente a colaboração entre subempreiteiros. Estes comunicam entre
si preços e condições de negócios, o que acaba por diminuir o poder de negociação dos compradores.
62
5.2.6 M.o. sub. reboco estuque
É possível observar na Tabela 26 que a análise SWOT deste segmento é igual à análise do segmento
m.o./hora. Isto deve-se ao facto de estes segmentos terem os mesmos subempreiteiros, logo acabam
por terem análises similares.
Forças Oportunidades
• DST é uma empresa sólida, com pagamentos • Falta de trabalho dos concorrentes, o que facilitaria o
garantidos e grande carteira de obras; processo de escolha de subempreiteiros (maior oferta);
• Oportunidade para subempreiteiros trabalharem com
obras de renome.
Fraquezas Ameaças
• Falhas no planeamento por parte da direção de obra; • Falta de subempreiteiros no mercado com
• Falta de continuidade em obras adjudicadas (negócio disponibilidade e/ou interesse em encaixar nos prazos
feito obra a obra). Outras empresas conseguem e nos preços da DST.
garantir continuidade.
À semelhança do segmento m.o./hora, para corrigir as falhas encontradas, deve-se recorrer a previsões
semestrais de obras de modo a conseguir adjudicar várias obras a um subempreiteiro, a um anexo de
plano de trabalhos real ao contrato e a criação de valor/hora no caso de existirem pausas improdutivas
não planeadas.
Tal como o quadrante estratégico, este é um quadrante com elevado risco de abastecimento e elevada
dependência dos subempreiteiros. O objetivo principal é diminuir esse risco e diminuir a dependência,
esperando-se que haja deslocações dos segmentos para a esquerda na matriz. Com as estratégias
definidas, espera-se que numa próxima avaliação da matriz os segmentos assumam posições mais a
esquerda da matriz, onde o risco de abastecimento é menor.
Em adição às estratégias referidas anteriormente que resultaram da análise SWOT dos segmentos, deve-
se reforçar a pesquisa e desenvolvimento de novos subempreiteiros de modo a reduzir a dependência
dos atuais.
Prevê-se que os segmentos com maior risco de abastecimento tenham um processo mais lento de
diminuição do mesmo, exigindo um maior esforço por parte dos compradores na aplicação das
estratégicas sugeridas.
Na Tabela 27 é possível consultar o resumo das estratégias de compras para o quadrante gargalo.
63
Tabela 27 - Resumo das estratégias de compras para o quadrante gargalo
64
• Encontrar novos • Pesquisa de novos subempreiteiros feita pela
subempreiteiros equipa de sourcing do departamento
65
5.3 Quadrante rotina
Este quadrante é caracterizado pelo baixo impacto financeiro e risco de abastecimento reduzido. O
objetivo para os segmentos do quadrante rotina é diminuir o risco de abastecimento sem alterar o
quadrante em que estão inseridos.
• Pesquisa de novos fornecedores: deve-se procurar novos fornecedores de modo a reduzir o risco de
abastecimento.
Na Tabela 28 é possível consultar um resumo das estratégias de compras para o quadrante rotina.
O quadrante alavanca contém segmentos com elevado impacto financeiro e risco de abastecimento
reduzido. O objetivo passará por manter os segmentos no mesmo quadrante, reduzindo-se apenas o
risco de abastecimento.
66
Como neste quadrante o risco de abastecimento não é elevado, pode-se aumentar os níveis de exigência
de modo a selecionar apenas os subempreiteiros com maior qualidade.
Também se sugere que se tire proveito da posição em questão, fazendo negociações com objetivo de ter
preços mais favoráveis.
Na Tabela 29 é possível consultar o resumo das estratégias de compras para o quadrante alavanca.
A empresa tem interesse em melhorar todos os segmentos de negócio, no entanto o tempo que os
compradores dispõem é limitado, por isso é necessário definir prioridades. Desde o início do projeto, foi
estabelecido com a empresa que a prioridade seriam os segmentos com maior risco de abastecimento
(estratégico e gargalo). Estes são os segmentos que apresentam as maiores dificuldades para o
departamento, e onde há a necessidade de uma tomada de ações a curto prazo. Por isso, a empresa já
decidiu que vai apostar, no imediato, na concretização das estratégias definidas nas Secções 5.1 e 5.2
para os quadrantes estratégico e gargalo.
No final do ano 2021, a empresa procederá a uma nova avaliação do portfólio de compras recorrendo à
matriz de Kraljic. As expetativas são que os segmentos dos quadrantes estratégico e gargalo apresentem
uma redução significativa do risco de abastecimento.
67
6. CONCLUSÕES
Este trabalho teve como propósito o desenvolvimento de estratégias de compras para que a sua
implementação ajude a erradicar ou a diminuir todos os problemas identificados tão característicos da
indústria da construção civil.
Recorreu-se à aplicação do modelo de portfólio de compras de Kraljic (1983) para se fazer a definição
das estratégias de compras e às sugestões de Gelderman e Van Weele (2003) para esclarecer algumas
questões menos claras do portfólio de Kraljic.
A aplicação da matriz de Kraljic implicou a constituição de uma equipa para discutir e analisar os
problemas inerentes a este projeto. É relevante realçar que todas as questões, problemas e decisões
foram discutidas em grupo de modo a envolver todos os membros da equipa.
As dimensões utilizadas na matriz foram as propostas por Kraljic (1983), não tendo sido necessário fazer
adaptações, pois considerou-se que estas eram adequadas ao trabalho em questão.
Para determinar o impacto financeiro, optou-se por fazer a ligação direta com o volume de compras de
2020 de cada segmento. Determinar o risco de abastecimento constituiu um processo mais complexo,
uma vez que foi necessário fazer a definição de variáveis, medição e ponderação das mesmas.
Como apoio para a definição de variáveis, teve-se em consideração alguns estudos como o de Ferreira
e Kharlamov (2012) e as sugestões dadas por Kraljic (1983). Após discussão com os compradores,
sentiu-se a necessidade de adaptar as variáveis para o contexto do departamento em estudo, de modo
a que estas representassem o mais aproximadamente possível o risco de abastecimento.
Para obter os valores ponderados do risco de abastecimento, recorreu-se ao método AHP. Importa referir
a importância deste método, pois permitiu chegar aos valores do risco de abastecimento de forma
consistente e credível.
Os valores obtidos para o risco de abastecimento refletem os problemas que foram identificados no início
deste estudo.
Todo o processo de preenchimento da matriz deu aos compradores uma imagem do panorama atual
dos segmentos mais relevantes para o departamento e também acabou por ser uma oportunidade de se
dispensar algum tempo para discussões de grupo sobre as dificuldades atuais, a origem das mesmas e
como se poderia mitigá-las.
68
Algumas das estratégias já foram implementadas e os compradores mostraram-se empenhados e
entusiasmos com as mesmas. A expetativa é que todas a estratégias dos quadrantes com maior risco
de abastecimento sejam aplicadas em breve.
Além disso, é importante referir que este estudo foi feito em contexto de pandemia e foi efetuado, na sua
totalidade, em regime de teletrabalho. Apesar de ter havido uma colaboração muito boa por parte de
toda a equipa, um trabalho presencial teria favorecido uma maior discussão e poderia dirigir o projeto
para outras questões que pudessem ser igualmente relevantes.
Por fim, como existem poucos estudos da aplicação da matriz de Kraljic no contexto da construção civil,
houve uma maior dificuldade em adaptar a matriz a este contexto. No entanto, depois de feitas algumas
adaptações, foi possível utilizar o modelo sem quaisquer limitações.
A análise do portfólio de compras espelhou o panorama atual, e foi possível verificar que existe um
número significativo de segmentos com elevado risco de abastecimento.
Este estudo teve como resultado a apresentação de estratégias para mitigar os principais problemas dos
segmentos mais relevantes.
No seu seguimento, e depois de serem aplicadas todos as estratégias, o departamento irá proceder a
uma nova análise do portfólio de compras no final do ano de 2021 com intuito de analisar se os
segmentos com maior risco terão o seu risco de abastecimento significativamente diminuído. Nessa fase,
será possível averiguar se efetivamente as estratégias propostas terão os resultados esperados.
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72
APÊNDICE 1 – QUESTIONÁRIO SOBRE OS HÁBITOS DE APLICAÇÃO DE ESTRATÉGIAS DE
COMPRAS
73
Figura 20 - Questionário sobre os hábitos de aplicação de estratégias de compras (página 2 de 3)
74
Figura 21 - Questionário sobre os hábitos de aplicação de estratégias de compras (página 3 de 3)
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APÊNDICE 2 – PONTUAÇÕES DADAS PELOS COMPRADORES ÀS VARIÁVEIS QUE DEFINEM O RISCO DE ABASTECIMENTO
Tabela 30 - Pontuações dadas pelos compradores às variáveis que definem o risco de abastecimento
Nº de Facilidade Risco de
Poder Localização Enquadramento
Segmentos Volume de compras (euros) fornecedores em trocar de abastecimento
negocial da obra nos prazos
disponíveis fornecedor
Sub. terraplanagens / movimento terras 6 500 000,00 1 1 2 2 2 1,30
Sub. cofragem / aplicação de betão 6 224 166,00 4 3 4 4 3 3,75
Sub. estruturas metálicas 4 258 740,00 1 2 1 2 2 1,46
M.o. / hora 4 085 660,00 3 1 2 2 1 2,18
Sub. hidráulica 4 005 008,00 1 2 2 1 2 1,46
Sub. revestimentos metálicos 3 204 975,00 3 4 2 4 4 3,39
Sub. aplicação aço 2 258 977,53 3 1 3 3 2 2,46
Sub. pavimentos em betão 2 179 000,00 1 1 2 2 2 1,30
Sub. serralharias de alumínio 2 050 000,00 2 2 1 2 2 1,93
Sub. estruturas pré-fabricadas em betão 1 971 000,00 3 2 1 3 3 2,57
Sub. infras águas 1 848 832,35 2 4 3 3 4 2,92
Sub. serralharias ligeiras 1 700 000,00 2 3 4 3 4 2,76
Sub. gesso cartonado / viroc 1 365 674,00 2 1 2 2 2 1,77
Sub. geotecnia 1 305 654,95 4 4 1 1 4 3,42
M.o. / sub reboco / estuque 930 295,43 2 3 2 3 3 2,48
Sub. montagem tubagem 920 000,00 2 2 1 1 4 1.94
Sub. carpintarias gerais 800 000,00 1 2 3 2 1 1,62
Sub. pinturas 710 000,00 2 1 3 2 2 1,88
Sub. demolições 631 733,32 2 2 1 1 3 1,88
76
Legenda:
Tabela 31 - Legenda das pontuações das variáveis que caracterizam o risco de abastecimento
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ANEXO 1 – ORGANOGRAMA DO GRUPO DST
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