Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
178
ano III
•
número 6
•
Na verdade,
pouco se
conhece dos
esforços
govername
ntais mais
sérios na
área da
segurança
que não
sejam os
habituais
reforços
depoliciamen
to, sempre
insuciente,
ou o recurso
às forças
armadas para
manutenção
da ordem
interna
22
. Mas tudo
isso é
inecaz
diante
dedesequilíbr
ios sociais
gritantes.
Ainda que
sejam
conhecidos
os trabalhos
de
instituições,
autoridades
e ONGs
com
políticas pú
blicas para
melhorar
a situação de
crianças e
idosos, para
atender às
necessidades
de
pessoascom
deciências
, à promoção
social de
comunidades
carentes, o
públicoacoss
ado em seu
cotidiano
não nota que
essas são
atividades
desenvolvida
spara o
conjunto
da cidadania
com base nos
direitos
humanos.Por
outro lado,
eu próprio
vejo, no
CERD e em
foros
correlatos,qu
e a tendência
ora
predominant
e do sistema
é de
privilegiar
minoriasem
detrimento
das atenções
para o
conjunto.
Pouca
atenção é
dada
internacion
almente aos
direitos das
camadas
gigantescas
de pobres
sem
etnia ou
outro
elemento
diferencial
que os
destaque.
Para o
neoliberalis
moeconômic
oeo
“liberalismo”
político e
cultural
hegemônico,
ossimplesme
nte pobres
são
marginalizad
os porque
fora do
mercado,resp
onsabilizado
s pela
própria
pobreza num
círculo
vicioso que
só pode
levar ao
crime.
Q
UE
FAZER
?
Diante desse
quadro
desalentador
,
a pergunta
necessária
seria: o
quefazer
para
melhorar
essa situação
negativa em
que se atolou
o sistema?
A
resposta, ev
identement
e, não
é fácil.
O primeiro
passo,
contudo,
semprecons
istirá na
conscientiza
ção dos
defeitos,
com
vontade de
superá-
los.Os
defeitos
internos
poderiam
ser
corrigidos
com
determinaç
ão
volitivados
atores. Os
direitos
humanos,
contudo,
não podem
existir
isolados do
mundo à sua
volta. Apesar
de sua asserç
ão como tem
a global nos
anos 1990, h
ojepraticame
nte
esquecida, a
concretizaçã
o dos direitos
humanos
se apresenta
22
Conquanto
posterior ao
momento de
elaboração deste
artigo e anterior
a minha
presentegestão,
não posso omitir
aqui um esforço
de divulgação
limitado, mas
importante,
realizado
pelo Instituto
de Politicas
Públicas de
Direitos Human
os do Mercosul
com apoio
do EscritórioRe
gional para a
América do Sul
do Alto
Comissariado
das Nações
Unidas para os
DireitosHuman
os, do PNUD
e da Secretaria
de Direitos
Humanos do
Brasil,
ao elaborar e
publicar a
pesquisa Avances
en la prevención
y sanción de la
tortura em los
países del
Mercosur
(Buenos
Aies, IPPDH,
2016).
179
Cadernos de Política
Exterior
tão distante
da realidade
do século
XXI que
quase se
justicaria
indagar
se não era
melhor para
eles a
situação da
Guerra Fria.
Se não seria
melhordeix
ar de lado o
discurso
altaneiro da
virada do
milênio
para
começar a
redenir os
direitos
fundamentais
de todos.
Eles, anal,
são
construções
históricas.
Se não o
fossem,
não haveria
explicação
para a
situação
variável
do direito à
propriedade,
“curiosament
e” incluído
na lista de
1948,expurg
ado, depois,
dos dois
Pactos
Internacionai
s de 1966 e
rearmadoe
m resoluções
diversas das
Nações
Unidas com
a
qualicação
de que a
propriedade
pode ser
também
comunal e
coletiva.
Talvez
deixando
um
pouco de
lado o
discurso
maximalista
sobre
minorias e
etnias, cujas
necessidade
s especiais
devem ser
respeitadas,
mas não
criam
direitosuniv
ersalizáveis,
daí se
pudesse
reconstruir
o sistema
internacion
al dos
direitos
humanos
com
elementos m
ais
adequados.Q
uaisquer que
venham a ser
a forma e o
conteúdo de
tais direitos
sempre
fundamenta
is de todos
os seres
humanos,
possivelme
nte
repescados
da
Declaração
de 1948
para retirada
de escamas e
modicaçõe
s na receita
de sua
aplicação
em cada
sistema
histórico-
cultural,
eles
precisarão
estarcoorde
nados com
a economia
num caldo
de Política
com sentido
de
Progresso,
ambos com P
maiúsculo.
Pela via
menos
desejada,
mudançasest
ão
ocorrendo. A
economia
hoje
já deixou de
ser
neoliberal
para
assumiras
característica
s
tecnológicas,
antissociais e
anti-humanas
, planejadas
para se
dispensar
mão de
obra, de um
capitalismo
de ricos e
ultrarricos.
O estado,
por sua vez,
voltou a ser
necessário.
Não para
promover a
justiça e a
segurança de
todos. Para
proteger o
poder dos já
poderosos,o
aumento
contínuo de
riqueza
concentrada,
o consumo
suntuário dos
podres de
ricos,
modelo
ideal dos
demais 10%
relativamen
te
abastados.
Os
desempregad
os sem
futuro e os já
miseráveis
sem saída
não
contam.Sei
que o que a
criação de
um novo
sistema
previsível
nas
circunstânci
as atuais é
onírica.
Nosso
mundo
carece de
vontade e
detempo,
crescentem
ente
destroçado
pela
mudança
climática,
pelas
guerras,
pelos
fundamentali
smos, pelos
erros que se
acentuam
nos sistemas
e
subsistemas
existentes.
Enquanto
nada de
concreto é
tentado, nem
sequer na
esfera
dodiscurso,
minha
ambição é
modesta.
Quando me
perguntaram
há poucopor
que continuo
membro de
um órgão de
tratado,
minha
resposta
foifranca.
Porque fui
eleito,
reeleito três
vezes e não
terminei meu
mandato.
180
ano III
•
número 6
•
Porque o
CERD teve
papel
importante
na
conscientizaç
ão, hoje
quaseunivers
al, de que a
discriminaçã
o racial ou
étnica é
fenômeno
planetário,nã
o existindo
sociedade
que lhe seja
imune.
Porque suas
recomendaçõ
essão
úteis para
combater
as formas
de discrimin
ação mais
visíveis.
Porque,
ciente de
seus
defeitos,
tenho a
impressão,
possivelme
nte ilusória,
de
que estando
presente
talvez
consiga,
senão
melhoras no
sistema,
algum“contr
ole de
danos” nas
recomendaçõ
es aos
estados. Às
vezes, acho
atéque
consigo!
Continuo
falando de
direitos
universais
porque
entendo
que eles
ainda
são uma
boa
utopia direti
va.
Continuo
defendendo
o conceito
anacrônico
dos direitos
humanos de
todos,
porque sem
um mínimo
de esperança
neles a
situação
mundial
amedronta.
R
EFERÊNCIAS
B
IBLIOGRÁFI
CAS
DAVIS, A.
Y.
A Democracia
da Abolição –
Para além do
império, das
prisões e
datortura, trad.
Artur Neves
Teixeira
. Rio de
Janeiro:
DIFEL,
2009.
DELMAS-M
ARTY, M.
Trois dés
pour un droit
mondial. In:
KOSKENNI
EMI, M.;
LEINO, P.
Fragmentati
on of
Internation
al Law?
Postmodern
anxieties,
Leiden Journal
of Internationa
l Law
, 2002, p.
553-
579(minha
tradução).E
SCRITÓRI
O
REGIONAL
PARA A
AMÉRICA
DO SUL DO
ALTOCOMI
SSARIADO
DAS
NAÇÕES
UNIDAS
PARA OS
DIREITOS
HUMANOS
(ACNUDH).
Prólogo. In
NAÇÕES
UNIDAS e
IPPDH/ME
RCOSUL
Produção e
gestão de
informação e
conhecimento
no campo da
segurançacidad
ã: os casos da
Argentina,
Brasil,
Paraguai e
Uruguai
,
2012.UNIT
ED
NATIONS’
INTERNAT
IONAL
LAW
COMMISSI
ON.
Fragmentation
of International
Law:
Difculties
Arising Form
the
Diversication
and Expansion
of Internationa
l Law, Report
of the study
group.
Documento
A/CN.4/L.
682,
abr 2006.
RELATED PAPERS
A Rotinização do MERCOSUL
Pedro Scuro
Cadernos do IPRI nº 10
Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI)
Serie-Resumo-1a-Fase-OAB-In-Robinson-Sakiyama-Barreirinhas.pdf
Jorge Dinno
OIM
Politica de Refugio do Brasil Consolidada - com Aline Khoury, Luis Renato Vedovato
e Verônica Korber Gonçalves (Completo)
2017 •
Marcelo Torelly
About
Press
Blog
People
Papers
Topics
Job Board
We're Hiring!
Help Center
Terms
Privacy
Copyright
Acade