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Sumário

1- INTRODUÇÃO:............................................................................................................................4
2- AÇÃO:...........................................................................................................................................5
3- ESPAÇO:......................................................................................................................................8
4- TEMPO:........................................................................................................................................9
5- PERSONAGENS:......................................................................................................................10
6- FOCO NARRATIVO:................................................................................................................12
7- INTERPRETAÇÃO/MENSAGEM:..........................................................................................13
8- OPINIÃO:....................................................................................................................................13
9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:.....................................................................................14
1- INTRODUÇÃO:
A obra em estudo é “Marília de Dirceu”, escrita pelo autor Tomaz Antônio
Gonzaga. Publicada pela editora Ática Didática, 9° edição, Brasil, 2009.

Tomás Antônio Gonzaga nasceu no dia 11 de agosto de 1744 em Miragaia,


no distrito do Porto, Portugal. Filho de mãe portuguesa (Tomásia Isabel Clark) e de
pai brasileiro (João Bernardo Gonzaga), Tomás ficou órfão de mãe quando ainda era
bebê. Por isso, veio morar no Recife com seu pai em 1751. Voltou para Portugal a
fim de estudar Direito na Universidade de Coimbra. Se formou em 1768, exercendo
sua profissão como juiz na cidade de Beja, no Alentejo. Por volta de 1782, retorna
ao Brasil e trabalha como Ouvidor Geral em Minas Gerais, na cidade Vila Rica (atual
Ouro Preto). Foi ali que ele conheceu sua musa inspiradora. Apaixonou-se por Maria
Doroteia Joaquina de Seixas Brandão, a pastora Marília. Inspirado em sua própria
história de amor, escreveu sua obra mais importante: Marília de Dirceu. Resolve
pedir a mão de sua amada em casamento. Mas estava envolvido na Inconfidência
Mineira e foi acusado de conspiração, sendo preso no Rio de Janeiro. Permaneceu
recluso cerca de 3 anos e seu casamento foi anulado. Foi transferido para a África
para cumprir sua sentença (pena de degredo).

Suas principais obras foram:

 Marília de Dirceu (1792): poema lírico


 Cartas Chilenas (1863): poema satírico

O poeta faleceu em Moçambique, África, em 1810, com 66 anos.

“Marília de Dirceu” está inserida no movimento literário do Arcadismo


brasileiro. Pode-se observar isto com a presença das características do romantismo,
bucolismo, pastoralismo, descrição e culto à natureza e à simplicidade na obra, que
são todas pertencentes ao arcadismo.

A presente obra, está inserida no contexto histórico, social e político do século


XVIII, período conhecido como Arcadismo ou Neoclassicismo.
Esse movimento literário surgiu na Europa e se espalhou pelo Brasil durante o
período colonial, caracterizado pela busca da simplicidade, da natureza e da razão,
em contraposição ao Barroco, que valorizava a emoção e a religiosidade.

O Arcadismo surgiu na Europa durante o século XVIII. O movimento é uma


referência à Arcádia, uma região campestre, da Grécia Antiga, considerada ideal
para as inspirações poéticas. A principal característica desse movimento é a
exaltação da natureza em busca de uma vida simples. Com forte influência europeia,
Tomás Antônio Gonzaga foi um dos maiores representantes do Arcadismo no Brasil.
Em suas obras, é possível notar: o bucolismo; o desejo de fugir da cidade; o
racionalismo; a preocupação formal com o poema; e a presença do pseudônimo.

No Brasil, o Arcadismo foi influenciado pela Inconfidência Mineira, movimento


político que buscava a independência do país em relação a Portugal. Também
coincidiu com o Ciclo de Ouro. Vila Rica, hoje conhecida como Ouro Preto (cidade
na qual Gonzaga conheceu sua amada), foi o nicho das obras árcades. Nessa
mesma época, ocorreu a Inconfidência Mineira, na qual participaram muitos poetas,
inclusive Tomás Antônio Gonzaga que acabou sendo preso e exilado em
Moçambique.

"Marília de Dirceu" é um conjunto de poemas líricos que retratam o amor do


poeta por Marília, uma figura idealizada e simbolizada pela natureza. A obra é
considerada uma das mais importantes do Arcadismo brasileiro e representa a
busca pela liberdade e pela independência, tanto na literatura quanto na política.

2- AÇÃO:
Marília de Dirceu, o livro mais famoso de Tomás Antônio Gonzaga, conta o
amor idealizado entre Dirceu e Marília. O poeta apaixonado assim declara seu amor
por Marília, apenas na certeza do amor da mulher que ele ama.

Pertencente ao arcadismo brasileiro, a obra tem idealização amorosa, pastoril


e referências greco-latinas. É dividido em três seções com um total de 71 liras e 14
sonetos. Além disso, possui as características dos gêneros lírico e narrativo,
tornando Dirceu tanto o narrador, como o “eu lírico” da obra.
Durante a maior parte do livro, Marília é a interlocutora de Dirceu, pois o poeta
lhe dirige suas palavras. O personagem tenta convencer a amada de que é mais do
que um pastor, pois, segundo ele, os outros respeitam "a força do seu cajado", ou
seja, eles respeitam sua posição social e suas conquistas.

Ele também faz elogios à Marília e a todo momento evidência sua beleza e
perfeição com detalhes, que em alguns momentos são contraditórios, como a forma
em que Dirceu descreve dois aspectos completamente antagônicos sobre o cabelo
de Marília. Numa lira ele descreve como “fios de ouro”, ou seja, loira, e em outras
liras descreve como cabelos negros, como a noite estrelada.

Desta forma, o livro mistura poesia e narrativa. Dirceu compara Marilia ao


amor em si mesmo. Ele também relata que quando se apaixonou por ela, se dispôs
a servir a sua amada, levando seu gado a beber da "fonte mais clara" e ao prado
(pastagens) de "relva melhor” (grama melhor). Ele também fala sobre a recusa de
Marilia em retribuir seu amor.

Para ilustrar seu próprio estado de amor, Dirceu usa uma alegoria. Ele disse
que um dia conheceu o deus "descuidado" do amor sem flechas na mão. Logo "a
raiva acende no coração", Dirceu matou o Cupido. Marilia, porém, teve pena dele, e
chorou de forma que lavou suas feridas com suas lágrimas e acabou ressuscitando
o Cupido, que é o amor.

Dessa forma, Dirceu conclui que em vida:

“Marília Bela,

Não morre amor.”

Dirceu, porém, ciente da efemeridade das coisas, exorta Marília:

“Aproveite-se o tempo, antes que faça

O estrago de roubar ao corpo as forças,

E ao semblante a graça.”

Além disso, ele usa Gloucester como interlocutor, dizendo que sua amada
Eulina não é tão boa quanto Marília.
Na primeira parte da obra, ele também insinua que uma certa pastora está
interessada nele, o que deixa Marília com ciúmes. Ele então a confortou dizendo:

“Nunca receies,

Dano daquela

Que igual não for.”

Isso prova mais uma vez a superioridade de Marília aos olhos de Dirceu.
Novamente ele relatou incidentes envolvendo o Cupido.

Cupido estava conversando com seus Gênios, e um deles comparou o


coração de Dirceu a uma pedra, porque as flechas o atingiam e quebravam. Ele
disse:

“Só as graças de Marília

Podem vencer um tão duro,

Tão isento coração.”

Cupido então aproximou Marilia de Dirceu, e o pastor se apaixonou.

Na segunda parte da obra, Dirceu, apesar de estar preso numa prisão, onde
ele descreve como “cruel masmorra tenebrosa”, e alega que uma “vil calúnia”,
(calúnia desprezível) o levou até lá. Dirceu se entrega ao amor e continua falando
sobre seus sentimentos por Marília

Nesse caso, seu cabelo loiro fica grisalho e cai, e seu rosto muda de cor e
ganha rugas. Ele se lembra de viver com sua amada, segurando uma ovelha no colo
em um cenário idílico e dizendo a ela "mil coisas ternas". Mas Marília percebeu que
as palavras eram dirigidas a ela, não à ovelha.

Então ele alterna sua realidade cruel com memórias de sua amada, a única
coisa que o impede de desistir.

Ao contrário da primeira parte, onde tudo se passa em um ambiente


agradável e idílico, na segunda parte o espaço é uma masmorra, um ambiente
desagradável e detestável. O denominador comum é que nelas Dirceu está sempre
proclamando o amor e exaltando a beleza de Marília. Ele continua seu lamento
melancólico e diz que a má sorte roubou tudo dele em um dia de azar e o colocou
numa "infame sepultura" e "masmorra, escura".

Ainda assim, pela memória e pelas cartas de Marília, foi acompanhado por ela
que, além de lhe prometer lealdade, lhe disse para seguir seu destino.

A terceira parte de Marília de Dirceu se destaca das demais, pois ela


entrelaça liras e sonetos e introduz outras musas que não Marília. Nesta parte não
faltam despedidas, e um tom de melancolia, pessimismo e solidão que permeia os
versos, enquanto o eu lírico anseia por sua amada Marília, exilado em Moçambique,
na África. Enquanto alguns críticos contestam a autoria de Gonzaga, outros
argumentam que esses poemas são anteriores ao seu romance com Marília. De
qualquer forma, o tom nesta parte é decididamente mais sombrio do que nas partes
anteriores.

3- ESPAÇO:
A obra se passa no Brasil do século XVIII, período em que ocorre a
Inconfidência Mineira ao qual o livro indiretamente retrata. Os espaços narrativos
são expostos tanto de maneira poética quanto literal, mas dependendo da lira, o
sentido antes aplicado a palavra é trocado, como vemos no verso onde Dirceu diz:
“Busco o sítio aonde moras”; que passa ideia de ser o local onde Marília mora, e nos
capítulos seguintes ele muda a ideia antes aplicada, dizendo: “O sítio beija, e lhe
mostra o nome”; que personifica o que antes era apenas um local.

Os locais literais do texto são três, sendo eles: Vila Rica (atual Ouro Preto),
onde se passa o capítulo I; a masmorra, onde se passa o capítulo II; e o exílio em
Moçambique, onde se passa o III e último capítulo.

No capítulo II da lira XXXVII da estrofe 4 Dirceu expõem a localização de


Marília, local onde acontecia o I capítulo, descrevendo da seguinte forma:

“Toma de Minas a estrada,

Na igreja nove, que fica

Ao direito lado, e segue

Sempre firme a Vila Rica.”


Sabemos que é um grande punhado de terra, localizado na terra de Minas
Gerais, próximo à uma igreja, e na parte de cima de uma Serra. Esse local é onde
ocorrer os encontros entre Marília e Dirceu, que costumam se encontrar nos
bosques de dentro das florestas próximo ao sítio em que Marília pastoreia.

No capítulo seguinte ao primeiro, vemos a prisão de Dirceu em uma


masmorra, essa descrição do local onde ele se encontra ocorre no capítulo II Lira I e
estrofe 7 no primeiro verso: “Nesta cruel masmorra tenebrosa”. O local é descrito
como sendo tenebroso e triste para Dirceu, pois além de o ter sido deixado recluso
da sociedade, ele acaba se afastando de sua amada. Ficando num momento de
grande angústia e depressão.

No último capítulo do poema, Dirceu está perto de ser mandando para um


exílio, que provavelmente será em Moçambique, como sofreu o autor dos poemas.
Esse último capítulo é descrito no clima de despedida, declarando o fim do amor
entre Dirceu e Marília:

“Ah! não posso, não, não posso

Dizer-te, meu bem, adeus!”

4- TEMPO:
Por se tratar de um livro escrito em liras pouca história direta é contada, ele
mais se assemelha a um diário, sem citações de datas ou de qualquer referência
direta ao tempo em que a obra se passa.

Um dos poucos indicativos de tempo no livro é a probabilidade de que cada


capítulo foi escrito com um grande intervalo de tempo de um para o outro, uma vez
que cada parte parece indicar sentimentos muito distintos uns dos outros.

Embora a maior parte do livro se passe no tempo atual em que o autor está
vivendo, na lira V ele relembra o passado, contando como um sítio no qual ele
conheceu costumava ser, e a partir disso o narrador usa essa mudança para mostrar
a alteração do próprio homem.

Como citado anteriormente, pouca referência à época em que o livro se passa


é feita, com a óbvia exceção da linguagem. Sabemos que ele se passa depois de
certas épocas, como da era greco-romana, pois tal mitologia é diversas vezes
referenciada nas liras II, III, XI etc.
A maior dica do período em que a história se passa que nos é entregue é a
idealização à vida pastoril presente nas liras, algo muito presente no arcadismo.
Embora a obra seja autobiográfica, nem o autor Tomás António Gonzaga e nem sua
amada Maria Joaquina Dorotéia Seixas eram pastores. Dirceu é seu sujeito lírico, e
Marília é o sujeito lírico de Maria. Era uma convenção da altura cultuar as musas
como sendo pastoras.

Pesquisando sobre a história do livro descobrimos que, tal como o


lançamento inicial da obra no fim do século XVIII, a cronologia da história se passa
ao mesmo tempo, uma vez que se trata de um livro autobiográfico.

A história é dividida em três capítulos, escritos em diferentes momentos da


vida do autor: antes, durante e após o envolvimento dele com a Inconfidência
Mineira, evento que lhe rendeu um bom tempo na prisão, o que torna a história
ainda mais melancólica a partir da segunda parte. Os anos de publicação são 1792,
1799 e 1812.

Como citado, algumas liras se passam no presente, enquanto outras se passa


num passado rememorado pelo autor. Elas não estão em ordem cronológica ou
linear, repentinamente o autor começa a escrever sobre o passado e logo em
seguida volta a falar sobre o presente, sem nenhum aviso prévio.

5- PERSONAGENS:
Os seguintes personagens se encontram citados na obra:
 Marília (Maria Doroteia)
A musa de Dirceu é uma jovem e humilde pastora, alvo de todo o amor do
protagonista. Pouco de sua personalidade é revelada, é citado que ela possui
bondade, atrai a atenção de muitos homens e é ciumenta com relação a outras
pretendentes do homem citada na primeira parte. É citado por Dirceu que ela resiste
às empreitadas do homem, mas também segundo ele a mulher acaba cedendo e
correspondendo.

Sua aparência é descrita na lira II como de cabelos compridos a ponto de


cobrir as costas, negros como a noite (embora futuramente sejam descritos como
louros), em um momento é citado como ela utiliza tranças. Seu rosto é branco e
"divino", tem redonda e lisa testa, sobrancelhas arqueadas, mãos de neve, voz
meiga, olhos comparados a sóis, lábios de cor de rubi e dentes delicados como
pedaços de marfim.

 Dirceu (Tomás Antônio Gonzaga)


Dirceu é o protagonista, narrador e sujeito lírico do autor Tomás António
Gonzaga. Sua principal característica é sua paixão fervorosa por Marília, a base e
única motivação durante o livro. Ele demonstra ciúmes em relação ao fato de que
Marília chama a atenção de vários homens, e tenta convencer sua amada de que as
pessoas "respeitam o poder de seu cajado", provavelmente tentando impressioná-la.
Na segunda parte do livro ele cita estar enclausurado (fazendo uma óbvia referência
à sua prisão), mas consegue encontrar conforto na certeza do afeto de Marília.

Sobre sua aparência, ele possui cabelos loiros que caem durante sua prisão,
na mesma época seu rosto ganha rugas.

 Alceste ou Glauceste (Cláudio Manuel da Costa)


Glauceste é o sujeito lírico de um amigo do autor, e na história possui a
mesma função. Tal como a maioria dos personagens ele é um pastor, e a sua
amada é Eulina. Durante a segunda parte do livro Dirceu demonstra

saudades do amigo, sem saber de seu paradeiro. Na vida real, nesta época
Cláudio havia cometido suicídio, fato que Tomás não tinha conhecimento.

 Alceu (Alvarenga Peixoto)


Alceu é o sujeito lírico de outro amigo de Tomás, e assim como Glauceste é
um pastor amigo de Dirceu.

 Cupido
Um personagem da mitologia romana frequentemente citado por Dirceu, em
sua primeira aparição ele é uma ferramenta utilizada para descrever a aparência de
Marília, e futuramente para criar uma metáfora sobre como Marília reviveu o amor no
interior de Dirceu que ele próprio havia assassinado. No livro ele também é citado
como o responsável por aproximar ambos os amantes, e o motivo de Dirceu ter se
apaixonado por Marília.

 Eulina
Eulina é citada como a amada de Glauceste, também uma pastora de bela
aparência, com cabelos crespos e louros, olhar divino e lábios de cor púrpura. Ela
chega a ser comparada com uma deusa por Dirceu, e sua alma é ditada como a de
uma fera. Sua função na história é ser comparada com Marília, e dita como não
sendo tão boa quanto ela.

 Laura
Laura é uma personagem que aparece no soneto XI, na terceira parte do livro.
É citado durante a passagem do personagem na prisão que a falsidade da mulher o
libertou, de tal forma que a razão já não mais lhe fazia. Segundo fontes externas,
Laura é um pseudônimo para uma amante de Tomás, Maria Joaquina Anselma de
Figueiredo. Ela teria dito que Tomás era pai de seu filho, mas ele não acreditou,
sendo assim o poeta se libertou de sua ilusão, ainda que por meio de uma mentira
da mulher.

 Vênus
Tal como Cupido, Vênus é uma personagem da mitologia romana, contraparte
de Afrodite da mitologia grega. Sua função é basicamente ser uma ferramenta para
metáforas e analogias ligadas ao amor, e ter sua beleza comparada com a de
Marília.

6- FOCO NARRATIVO:
Contextualizando, foco narrativo é uma técnica literária utilizada pelo autor
para determinar quem é o narrador da história e como ele se relaciona com os
personagens e eventos da obra. Em "Marília de Dirceu", o foco narrativo é em
primeira pessoa, o que significa que o narrador participa da história. O que fica
evidenciado já que a obra se assemelha a um diário escrito pelo autor, onde ele é o
personagem principal, caracterizando assim o narrador por narrador-personagem.
O livro inteiro se trata de um grande monólogo, pois em nenhum momento
existe algum diálogo de Marília, ou se quer alguma resposta da moça as palavras de
Dirceu, ou sequer uma conversa com qualquer outro personagem.
Um monólogo é um longo discurso proferido por uma única pessoa,
destacando que este texto não é um diálogo. O autor e o narrador são um e o
mesmo, falando diretamente ao leitor. As falas desse texto traduzem os sentimentos
do autor que usa o pseudônimo de Dirceu, em relação ao seu amor por Marília, sua
musa inspiradora.
Ao usar o foco narrativo em primeira pessoa, o autor pode explorar diferentes
perspectivas e pontos de vista por meio da voz do próprio personagem que narra a
história. O personagem narrador pode descrever o que está acontecendo na história
com base em suas próprias percepções, pensamentos e emoções, o que permite ao
leitor uma compreensão mais profunda da personalidade e motivações do
personagem.

Por exemplo, em um romance escrito em primeira pessoa, o narrador-


personagem pode descrever suas próprias aventuras amorosas e a maneira como
essas experiências afetam seus pensamentos e emoções. O narrador pode
compartilhar seus sentimentos de alegria ou tristeza, bem como suas dúvidas e
medos sobre a relação amorosa.

Esses exemplos mostram como o foco narrativo em primeira pessoa permite


ao autor explorar a perspectiva e emoções de um personagem de maneira mais
íntima e pessoal, tornando a história mais envolvente e atraente para o leitor.

7- INTERPRETAÇÃO/MENSAGEM:
A destreza poética de Tomás Antônio Gonzaga transparece no uso magistral
e elegante do lirismo. Ele combina habilmente estética e emoções em suas histórias
de amor, criando obras-primas atemporais que superam o gênero árcade. Esta obra
se destaca como uma bela declaração de amor explícito, misturando a estética de
seu tempo com o profundo sentimentalismo do Eu Lírico.

A obra foi escrita seguindo as normas da escola literária da época: o


Arcadismo. A intenção de Gonzaga era de passar ao leitor a simplicidade, também
característica marcante do Arcadismo.

O foco da narrativa está em 1ª pessoa. O autor é onipresente. Apesar de


utilizar vocativos para chamar Marília, não se trata de um diálogo, portanto, é um
monólogo, e o discurso é direto, pois o emissor é o narrador. Suas liras expressam a
paixão que o poeta sentia pela jovem Maria Dorotéia, moça de 16 anos, com quem
chegou a ficar noivo, apesar de ser bem mais velho.

Analisando a obra, entende-se que há três fatores básicos que contribuíram


para a individualidade poética de Gonzaga: o romance com a menina Maria
Dorotéia; a prisão injusta e brutal, como inconfidente; e a magia da natureza e do
clima tropical.

Logo, pode-se concluir que é indispensável compreender a vida de Gonzaga,


o contexto histórico no qual o poeta está inserido, bem como as características do
Arcadismo para compreender a obra “Marilia de Dirceu”.

8- OPINIÃO:
Embora Marília de Dirceu possa não agradar a todos os gostos de leitura, ela
não ressoa particularmente entre os adolescentes que tendem a subestimar as
palavras de Dirceu como um amor imaturo e não correspondido. No entanto, a
autenticidade da qualidade da obra não deve ser posta em dúvida.

Inegavelmente, este trabalho não envelheceu bem; mesmo suas edições mais
recentes empregam terminologias que são consideradas “ultrapassadas” e que, em
alguns casos, nem sequer o leitor conhece as palavras. Atualmente, a literatura em
forma de poesia tem um apelo mínimo para a maioria dos leitores.

O documento em questão retrata o amor de um homem ao longo da vida, que


ele expressa com eloquência por meio de suas palavras. Dirceu evoca com
maestria a forma do Cupido, divindade da beleza, ao mesmo tempo em que faz
alusão aos traços de sua amada, como na Lira II. Ele sutilmente revela a
semelhança de Marília a divindade da beleza, mostrando seu domínio da linguagem.

Dentro de Lira VIII, Dirceu lamenta de como Marília se queixa de que ele
roubou seu coração, (dissipando assim qualquer noção de que o amor deles seja
platônico). Dirceu lamenta ainda a aparente relutância de Marília em retribuir seu
afeto e contrariando a ideia de diversos filósofos ele tenta provar como o amor existe
até mesmo entre os animais.

Em suma, Marília de Dirceu possui um imenso significado literário, assim


como outros clássicos do gênero. É o poema de amor mais amplamente
reconhecido na literatura portuguesa, oferecendo informações valiosas sobre
nuances culturais, movimentos literários e estilos de periódicos.

Ao examinar esta obra-prima, Manoel Bandeira nota que ela teve uma
abundância de edições, rivalizada apenas por “Os Lusíadas”. Isso destaca o
significado da obra no reino da literatura, fornecendo uma valiosa contribuição para
nossas percepções literárias.

9- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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2006
BURKE, Peter. A invenção da biografia e o individualismo Renascentista.
Disponívelem: <
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CHEVALLIER, Jean. GHEERBRANT, Alain. Dicionário de símbolos. 26 ed. Rio de
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