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LIÇÃO 2…..

DIREITO ECONÓMICO

A fim de garantir a persecução de tais A separação do direito em público e


O estudo da reunião de pessoas em torno de uma
interesses, os pensadores helenos privado é oriundo do modelo de
mesma base territorial para atendimento de suas reconfiguração estatal que resultou no
necessidades originou-se com a filosofia grega, a conceberam a política como a arte da
aparecimento do Estado Democrático
partir do conceito de polis. Esta representa o defesa e do atendimento tanto das de Direito, pautado nas ideias de
ambiente no qual os indivíduos convivem e buscam necessidades coletivas quanto dos Thomas Hobbes, somadas ao
a realização de seus interesses, seja em caráter anseios individuais. Isto é, a arte de se pensamento de John Locke, dois
coletivo, seja para fins meramente pessoais. administrar o consenso e harmonizar o grandes pensadores que apontaram
dissenso social. para a necessidade de contenção da
autoridade pública em face do
Da aglomeração de pessoas em torno da polis nasceu a cidadão, consagrando o regime de
política, como forma de se garantir a sobrevivência O Direito, partindo-se de um conceito proteção do domínio privado e das
objetivo, derivado de nossa herança liberdades individuais.
coletiva dos indivíduos. Por sua vez, da arte política, isto
é, da arte da procura do atendimento dos anseios e romano-germânica, é o conjunto de
O Direito Privado é aquele que regula
normas coercitivamente impostas pelo
expectativas do coletivo e do indivíduo, nasceu o direito. as relações jurídicas entre membros
Estado, com o fim de promover a
O debate político traduz-se, então, no processo pacificação e a harmonização da
da sociedade civil, sejam pessoas
democrático de discussão social, com o fito de viabilizar a naturais ou jurídicas, tendo em vista o
sociedade.
vida em sociedade, tornando-a harmônica e pacífica. interesse particular dos indivíduos ou
a ordem privada. O Direito Público é o
que disciplina as relações jurídicas de
É legítimo conceituar o Direito Econômico como o ramo do Direito Público que disciplina a condução da vida cunho transindividual, focando-se nos
econômica da Nação, tendo como finalidade o estudo, o disciplinamento e a harmonização das relações jurídicas interesses público, difuso e coletivo,
entre os entes públicos e os agentes privados, detentores dos fatores de produção, nos limites estabelecidos para a isto é, os interesses sociais e estatais,
intervenção do Estado na ordem econômica. cuidando dos interesses individuais de
forma reflexa, tão somente.

Luís S. Cabral de Moncada, leciona que:  O direito econômico assim perspetivado, afirma-se fundamentalmente como
o direito público que tem por objetivo o estudo das relações entre os entes públicos e os sujeitos privados, na
perspectiva da intervenção do estado na vida econômica. Para Vítor Fernandes Gonçalves:  Direito Econômico, se
ocupa do estudo, de um ponto de vista jurídico, de temas de Economia, notadamente de Macroeconomia, como o O Direito Econômico
controle da inflação, da livreconcorrência, do equilíbrio dos mercados e dos diversos sectores produtivos da sociedade,
tem como objectivo o
assim como com ciclos de crescimento e políticas de desenvolvimento econômico
estudo do
disciplinamento
De acordo aos pensadores acima, podemos definir que o direito econômico, em uma jurídico, da
perspectiva mais concreta, objetiva normatizar os monopólios e oligopólios, fusões e organização e do
incorporações, tentando impedir a concorrência desleal, a manipulação de preços e planejamento da
mercado pelas corporações, através da maior transparência e regulação do assunto. ordem econômica, a
ser efetuada por parte
do Poder Público,
norteando os agentes
econômicos do
mercado. De acordo
com o art. 89º da C.R.A
LIÇÃO 3…..DIREITO ECONÓMICO

Um ramo de direito pode ser considerado autônomo, para fins didáticos,


O Dto. Económico é um ramo autónomo porque
tão somente quando possui normas e princípios próprios, dentro de seu
possui um corpo de normas e princípios próprios
respectivo ordenamento jurídico, uma vez que o Direito, enquanto
que visam disciplinar a politica económica do
ciência, é uno.
Estado, cuja finalidade é a disciplina das relações
jurídicas entre os entes públicos e os agentes
privados, detentores dos fatores de produção, nos
Características do D.E limites estabelecidos para a intervenção do
Estado na ordem económica.
I – Recenticidade É um ramo do direito novo, recente, que teve sua
gênese com o intervencionismo econômico (teoria moderna
econômica – macroeconomia), com o fito de discipliná-lo e regrá-lo.

II – Singularidade É um ramo jurídico próprio para o fato


econômico característico de cada país, não havendo, comumente, um
I – Princípio da Economicidade: A economicidade, no
conjunto de regras universais e cosmopolitas para norteá-lo, como
campo do Direito Econômico, significa que o Estado
ocorre com outros ramos do Direito, tais como o Civil e o Penal.Na
deve focar suas políticas públicas de planejamento para a
lição de Luís S. Cabral de Moncada, a singularidade do direito
ordem econômica em atividades economicamente
econômico: (...) reflete a heterogeneidade da ordem econômica dos
viáveis tanto a curto quanto a longo prazo, garantindo
países dispostos numa graduação que vai desde as economias de
assim, o desenvolvimento econômico sustentável e
mercado mais ou menos puras às economias integralmente
racional do País. Com base a este princípio, o Estado, ao
planificadas, tornando inviável a elaboração no seio de uma teoria
estabelecer suas decisões políticas, bem como para
geral de vocação ecumênica.
orientar o mercado, deve primar pelas condutas que
III – Mobilidade ou mutabilidade: Sendo o mercado um ente impliquem em menor custo social, conjugando
dinâmico e não estanque, suas normas jurídicas devem acompanhar quantidade com qualidade
suas constantes alterações e oscilações, de maneira a garantir um
eficiente compromisso entre a ciência jurídica e os demais ramos
científicos dos quais a sociedade se vale.

IV – Maleabilidade: Dada a necessidade de farta produção II – Princípio da Eficiência: No campo do Direito, a eficiência
normativa, os estatutos de Direito Econômico não devem ficar presos determina que o Estado, ao estabelecer suas políticas públicas,
e atados unicamente às espécies normativas próprias do Legislativo deve pautar sua conduta com o fim de viabilizar e maximizar a
para terem vigência e eficácia. Muitas de suas normas, em que pese produção de resultados da atividade econômica, conjugando os
retirarem fundamento de validade da lei, devem ser produzidas por interesses privados dos agentes econômicos com os interesses
mecanismos mais céleres, próprios do Executivo, a fim de disciplinar da sociedade, permitindo a obtenção de efeitos que melhor
os fatos econômicos e a dinâmica de mercado. atendam ao interesse público, garantido, assim, o êxito de sua
ordem econômica.
V – Influência aos valores políticos: Segue a corrente ideológico-
partidária de quem se encontra no poder.

VI – Ecletismo: Cabe ressaltar que, além da produção normativa


estatal, o Direito Econômico deve estar presente na autorregulação de III – Princípio da Generalidade: Este princípio confere às
mercados promovida pelos agentes econômicos privados, normas de Direito Econômico alto grau de generalidade e
orientando-lhes dentro dos princípios consagrados na Lei abstração, ampliando seu campo de incidência ao máximo
Fundamental. possível, a fim de possibilitar sua aplicação em relação à
grande multiplicidade de organismos econômicos, à
VII – Concretismo: O Direito Econômico disciplina os fenômenos
diversidade de regimes jurídicos de intervenção estatal, bem
socioeconômicos concretos, visceralmente vinculados aos fatos
como às constantes e dinâmicas mudanças que ocorrem no
históricos relevantes ao Estado e aos indivíduos.
mercado.
Neste sentido, merece destaque a lição de Carlos Maximiliano2 ,
ensinando que: (...) não pode o Direito isolar-se do ambiente em que
vigora, deixar de atender às outras manifestações da vida social e
econômica. (...) As mudanças econômicas e sociais constituem o
fundo e a razão de ser de toda a evolução jurídica; e o direito é feito
para traduzir em disposições positivas e imperativas toda a evolução
social.

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