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PROJETO

DE RESOLUÇÃO
POLÍTICA
JUVENTUDE COMUNISTA
PORTUGUESA

Juventude Comunista Portuguesa Rua Rodrigues Sampaio, n.º 18, 4.º andar, 1169-027 Lisboa
+351 217 930 973 geral@jcp.pt www.jcp.pt www.facebook.com/JuventudeComunistaPortuguesa/
PROJECTO DE 2.2 Emprego 25
2.2.1 Desemprego e precariedade 25
RESOLUÇÃO POLÍTICA 2.2.2 Salário e horário 26

11.o CONGRESSO DA JCP 2.2.3 Legislação laboral e contratação colectiva 26


2.3 Ciência 27
Capítulo 1
2.4 Movimento associativo juvenil 27
SITUAÇÃO INTERNACIONAL 6
2.5 Defesa Nacional 28
1.1 Crise e contradições do Capitalismo 6
2.6 Sistema público de Segurança Social 29
1.2 A ofensiva imperialista 7
2.7 Saúde 29
1.3 A União Europeia e a juventude 9 2.8 Droga e toxicodependência 30
1.4 Resistência e luta contra o imperialismo 10 2.9 Álcool e alcoolismo 30
1.4.1 A luta da juventude 11 2.10 Direitos sexuais e reprodutivos 31
1.4.2 A solidariedade internacionalista, a luta pela 2.11 
I gualdade de direitos contra todas as
Paz e contra a dominação hegemónica do discriminações 32
imperialismo 11 2.11.1 
Discriminação da mulher na vida e
1.4.3 A FMJD e a luta da juventude na frente anti- no trabalho 32
-imperialista 13 2.11.2 
Discriminação em função da orientação
sexual 33
1.4.4 S
 ocialismo, exigência da actualidade e do
futuro 14 2.11.3 Racismo e Xenofobia 33
2.11.4 Imigrantes 33
Capítulo 2
2.11.5 Discriminação das pessoas com deficiência 34
ESTE PAÍS TAMBÉM É PARA JOVENS 14 2.12 Ambiente 34
2.1 Educação 15 2.13 Assimetrias regionais 35
2.1.1 Ensino Básico e Secundário 16 2.14 Habitação 36
2.1.1.1 Condições materiais e humanas 17 2.15 Transportes e mobilidade 36

2.1.1.2 Vias técnicas e profissionais dentro 2.16 Emigração e jovens luso-descendentes 37


do Ensino Básico e Secundário 18 2.17 Cultura – criação e fruição 37
2.1.1.3 Vida democrática nas escolas 18 2.18 Desporto e actividade física 38
2.1.1.4 Sistema de avaliação, Exames Nacionais 2.19 Liberdades e direitos democráticos 39
e acesso ao Ensino Superior 19 2.20 A ofensiva ideológica 39
2.1.2 Ensino Profissional 20 2.21 
Conquistar o presente, construir o futuro –
A alternativa necessária! 42
2.1.3 Ensino Superior 21

2.1.3.1 Propinas e financiamento 21 Capítulo 3


2.1.3.2 Processo de Bolonha 21 NAS NOSSAS MÃOS OS DESTINOS DAS NOSSAS
VIDAS, É PELA LUTA QUE LÁ VAMOS! 43
2.1.3.3 RJIES, fundações, fusões 22
3.1 Movimento juvenil 44
2.1.3.4 Acção Social Escolar 23
3.1.1 Movimento estudantil do Ensino Básico e
2.1.3.5 Ensino Superior Universitário e Ensino Secundário 44
Superior Politécnico 23
3.1.1.1 Caracterização do movimento associa-
2.1.3.6 Ensino Superior Privado 24 tivo 45
2.1.4 Estágios curriculares 24 3.1.1.2 Resistência e luta 45
3.1.2 Movimento estudantil do Ensino Superior 46 4.3.4 Organizações regionais 62
3.2.2.1 Caracterização e papel do movimento 4.4 
O utras linhas de intervenção, afirmação e
associativo 46 actividade 62
3.2.2.2 Resistência e luta 47 4.4.1 Intervenção diversificada e campanhas
3.1.3 
Movimento dos estudantes do Ensino da JCP 62
Profissional 48 4.4.2 Propaganda 63
3.1.3.1 Resistência e luta 48 4.4.3 AGIT – O jornal da JCP 64
3.1.4 Movimento dos jovens trabalhadores 48 4.4.4 Imprensa partidária 64
3.1.4.1 Movimento Sindical Unitário 49 4.4.5 Festa do Avante! 65
3.1.4.2 Resistência e luta 50 4.4.6 
Palco Novos Valores e o seu Concurso
3.2 Associativismo juvenil de base local 50 de Bandas 65
3.3 Outras formas de participação juvenil 51 4.4.7 Política de fundos 65
3.4 Organizações de juventude dos partidos 52 4.4.8 
Relacionamento institucional e batalhas
3.5 É pela luta que lá vamos: contributo da juventude eleitorais 66
para construir a alternativa 53 4.4.9 Actividade internacional 67
4.5 As linhas de orientação para o trabalho de direcção
Capítulo 4
da JCP 68
MAIS JCP, MAIS LUTA, AVANTE COM ABRIL 54
4.5.1 O Congresso 68
4.1 A Juventude Comunista Portuguesa 54
4.5.2 A Direcção Nacional 68
4.1.1 Base teórica da JCP: o marxismo-leninismo 54
4.5.3 A Comissão Política 69
4.1.2 O papel da JCP e do PCP na sociedade 54
4.5.4 O Secretariado 70
4.1.3 O Projecto do PCP 55
4.5.5 A Coordenadora Nacional do Ensino Secundário
4.1.4 A JCP, organização de juventude do PCP 56
(CNES) 70
4.2 A JCP e o papel dos comunistas 56
4.5.6 
A Direcção Central do Ensino Superior
4.2.1 O papel do comunista 56 (DCES) 70
4.2.2 Os colectivos de base 57 4.5.7 As Comissões Regionais 71
4.2.3 Trabalho em unidade 58 4.5.8 
Colectivos de apoio e grupos de trabalho
4.2.4 Recrutamento 58 centrais 71

4.2.5 A actividade com os milhares de jovens que ÍNDICE DE ABREVIATURA OU GLOSSÁRIO 74


querem trabalhar com a JCP 58
4.2.6 O estilo de trabalho na JCP 59
4.2.7 A formação ideológica 59
4.3 Organizações autónomas e sectores 60
4.3.1 As organizações autónomas 60
4.3.1.1 A organização autónoma do Ensino
Secundário 60
4.3.1.2 A organização autónoma do Ensino
Superior 60
4.3.2 Intervenção junto dos estudantes do Ensino
Profissional 61
4.3.3 Intervenção junto dos jovens trabalhadores 61
“A juventude [é uma] camada social com as travar muitas das medidas que o Governo PSD/CDS
suas próprias aspirações, formas de luta e de e o grande capital queriam aplicar. Uma luta que foi
intervenção que, não sendo homogénea, incorpora determinante para impor o afastamento de PSD e CDS
valores de solidariedade, partilha e participação do poder, de acordo com a vontade expressa pela
que a transformam numa força indispensável na grande maioria do povo português nas eleições de
luta pelo progresso social e pela ruptura com a Outubro de 2015. Uma luta que, desde então, tem sido
política de direita” 1 . o elemento essencial, juntamente com a intervenção
O 11.º Congresso da JCP realiza-se em Abril de 2017, do PCP, para a reposição, ainda que limitada, de
três anos após o 10.º Congresso. Nestes três anos, rendimentos e direitos que tinham sido roubados pelo
confirmaram-se as análises da Resolução Política anterior Governo.
aprovada no 10.º Congresso que, juntamente com
A realidade da juventude está marcada por décadas de
a Resolução Política do XX Congresso do PCP,
realizado em Dezembro de 2016, constituem uma política de direita, aplicada por sucessivos governos
sólida base para a reflexão colectiva que resultou de PS, PSD e CDS. A actual geração de jovens não
neste documento. conheceu outra realidade que não as políticas de
retirada de direitos, de destruição das conquistas de
O Projecto de Resolução Política (PRP), tendo Abril e de integração capitalista na UE, com as suas
sido aprovado pela Direcção Nacional da JCP na consequências devastadoras para o país e para as
sua reunião de 14 e 15 de Janeiro, será submetido condições de vida da maioria da população.
à discussão nos colectivos e organismos da JCP,
acolhendo ao longo do processo preparatório do Uma brutal ofensiva social sobre a juventude
Congresso as considerações e propostas de alteração complementada por uma não menos brutal ofensiva
individuais e colectivas, numa discussão que irá ideológica dirigida a partir dos centros de decisão do
envolver todos os militantes, bem como muitos outros grande capital transnacional e das grandes potências
jovens que para ela queiram contribuir. Um processo imperialistas, que visa impor os mais retrógrados
de discussão colectiva amplamente democrática, valores, rever a História, mistificar a informação,
assente em princípios desenvolvidos a partir do
impor conceitos que favorecem o grande capital e
centralismo democrático aplicados criativamente à
os seus interesses (como “colaborador” em vez de
realidade juvenil. A PRP do 11.º Congresso da JCP
trabalhador, ou identificando a caridade como solução
organiza-se num 1.º Capítulo dedicado à situação
para todos os problemas), impor o medo, procurando
internacional, um 2.º Capítulo dedicado à situação
política da juventude portuguesa, um 3.º Capítulo assim condicionar as potencialidades transformadoras
dedicado à luta e movimento juvenis e um 4.º Capítulo da juventude.
dedicado à JCP, ao seu funcionamento e às tarefas
Além disso, crescem as limitações objectivas à
que se lhe colocam. Este é um documento ligado à
participação democrática, com tentativas de impedir
realidade e à luta da juventude porque foi construído
a distribuição de propaganda, a pintura de murais, as
e discutido pelos jovens que assumem, em muitas
reuniões gerais de alunos (RGA), manifestações e
escolas e locais de trabalho, o papel de vanguarda
na luta – é por isso um documento importante para outras acções de luta, ou ainda com o condicionamento
o presente e o futuro do movimento juvenil português da actividade sindical e associativa estudantil, com
e da organização revolucionária da juventude, a JCP. o claro objectivo de assim atacar a componente
participativa da democracia, tendo a juventude como
Estes três anos foram marcados por um muito alvo estratégico desta ofensiva anti-democrática.
amplo, dinâmico e contínuo processo de luta dos
trabalhadores, do povo e da juventude portuguesa Foi neste contexto que se desenvolveu a luta da
contra as políticas de empobrecimento, aumento da juventude nos últimos anos. Cada abaixo--assinado,
exploração, retirada de direitos e declínio nacional cada concentração à porta de uma escola, cada
protagonizadas pelo Governo PSD/CDS, submisso greve, cada manifestação teve de vencer grandes
ao Pacto de Agressão das troikas e às directivas da obstáculos, despertar consciências, construir unidade
UE e aos interesses do grande capital e das grandes e transformar o descontentamento em acção e luta.
potências – que agravaram brutalmente a política de Por isso, todas as lutas e a sua continuidade ao longo
direita de PS, PSD e CDS. Uma luta realizada num deste período revestem-se de grande valor e alcance
contexto de brutal agravamento das condições de vida
político, e são sementes para a luta que nos propomos
e de luta do povo português. Uma luta que conseguiu
continuar nas escolas, nos locais de trabalho e nas
ruas, para conquistar o presente e construir o futuro.
1
 esolução Política do XX Congresso do PCP – 2, 3 e 4
R
de Dezembro de 2016, Almada É pela luta que lá vamos!
1. SITUAÇÃO Depois de um período em que a China e outros
«países emergentes» conheceram elevados ritmos de
INTERNACIONAL crescimento do PIB, estes países – particularmente os
que dependem da exportação de petróleo e de outras
1.1 Crise e contradições matérias-primas – foram duramente afectados pela
do Capitalismo persistência da crise cíclica. O peso económico da
China, e da sua participação na divisão internacional do
O 11.º Congresso da JCP realiza-se num momento em trabalho, continua a representar um factor de primeiro
que se confirma a natureza exploradora, opressora, plano no desenvolvimento mundial, sendo de assinalar
agressiva e predadora do capitalismo, num quadro de o seu activo papel nas relações internacionais, como
aprofundamento das suas contradições, que há muito tem acontecido no quadro dos BRICS (Brasil, Rússia,
se vinham manifestando, e do agravamento da sua crise Índia, China e África do Sul) e noutros espaços
estrutural, de que é expressão a crise cíclica desencadeada de articulação, que contrariam os objectivos e as
em 2007/2008, cujas consequências continuam a pesar instituições dominadas pelos EUA e outras potências
em todo o mundo. A crise de 2007/2008, a maior e mais imperialistas.
prolongada desde a Grande Depressão de 1929, tem
como raiz o centro capitalista, afectando todo o mundo, e Em face da profunda crise do sistema capitalista,
está longe de estar ultrapassada, podendo prolongar-se o imperialismo tem procurado diversas formas
e ter novos episódios de crise. de realizar uma “fuga para a frente”, tendo como
principal impulsionador dessa ofensiva os EUA, que
Para sobreviver, o capitalismo só vê um caminho: continuam a ser a potência hegemónica do mundo
aumentar a exploração, pondo em causa direitos sociais capitalista e o mais poderoso Estado do mundo. São
dos trabalhadores, dos povos e da juventude; aumentar disso exemplo o exacerbar da «guerra monetária»,
a concentração e centralização do capital e da riqueza, baseada no papel hegemónico do dólar, e da «guerra
com um cada vez maior domínio do capital financeiro e económica», utilizando o domínio de mercados
especulativo sobre a economia; apropriar-se de recursos mundiais; a concretização de novos tratados de livre
e matérias primas e destruir forças produtivas, recorrendo comércio, entre os EUA e os seus principais aliados,
para isso à guerra, ingerências e chantagens a países como o TTIP entre os EUA e a UE, o TPP entre os
soberanos, à concentração do poder em organizações EUA e vários países sul-americanos e asiáticos, entre
supranacionais dominadas pelas grandes potências outras, que abrem espaços à rapina das grandes
imperialistas. multinacionais e ao seu domínio sobre os Estados,
A crise tem-se manifestado com particular gravidade nos com graves consequências para a juventude, caso não
pólos da Tríade imperialista (EUA, Japão, União Europeia) sejam travados.
e em geral nos países capitalistas desenvolvidos, com
Prossegue um processo muito complexo de
uma situação de estagnação ou crescimento anémico.
rearrumação de forças à escala mundial quer no plano
Apesar das medidas que visavam reanimar a economia
económico, quer no plano político e geoestratégico,
de forma artificial, continuámos a assistir ao aumento
com a afirmação de países, e diversificadas
do peso do capital especulativo, à expansão dos off-
articulações entre estes, que optam por caminhos
shores e da fuga de capitais, a escândalos e falências
para o desenvolvimento fora do quadro hegemónico
de grandes instituições financeiras, à não recuperação
do imperialismo. Processos como o dos BRICS ou da
de indicadores como o PIB, o investimento produtivo, o
Organização de Cooperação de Xangai, envolvendo
emprego, elementos que colocam o risco de um novo pico
cooperação económica e política, têm contribuído para
de crise de grandes proporções e que têm demonstrado
o processo de rearrumação de forças, pondo assim
cada vez mais as profundas limitações do sistema
em causa a hegemonia do imperialismo e das suas
capitalista. O chamado “Consenso de Washington”, que
estruturas internacionais.
consagrou o caminho de liberalização dos mercados
mundiais, o aprofundamento da divisão internacional Embora a crise estrutural do capitalismo aprofunde as
do trabalho, assente no aumento da exploração e na contradições inter-imperialistas, a evolução da situação
retirada de direitos conquistados ao longo de décadas, mundial tem demonstrado que o grande capital e as
tem sido cada vez mais questionado, ao mesmo tempo grandes potências imperialistas se articulam para
que se manifesta a incapacidade das classes dominantes procurar impor as suas políticas de exploração e
encontrarem soluções para salvar o sistema. opressão nacional.

6
O desenvolvimento da crise do capitalismo confirma A militarização das relações internacionais, identificada
as teses fundamentais que constituem o marxismo- em anteriores congressos, tem-se intensificado nos
leninismo, sobre as leis que regem o sistema capitalista últimos anos. Verifica-se uma tendência para maior
na sua fase imperialista, com diferentes expressões instabilidade e insegurança generalizadas no plano
em cada país. internacional.

A incapacidade do capitalismo conseguir ultrapassar As potências capitalistas têm nos últimos anos
as suas contradições confirma-se pela própria aumentado os seus orçamentos militares e por
evolução da crise. Agudiza-se a contradição entre consequência os seus armamentos e a capacidade
capital e trabalho, entre o carácter social da produção destrutiva do seu arsenal atómico. Os EUA, a NATO
e a sua apropriação privada, com o capital cada vez e a UE, com os seus aliados, são responsáveis por
mais concentrado e fundido com o aparelho de Estado, todos os grandes conflitos militares da actualidade. Os
agrava-se a irracionalidade do modo de produção EUA apresentam despesas militares que superam a
capitalista, marcado pela lei da baixa tendencial da soma das despesas militares da grande maioria dos
taxa de lucro, em que os recursos são utilizados de países no mundo: em 2010 o orçamento militar dos
forma anárquica, ameaçando a sociedade, em vez de EUA chegou a atingir os 680 mil milhões de dólares.
serem colocados ao seu serviço. As contradições entre
Nas Cimeiras de Gales (2014) e Varsóvia (2016), a
as possibilidades reveladas pelo progresso da ciência
NATO reafirmou o seu carácter abertamente ofensivo,
e da tecnologia para resolução de graves problemas
reforçou a UE como o seu pilar europeu, continuando
da humanidade e o agravamento destes resulta da
a promover o seu alargamento na Europa e as suas
apropriação por parte do capital dessas mesmas
parcerias a nível mundial e a pressionar o aumento
conquistas – por exemplo, o progresso tecnológico
do peso das despesas militares nos orçamentos
permitiria uma redução dos horários de trabalho devido
nacionais. As grandes potências da NATO continuam
à mecanização e automatização da produção, mas
a ser responsáveis pelas grandes corridas ao
assistimos antes pelo contrário a políticas de aumento
armamento, com destaque para os EUA, procurando
dos horários, aumentando assim a taxa de exploração.
a modernização dos seus arsenais nucleares e uma
O estreitamento da base social de apoio do capitalismo vasta teia de bases militares estrangeiras a nível
é consequência da agudização dessas contradições, mundial, assumindo especial gravidade a instalação
afectando cada vez mais amplos sectores da pelos EUA do sistema antimíssil na Europa e Ásia,
sociedade. A juventude não está condenada a um uma séria ameaça ao equilíbrio estratégico nuclear
sistema que não serve os seus interesses e aspirações. mundial. São expressão da escalada do imperialismo
Através do reforço da luta da juventude, do reforço da as guerras de agressão no Médio Oriente e na Ásia
JCP, contribuímos para a consciencialização e para Central, a ofensiva desestabilizadora na América
assim estreitar ainda mais a base social de apoio do Latina, os processos de ingerência e recolonização
capitalismo. em África, o avanço da NATO para o Leste da Europa,
apontando o cerco à Federação Russa ou a crescente
militarização na região Ásia-Pacífico, visando a China.
1.2 A ofensiva imperialista
A ofensiva imperialista incide particularmente em
O imperialismo, fase superior do capitalismo, realiza regiões de grande concentração de recursos naturais
uma brutal e multifacetada ofensiva, como resposta e em pontos estratégicos no plano internacional.
à crise estrutural do capitalismo e ao complexo e Realizam-se campanhas de desinformação e
contraditório processo de rearrumação de forças no deturpação da realidade que procuram justificar
plano mundial. perante a opinião pública ingerências e guerras e ao
mesmo tempo encobrem-se as acções criminosas do
A juventude, em muitos pontos do mundo, enfrenta a
imperialismo e das grandes potências por supostas
face mais agressiva da ofensiva imperialista: a guerra.
“causas humanitárias”, para “defender a democracia
A realidade mundial está marcada pela multiplicação
ocidental” ou para “lutar contra o terrorismo”, chegando
de guerras, agressões à soberania dos povos,
mesmo a procurar confundir o agressor com o agredido.
ingerências e ocupações de Estados, onde as maiores
potências capitalistas utilizam o militarismo para impor Na sua ofensiva, o imperialismo recorre cada vez
a sua agenda de dominação e servir os interesses do mais ao terrorismo, seja pelo terrorismo de Estado,
grande capital transnacional. com a intervenção agressiva directa, seja por via da

7
criação, apoio e instrumentalização de grupos que financiado e apoiado pelos EUA, a UE e a NATO.
se caracterizam pela acção criminosa e de terror. A Uma situação marcada por perseguições políticas
resposta ao terrorismo passa pelo combate às suas a comunistas e outros democratas, perseguições
causas – políticas, económicas e sociais –, à lógica de étnicas atingindo sobretudo a população russófona,
ingerência e agressão que o alimenta e pela defesa políticas de retirada de direitos à população, ao
e afirmação dos valores da liberdade, da democracia, mesmo tempo contribuindo para a agenda de cerco
da soberania e independência dos Estados, de uma contra a Federação Russa, estendendo para Leste as
política de paz e cooperação, e das condições que fronteiras da NATO, colocando novos perigos para a
permitam a sua realização. paz na região.

Nos últimos anos, temos assistido à proliferação de Prossegue a militarização da região Ásia-Pacífico, com
guerras e agressões por todo o mundo. Continuam a a proliferação de bases militares estrangeiras, em que
guerras no Afeganistão e no Iraque, estendendo-se ao o Japão, conjuntamente com os EUA, assume cada
Paquistão. Na Síria, o imperialismo por um lado financia vez mais uma postura militarista agressiva.
mercenários e grupos terroristas que espalham a morte
A ofensiva imperialista manifesta-se ainda por todo o
e o terror, e por outro intervém militarmente através
mundo, com a juventude a enfrentar as consequências
dos EUA, da NATO e seus aliados regionais, com vista
sociais do processo de concentração e centralização
à desagregação e destruição daquele país. Continua e
do capital à escala mundial, da intensificação da
agrava-se a ocupação, a agressão e a impunidade dos
exploração e da agressividade do imperialismo. O
crimes do Estado de Israel contra a Palestina.
desemprego e a precariedade afectam dezenas de
Na Líbia, continuam a pesar as consequências da milhões de jovens; o acesso à Educação está cada
intervenção militar da NATO que destruiu o país, hoje vez mais condicionado por barreiras de classe, fruto
controlado por diversos grupos mercenários. Novas do desinvestimento ou desmantelamento da Escola
operações militares e interferências tiveram lugar em Pública e de políticas de privatização e elitização do
vários países de África, como o Mali, a República Ensino; os jovens vêem negado o direito à Segurança
Centro Africana e a República Democrática do Social, que se procura muitas vezes substituir por
Congo, ao mesmo tempo que as principais potências medidas assistencialistas; acentua-se o ataque aos
imperialistas, desde logo a França e os EUA com o seu mais vastos direitos da juventude como o acesso
alto comando AFRICOM, aumentam a sua senda de à cultura, à habitação, ao associativismo ou ao
pressão militarista e o neo-colonialismo, com diversas desporto; agrava-se a pobreza, a fome, a subnutrição,
formas de desestabilização e ingerência. a negação do acesso a cuidados de saúde, as formas
mais brutais de exploração de seres humanos, que
O drama que acompanha os milhões de refugiados demonstram a natureza desumana e criminosa do
e deslocados, como os oriundos do Médio Oriente, capitalismo. Perante a brutal exploração, a negação de
da Ásia Central e de África, são consequência da direitos básicos aos povos, o domínio económico e a
guerra e do saque imperialistas, das políticas de imposição do subdesenvolvimento para muitos países,
negação dos mais básicos direitos. A UE e as suas perante as guerras promovidas pelo imperialismo,
principais potências têm pesadas responsabilidades muitos são forçados a emigrar, particularmente jovens,
nas causas que levam a que milhões tenham de enfrentando grandes dificuldades. O ambiente é
procurar refúgio para sobreviver, demonstrando posto em causa pelo carácter predatório do sistema
mais uma vez a sua hipocrisia quando continua a capitalista, que não olha a meios para assegurar o seu
reforçar altos comandos como o Frontex, a guarda lucro; ao mesmo tempo que a sua sustentabilidade é
costeira europeia e outros, negociando os refugiados utilizada como pretexto para ingerências e agressões
como de mercadoria se tratassem. A dramática por parte do imperialismo.
situação dos refugiados exige uma resposta urgente
à situação que está criada, e sobretudo o fim das Esta ofensiva social sobre os direitos da juventude é
agressões, guerras e políticas de rapina que o acompanhada por uma grandiosa ofensiva ideológica
por parte do imperialismo, que visa assim assegurar a
imperialismo tem promovido e que são a causa
sua perpetuação enquanto sistema e melhor conseguir
deste drama.
atingir os seus objectivos de exploração e dominação,
A situação na Ucrânia é marcada por um governo que tendo como principais instrumentos: os meios de
contém elementos abertamente fascistas e que foi comunicação social; o sistema educativo; a produção
formado após um golpe de estado anti-democrático de conhecimento, a cultura e a arte; os aparelhos de

8
Estado; a reprodução via relações sociais, familiares ou retrógrados e reaccionários. Também a promoção do
no mundo do trabalho, de valores e ideias da ideologia fundamentalismo religioso e de conflitos sectários e
dominante, ou ainda através das redes sociais e confessionais são usados para perpetuar a dominação
conteúdos digitais. Por ser uma camada da população do imperialismo e para justificar guerras, agressões,
com especial tendência para o questionamento sobre ofensivas sobre os direitos dos trabalhadores, dividindo
a realidade social, e com especial disponibilidade e manipulando, principalmente nos momentos de crise,
reivindicativa e revolucionária, a juventude é alvo onde povos, etnias, religiões, credos, comunidades ou
preferencial da ofensiva ideológica. camadas sociais são apresentados como causa dos
problemas sociais. Num momento em que, no plano
A ofensiva ideológica, no plano mundial, tem como
mundial, os sectores mais reaccionários e agressivos
eixos principais:
do imperialismo apostam cada vez mais na guerra
―― A promoção de valores como o individualismo, o e no fascismo, é essencial continuar a alargar a luta
conformismo, a competição individual, o medo e a da juventude pelos seus direitos, pela paz, contra o
desistência da luta; imperialismo e todas as suas expressões.

―― A promoção da suposta naturalidade do capitalismo,


como sistema terminal da história da humanidade, 1.3 A União Europeia e a juventude
apresentando ideias como o “fim das ideologias” ou
o “fim da luta de classes”; A União Europeia (UE), confirma hoje o projecto
que está na base da sua criação, uma estrutura de
―― A reescrita e manipulação da História, a promoção natureza imperialista, que emerge do grande capital
do anti-comunismo, o branqueamento do fascismo, transnacional e da burguesia dos Estados-Membro
o apagamento do papel da luta dos trabalhadores, e do conluio e concertação entre as forças da direita
dos povos e da juventude em cada país; e da social-democracia. Desde o último Congresso
―― 
A promoção das lógicas da “caridade” e do aprofundaram-se ainda mais os pilares da UE – o
assistencialismo para a resolução de problemas neoliberalismo, o militarismo e o federalismo.
sociais; Embora num contexto de crescentes contradições,
―― A discurso populista e anti-democrático contra os o rumo federalista da UE continua a subjugar a
partidos ou contra “a política”, visando a alienação, ao soberania dos povos de decidirem sobre o seu futuro
mesmo tempo que se sobrevalorizam movimentos e o dos seus países, impondo o poder de instituições
ditos inorgânicos e que se restringe a democracia supra-nacionais, o que constitui ainda um ataque à
às eleições e aos espaços institucionais; democracia.

―― A promoção do racismo, da xenofobia, do fascismo, A imposição da livre circulação de capital, do aumento


do fundamentalismo e da exacerbação de conflitos da exploração dos trabalhadores e dos povos, do
e rivalidades nacionais; aprofundamento das condições de rendibilidade do
capital, tem sido impulsionado pelo grande capital e
―― A identificação do interesse nacional com os pelas grandes potências. Neste contexto, a entrada
interesses de classe do grande capital, para em funcionamento do Tratado de Lisboa, que reforçou
justificar assim a exploração; os instrumentos de domínio económico e político da
União Europeia, despoletou um renovado processo de
―― A desinformação e mistificação da actualidade
concentração e centralização de poder, agudizando
nacional e internacional.
e perpetuando a exploração e empobrecimento dos
Em muitos países a combinação desta brutal ofensiva povos, através dos constrangimentos criados ao seu
ideológica e social sobre os direitos da juventude desenvolvimento soberano. A criação do euro, tal como
criam campo fértil para a promoção do obscurantismo, a JCP e o PCP vêm alertando desde o primeiro instante,
de valores antidemocráticos e reaccionários, racistas demonstram com clareza a quem servem e com que
e xenófobos, estimulando o crescimento das forças propósitos. A sua existência é um claro impedimento
de extrema-direita e grupos de cariz fascista que, ao desenvolvimento social e económico, servindo
apresentando-se muitas vezes como “anti-sistema”, como instrumento de empobrecimento e exploração,
são na verdade promovidas pelo próprio sistema sendo ela mesma um dos principais factores da
como “válvulas de escape”, procurando assim crise económica, financeira e social em curso. Os
canalizar o descontentamento para os valores mais últimos anos são a prova que não pode existir uma

9
verdadeira política que defenda a soberania nacional O processo de integração capitalista da União Europeia
e a justiça social, vinculada com a moeda única, e o é o principal causador do aumento do desemprego, da
mais recente processo de chantagem de que Portugal miséria, regressão social, da incerteza e insegurança
foi alvo é a demonstração desta impossibilidade. que hoje se reflectem, em articulação com as
Esta crise do euro reitera a necessidade de uma campanhas da UE contra direitos e liberdades dos
ruptura com a União Económica e Monetária (UEM), emigrantes, no ressurgimento da guerra, no aumento
bem como com o processo de integração capitalista, exponencial do racismo, xenofobia, anticomunismo e a
condições essenciais para uma efectiva política de emergência e crescimento da extrema--direita, muitas
desenvolvimento soberano. vezes com o apoio da própria UE, como por exemplo
em França, na Hungria, Polónia e Ucrânia.
A crise na zona euro tem sido usada como bengala
para a reestruturação das políticas da UE, com vista ao A crise que vivemos hoje na União Europeia resulta da
aprofundamento da UEM e do reforço da transferência crise da própria UE, dos seus princípios fundadores,
de poderes dos Estados-Membro para as instituições da sua natureza de classe e dos seus objectivos.
Aqui, o referendo do Reino Unido deve ser tido em
da UE. Através das chamadas “reformas estruturais”
conta como elemento que deita por terra as teorias da
a UE procura intervir directamente em matérias como
irreversibilidade da UE. Esta UE não é reformável. Por
salários, legislação laboral, políticas sociais, funções
mais que se clame por “salvar a Europa” esta só será
sociais do Estado e serviços públicos. No trabalho,
salva quando a União Europeia for derrotada.
generaliza-se a precariedade dos trabalhadores,
incentiva-se a sua livre circulação, empurrando-os, Vivemos num momento em que todos os jovens
nomeadamente os jovens, para saírem do seu país. portugueses viveram toda a sua vida já no quadro
No Ensino, aprofundam-se políticas como o “Processo da integração capitalista na UE, sofrendo as suas
de Bolonha”, a privatização do Ensino, procurando-se dramáticas consequências na realidade nacional
cada vez mais a sua mercantilização, colocando e tendo sempre presente a gigantesca campanha
mais entraves ao seu acesso, direccionando-o para o de promoção das suas supostas “virtudes”,
mercado, ao invés de o dirigir para a formação integral nomeadamente a partir de conteúdos escolares e
do indivíduo. No Movimento Associativo Juvenil programas para a juventude promovidos pela UE.
(MAJ), a criação e alargamento de programas ditos Este é um quadro em que é preciso vencer barreiras
de apoio a plataformas de juventude, são apenas e só e contrariar essas campanhas que apresentam a UE
mecanismos de, através da tentativa de controlo do como única forma de integração, cooperação entre
associativismo, alinhar o movimento juvenil com a UE países, paz e modernidade. Por outro lado, alarga-se
e a sua agenda. a consciência de que a integração capitalista na UE
não foi o “mar de rosas” que nos foi apresentado,
A UE aprofundou o seu carácter militarista e agressivo, nomeadamente no papel das políticas da UE na
cimentando o seu papel como pilar europeu da NATO, destruição do aparelho produtivo nacional e com cada
estando presente em praticamente todas as zonas vez maior questionamento face ao euro e ao papel que
de desestabilização e intervenção militar. Procura-se teve e tem nos problemas nacionais.
aumentar as despesas militares dos Estados-
A alternativa é uma Europa de paz, solidariedade
-Membro e a criação do “exército europeu”, promove-se
e cooperação entre os povos, e pelo direito de cada
a investigação militar europeia, a repressão e a
país à sua efectiva soberania, sem imposições nem
espionagem, numa clara procura de acentuar o
estruturas supra-nacionais dirigidas pelas grandes
poder de intervenção e ingerência nos Estados, de
potências.
aproveitamento dos seus recursos e energias e, por
outro lado, procurar conter e controlar a luta dos povos.
A situação com que se confrontam hoje milhares 1.4 Resistência e luta contra
de refugiados e migrantes é tão só o resultado das
o imperialismo
políticas da UE e da NATO, e a outra face do processo
de integração capitalista europeu. A propaganda de No quadro mundial actual, grandes perigos resultantes
espaço de liberdade, solidariedade e respeito esbarra da ofensiva do imperialismo convivem com grandes
na cruel realidade da morte de milhares de pessoas potencialidades de resistência e de desenvolvimento
todos os anos e na negação dos direitos mais básicos da luta pela sua derrota: abrem-se novas frentes
de seres humanos que procuram a entrada na UE. de luta, eleva-se a consciência social e política dos

10
trabalhadores e da juventude, agudiza-se a luta, de milhares de estudantes, com vários exemplos
camadas sociais outrora conformadas com o sistema de repressão a essas lutas; na Colômbia, contra
juntam-se à luta. Vivemos pois num quadro de grande as tentativas de fazer recuar os acordos de paz; no
complexidade, de resistência e acumulação de forças Bahrein, pela democracia e os direitos humanos; no
para o desenvolvimento da luta revolucionária. Líbano, em defesa da integridade territorial, contra
a corrupção do regime confessional e por serviços
Perante a brutal ofensiva do imperialismo, a juventude
tem assumido, por todo o mundo, um papel determinante públicos que garantam qualidade de vida à população;
na resistência e luta contra o imperialismo e as suas no Iémen, contra a agressão da Arábia Saudita; ou na
mais diversificadas expressões. Ucrânia, contra o ascenso do fascismo, a perseguição
anti-comunista e anti-democrática e o perigo da guerra.

1.4.1 A luta da juventude Lutas realizadas muitas vezes em contextos marcados


por governos que pretendem por todos os meios
A luta de massas, construída a partir dos problemas retirar direitos aos trabalhadores e aos povos, tendo
mais sentidos pelos jovens, revelou-se determinante a juventude como alvo preferencial, visando assim
para derrotar os ataques aos direitos, o aumento criar uma geração sem direitos e sem capacidade de
da exploração e o empobrecimento, para derrotar lutar. Lutas que demonstram que, ao contrário do que
tentativas de atacar ou reverter processos o imperialismo pretende, a juventude continua a ser
progressistas ou de libertação nacional, para defender uma camada da população que questiona o que lhe é
a paz e contrariar o avanço do fascismo, para alcançar imposto, que resiste e que luta. Lutas que alcançaram
vitórias e avanços que puseram em causa, a diferentes em alguns casos vitórias, das mais simbólicas às
escalas, os interesses do imperialismo. Uma luta que mais profundas, que colocam “grãos de areia na
assume expressões muito diversas em todo mundo.
engrenagem” do imperialismo e das instituições e
A realidade internacional, desde o 10.º Congresso, governos ao seu serviço.
comprova que é pelo desenvolvimento da luta em cada
país que cada povo pode melhor contribuir para a luta
mais geral contra o imperialismo. 1.4.2 A solidariedade
internacionalista, a luta pela
Nestes anos, vimos como a juventude saiu à rua em
muitos países para defender os seus direitos, quando
Paz e contra a dominação
procuravam impor políticas de ataque à Educação hegemónica do imperialismo
e outros serviços públicos, quando procuravam
aumentar a exploração e a precariedade, quando se Em muitos países, a luta da juventude faz-se em ainda
retiraram direitos conquistados. mais duras condições, enfrentando a face mais violenta
do imperialismo: a guerra. Na Síria, por exemplo, depois
Em França e na Bélgica, contra as novas Leis do de milhares de mortos provocados pelo financiamento
Trabalho, milhões de jovens saíram às ruas, resistindo a mercenários terroristas e pelas intervenções
às ofensivas anti-democráticas e alcançando militares dos EUA, da EU e da NATO, o povo sírio
importantes vitórias; em Espanha e na Itália, contra
continua a resistir, em defesa da sua soberania e
leis que pretendiam abrir as portas à privatização
integridade territorial, pela paz, contra as ingerências,
do Ensino ou ainda na Dinamarca, na Hungria e
alcançando importantes vitórias que demonstram
noutros países, contra os cortes na Educação; na
que nem o mais poderoso inimigo é invencível. Na
Grécia, contra as alterações negativas à Segurança
Palestina, a juventude e o povo continuam a lutar
Social e outras medidas de ataque aos direitos dos
pelos seus direitos nacionais, contra a ocupação e
trabalhadores, dos estudantes e de outras camadas
da população; no Reino Unido, contra os cortes e as a agressão. A assinatura do acordo nuclear relativo
políticas de “austeridade”; no Brasil, num processo ao Irão e o apoio da Rússia à resistência do Estado
de luta que contou com a ocupação de dezenas de sírio face à agressão são dois factores que dificultam
escolas e instituições contra alterações constitucionais os objectivos do imperialismo no Médio Oriente.
que pretendiam perpetuar os cortes; nos EUA, em O papel da solidariedade internacionalista para com
grandes lutas contra o racismo e os abusos policiais, os povos que resistem e lutam nestas condições tem
assumindo uma forte componente de classe; no Sri sido fundamental para dar força à sua luta contra
Lanka, no Bangladesh, na Índia, com mobilizações o imperialismo.

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Num momento em que se multiplicam os focos de plano mundial e na cooperação económica Sul-Sul,
conflito sobre vastas áreas do planeta e em que cresce e no âmbito dos BRICS. Sublinha-se a importância
o perigo de uma guerra de incalculáveis proporções, da construção do Socialismo em Cuba, que contribui
importa continuar a reforçar e ampliar a luta pela paz, para estes avanços, animados face à vitória perante
mobilizando a juventude, que é das camadas da as tentativas de isolamento internacional da revolução
população que mais tem a perder com a guerra, cubana.
como a história tem dramaticamente demonstrado.
Por isso, em todo o mundo, as expressões de Estes processos são hoje confrontados com uma vasta
solidariedade internacionalista com vários povos têm operação em que confluem o grande capital latino-
sido determinantes, revelando autênticas ondas de americano (submetido ao grande capital transnacional);
solidariedade mundial, em que a juventude participou as forças de direita e de extrema-direita revanchistas
activamente. Também a luta contra os blocos político- e o imperialismo norte-americano e europeu.
militares, em particular a NATO; contra as pretensões Aproveitando os impactos da crise do capitalismo,
hegemónicas da tríade imperialista (EUA, UE, Japão) usando-se do poder económico, judicial e mediático,
e dos seus aliados; contra os tratados de liberalização promovendo e instrumentalizando manifestações
do comércio mundial (como o TTIP, o CETA ou o TPP) supostamente “espontâneas” e “de jovens”, ou ainda
e as imposições e chantagens anti-democráticas e através de sabotagens, desestabilizações e tentativas
anti-populares de instituições como a União Europeia, de golpe, o imperialismo procura que a América Latina
o FMI, o Banco Mundial e outras; contra o aumento volte a ser o “quintal das traseiras” dos EUA. Os golpes
dos gastos militares; pelos princípios da Carta nas Honduras, no Paraguai, o golpe institucional
das Nações Unidas, como a resolução pacífica de no Brasil, as tentativas de golpe na Venezuela, os
conflitos internacionais, o fim das armas nucleares processos desestabilizadores no Equador ou na
e de destruição massiva e pelo desarmamento Bolívia, são exemplo dessa ofensiva. No entanto, a luta
geral e simultâneo, pelo respeito pela soberania e da juventude contra o golpismo e pela democracia, em
independência nacionais, a auto-determinação e a não defesa destes processos e pelo seu aprofundamento,
ingerência – lutas que, com diferentes expressões, se desmente a ideia de que estejamos perante um “fim
verificaram em muitos países e que importa continuar de ciclo” na América Latina, teoria que constitui uma
a reforçar. pressão ideológica que visa conter a luta emancipatória
naquela região, propagar o conformismo e a ideia
Num quadro caracterizado pela dominação hegemónica da sua derrota. Independentemente dos recuos
do imperialismo, ganha especial importância o processo verificados na América Latina, os avanços alcançados
de rearrumação de forças no plano mundial, que não deixam de representar importantes e inegáveis
tem levado a alterações nas relações internacionais afirmações de soberania, melhoria das condições de
que põem em causa a essa dominação, de que são vida das populações e da juventude, cujo alcance
exemplo vários países e processos que se articulam para a luta anti-imperialista continua vivo nas lutas da
entre si. juventude latino-americana e de todo o mundo.
Na América Latina, as mobilizações populares Em África, desenvolvem-se lutas dos trabalhadores e
impuseram o desencadeamento de processos de dos povos pelos seus direitos, contra as guerras, em
conteúdo progressista, de afirmação soberana e anti- defesa da soberania nacional e contra as ingerências
imperialista, que têm em cada país especificidades, imperialistas, que pretendem impor uma recolonização
níveis de desenvolvimento e profundidade das ou o neocolonialismo, para sugar os vastos recursos
transformações diferentes, correlação de forças e naturais daquele continente. No Saara Ocidental,
níveis e formas de participação popular diversas, bem a juventude e o povo continuam a resistir contra a
como são dirigidos por forças com características ocupação, pela autodeterminação, a independência e
e composições diferenciadas, por vezes contendo o direito soberano sobre o seu território.
elementos contraditórios. Tais processos possibilitaram
grandes avanços para o povo e a juventude na luta Os países que afirmam como orientação e objectivo a
ideológica e são potenciadores e simultaneamente construção de sociedades socialistas – China, República
fortalecidos por mecanismos de cooperação e Popular Democrática da Coreia, Cuba, Laos e Vietname
integração solidária de cariz anti-imperialista, que – constituem, na sua grande diversidade de situações
assumiram uma enorme importância para a região quanto ao grau de desenvolvimento económico e
e para o mundo, tendo como exemplo máximo a social e modelos sócio-políticos, um importante factor
ALBA, no processo de rearrumação de forças no de contenção dos objectivos de domínio mundial do

12
imperialismo. Apesar de legítimas preocupações e e dinâmica ligada à realidade e à vida da juventude.
dúvidas sobre a sua situação e evolução, apesar de
A realização da 19.ª Assembleia da FMJD, em Cuba,
interrogações e discordâncias, algumas de princípio,
em Novembro de 2015, na data em que se celebrou
suscitadas por certas orientações em alguns destes
o seu 70.º Aniversário, constituiu uma importante
países, é inegável que estes são alvo de um conjunto
afirmação de vitalidade da FMJD, da sua capacidade
de manobras de pressão económica e financeira, de
de continuar a desempenhar o seu papel na luta anti-
desestabilização e ingerência, de ofensiva ideológica
imperialista. Destacamos ainda, das várias actividades
e de cerco geoestratégico que condicionam, a par
da FMJD, a Brigada de Solidariedade à Venezuela
com os efeitos da crise do capitalismo a que não estão
(2015); a iniciativa de celebração do seu 70.º
imunes, o seu próprio desenvolvimento e opções de
aniversário realizada na Namíbia (2015); as várias
política económica e relações internacionais. A luta e a
campanhas internacionais de solidariedade lançadas
resistência dos povos destes países face à ofensiva do
pela FMJD.
imperialismo exigem não a associação a campanhas
que visam a desestabilização e a agressão, mas a Na Comissão da Europa e América do Norte (CENA) da
solidariedade de todos os que defendem a soberania FMJD, na qual a JCP assume a tarefa de coordenadora
e a paz. regional, houve um reforço da actividade, destacando
as campanhas em torno do 17 de Novembro, Dia
Internacional do Estudante, a campanha em torno do
1.4.3 A FMJD e a luta da juventude Dia Internacional dos Refugiados, e do 70.º aniversário
na frente anti-imperialista da vitória sobre o nazi-fascismo; a edição regular do
Boletim do CENA; a realização de duas edições do
As lutas da juventude assumem diferentes expressões:
Acampamento de Jovens Anti-imperialistas (em França
seja a luta numa escola, num local de trabalho, em
e Espanha) com a perspectiva da sua continuidade;
torno de um problema específico; seja a luta para
a realização, em Portugal, do Acampamento
defender ou conquistar direitos; seja a luta contra o
Internacional “Avante! Por um mundo de Paz”,
militarismo e a guerra, pela democracia e contra o
organizado pela JCP em articulação com a FMJD,
fascismo; seja a luta para defender a soberania e a
entre outros acampamentos, congressos, seminários e
auto-determinação de um país, contra as intenções do
iniciativas realizadas por várias organizações-membro
imperialismo – todas estas são formas de luta contra o
da região, iniciativas que contribuíram para o reforço
imperialismo nas suas variadas expressões nacionais
das relações entre as organizações da FMJD e para o
e internacionais.
seu prestígio.
No plano internacional, a JCP procura contribuir para
Também o reforço do movimento dos Festivais
a unidade de todos os jovens e de todas as forças
Mundiais da Juventude e dos Estudantes (FMJE), que
juvenis que lutam, de uma forma ou de outra, contra o
este ano celebram o seu 70.º aniversário, assume
imperialismo, independentemente das diferenças nos
grande importância. Nos últimos anos, o FMJE
objectivos, ideologias, contextos nacionais e opções
tem vindo a aumentar o seu prestígio, apesar das
políticas das organizações juvenis anti-imperialistas. O
insuficiências no que diz respeito às potencialidades
momento que vivemos é de resistência e acumulação
de alargamento, o que tem permitido que os valores da
de forças, pelo que a prioridade é a construção de uma
paz e da solidariedade tenham chegado a milhões de
ampla frente anti-imperialista, cuja maior expressão no
jovens em todos os continentes, não havendo nenhum
plano juvenil é assumida pela Federação Mundial da
evento equiparável no mundo.
Juventude Democrática (FMJD), da qual a JCP faz
parte. A FMJD, fundada em 1945 logo após a vitória O 19.º Festival Mundial da Juventude e dos Estudantes
sobre o nazi-fascismo, junta dezenas de organizações realizar-se-á em Sochi, na Rússia, de 14 a 22 de Outubro
de todos os continentes que lutam abnegadamente de 2017. Um Festival que será mais um encontro das
nos seus países contra o imperialismo, pela paz, a lutas da juventude, que celebrará o centenário da
solidariedade, a justiça social e os direitos da juventude. Revolução de Outubro e o 70.º aniversário dos FMJE,
É preciso continuar a trabalhar para reforçar a FMJD, e que poderá ter um papel relevante no contexto
centrando-nos naquilo que une as suas organizações- internacional em que se realiza. A JCP contribuirá para
membro – a luta pela paz, contra o imperialismo e pelos que o Comité Nacional Preparatório (CNP) de Portugal
direitos da juventude em cada país – e não naquilo prepare o 19.º FMJE junto da juventude portuguesa,
que as separa, reforçando a sua actividade, prestígio mobilizando-a em torno das suas realidades, lutas e

13
aspirações. Só um processo preparatório em cada
país que envolva as massas juvenis e as suas lutas
2. ESTE PAÍS TAMBÉM
pode garantir o carácter anti-imperialista, juvenil e de É PARA JOVENS
massas do 19.º FMJE – a JCP contribuirá também
para esse desafio.
Desde o último Congresso, em Abril de 2014, a
situação da juventude, não sendo desligada da
política geral nacional e internacional, acompanhou os
1.4.4 S
 ocialismo, exigência da desenvolvimentos da situação política.
actualidade e do futuro
Assim, a continuidade das políticas na última fase
Neste nosso 11.º Congresso, reafirmamos que, tanto em do Governo PSD/CDS aprofundou uma das mais
Portugal como no mundo, “é pela luta que lá vamos!” – graves ofensivas contra os direitos consagrados
a resistência dos povos, a luta dos trabalhadores e na Constituição da República Portuguesa desde
da juventude, a solidariedade internacionalista, são a Revolução de Abril, tal como a JCP apontou no
o único caminho possível para enfrentar os grandes último Congresso.
desafios que enfrentamos. É através da luta que
elevamos a consciência de que o capitalismo é um Manteve-se e acelerou-se a destruição de serviços
sistema sem futuro e de que é necessária e urgente a públicos, os cortes nas funções sociais do Estado, a
sua superação revolucionária. desresponsabilização por estas e as privatizações;
manteve-se o roubo e destruição de direitos dos
A Revolução de Outubro, cujo centenário celebramos trabalhadores, do povo e da juventude. Foram
este ano de 2017, abriu uma nova época na História da desferidos profundos golpes no direito à Educação,
Humanidade – a época da passagem do capitalismo formação e cultura, trabalho e segurança social,
ao socialismo. As experiências de construção do habitação e tempo livre. Agravaram-se ataques às
socialismo são uma sólida base para a nossa certeza liberdades e aos direitos democráticos.
de que é possível e necessária a construção de
uma sociedade sem classes, sem exploração do Muitos são os jovens que se vêem forçados a
homem pelo homem, uma sociedade socialista. abandonar o Ensino, devido aos custos associados e
Reconhecendo a existência de leis gerais do processo à selecção feita a partir do Ensino Básico consoante as
revolucionário, afirmamos que não há nem pode haver condições económicas. A juventude é empurrada para
modelos de revolução e de socialismo e que as vias um mundo do trabalho onde o elevado desemprego
para a conquista do poder e as soluções concretas permite criar um exército de reserva que pressiona o
de edificação da nova sociedade não se exportam valor do trabalho, ao mesmo tempo que são promovidos
nem copiam. os ideais da competitividade e do individualismo. A
precariedade dos vínculos é generalizada. Vemos as
Cada povo chegará ao socialismo por caminhos gerações mais jovens, também as mais qualificadas,
diversificados e a nova sociedade será construída com o potencial de contribuir para o desenvolvimento
de acordo com as condições concretas de cada país. do país, a abandoná-lo.
Estamos certos de que só o socialismo cumprirá
as aspirações e os sonhos da juventude, onde os Sem uma ruptura com a política de direita, vivemos hoje
jovens poderão cumprir todo o seu potencial criador e uma nova fase da vida política nacional, fruto também
transformador, num mundo de paz e cooperação, sem da luta da juventude, que permitiu o afastamento
exploradores nem explorados, rumo ao comunismo! do governo PSD/CDS que destruía a passos muito
acelerados o património de direitos da juventude.
Essa intensa luta traduziu-se nas eleições de Outubro
de 2015, em que uma nova correlação de forças na
Assembleia da República e o melhor resultado obtido
pela CDU em 16 anos permitiu romper com o caminho
até então seguido. Assim, apesar das limitações que
esta solução – um governo do PS com o seu programa
– apresenta, tem sido possível repor e em alguns
casos até conquistar direitos, como a gratuitidade dos
manuais escolares no 1.º Ciclo do Ensino Básico, ou o
congelamento das propinas por dois anos consecutivos.

14
Uma solução política que durará tanto tempo quanto a a recuperação (como existia no fascismo) de um
mesma corresponder a soluções, propostas e medidas sistema de Ensino dual dividido entre vias técnicas ou
que correspondam a ganhos para os trabalhadores e profissionais e as vias ditas “gerais” ou “académicas”
para as populações. Uma solução com limites, sobre com acesso aos mais elevados graus de Ensino. Divisão
a qual não temos ilusões, mas que permite a partir de classe com base nas condições socio--económicas,
da intervenção do PCP e da JCP, e acima de tudo a presente em todos os graus de Ensino, que tenta
partir da luta de massas, abrir caminhos ainda que seriar desde cedo quem prossegue os estudos e quem
limitados para a recuperação de direitos e rendimentos aprende um ofício, fazendo corresponder as elites
roubados e dar resposta às aspirações mais imediatas económicas às elites do conhecimento.
dos trabalhadores, do povo e da juventude.
Aprofundou-se a concepção de que o Ensino
Assim, importa intensificar a luta e cumprir a exigência (organização, currículos, ciclos) deve corresponder
da juventude de viver no seu país com dignidade e de às “necessidades do mercado de trabalho” (poder
ver reconhecido o seu potencial transformador, fazendo económico) e não às necessidades de desenvolvimento
frente aos constrangimentos internos e externos que do país. Desta concepção de profissionalização do
também nos impedem de ir mais longe, sendo para Ensino decorre a aposta na “formação ou aquisição
isso indispensável a ruptura com a política de direita e de competências”. Do Ensino Básico ao Superior
a implementação da política patriótica e de esquerda generalizou-se o ensino vocacional e cursos
que coloque os valores de Abril no futuro de Portugal. profissionalizantes, entrando depois estes estudantes,
na maioria dos casos, directamente no mundo do
É justo destacar também que, apesar das graves
trabalho como mão-de-obra pouco qualificada e
limitações a que tem sido sujeito o Poder Local
facilmente explorada.
Democrático, nomeadamente cortes no financiamento
e destruição de freguesias, o trabalho das autarquias Com a sucessiva desresponsabilização do Estado
CDU marca a diferença em várias áreas, como as do pela Educação verifica-se o aumento significativo
ambiente, da cultura e do desporto, que permitiram dos custos de frequência para os estudantes e suas
às populações e consequentemente aos jovens uma famílias e a falta de condições materiais e humanas
qualidade de vida superior às das restantes autarquias. nas escolas. Os cortes orçamentais na Educação,
agravadas pelos PEC’s e o Pacto de Agressão,
aprofundaram o caminho de subfinanciamento, levam
2.1 Educação as instituições de ensino ao sufoco e comprometeram
a qualidade da Escola Pública.
A educação é um direito fundamental e condição
determinante para a emancipação individual e colectiva No Ensino Básico e Secundário, os manuais escolares
da juventude, bem como para o desenvolvimento são a expressão mais gritante desses custos e no
económico e social do país. A sua concretização é Ensino Superior as propinas constituem o principal
inseparável da existência de uma Escola Pública, obstáculo de acesso e frequência, tudo isto aliado aos
Gratuita, de Qualidade, e Democrática para todos, custos de alojamento, alimentação, material escolar e
pilar do regime democrático e conquista de Abril, que transporte e às limitações profundas da Acção Social
assegure a todos os jovens, independentemente das Escolar, que levam ao abandono dos estudos por
suas condições económicas e origem de classe, o muitos estudantes devido a dificuldades económicas
acesso a todos os graus de Ensino e o desenvolvimento ou obriga muitos, ainda na escolaridade obrigatória
da cultura integral do indivíduo. Para o sistema e no Ensino Superior, a procurar trabalho para pagar
capitalista, a Educação serve como ferramenta para os estudos, comprometendo a suas possibilidades de
a sua perpetuação através do domínio ideológico que sucesso escolar.
possibilita e das desigualdades sociais que contribui
Em todos os graus de Ensino se sente a falta de
para manter e aprofundar. Esta é ainda vista como um
condições materiais, com obras paradas, sem
negócio lucrativo, justificando a crescente tendência
equipamentos para a prática desportiva e falta
para a sua privatização.
de condições humanas faltando professores,
A política de direita, praticada há 40 anos no nosso trabalhadores não docentes, psicólogos e outros
país, tem assumido, relativamente a todo o sistema técnicos, comprometendo serviços e degradando
educativo – Ensino Básico, Secundário e Superior – a qualidade do Ensino e da avaliação. O ataque
a concretização de um objectivo estratégico central: aos direitos de todos os membros da comunidade

15
escolar (professores, trabalhadores não-docentes, da primeira existem os Cursos Cientifico-Humanísticos
psicólogos e outros), com o aumento da exploração, (Línguas e Humanidades, Ciências e Tecnologias,
da precariedade, da sobrecarga horária e das formas Economia, etc) e na segunda existem os Cursos
de pressão e chantagem, como os sistemas de Profissionais, Vocacionais, os Planos de Integração
avaliação do desempenho, têm como consequência a e Formação, entre outros. Existem ainda os Cursos
degradação da qualidade do Ensino e afectam toda a Artísticos Especializados vocacionados, consoante
comunidade escolar e, por isso, os estudantes. a área artística, para o prosseguimento de estudos
ou orientados na dupla perspectiva da inserção no
Através do Estatuto do Ensino Particular e Cooperativo mundo do trabalho e do prosseguimento de estudos.
do anterior governo PSD/CDS, e utilizando a falácia Esta realidade rica abrange muitas áreas fazendo com
da liberdade de escolha, foram muitas as tentativas que existam especificidades ao nível pedagógico, da
de destruir a Escola Pública e favorecer directa e dispersão geográfica da oferta, da avaliação, do regime
indirectamente a Escola Privada. Seja no financiamento de faltas, do acesso ao Ensino Superior, da existência
directo às famílias, seja encerrando turmas na Escola ou não de um estágio ou nas condições materiais
Pública e abrindo na Escola Privada. A escola inclusiva necessárias para a aprendizagem.
foi também posta em causa com a destruição do Ensino
Especial, através da inexistência de infra-estruturas e No seguimento da política de direita das últimas décadas,
meios adequados para uma educação de qualidade e o governo PSD/CDS (2011-2015) aprofundou o ataque
inclusão destes estudantes. à Escola Pública aplicando medidas profundamente
negativas para as escolas, os estudantes, para os
Pela persistente e contínua luta dos estudantes e do trabalhadores docentes e não docentes. Após o
povo, com o papel preponderante do PCP e a nova alargamento da escolaridade obrigatória até aos 18 anos
correlação de forças na Assembleia da República, foi observou-se não uma melhoria nas condições materiais
possível repor alguns direitos e avançar em algumas e humanas mas o contrário. Com as sucessivas
conquistas como: garantir a gratuitidade dos manuais políticas de direita, o ataque aos direitos e conquistas
escolares para o 1.º Ciclo do Ensino Básico; repor da revolução de Abril foi avançando, afectando toda a
os apoios da ASE às visitas de estudo para alunos comunidade escolar e principalmente os estudantes,
com escalão A e B; reforçar o número de assistentes promovendo a elitização do Ensino, a triagem social
operacionais nas escolas; reduzir gradualmente o através de múltiplas vias técnicas e profissionais no
número de alunos por turma a partir do próximo ano Ensino Básico e Secundário, o abandono escolar,
lectivo; reduzir o número de escolas com contratos de a formação de mão-de-obra pouco qualificada,
associação nos casos em que não existia carência da aumentando os custos de frequência, degradando a
rede pública, tal como estava previsto na lei; congelar qualidade do Ensino, promovendo sistemas injustos de
o valor mínimo e máximo das propinas e possibilitar avaliação e atacando a democracia nas escolas.
a entrega de dissertações, trabalhos de projectos,
relatórios e teses apenas em formato digital, reduzindo Os cortes realizados no valor de mais de 2.000 milhões
os custos para os estudantes. de euros fizeram com que os problemas com que os
estudantes se deparavam na escola e no acesso ao
Estes são passos em frente, ainda que limitados, sendo ensino se agravassem. A degradação das condições
necessário ir muito mais longe na defesa e luta pela materiais e humanas, o aumento de alunos por turma, o
Escola Pública, Gratuita, de Qualidade, e Democrática fim do passe 14_18, a privatização de bares e cantinas, o
para todos enquanto pilar do regime democrático, aumento do preço dos manuais escolares, a diminuição
inseparável da luta pela defesa das funções sociais dos apoios sociais e os custos exigidos em fotocópias
consagradas na Constituição. e materiais de estudo. O acesso a visitas de estudo
por forma a complementar o ensino na escola tem
também sido negado a muitos estudantes, seja pelas
2.1.1 Ensino Básico e Secundário dificuldades das próprias escolas ou pelos custos a elas
associados quase sempre suportados pelos estudantes
A oferta formativa e o número de diferentes cursos
e suas famílias.
existentes hoje dentro do Ensino Básico e Secundário
são vastos e diversificados significando a divisão em Aos inúmeros custos de frequência – materiais,
duas grandes vias – a do prosseguimento dos estudos transportes, alimentação, visitas de estudo e outros –
no Ensino Superior e a das vias profissionalizantes para acresce já em muitas escolas o pagamento de propinas
uma rápida inserção no mercado de trabalho. Dentro ou taxas de inscrição, que tendo hoje ainda valores

16
relativamente baixos abrem portas para o seu aumento quando existem, muitas vezes sem aquecimento;
e consequente aumento da elitização do Ensino. Neste escolas onde chove e onde continuam a existir edifícios
âmbito, os manuais escolares assumem um peso com placas de amianto cancerígenas altamente
central nos custos suportados pelos estudantes e suas prejudiciais para a saúde pública.
famílias. Continuando a exigir-se a sua gratuitidade até
A suspensão das obras da Empresa Parque Escolar
ao 12.º ano, regista-se o avanço ainda que limitado
deixaram inúmeras escolas num estado deplorável.
de se estabelecer a sua gratuitidade no 1.º Ciclo, fruto
Muitos estudantes encontram-se a ter aulas em
de muita luta dos estudantes e da nova fase da vida
contentores sem condições e várias escolas são
nacional que vivemos.
autênticos estaleiros de obras há vários anos. Hoje
A Acção Social Escolar, que deveria contribuir para muitas escolas não asseguram a segurança necessária
combater as desigualdades na frequência do ensino, para o funcionamento e a falta de condições acentua-se
coisa que não tem acontecido com as restrições nos de ano para ano, sendo que escolas recentemente
acessos aos vários escalões de apoio, também sofreu intervencionadas apresentam já hoje problemas
brutais cortes com o governo PSD/CDS. materiais. Isto comprova que a entrega das obras e da
gestão das escolas à EPE serve apenas os grandes
Outro dos problemas existentes é a forma como a
empreiteiros, aumentando a dívida que o Estado tem
oferta educativa está dispersa pela rede de escolas
para com eles e que de todo não resolve os problemas
básicas e secundárias concentrando muitas vezes
dos estudantes a médio e longo prazo.
alguns cursos apenas nos grandes centros urbanos
ou nas capitais de distrito. Isto faz com que muitos Este modelo de gestão empresarial visa a desrespon-
estudantes tenham que fazer grandes deslocações sabilização do Estado e a privatização da gestão e
diárias ou até abandonar a sua residência original e realização das obras, criando um negócio lucrativo com
mudar-se para mais perto da escola onde existe o o pagamento das rendas e possibilitando a alienação
curso que querem seguir, realidade que tem vindo do património das escolas, sendo que nestes últimos
a aumentar e que até então tinha maior expressão anos o Ministério da Educação já gastou milhões neste
apenas no Ensino Superior, sendo mais notória nos modo de administração.
cursos ligados às áreas artísticas.
A falta de financiamento afecta a aprendizagem,
A privatização do Ensino, objectivo do capital, nomeadamente a que evolve componentes mais
manifesta-se em várias dimensões nas escolas, como práticas, pois este é insuficiente para adquirir os
na privatização de serviços como bares ou cantinas; a materiais necessários para dotar as escolas de
gestão empresarial da Parque Escolar ou a presença equipamentos necessários.
de entidades externas nos Conselhos Gerais das
escolas. Fruto da falta de financiamento e apoio aos estudantes,
as actuais condições materiais nas escolas, seja ao
Também a municipalização da educação representa nível dos equipamentos e estruturas ou dos utensílios
a desresponsabilização do Estado desta função e um e matérias, são insuficientes e comprometem a
trampolim para a privatização da Escola Pública. Ao aprendizagem dos estudantes. Alguns exemplos
entregar-se estas competências aos municípios cria-se disso são: cursos de mecânica leccionados em
a possibilidade de negócios pouco claros e em escolas sem oficinas em condições; os elevados
benefício de alguns, já que as autarquias não dispõem custos dos materiais necessários aos cursos das
de meios, quer financeiros quer pedagógicos, para áreas artísticas, retirando condições para aplicar
fazer a gestão curricular e dos professores. criativamente o que os estudantes aprendem; a falta
de materiais de laboratório, de calculadoras gráficas
ou de computadores e software nas áreas das ciências
2.1.1.1 C
 ondições materiais e tecnologia ou a falta de equipamentos e materiais
e humanas desportivos nos cursos de desporto limitando o número
de modalidades que aprendem.
Com os sucessivos governos PS, PSD e CDS, as
condições materiais e humanas agravaram-se, Desde a criação dos mega-agrupamentos em 2010,
milhares de estudantes continuaram a ter as suas o número de docentes por escola diminuiu e a sua
escolas nestes últimos quatro anos em condições colocação foi cada vez mais tardia, desvalorizou-se
lastimáveis, com a deterioração das salas de aula e precarizou-se o corpo de trabalhadores não
e salas de convívio, falta de gimnodesportivos, ou, docentes, mas também os técnicos e psicólogos.

17
Esta realidade foi articulada com o encerramento, na as escolas básicas e secundárias públicas. Hoje,
última década de centenas de escolas por todo o país. 42,4% dos estudantes está nas vias profissionais.

Com os cortes no financiamento público agravou-se A implementação do ensino dual constitui o


o problema da falta de meios humanos. Nas escolas aprofundamento da diferença entre os estudantes
públicas cerca de 30.000 professores foram despedidos com menos capacidades económicas e os estudantes
mesmos sendo necessários, e a falta de mais de 6000 com mais capacidades económicas. Sendo que este
funcionários provocou o encerramento de serviços nas sistema cria uma divisão entre estudantes ao mesmo
escolas e levou à sua privatização, mais recorrente nos tempo não oferece os mesmos direitos a ambos, o que
bares e cantinas. Embora vários indicadores nacionais vai contra a LBSE e a Constituição.
e internacionais defendam o rácio de 1 psicólogo para
entre 500 a 1000 alunos, os governos obrigam cada
psicólogo a acompanhar, em muitos casos, mais de 2.1.1.3 Vida democrática
4.000 alunos, no nosso país. nas escolas
A educação deve ter um papel de formação para
2.1.1.2 V
 ias técnicas e profissionais a participação democrática na sociedade e é nas
dentro do Ensino Básico escolas que os estudantes começam desde cedo a
e Secundário intervir democraticamente. No sentido contrário, esta
intervenção e participação no espaço escolar é cada
O anterior governo PSD/CDS seguiu a linha da vez mais oprimida pelas políticas seguidas pelos
Estratégia 2020 do PS com a meta de 50% dos sucessivos governos e o ambiente criado nas escolas
estudantes a ingressarem na via profissionalizante, é de limitação da sua expressão através do Regime
aprofundando assim a triagem para encaminhar os Jurídico de Autonomia, Administração e Gestão dos
estudantes com dificuldades sócio-económicas para Estabelecimentos Públicos da Educação Pré-escolar e
os cursos profissionais. Com uma oferta formativa dos Ensinos Básico e Secundário, do Estatuto do Aluno e
diversificada virada para a rápida entrada no mercado Ética Escolar e nos Regulamentos Internos das escolas.
de trabalho, nestes cursos os estudantes têm falta de Os horários sobrecarregados, a pressão dos Exames
materiais e técnicos especializados e passam metade Nacionais, as dificuldades financeiras e a necessidade
do seu curso em empresas. de cada vez mais estudantes terem de trabalhar, são
outros dos entraves a uma maior participação.
Os estudantes dos cursos profissionais têm mais
dificuldade de acesso ao Ensino Superior porque os Através do Regime Jurídico de Autonomia,
seus cursos não se baseiam num vasto conhecimento Administração e Gestão desvalorizou-se a intervenção
de diversas matérias mas numa aprendizagem mais dos jovens, afastando-os dos órgãos de gestão,
direccionada para o mundo do trabalho. Estas vias diminuindo a sua participação nos novos Conselhos
profissionalizantes são as mais desvalorizadas Gerais e nos Conselhos Pedagógicos, além de afastar
reflectindo-se na vida dos estudantes na sua escola, desta participação as Associações de Estudantes
pois são eles que ocupam as áreas mais degradadas, (AAEE), aceitando ao mesmo tempo a entrada de
estando sujeitos a uma carga horária superior, a um entidades externas e a ingerência das empresas
regime de faltas exigente e injusto e a serem avaliados privadas na discussão e na aprovação de medidas que
em matérias que não aprofundaram ou que os seus apenas cabe à comunidade escolar discutir e votar. A
programas não abrangiam para ingressarem no Ensino criação da figura do director que assume um controlo
Superior. Estes alunos são ainda obrigados a fazer a total na gestão financeira, administrativa e pedagógica
sua formação em empresas onde ocupam postos de do agrupamento escolar veio agravar as ingerências na
trabalho permanentes, “oferecendo” desta forma mão- AAEE e a repressão sobre os estudantes, significando
-de-obra a custo zero. ainda a destruição da gestão colectiva e democrática
que existia anteriormente.
Em 2001, cerca de 30 mil estudantes estudavam em
cursos profissionais de secundário. No ano lectivo São muitos os casos concretos em que os directores
2012/2013 cerca de 113 mil estudantes estavam de escolas procuraram limitar e condicionar a vida
inscritos em cursos profissionais. O crescimento tem democrática dos estudantes, seja através de ingerências
sido constante e acentuou-se desde 2005, quando a ilegais nos processos eleitorais, de criação e legalização
oferta de cursos profissionais foi generalizada a todas ou na própria actividade das AAEE; seja no impedimento

18
ou condicionamento de Reuniões e Assembleias Gerais exame que poderá ter um peso de 30% ou 50% da
de Alunos; seja na repressão sobre a luta e protesto nota final. Problema agravado com a abrangência da
organizados pelos estudantes; seja na participação dos matéria dos 3 anos, a obrigatoriedade de realização
estudantes nos órgãos de gestão das escolas. Além dos exames na 1ª fase, com o pagamento da inscrição
disso, várias medidas de muitos regulamentos internos na 2ª fase e com a necessidade de frequentar aulas e
são antidemocráticas e muitas vezes não respeitam a adquirir materiais e manuais extras.
própria CRP e são impostas de forma antidemocrática e
Os estudantes do Ensino Profissional também vêem
pouco participada.
dificultado o acesso ao Ensino Superior, pois estão
Através do Estatuto do Aluno, que é na prática um obrigados a fazer um exame de ingresso com matéria
“código penal”, definem-se sanções e coimas a aplicar que não abordaram aprofundadamente nos seus
aos estudantes afirmando o autoritarismo e a repressão cursos específicos, tendo de recorrer, quando têm
na escola. É através deste que os directores se arrogam possibilidades, a explicações e materiais extra para
no direito de reprimir direitos e liberdades democráticas conseguir realizar os exames, o que tendo em conta
dos estudantes, ameaçando e intimidando para que os custos faz com que acabem por muitas vezes não
estes recuem nos processos de discussão e luta conseguir concorrer ao Ensino Superior.
iniciados ou em curso. Este aprofunda também a divisão
entre os estudantes e vem aplicar medidas punitivas que Também no Ensino Artístico, com a imposição do exame
não procuram a sua integração e formação, violando o de Português e Filosofia e com uma nota obrigatória
princípio da escola inclusiva. mínima de 9,5 valores, se desvaloriza o seu plano
curricular específico. Mas os estudantes opuseram-se
Apesar de este ataque acontecer pela mão de vários a esta medida e fizeram com que o anterior governo
protagonistas nas escolas, este não é meramente fruto recuasse e que passasse a ser obrigatório o exame
de opções individuais, mas sim de políticas e opções nacional de Português ou um outro exame à escolha.
governativas de fundo dos governos da política de
direita, que cultivam em toda a comunidade escolar Ainda assim, os exames continuam a desvalorizar a
um clima de medo, repressão e chantagem para avaliação contínua e todos os anos afastam milhares
instalar o conformismo e a inacção. Estes atropelos são de estudantes do Ensino Superior, para além de não
ataques diários à democracia, autonomia e liberdade permitirem o desenvolvimento do raciocínio crítico e
de organização dos estudantes, procurando retirar o criativo, o empenho, a assiduidade e a pontualidade
carácter reivindicativo do movimento estudantil. dos estudantes, tendo em conta apenas a nota obtida
em momentos de avaliação pontuais, que não traduzem
as reais capacidades e conhecimentos do aluno.
2.1.1.4 S
 istema de avaliação,
Os níveis de abandono, insucesso e desmotivação
Exames Nacionais e acesso persistem, fruto do agravamento de vários problemas,
ao Ensino Superior como são o aumento do número de alunos por
turma fruto da redução do número de professores;
O sistema de avaliação actual, baseado na a reorganização curricular; a falta de psicólogos nas
desvalorização da avaliação contínua e na escolas; a degradação das condições materiais das
absolutização dos Exames Nacionais, é injusto. Os escolas; o agravamento das condições económicas
Exames Nacionais assumem uma função de selecção das famílias e as dificuldades em fazer face aos custos
que não tem em conta as aprendizagens e as condições do Ensino, os manuais e materiais escolares; factores
de cada estudante, aprofundando as desigualdades que levam a que muitos estudantes sejam obrigados a
entre os estudantes e não cumprindo o princípio conciliar o trabalho com a escola.
da formação integral do indivíduo. Sob pretexto de
avaliar os conhecimentos adquiridos pelos estudantes Desde 2008 que o número de candidatos ao Ensino
ao longo do seu percurso escolar, foram criados os Superior tem vindo a diminuir, tendo no ano lectivo
exames do 4.º e do 6.º ano e a Prova Nacional do 2012/2013 registado um valor mínimo histórico dos
9.º ano. Mas a verdade é que, por um lado, com as últimos anos. Para tal contribui em particular os
provas nacionais no Ensino Básico, filtra-se aqueles elevados custos de acesso (propinas) e frequência
que vão para o ensino vocacional ou profissional e (alimentação, transportes, despesas de alojamento,
os que vão para o ensino regular e, por outro lado, materiais escolares) e a profunda limitação da Acção
com os Exames Nacionais faz-se a filtragem daqueles Social Escolar e a redução do número de bolsas
que terão acesso ao Ensino Superior, através de um atribuídas.

19
A estas barreiras acresce o sistema numerus clausus, de reposição dos mesmos fora do horário escolar, já
que restringe o número de vagas por curso e instituição de si sobrecarregado, ou ocupando o período de férias
que, por exemplo, no caso do curso de Medicina, deixa a estes estudantes.
de fora milhares de estudantes, quando o país precisa
de médicos. Comum a praticamente todos os cursos, a existência
de estágios traz também várias dificuldades aos
A desvalorização da avaliação contínua, onde os
estudantes, que são obrigados a suportar despesas
Exames Nacionais têm um papel central, contribui
adicionais de alimentação e transporte, mas também
para a elitização do acesso ao Ensino e para a
são alvo de exploração por parte das empresas que os
promoção do individualismo e competição entre
estudantes. Assim, a JCP defende o fim dos Exames acolhem pois são usados como mão-de-obra gratuita
Nacionais, a valorização da avaliação contínua, de ocupando um posto de trabalho mas não usufruindo
forma constante e diária, com turmas mais pequenas dos direitos que isso acarreta e muitas vezes sem que
e acompanhamento pedagógico mais próximo, a formação em contexto de trabalho nas empresas se
promovendo o espírito crítico. relacione com o que aprenderam na escola.

Em alguns casos, sem a presença do estudante


2.1.2 Ensino Profissional estagiário, seria impossível que algumas empresas,
incluindo alguns serviços públicos, funcionassem.
Existem hoje centenas de Escolas Profissionais
No entender da JCP, o estágio curricular não pode
Públicas e Privadas onde milhares de estudantes se
servir para suprir necessidades de mão-de-obra, já
deparam com inúmeros problemas. A dignidade do
que a finalidade do estágio deve ser exclusivamente
Ensino Profissional continua a ser posta em causa,
sobretudo porque a pretexto da necessidade de uma a aprendizagem. Da mesma forma, os estudantes
aprendizagem mais técnica e prática, as escolas devem ver garantidos todos os apoios necessários
profissionais desvalorizam a formação integral dos para que não sejam prejudicados pela sua condição
indivíduos e o estímulo do espírito crítico, retirando de estagiários (subsídios na compra de material,
componentes lectivas teóricas importantes que em alimentação, deslocação e, se necessário, alteração
nada são incompatíveis com a aprendizagem de de residência).
determinadas profissões. Esta situação agravou-se nos
últimos anos, com a contínua desresponsabilização dos A falta de democracia nas escolas profissionais é
governos na promoção e implementação de escolas outro grande problema, sendo poucas as que têm AE.
profissionais públicas, e a proliferação da existência de Os estudantes que tentam formar uma Associação
escolas profissionais privadas, que tendo como principal de Estudantes são muitas vezes intimidados pelos
objectivo o lucro, orientam a formação para o mundo do directores com sanções e ameaças, verificando-se
trabalho e para a criação de mão-de-obra submetida a entraves também ao direito de realizar Reuniões
mais exploração, obrigando ainda os estudantes a ter
Gerais de Alunos.
que suportar custos elevados para estudar.
Além disto, estes estudantes enfrentam uma baixa
Para além da existência de propinas, muitos estudantes
probabilidade de ingressar no Ensino Superior, pois
sofrem ainda com os atrasos nos subsídios (de
são obrigados a realizar Exames Nacionais, com
alimentação, transporte e outros) e a redução dos
mesmos. Muitas das escolas hoje não tem condições conteúdos que nunca aprenderam ou disciplinas
para os cursos que oferecem, obrigando os estudantes em que não tiveram a mesma carga horária de um
a comprar os materiais necessários e recorrendo muitas estudante dos cursos cientifico-humanísticos do
vezes a instalações e equipamentos fora das escolas. Ensino Secundário, criando assim uma desigualdade
no acesso.
Verifica-se também a elitização da frequência de
determinados cursos como sejam a Fotografia, o Design, A JCP defende a dignificação do Ensino Profissional
Multimédia, entre outros, os quais são oferecidos Público garantia da democratização do seu acesso
em escolas privadas que exigem o pagamento de de forma gratuita e para todos, a sua qualidade e o
mensalidades não acessíveis a muitos estudantes.
seu carácter democrático. Este deve constituir uma
O regime de faltas injusto e o sistema de aprendizagem alavanca para o desenvolvimento individual dos
por módulos têm como consequência a necessidade estudantes e colectivo de todo o país.

20
2.1.3 Ensino Superior e traduz a transferência dos custos do Estado para
os estudantes e as suas famílias, diminuindo a Acção
O Ensino Superior tem vindo, ao longo dos últimos Social Escolar, ou seja, desresponsabilizando o Estado
anos a sofrer uma desvirtuação daquilo que deveria por esta sua função, uma vez que o financiamento
ser e do que está inscrito no Constituição da República para funcionamento das instituições e para a ASE é
Portuguesa, onde se lê que o Ensino Superior deve feita em simultâneo.
estar ao alcance de todos (por isso é que a Constituição
de Abril falava em Ensino Gratuito). Foram tomadas As propinas, actualmente com o valor mínimo e
opções políticas que têm em vista fazer corresponder máximo de 999 e 1063,47 euros respectivamente,
as elites económicas às elites do conhecimento, o que são uma das principais fontes de financiamento das
por si só constitui um ataque à democracia. instituições, o que constitui uma dupla taxação, uma
vez que supostamente o pagamento de impostos
Desde de 1992, com a implementação da propina, tem-se serviria para garantir funções sociais de qualidade.
assistido a um Ensino Superior com cada vez mais As propinas são a principal barreira no acesso ao
custos, que são suportados pelos estudantes, seja os Ensino Superior e fazem a triagem sobre a frequência
custos directos (materiais, livros, etc), seja indirectos deste grau de ensino, e entre cada ciclo de estudos.
(transportes, refeições e outros). Entre propinas, taxas, emolumentos e outras fontes,
A Acção Social é cada vez mais insuficiente e, no as “receitas próprias” representam em vários casos
que toca a condições materiais e humanas, como metade do financiamento das IES.
nos refeitórios e nas residências, existe uma grande
Esta falta de financiamento, leva a que haja não só
degradação e falta de trabalhadores que põe em causa
problemas a nível das infra-estruturas, com faculdades
o funcionamento destes e a as condições de vida dos
a precisarem de obras e ao mau funcionamento
estudantes. A Acção Social directa - as bolsas de
de serviços administrativos e sociais devido à falta
estudo - continua, desde o último Congresso, a ser um
de funcionários e equipamentos, como também a
grave problema na vida dos estudantes: um processo
uma Acção Social incapaz de cumprir o seu papel,
moroso e burocrático e um número e valor de bolsas
nomeadamente no que às bolsas de estudo diz
atribuídas muito aquém das necessidades.
respeito, sem correspondência com as necessidades
No plano concreto de cada faculdade assiste-se a uma de frequência no ES.
necessidade urgente de obras, à falta de materiais
No plano pedagógico e de investigação, devido à falta
ou ao excessivo número de alunos por cadeira,
de financiamento, regista-se uma perda de qualidade
chegando mesmo a haver faculdades em que as salas
em consequência de existirem poucos professores e
são demasiado pequenas para o numero de alunos
fracas condições.
inscritos nas cadeiras.

Como se não bastasse, o chamado regime fundacional


agrava e agravará ainda mais as condições do Ensino 2.1.3.2 Processo de Bolonha
Superior, acentuando a desresponsabilização do
Estado, acentuando uma perspectiva mercantilista dos A Declaração de Bolonha (19 de Junho de 1999)
interesses privados a que este regime abre a porta, desencadeou o denominado Processo de Bolonha,
sobrecarregando uma vez mais os estudantes que, instaurado em Portugal em 2006. Apesar de ser
mais cedo que tarde, terão que assegurar grande parte hoje a única forma de organização e estruturação do
dos 50% de financiamento que o regime fundacional Ensino Superior conhecida pela esmagadora maioria
prevê, ao mesmo tempo que assistirão à redução dos estudantes, a sua implementação significou a
drástica na qualidade e oportunidades do Ensino degradação da formação, a elitização dos diversos
Superior. graus e enfrentou uma forte oposição.

O Processo de Bolonha criou o Espaço Europeu


2.1.3.1 Propinas e financiamento de Ensino Superior com a grande bandeira da
competitividade, homogeneização da qualidade da
Os inúmeros problemas que se sentem no Ensino Educação e o aumento da mobilidade dos estudantes
Superior são fruto de uma profunda e prolongada falta de tanto entre instituições de países diferentes em
financiamento. A lei de financiamento actualmente em programas como o Erasmus, como dentro do
vigor remonta a 2003 (com alterações subsequentes) próprio país.

21
Na verdade, o que deste novo sistema decorreu um cunho anti-democrático, em vários aspectos
foi a compressão dos conteúdos (cursos de 5 anos importantes: na concentração de poderes no reitor;
passaram a 4, os de 4 passaram a 3) e consequente na extinção do Senado e criação do Conselho Geral
perda de qualidade. Foi feita uma divisão do percurso com uma reduzida participação dos estudantes
académico em ciclos (1.º sendo a licenciatura, 2.º o ao contrário do que se verifica com a presença
mestrado e 3.º o doutoramento) cada um com um dos grupos económicos; na possibilidade destes
valor de propina mais elevado do que o anterior grupos influenciarem de forma directa as decisões,
e a conversão de conhecimentos em “ECTS”, ou nomeadamente os programas curriculares ao serviço
seja, “créditos”. das suas necessidades e não das do país e limitando a
participação democrática dos jovens na vida das suas
Aliado ao subfinanciamento do Ensino Superior,
faculdades e institutos; proibindo os estudantes de se
o Processo de Bolonha aprofundou os problemas
organizarem e manifestarem; retirando os estudantes
pedagógicos já existentes. A avaliação contínua foi
ou reduzindo a sua actividade nos órgãos de decisão
quase extinta em muitas instituições ou totalmente
das faculdades; procurando substituir as AAEE
distorcida nas restantes, resultando num excesso
pela figura de um Provedor do Estudante nomeado
de carga horária. Reduzem-se épocas de exames
pelo reitor.
ou extinguem-se (em muitas IES foi já eliminada a
época de Trabalhadores-Estudantes), acabam-se com É o RJIES que abre a possibilidade de passagem
épocas de recurso ou reduzem-se os números de das Universidades a Fundações Públicas de Direito
Unidades Curriculares; entre outros problemas, que Privado, que funcionam com 50% de financiamento
resultam na degradação da qualidade do ensino. próprio. Assim, no quadro do subfinanciamento
crónico e galopante do Ensino Superior, as IES são
A concentração da investigação e da qualidade nas
grandes potências, de que a adaptação de conteúdos e empurradas para esta falsa solução, num claro avanço
o número de vagas é prova, cria também dependência no sentido da privatização.
tecnológica e científica aos países “de segunda”. Esta gestão das IES numa lógica empresarial leva
Verifica-se ainda que apenas uma minoria dos a um agravamento nas condições já debilitadas de
estudantes tem condições económicas para participar muitas faculdades, bem como uma precarização dos
em programas de mobilidade já que as bolsas são vínculos dos professores e funcionários e passando
insuficientes e que o sistema de equivalências não os estudantes, a investigação e o Património das
funciona eficientemente. Universidades a serem vistos como uma fonte de
O Processo de Bolonha é, assim, um instrumento das rendimento. Por outro lado, a gestão passa a estar nas
estruturas do capital na Europa para regular e sujeitar mãos de um Conselho de Curadores que é nomeado
o Ensino Superior aos seus interesses, visando a sua pelo Governo sobre proposta do Conselho Geral,
elitização, privatização e mercantilização, opondo-se ao fugindo à tutela educativa pública.
Ensino Público, Gratuito, de Qualidade e Democrático
Actualmente, já várias Universidades passaram a
para todos, constitucionalmente consagrado. Apesar
fundação nomeadamente as Universidades do Porto,
de ser hoje uma realidade, não é irrevogável e é
de Aveiro, do Minho e o ISCTE, estando em conversão
essencial a dinamização da luta pela saída do sistema
a Universidade Nova de Lisboa e estando em debate
do Ensino Superior português do Processo de Bolonha,
a possibilidade da Universidade de Coimbra também
pugnando pela sua reconfiguração autónoma dentro
assumir esse estatuto. Há que salientar que este
do espaço internacional, não deixando de ter em conta
processo serviria supostamente para aumentar o
a nossa realidade concreta, específica e a defesa da
financiamento das Instituições de Ensino Superior,
nossa soberania também no campo da Educação.
o que, ao acontecer, deveria contribuir para baixar
os custos para os estudantes, o que não se verifica
2.1.3.3 RJIES, fundações, fusões pois, por exemplo, no caso do ISCTE as propinas dos
mestrados são das mais altas do país.
O actual RJIES, aprovado em 2007, é um dos maiores
Objectivos idênticos e sob os mesmos pretextos de
ataques ao Ensino superior Público e um grande passo
racionalização e modernização levam à fusão das
para a sua privatização.
Universidades, como é o caso da fusão da Universidade
O RJIES viabiliza uma série de medidas que fazem Técnica de Lisboa com a Universidade de Lisboa,
com que as Instituições de Ensino Superior assumam que mais não é do que uma maneira de o Estado

22
diminuir o financiamento total para o Ensino Superior, que os mais caros sirvam para financiar os serviços de
não tendo em conta a realidade das faculdades nem Acção Social.
que a prioridade seria a melhoria das condições das
Todas estas condicionantes que desvirtuam o conceito
instituições originais.
de ASE acabam por ter um impacto significativo,
obrigando muitos estudantes a abandonar o Ensino
2.1.3.4 Acção Social Escolar Superior, a procurarem um trabalho que financie um
direito que deveriam ter, a recorrerem a empréstimos
Face às degradantes condições do Ensino Superior cujo valor mínimo na CGD é de 5000€, hipotecando as
e os ataques aos jovens e às suas famílias, a Acção suas vidas futuras com o pagamento do montante em
Social Escolar ganha extrema importância uma vez dívida e também dos juros, ou ainda a sujeitarem-se a
que tem como principal função garantir a igualdade trabalhar para os serviços da sua faculdade, ocupando
no acesso, frequência e sucesso escolar. Ao garantir postos de trabalho para os quais as instituições –
apoios directos (bolsas de estudo) e apoios indirectos aproveitando-se da mão-de-obra praticamente gratuita –
(passe escolar, alojamento, serviço de alimentação, não contratam trabalhadores.
cultura e desporto), a ASE pretende colmatar os
Destaca-se a proliferação de concepções caritativas e
problemas estruturais da política de direita, ainda que
assistencialistas, que se manifestam através de “bolsas
com graves deficiências.
de emergência” e semelhantes ou de campanhas que,
A falta de financiamento da ASE coloca sistemáticos explorando legítimos sentimentos de solidariedade,
entraves à atribuição de bolsas, agravada pela enorme colocam os próprios estudantes a fazer recolhas
burocracia e ao carácter invasivo do processo, e pelo alimentares e financeiras para os seus colegas.
cálculo utilizado que não avalia as reais condições
Outra falsa solução apresentada para o abandono
das famílias. Ao mesmo tempo que isto acontece, o
escolar foi o programa Mais Superior (que hoje integra
anterior governo alegava ter havido um aumento do
também o extinto Retomar), programa que desvirtua
número de bolsas atribuídas, mas não revelando que
o papel que o Estado deve ter na garantia do acesso
o financiamento para estas não foi aumentado, o que
universal a todos os graus de Ensino.
levou a uma diminuição do valor médio das bolsas
atribuídas, claramente abaixo dos gastos reais que os
estudantes têm no Ensino Superior e obrigando-os a
2.1.3.5 Ensino Superior
passar dificuldades.
Universitário e Ensino
Tendo em conta que a bolsa mínima apenas cobre o Superior Politécnico
valor da propina máxima, podemos constatar que os
estudantes passam sérias dificuldades uma vez que Têm vindo a aprofundar-se as disparidades entre
há uma grande percentagem de deslocados da sua o Ensino Superior Politécnico e o Ensino Superior
área de residência e precisam de uma bolsa mais Universitário, sobretudo por via da crescente
elevada para poderem alugar um quarto em condições diferenciação de financiamento, recursos e objectivos
e até alimentarem-se. ditados pelos sucessivos governos.

Este problema agrava-se com uma péssima rede Esta polarização perpetua um modelo binário no
de residências a nível nacional que não satisfaz as Ensino Superior Público, fomentando uma maior
necessidades dos estudantes, obrigando-os a procurar desigualdade entre os estudantes do Ensino Superior
casas ou quartos com elevadas rendas. As residências em geral. Verifica-se para além de maiores custos de
encontram-se, na sua maioria, extremamente degradas, acesso, uma grande carência de componentes práticas
com falta de electrodomésticos e outros equipamentos, e uma insuficiente aposta no ensino experimental e de
sendo também os estudantes impedidos de utilizar o projecto no Ensino Universitário como prova o facto
gás para cozinhar ou ligar aquecimento de modo a não de, em muitos cursos, as disciplinas teóricas valerem
aumentar custos. mais créditos do que as práticas.

Já relativamente ao prato social, salienta-se o seu Apesar do valioso contributo do Ensino Superior
aumento progressivo dado a sua indexação ao salário Politécnico para o alargamento do acesso ao Ensino
mínimo nacional, estando actualmente nos 2,65€. Superior Público, dando uma contribuição para o
Também foram encerradas cantinas e criados pratos desenvolvimento de algumas regiões e, por isso,
de primeira e de segunda nas cantinas, tendo em vista para a diminuição de assimetrias regionais, este tem

23
sofrido uma completa desvalorização do seu carácter encontra a suprir as insuficiências do serviço público.
enquadrado na formação superior. Nestas instituições está inerente a lógica do lucro e
os estudantes são tidos pela instituição como clientes.
O alcance destes objectivos de reconfiguração
Os estudantes enfrentam, também, particulares
deste subsistema de Ensino procura imprimir uma
dificuldades na participação na vida democrática da
realidade maioritariamente profissionalizante que
escola pois, em muitos casos, é inexistente a sua
prepare os jovens para trabalhos e empresas em
representatividade nos órgãos de gestão.
concreto, satisfazendo as necessidades do capital e
não do país como deveria ser o papel de um Ensino
Superior Público e transferindo a responsabilidade da 2.1.4 Estágios curriculares
formação profissional das empresas para o ensino e
os estudantes, agravando ainda mais os custos de Desde o 10.º congresso tem-se assistido a um
frequência para os estudantes do Ensino Superior. crescimento do número de estágios curriculares em
Portugal. Este crescimento tem-se generalizado
Neste objectivo insere-se a criação de Cursos Técnicos
essencialmente no Ensino Secundário, na sua via
Superiores Profissionais nas Escolas Politécnicas,
profissionalizante, e pelo aumento do número de
com uma duração de apenas 2 anos que levou à
estudantes do Ensino Profissional. Embora com o
desvalorização dos currículos e da formação, numa
perspectiva dita “lowcost” para canalizar quem não tem mesmo nome, são quase incomparáveis as situações
condições de suportar os custos de uma licenciatura. de estágios curriculares no Ensino Secundário e
Quase só compostos por estágios, são um passo Profissional e os estágios no Ensino Superior.
gravoso no avanço da Reconfiguração do Ensino Em qualquer processo de aprendizagem a componente
Superior, que não é uma reorganização com vista ao prática constitui um importante elemento para a
seu melhoramento, como diz o governo, mas sim a formação, desenvolvendo do ponto de vista prático
submissão completa da Educação aos interesses dos
as competências teóricas adquiridas. No quadro
grandes grupos económicos.
da crescente submissão do sistema educativo aos
A defesa de um sistema único de Ensino Superior interesses das empresas e do capital, os estágios
Público, que potencie o património de ambos os surgem muitas vezes para a formação de mão-de-
subsistemas, é uma necessidade para responder obra facilmente explorável, para a transmissão da
ao desenvolvimento do país e trabalhar para que o responsabilidade de formação das empresas para as
Ensino Superior seja um instrumento para a juventude escolas e até como forma de trabalho gratuito.
contribuir para o mesmo.
Os estágios curriculares são, na maioria das vezes,
utilizados pelas entidades que acolhem os estudantes
2.1.3.6 Ensino Superior Privado para suprir necessidades das respectivas empresas/
locais de trabalho, exigindo a estes estudantes o
O Ensino Superior Privado tem vindo a constituir-se cumprimento de horários excessivos face àquilo que
como alternativa aos custos cada vez mais acrescidos seria a sua necessidade de aprendizagem e até o
do Ensino Superior Público, seja das propinas ou de contrato de estágio, o que funciona como elemento que
outros custos de frequência, e da insuficiente ASE. permite aos patrões aumentar o lucro, já que produz
sem necessidade de contratar trabalhadores para
São muitos os estudantes que são empurrados para as
o posto de trabalho. Estes estudantes muitas vezes
instituições privadas pois, por proximidade geográfica,
não têm qualquer apoio no que toca a deslocação,
se torna mais “barata” tal solução.
alimentação e material quando necessário para
O difícil acesso ao Ensino Superior Público é, por si realizar os estágios.
só, um dos maiores motivos para o crescimento destas
Em alguns casos, sem a presença do estudante
instituições privadas. O numerus clausus, os Exames
estagiário seria impossível que aquela empresa/
Nacionais e a inexistência de vários cursos no plano
local de trabalho, incluindo alguns serviços públicos,
da oferta pública, ou da vertente de ensino pós-laboral,
funcionassem. No entender da JCP, o estágio
apontam o Ensino Privado como a única opção a que
curricular não pode servir para suprir necessidades
recorrem milhares de estudantes.
de mão-de-obra, já que a finalidade do estágio
A restrição no acesso à ASE para os estundantes do deve ser exclusivamente a aprendizagem (ainda
Ensino Privado são desastrosas, visto que este se que eminentemente prática). Da mesma forma, os

24
estudantes devem ver garantidos todos os apoios um a responsabilidade pela sua situação individual,
necessários para que não sejam prejudicados pela fugindo assim o Estado ao seu papel na criação de
sua condição de estagiários (subsídios na compra de emprego.
material, alimentação, deslocação e, se necessário,
Como resposta à situação calamitosa em que
alteração de residência).
se encontrava a juventude trabalhadora, com o
A comprovação da utilidade curricular, supervisão desemprego jovem a atingir valores históricos
e avaliação dos ganhos para os estudantes e a sua (cerca de 45%), o governo PSD/CDS apresentou
formação, ainda que ligados à necessidade do país em 2013 o programa Garantia Jovem, aproveitando
e muitas vezes da produção, são o ponto de partida financiamentos europeus. Contudo, as pretensões do
para a discussão desta componente formativa. Travar programa chocam com a realidade, uma vez que estas
as intenções de PS, PSD e CDS e dos patrões de medidas não só não resolvem o problema, como,
exploração e condicionamento da vida e participação em muitas situações, agravam-no, pois promovem a
dos estudantes, alguns deles precocemente tratados precariedade e, consequentemente, o desemprego, de
como trabalhadores, sem direitos e sem contrato, é que são exemplo as medidas de apoio à contratação
importante na luta pelo direito a estudar e pelo trabalho a termo e dos estágios, medidas que configuram
com direitos. É por isso necessário combater a ainda uma forte subsidiação por parte do Estado às
aceitação e resignação face ao estágio que não cumpre empresas para pagamento de custos salariais.
o seu papel formativo e é apenas ora um requisito
É necessário ainda assinalar a reposição e avanços
burocrático ora uma experiência para submeter
face ao quadro político anterior que a nova fase da
estudantes a trabalho gratuito sem capacidade de se
vida política nacional significou, no sentido de dar
organizarem e transformarem a sua situação.
resposta a alguns dos problemas mais urgentes dos
trabalhadores. Embora limitada e não correspondendo
às necessidades e às justas reivindicações dos
2.2 Emprego
trabalhadores, são vitórias da sua luta e da acção
Os jovens trabalhadores têm sido dos mais afectados do PCP e da JCP a reposição das 35h para a função
pelas políticas de direita dos últimos governos, que de pública reivindicação que se estende ao sector
PEC em PEC até ao Pacto de Agressão, assinado por privado; a reposição dos 4 feriados eliminados; a
PS, PSD e CDS, a pretexto de uma resposta à crise eliminação dos cortes nos salários da Administração
estrutural do capitalismo sustentada nos números da Pública; a progressiva eliminação da sobretaxa no
dívida pública e do défice, precarizaram as relações de IRS; a valorização de prestações sociais; o aumento
trabalho para níveis históricos, roubaram rendimentos do salário mínimo nacional, embora aquém dos 600
e retiraram direitos aos trabalhadores. euros propostos pelo PCP; o alargamento do abono
de família; as medidas de apoio aos desempregados
Hoje, 7 em cada 10 novos contratos têm um carácter de longa duração, entre outras. A recuperação e
precário, ao qual está sempre associada uma reposição de direitos e rendimentos estando limitada
perda remuneratória na ordem dos 33% face a um por opções e constrangimentos, demonstra com mais
trabalhador a desempenhar a mesma função com um força a indispensabilidade da luta de massas para a
contrato efectivo. Paralelamente, assiste-se a uma construção de uma alternativa que esteja inteiramente
narrativa que pretende alterar o conceito de “emprego”, ao serviço dos trabalhadores.
que pretende incutir que “já não há empregos para a
vida”, que o desemprego, a precariedade e os baixos
salários “são normais e inevitáveis”. Está na base desta 2.2.1 Desemprego e precariedade
narrativa, a teorização da “4ª Revolução industrial” e
dos “choques tecnológicos”, sustentada numa visão de O elevado desemprego está directamente associado
à destruição do aparelho produtivo nacional e
desenvolvimento da tecnologia ao serviço do capital e
das funções sociais do Estado e à promoção de
não ao serviço dos trabalhadores.
políticas que desregulam as relações, introduzem
Aprofunda-se a ofensiva sobre os trabalhadores, mais flexibilidade e menos protecção e que servem
fazem-se grandes campanhas promovendo o apenas os interesses dos grandes grupos económicos
empreendedorismo como o programa “Empreende nacionais e transnacionais. Ao mesmo tempo, a
Já”, promovido pelo Instituto Português do Desporto precariedade generaliza-se, afectando já todas as
e Juventude (IPDJ), procurando transferir para cada faixas etárias, mas em especial a juventude.

25
Entre Outubro de 2013 e 2015, 84% dos contratos abrange hoje 631 mil trabalhadores que sobreviveram
celebrados tinham um carácter precário. Hoje, os em 2016 com 470 euros líquidos, 530 ilíquidos por
vínculos precários atingem 1,2 milhões de trabalhadores mês, actualizados em consequência da luta dos
e grande parte da contratação é feita individualmente trabalhadores, para 557€, ainda aquém da reivindicação
e com grande expressão nos meios digitais, com dos 600€. Como contrapartida para este aumento, pelo
o recurso a empresas de trabalho temporário e à segundo ano consecutivo, o actual governo decidiu
prestação de serviços, que visa um maior isolamento oferecer às empresas que pratiquem o salário mínimo
dos trabalhadores e o seu distanciamento face aos seus uma redução 1,25 pontos percentuais da TSU paga
verdadeiros patrões. Estas empresas são instrumentos pelas mesmas à segurança social, promovendo deste
para aumentar a exploração, pertencendo directa modo a aplicação do SMN e os baixos salários, fazendo
ou indirectamente aos mesmos donos dos meios de uma borla fiscal aos patrões e contribuindo para a
produção monopolistas. descapitalização da segurança social, demonstrando
que este governo não rompe com os interesses do
Esta é uma prática de desresponsabilização das grande capital.
empresas com os trabalhadores, tratando-os como
meras mercadorias que, a qualquer momento, podem Considerando a inflação e o aumento da produtividade,
ser descartadas, garantindo o aumento da exploração e partindo do momento da sua criação, em 1974, hoje
e a redução de custos com o trabalho. A rotatividade de o Salário Mínimo Nacional devia rondar os 900 euros
trabalhadores entre empresas de trabalho temporário por mês.
é já uma prática recorrente, de forma a tentar contornar
Outros abusos e ataques são promovidos e protegidos
a lei que garante a efectividade dos contratos
pelos anteriores governos e pelas autoridades,
de trabalho.
garantindo impunidade aos patrões. A desregulação
Os falsos recibos verdes atingem 600 mil trabalhadores dos horários, o banco de horas, o trabalho para além
e os contratos a tempo parcial são 252 mil. Dos do horário, o não pagamento de valores devidos,
jovens trabalhadores, 61,2% têm vínculo precário. a perseguição a delegados, dirigentes, activistas e
A proliferação do trabalho ilegal, dos falsos recibos até aos próprios trabalhadores sindicalizados, entre
verdes, dos contratos de trabalho mensais, semanais outros abusos, são realidades conhecidas em muitas
e mesmo diários, afectam em particular a juventude empresas e locais de trabalho. Estas situações, entre
e visam isolar os trabalhadores, subjugá-los e outras, traduzem-se numa grande dificuldade que os
condicionar a sua acção organizada para enfrentar o trabalhadores, e em particular os jovens trabalhadores,
patronato e para o exercício efectivo dos seus direitos. enfrentam para articular o seu trabalho com a sua vida
pessoal e familiar.
Desemprego e precariedade assumem uma realidade
dialéctica: o grande capital e os governos e instituições
que os servem, necessitam de exércitos de reserva 2.2.3 Legislação laboral
suficientemente grandes para poderem baixar as e contratação colectiva
condições de trabalho e aumentar a exploração sobre os
trabalhadores; como uma suposta resposta ao elevado As sucessivas alterações à legislação laboral, o fim da
desemprego, são tomadas medidas que fragilizam as majoração dos dias de férias, com a redução efectiva para
relações laborais, transferem-se recursos públicos 22 dias de férias, assim como a redução da retribuição
para as empresas, desresponsabiliza-se o patronato e pelo trabalho extraordinário, concretizam a linha política
aumenta-se a precariedade, que se assume cada vez de roubo nos salários, de ataque aos direitos e sobretudo à
mais como a antecâmara do desemprego, iniciando contratação colectiva.
assim um ciclo vicioso que só a luta dos trabalhadores
Os sucessivos governos, que foram os principais agentes
poderá parar.
contra a efectivação e valorização da contratação
colectiva, dando total cobertura ao patronato para
2.2.2 Salário e horário boicotar a negociação colectiva, na tentativa de eliminar
direitos individuais e colectivos dos trabalhadores,
A política dos baixos salários que atinge a generalidade quer no que respeita a progressões nas carreiras e
dos trabalhadores tem particular incidência na salários, quer no que se refere à regulação dos horários
juventude sendo especialmente implementada pelas de trabalho e outros direitos, e dificultar a acção dos
grandes empresas. O Salário Mínimo Nacional (SMN) sindicatos, pretendem por via da lei impor aquilo que não

26
conseguiram nas mesas negociais, devido à resistência direitos de que o Estado dispõe. Importa destacar
e luta dos trabalhadores. O número de trabalhadores que neste quadro são os jovens investigadores e
abrangidos por contratos colectivos de trabalho é neste aqueles que estão ainda a completar a sua formação
momento muito inferior a anos anteriores. (licenciatura, mestrado, doutoramento) que encontram
mais obstáculos no acesso à investigação, tendo
Face a esta situação, o actual governo, procurando
apenas como caminho possível as bolsas (BIIC’s,
empurrar o problema com a barriga, promoveu um
BI), e sendo rara a integração em equipas e centros
“acordo” em que há o compromisso de que não será
de investigação. É também neste âmbito que se vai
accionado o mecanismo da caducidade dos contratos
estratificando e dividindo os vários trabalhadores da
colectivos em nenhum caso. No entanto, esta é uma
ciência, colocando os investigadores de ‘carreira’ num
fuga para a frente que não dá resposta a um problema
patamar mais elevado e sendo os outros impedidos de
muito concreto, exigindo-se uma outra atitude.
aceder a essa mesma carreira.
Neste quadro, ganha redobrada importância a luta
A insuficiência do valor das bolsas atribuídas para
em defesa da contratação colectiva e da revogação
os projectos e os critérios em constante alteração
da norma da caducidade, pela revogação das normas
para a sua atribuição pela Fundação para a Ciência
gravosas do Código do Trabalho e a reposição do
e Tecnologia põe em causa a estabilidade e
princípio do tratamento mais favorável do trabalhador.
sustentabilidade do Sistema Científico e Tecnológico
Nacional, para que este possa cumprir o seu papel de
2.3 Ciência alavanca de desenvolvimento do país, bem público
colocando o desenvolvimento científico ao serviço dos
O estado da Ciência e da investigação científica interesses nacionais e do povo português.
em Portugal tem vindo a deteriorar-se ao longo
dos anos, graças ao desinvestimento por parte do
Estado no Sistema Nacional de Tecnologia e Ciência, 2.4 Movimento associativo juvenil
enfraquecendo a sua componente pública, sendo
esta uma área de enormes potencialidades para o Os cortes levados a cabo pelos demais governos,
desenvolvimento do país, o que não é compensado aliados à Lei do Associativismo Jovem, têm dificultado
pelo investimento de instituições privadas ou de fundos a sobrevivência de diversas associações jovens, que
internacionais. se vêem sem meios para desenvolver a sua actividade,
em especial os grupos de jovens ou associações que
A Ciência e o seu desenvolvimento acaba por ser optem por não ter uma natureza formal.
moldado e direccionado para fins comerciais ou de
acordo com as necessidades do investidor, perdendo-se Num momento em que a situação económica e social
a capacidade de criar conhecimento científico por si prejudica a disponibilidade para a participação e em
só, que constitui também uma ferramenta de avanço e que ao mesmo tempo se limita a capacidade das
soberania de um país. associações e grupos de jovens manterem a sua
actividade, os processos burocráticos que englobam
O subfinanciamento perpetuado ao longo dos anos para a formalização e legalização de uma associação são
a Ciência não diz respeito apenas ao financiamento extremamente morosos, dispendiosos e complexos, o
dos projectos mas também às más condições em que constitui outro entrave à criação destes grupos.
que se encontram os locais para desenvolvimento
da investigação, agravando os problemas de O apoio público atribuído ao Movimento Associativo
Universidades, Politécnicos e Laboratórios. Juvenil é cada vez mais restrito e limitado, seja em
termos financeiros como logísticos e em termos de
A não-contratação de quadros superiores, investigadores equipamentos disponibilizados.
e técnicos para o trabalho no sector público de I&D
conduz à precariedade do trabalho neste sector, O concurso a apoios de financiamento tem também
levando a um aumento do número de bolseiros de seguido um caminho de complexificação e limitação,
investigação científica, estagiários (muitas vezes não referindo-se a obrigatoriedade de inscrição no RNAJ,
remunerados) e voluntários. O trabalho por estes para que, então, se possa concorrer a apoios atribuídos
desenvolvido equivale ao trabalho de profissionais de pelo IPDJ, Câmaras Municipais, entre outros.
carácter permanente, sem terem, no entanto, estatuto Verificam-se sucessivamente atrasos na recepção
de trabalhadores. Assim se garante mão-de-obra sem destes apoios.

27
Muitas são as associações que, graças aos entraves nossos meios militares e territoriais para estes fins, de
referidos, se vêem forçadas a encerrar, grande parte que são exemplo a Base das Lajes ou os exercícios
das vezes por razões económicas, privando os jovens da NATO realizados em 2016 no nosso território. A par
da possibilidade de praticar desporto, aceder a cultura, da resolução dos problemas que afectam os actuais
a espaços de convívio, sendo particularmente grave militares, defendemos que a defesa nacional deve ter
quando, em certas zonas do país, as associações por objectivo a garantia da liberdade, da democracia, da
juvenis constituem os únicos locais com tal oferta. O seu independência e da soberania do país e a participação
encerramento obriga os jovens que usufruíam destas dos trabalhadores (os últimos interessados na guerra e
actividades a deslocar-se a locais muitas vezes longe da conflitos militares) é o garante de que as FFAA estarão
sua residência e a pagar pelas actividades, o que não ao serviço da defesa da paz e da vontade popular.
está ao alcance de todos.
O carácter profissional das FFAA, agravado pelo fim do
O desmantelamento do IPJ pelo governo PSD/CDS em Serviço Militar Obrigatório (SMO) há 20 anos, põe em
2011, com total apoio do PS, e sua fusão com o Instituto causa a defesa da soberania nacional. Foram milhares
do Desporto de Portugal (IDP), formando o Instituto os jovens que durante anos se viram obrigados a
Português do Desporto e Juventude (IPDJ), em nada cumprir o SMO sem condições dignas, utilizando-os
se relacionou com um objectivo do reforço das políticas como mão-de-obra barata para as questões logísticas
de juventude ou de valorização do desporto e da prática e de manutenção do dia-a-dia da instituição militar,
desportiva mas sim com uma óptica economicista, muitas vezes sem proporcionar qualquer tipo de
aplicando mais cortes no apoio ao associativismo juvenil. formação especializada e não garantindo o direito à
recolocação no local de trabalho após o cumprimento do
A JCP entende que, com estas medidas, lesam-se as
Serviço Militar. Acção propositadamente desenvolvida,
associações estudantis e juvenis, o movimento juvenil,
visando a instrumentalização do movimento associativo, de forma meticulosa, assente numa estratégia de
e que estas orientações conduzem o movimento descredibilização das FFAA junto da juventude, com
associativo juvenil e estudantil a uma excessiva o objectivo de caminhar para o fim do SMO, situação
institucionalização e ao afastamento do seu trabalho real que se veio a consagrar com a revisão constitucional
no terreno e de ligação aos jovens e estudantes de todos de 1997 que conduziu à total profissionalização
os concelhos do país. das FFAA.

Defendemos a revogação do Regime Jurídico do Com esta medida foram conseguidos, de uma
Associativismo Jovem, com o aumento dos apoios assentada, três objectivos fundamentais para o capital:
à actividade e iniciativas das associações juvenis o afastamento de amplas camadas juvenis e populares
(reconhecendo o associativismo não formal) e o reforço da participação na vida das FFAA e da defesa nacional;
dos equipamentos de usufruto para jovens, como sejam as a concretização de profundas alterações na natureza,
extintas delegações do IPJ e as Pousadas da Juventude. doutrina e base organizativa das FFAA; e a alteração do
É fundamental a celeridade e facilitação nos diversos conceito estratégico de defesa nacional, colocando-o ao
processos, nomeadamente de formação e formalização serviço não do país mas dos interesses da NATO e do
de associações. Defendemos, ainda, a Revogação da Lei imperialismo.
dos Conselhos Municipais de Juventude e a garantia da
Hoje estão mais claros os reais objectivos que estiveram
participação efectiva das organizações e associações na
na base desta medida assim como caem por terra os
definição e desenvolvimento das políticas que envolvem
argumentos daqueles que, de forma demagógica e
os jovens junto do poder local, regional e nacional.
hipócrita, vieram para a praça pública condenar o SMO
acusando-o de não ter qualquer utilidade e de ser um
2.5 Defesa Nacional entrave à vida dos jovens. Manteve-se entretanto o
recenseamento militar obrigatório para rapazes e para
A JCP condena a guerra e luta pela paz, exigindo que o raparigas. Foi instituído o chamado dia da “Defesa
governo português cumpra a CRP e promova políticas Nacional”, entretanto interrompido e depois retomado,
de paz, solidariedade e amizade entre os povos. Assim, utilizado como instrumento ideológico para valorizar a
defendemos que Portugal deve lutar pela dissolução da NATO e o militarismo, acompanhado por grandes acções
NATO, tal como rejeitamos a participação das Forças de campanha de propaganda do Serviço Militar em
Armadas (FFAA) portuguesas em acções armadas de escolas secundárias, fóruns de juventude e outros locais
ingerência noutros países, bem como a utilização dos de concentração de jovens.

28
Defendemos um serviço militar que a todos obrigue, desacreditando-o, abriu portas para a privatização
inclusivo para rapazes e raparigas, que seja encarado deste serviço, com a progressiva transferência de
não só como um dever mas, acima de tudo, como um unidades de cuidados e determinados serviços para
direito inalienável dos jovens na participação efectiva grupos privados, que mais não almejam do que o lucro.
na defesa e soberania nacionais e os direitos do povo,
prestado em condições dignas (material, social e A degradação do SNS expressa-se, por um lado, pelo
profissionalmente) de forma a torná-lo atraente, útil, encerramento de diversos serviços e unidades de
criativo, que tenha em conta as aptidões e vocações saúde, sobretudo urgências e serviços de cuidados
dos jovens que nele participam. Só com uma ampla primários, o encerramento de grandes hospitais
participação popular nas FFAA se garante que e unidades especializadas fundamentais, a fusão
também esta instituição seja democrática e o espelho e concentração de serviços em grandes centros
da sociedade. hospitalares; por outro, pelas taxas moderadoras e
o preço dos medicamentos, a diminuição do apoio
ao transporte de doentes não-urgentes, que põe em
2.6 Sistema público causa a qualidade dos serviços prestados, negando
de Segurança Social o acesso a cuidados de saúde e forçando muitos
doentes a recorrer a serviços privados.
A juventude sofre as consequências dos ataques ao
A falta de equipamentos, de condições, tanto materiais
Sistema Público de Segurança Social, nomeadamente
como humanas, é tal, que a maioria dos jovens não
os cortes nas mais variadas prestações sociais como
tem acesso a um médico de família, nem a consultas
a protecção no desemprego e na doença, abono
de diversas especialidades. O agravamento do
de família, o Rendimento Social de Inserção, entre
acesso a cuidados e tratamentos de saúde tem várias
outras. Os ataques à sustentabilidade da Segurança
Social estão directamente ligados a muitos problemas expressões, embora ganhe particular relevância na
que afectam a juventude, como sejam o desemprego, continuação da falta de cuidados de medicina dentária
a precariedade, os baixos salários e a emigração, no SNS, no tratamento e prevenção de adicções,
factores que contribuem para que as contribuições à assim como no caso da saúde mental que sofre de
Segurança Social se reduzam, ligando deste modo forma ainda mais profunda o desinvestimento e falta
a política de desprotecção dos trabalhadores à de meios. Estas respostas afectam e têm grande
acelerada fragilização das fontes de financiamento dimensão na vida da juventude que, sendo inerente
da Segurança Social, bem como para a subversão ao próprio sistema capitalista a discriminação, a
dos seus objectivos e finalidades. A fragilização da exploração de fragilidades, a criação da marginalidade
Segurança Social Pública significa atacar aqueles que e a destruição da saúde física e mental, a par da
se encontram em situações de maior vulnerabilidade destruição dos sonhos e aspirações, o estímulo para
económica e social. o consumo de drogas, a generalização da auto-
medicação e medicação associada ao sucesso
A defesa da sustentabilidade da Segurança Social escolar, o aumento da doença mental junto dos mais
enquanto direito de todos os portugueses, é inseparável jovens tem particular relevo.
do crescimento e desenvolvimento económicos,
impõe a adopção de medidas de curto, médio e longo Os ataques aos direitos dos trabalhadores do SNS,
prazo que assegurem o reforço das suas fontes de em especial os profissionais de saúde, com a sua
financiamento, a reposição de direitos alicerçada no desvalorização profissional e social, reforça a tentativa
papel central do Sistema Público de Segurança Social de desmantelamento do SNS.
enquanto instrumento de redistribuição do rendimento
Para concretizar o SNS gratuito, de qualidade e
nacional, de justiça e progresso social.
acessível a todos, defendemos o reforço das condições
financeiras, materiais e humanas do SNS para garantir
2.7 Saúde uma resposta adequada em todas as valências e
áreas geográficas. Rejeitamos a escandalosa entrega
Os serviços de saúde têm sofrido grande e acelerada de valências, hospitais e financiamento do Estado a
degradação nos últimos anos, pondo em causa a Hospitais Privados, que tem procurado substituir o
prestação de cuidados, com graves consequências SNS e apoderar-se de recursos que devem servir para
para o estado de saúde do povo português. O garantir o serviço público. Defendemos a gratuitidade
desinvestimento no Serviço Nacional de Saúde, no acesso a cuidados de saúde, com a eliminação

29
total das taxas moderadoras para todo o tipo de não como um criminoso são o resultado da intervenção
serviços prestados, bem como a garantia de acesso do PCP. Nenhum toxicodependente pode ser preso ou
a programas de prevenção, vacinação e rastreio de sujeito a outras sanções no âmbito do Direito Penal por
doenças. consumir, sendo remetido para um regime próprio de
ilícito de mera ordenação social, o que significa que a lei
mantém um sinal negativo relativamente ao consumo
2.8 Droga e toxicodependência de droga. Componente necessária desse combate
é a luta contra o narcotráfico e o branqueamento
A situação de consumo de droga e casos de toxico-
de capitais.
dependência no país não pode ser desligado do
contexto em que vivemos. A profunda destruição das A luta contra a droga, quer seja ao nível da prevenção,
capacidades mentais do indivíduo, desumanização da redução de riscos e minimização de danos ou ao
e alienação social provocada pelo consumo de nível do tratamento, deve ser garantida totalmente
drogas funciona como um instrumento do sistema por serviços públicos e a legislação e consequentes
capitalista para controlar as massas, obstaculizar e orientações estratégicas existentes actualmente
limitar a sua capacidade de organização e acção. A devem ser aplicadas de forma determinada (ao invés
toxicodependência é um sintoma de problemas sociais, do que tem sucedido por parte do governo).
aprofundado pelas desigualdades sociais.
Rejeitamos entendimentos conservadores sobre o
Para além da sua função alienante e dominadora do toxicodependente e o combate à droga, bem como o
indivíduo, a droga constitui, para o sistema capitalista, aproveitamento demagógico feito pelo BE e pela JS em
um dos mais lucrativos negócios à escala mundial, que torno da legalização das “drogas leves”. A estratégia do
assenta na destruição e dependência de milhões de combate à droga não deve ser pautada por iniciativas
seres humanos.
pontuais ou assentes em falsas despenalizações de
Apesar da resposta legislativa que conteve as chamadas alguns tipos de drogas – tal mais não tem servido do
“smartshops” não podemos pensar que o negócio da que para desviar as atenções da questão fulcral: o
droga e o investimento feito junto da juventude para combate ao consumo. Países que enveredaram pela
estimular o consumo é combatido sem uma linha experiência da legalização de algumas substâncias
política de prevenção, tratamento e de transformação estão agora a reavaliar essas decisões e a proceder
das condições de fundo, inerentes ao sistema, que são a recuos, face a consequências negativas verificadas
a principal causa do problema. (turismo da droga, não redução e, até, aumento
do consumo).
A extinção do Instituto da Droga e Toxicodependência
(IDT), a criação do Serviço de Intervenção nos Por uma vida saudável, livre de dependência,
Comportamentos Adictivos e nas Dependências defendemos a adopção de políticas sectoriais que
(SICAD), por parte do governo PSD/CDS, não tem dêem resposta aos problemas sociais que estão na
qualquer sustentação técnica e vem desmantelar a origem da toxicodependência. Exigimos a reversão
estratégia nacional de resposta à toxicodependência, da extinção e o imediato reforço do IDT, com mais
abandonando e marginalizando os que dela necessitam. investimento e alargamento da rede pública de
prevenção e tratamento da toxicodependência.
O despedimento de técnicos do IDT, a redução
Defendemos ainda o reforço e multiplicação dos meios
e encerramento de meios e equipamentos
especializados no combate ao tráfico de drogas e
indispensáveis ao apoio de toxicodependentes, aliados
branqueamento de capitais.
à crescente privatização de serviços de saúde, reduz
perigosamente a capacidade de resposta nacional
neste domínio. 2.9 Álcool e alcoolismo
O combate à toxicodependência não pode ser
O alcoolismo e o consumo excessivo de álcool têm
dissociado do combate aos problemas sociais, grande
raízes sócio-culturais. As fragilidades humanas
parte das vezes na origem dos comportamentos
causadas pela pobreza, o desemprego, os baixos
adictivos, combate que deve ser levado a cabo de
salários, o descontentamento com o trabalho sem
forma integrada e transversal.
direitos, a impossibilidade no acesso a direitos
A despenalização do consumo da droga e o fundamentais, a uma vida sã e feliz são terreno fértil
entendimento do toxicodependente como um doente e para o consumo nocivo e dependente do álcool.

30
O consumo de álcool – seja ele um consumo 2.10 Direitos sexuais
excessivo, de risco, nocivo ou dependente – constitui e reprodutivos
na população portuguesa um importante problema de
saúde pública. Apesar disto é também importante olhar Portugal está dotado de um importante património
para o estímulo a novas formas de consumo, ou seja, legislativo no que concerne aos direitos sexuais e
a alteração de padrões de consumo, da sua origem, e reprodutivos construído ao longo dos anos após o 25
de Abril de 1974, conquistado pela luta determinada
a promoção dos mesmos.
das mulheres e jovens portugueses pela emancipação
Portugal é um dos países com maior número de social, económica e cultural. Os direitos sexuais e
acidentes na estrada envolvendo o consumo de reprodutivos são parte integrante dos direitos sociais,
álcool, problema agravado pelo não cumprimento da exigindo por isso uma especial responsabilidade do
poder político na garantia do seu integral cumprimento
lei da bebida, nomeadamente da proibição da venda
e implementação.
a menores de 16 anos, em parte por falta de meios e
condições para a fiscalização. Os ataques sucessivos ao SNS, quer através da
escassez de meios, quer das suas sucessivas
O álcool afecta não só quem consome num padrão
tentativas de privatização, e que se traduziram no
nocivo, com danos mas sem dependência, mas também fecho de maternidades e outras unidades de saúde,
aqueles que, apesar de não consumirem regularmente, na imposição de taxas moderadoras e em horários
apresentam consumos esporádicos excessivos com desajustados de funcionamento, agravaram as
consequências potencialmente graves, bem como dificuldades de acesso aos serviços de planeamento
um número incalculavelmente maior de pessoas que familiar, ginecologia, obstetrícia, comprometendo
sofrem danos sociais, mentais, emocionais e materiais, o acompanhamento clínico da sexualidade dos
causados pelo consumo próprio ou de outros. jovens. A política de empobrecimento, agravamento
da exploração, desregulamentação de horários e
A passagem dos serviços de álcool para o IDT e a expansão da precariedade, aumento dos custos com a
seguinte extinção do mesmo, com a criação do SICAD, Educação, incluindo a pré-escolar, são elementos que
com todos os problemas que lhe estão associados contribuíram para que o país registe baixos níveis de
foi já referida no ponto acima. Porém, é importante natalidade, o que além de ser um ataque à aspiração
de muitos jovens a poderem ter filhos, agravou o défice
reforçar o crescente desinvestimento por parte dos
demográfico, com graves consequências para o futuro
sucessivos governos e a diminuição da capacidade de
do país.
resposta das estruturas públicas às cada vez maiores
necessidades colocadas no que toca à prevenção, A estes ataques, levados a cabo com especial gravidade
ao tratamento e acompanhamento de pessoas com pelo governo PSD/CDS juntam-se as alterações feitas
problemas ligados ao álcool. Hoje, quem tem condições à lei da Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG) que
criaram limitações, inclusive financeiras, ao acesso
económicas consegue o apoio pretendido e quem não
à IVG e criaram mecanismos de condicionamento
tem, a grande maioria da população, pode passar anos
e coação da mulher.
à espera de tratamento e apoio, sem nunca ser dada
uma resposta adequada. Graças à luta do povo e dos jovens portugueses
e através da alteração da correlação de forças na
Para um real combate ao consumo excessivo de álcool Assembleia da República foi possível, ainda no ano de
e ao alcoolismo é fundamental a adopção de uma 2015, repor a lei da IVG, e aprovar legislação relativa
política que dê resposta aos problemas sociais que à adopção por casais do mesmo sexo. Mas são, hoje,
estão na sua origem. Defendemos o restabelecimento ainda muitos os passos que é preciso dar em questões
do IDT e a reestruturação dos serviços das estruturas de direitos sexuais e reprodutivos.
de Alcoologia. Por fim, o efectivo cumprimento
Relativamente à lei da IVG importa referir que continua
da lei no que concerne à proibição da venda a não existir uma resposta pública em todos os distritos
de bebidas alcoólicas a menores de 18 anos, a e muitas mulheres são encaminhadas para unidades
pessoas notoriamente embriagadas e a pessoas que de saúde privadas, gerando um negócio lucrativo para
apresentem anomalias psíquicas. os privados ao invés do reforço do SNS.

31
Apesar da educação sexual estar consagrada na lei 2.11.1 D
 iscriminação da mulher
há 33 anos, fruto da luta dos estudantes, esta não tem na vida e no trabalho
ainda implementação prática na maioria das escolas,
tendo havido mesmo alguns retrocessos nesta matéria. Apesar das muitas conquistas de Abril no que diz
Urge a criação de condições humanas e materiais respeito à igualdade entre homens e mulheres, são
ainda muitos os passos que é preciso dar para acabar
para a aplicação desta lei, por ser a educação um
com todas as desigualdades e discriminações nesta
elemento indissociável de uma sexualidade informada
matéria.
e responsável e da sua vivência plena por parte das
camadas mais jovens. O desemprego continua a afectar com maior expressão
as mulheres, em particular as jovens, continuando estas
Por uma sexualidade informada, livre, plena e feliz a a auferir salários significativamente mais baixos por
JCP defende o cumprimento efectivo da lei da Educação trabalho igual.
Sexual em todas as escolas públicas, a existência de
Nos locais de trabalho têm sido crescentes as
consultas gratuitas para jovens, nomeadamente de
violações aos direitos de maternidade e paternidade,
planeamento familiar, bem como a distribuição gratuita designadamente quanto aos horários de trabalho, ao
de todos os métodos contraceptivos nas unidades de não pagamento de subsídios por gozo da licença, ao
cuidados de saúde primários, incluindo a contracepção despedimento de grávidas e criação de dificuldades ao
de emergência. acompanhamento dos filhos.

O direito ao trabalho, à independência económica


e realização profissional da mulher são condições
2.11 Igualdade de direitos e luta
indissociáveis para que à igualdade na lei corresponda
contra todas as discriminações a igualdade na vida, bem como para a criação de
condições efectivas da sua participação na vida pública,
Está consagrado na Constituição da República cultural e acção política. De acordo com os dados do
Portuguesa que ”ninguém pode ser privilegiado, Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério
beneficiado, prejudicado, privado de qualquer direito do Trabalho e Solidariedade Social (GEP-MTSS), os
ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, salários médios das mulheres são inferiores em 16,7%
sexo, raça, língua, território de origem, religião, aos dos homens, o que corresponde a menos 61 dias
convicções políticas ou ideológicas, instrução, situação de trabalho remunerado.
económica, condição social ou orientação sexual.” É o agravamento das condições económicas que criam
as condições para a vulnerabilidade das mulheres
Apesar dessa consagração na lei fundamental do
perante a violência laboral, violência doméstica e no
país, persistem em diversos domínios desigualdades e
namoro, tráfico de seres humanos e exploração na
descriminações, que importa combater para assegurar prostituição. Em 2015, 26.700 pessoas foram vítimas
uma efectiva igualdade na lei, no trabalho e na vida. de violência doméstica em Portugal, 86,9% das vítimas
são mulheres; 29 mulheres foram assassinadas. Os
A desigualdade e as discriminações são causadas
dados oficiais comprovam que os maus-tratos físicos
pelo sistema capitalista, que vê nestas questões uma e os maus-tratos psíquicos, tipificados como crimes
oportunidade de aprofundamento da exploração e de de violência doméstica, registam mais de 50% dos
divisão dos trabalhadores na sua luta. registos criminais.

O agravamento das condições de vida e de trabalho, A prostituição é uma das mais antigas formas de
bem como com o ataque contra as funções sociais exploração do ser humano, constituindo-se como um
do Estado, nomeadamente à Educação, fruto de atentado à sua integridade e dignidade e colocando
a instrumentalização da sexualidade ao serviço do
décadas de política de direita, criam as condições para
capital. É um flagelo social que surge de situações de
o agravamento da desigualdade e da discriminação.
pobreza extrema e desespero para que muitos seres
Para a JCP, a luta pela igualdade e contra todas as
humanos são empurrados, e que continua a atingir
formas de discriminação é parte integrante da luta maioritariamente as mulheres. Contrariamente às
pela ruptura com a política de direita e em defesa da tentativas de caracterização da prostituição como uma
Democracia e do progresso social. “opção”, como uma questão de “liberdade individual”,

32
com o objectivo da sua legalização, perpetuação ou 2.11.3 Racismo e xenofobia
naturalização, importa garantir as condições de vida
para que as jovens não se vejam obrigadas a sujeitar-se O racismo e a xenofobia ganham espaço com o
a essa forma brutal de exploração. empobrecimento e o agravamento das condições de vida

A JCP trabalha no sentido do reconhecimento da e de trabalho das populações, e são promovidos pelo
igualdade de direitos na lei e da sua aplicação na vida, sistema com o objectivo de “dividir para reinar”, usando
rejeitando as medidas artificiais de criação de uma os mais variados instrumentos de ofensiva ideológica.
“paridade” ilusória, que visam, por exemplo, impor Combater essas causas profundas é a melhor forma de
quotas na participação de mulheres nas listas eleitorais combater o racismo e a xenofobia.
dos partidos políticos, violando direitos constitucionais
e criando situações de ingerência nas suas questões Num momento em que, por toda a Europa, crescem ideias
internas. e forças políticas assumidamente racistas e xenófobas,
urge cada vez mais afirmar os valores da amizade entre
Rejeitamos também a promoção da ideia de que a
os povos. A exploração mediática da crise dos refugiados
emancipação das mulheres se faz por via do “sucesso
empresarial” e da “ocupação de cargos de decisão”, serve para promover o racismo e a xenofobia, entre
ideias que focam o sucesso individual em vez da luta outros exemplos.
pela emancipação das mulheres, visando dissociá-la
No trabalho e nos mais variados aspectos do quotidiano,
da luta mais geral contra a exploração.
continua a haver descriminação e desigualdades. Apesar
É necessário assegurar a articulação entre a vida de aparentemente não assumir uma expressão tão
familiar, pessoal e profissional, bem como um efectivo organizada como noutros países, o racismo e a xenofobia
plano de combate às discriminações salariais, directas em Portugal manifestam-se de forma menos visível, mas
e indirectas. Defendemos também a criação de um
nem por isso menos perigosa.
plano de combate à exploração na prostituição e o
reforço dos meios materiais e humanos do Observatório
do Tráfico de Seres Humanos.
2.11.4 Imigrantes
As principais causas da imigração são as graves
2.11.2 D
 iscriminação em função
situações económicas e sociais dos países de origem
da orientação sexual
tentando assim os imigrantes fugir à fome, pobreza
Deve ser garantido o respeito pela orientação sexual de e desemprego e procurar melhores condições de
cada pessoa em todos os domínios da vida colectiva. vida. Há hoje uma redução do número de imigrantes
em Portugal devido ao desemprego, à baixa
Nos últimos anos, com o contributo do PCP, tem sido
dos rendimentos e do nível de vida em Portugal,
aprovado um conjunto de legislação que contribui para
combater a discriminação de casais do mesmo sexo, levando os imigrantes a regressar ao seu país ou a
nomeadamente no acesso ao casamento e à adopção. procurar outro.
O PSD e o CDS, quando estavam em maioria na
No entanto as comunidades que cá trabalham,
Assembleia da República, procuraram reverter estes
nomeadamente em sectores como a construção civil,
avanços, tentativas essas entretanto derrotadas,
em face da nova correlação de forças na AR, com o a hotelaria, o comércio, entre outras, sofrem, na sua
contributo do PCP. maioria, um desrespeito em relação aos seus direitos.
Estes são muitas vezes sujeitos a condições de
Apesar dos avanços legislativos, há ainda muito a
trabalho precárias, a grandes níveis de exploração,
fazer para combater a homofobia, as discriminações,
baixos salários, ausência de protecção social, e
as desigualdades na lei, no trabalho e na vida, sendo
necessário continuar a aprofundar o conhecimento alguns casos extremos a escravatura devido à sua
destas questões e agir de forma consequente, como condição de imigrante ilegal. Confrontam-se com
o PCP e a JCP têm feito, para garantir a igualdade de burocracia e entraves na obtenção de vistos, licenças
direitos para todos. e nacionalidade.

33
2.11.5 D
 iscriminação de pessoas agravamento da injustiça fiscal, a coberto da tese de
que só se salvaguardam os recursos naturais com a
com deficiência
sua taxação.
A política de exploração e de empobrecimento realizada
Actualmente, no plano energético, com as sucessivas
por sucessivos governos e em particular pelo anterior
privatizações, houve um aumento generalizado
governo PSD/CDS é responsável pelos profundos
dos custos com consequências negativas para as
retrocessos no acesso da grande maioria das pessoas
condições de vida dos trabalhadores e do povo,
com deficiência a direitos fundamentais no domínio da
assim como para muitas micro, pequenas e médias
saúde, da segurança social, da educação e da cultura,
empresas, prejudicando a nossa economia. Com
aos transportes públicos e à mobilidade, à formação
estas políticas, o país continua a ter uma elevada
profissional e ao emprego de qualidade. Uma política
dependência externa e atrasos na eficiência energética
que fez aumentar as situações de isolamento, de
e na utilização de energias renováveis, apesar de
marginalização social e de pobreza entre as pessoas
desenvolvimentos diversos nesse campo, nos últimos
com deficiência e impediu a sua participação em
anos. Os lucros de empresas como a EDP, a GALP e a
condições de igualdade em todas as esferas da vida
REN servem para aumentar os lucros do capital, cada
em sociedade.
vez mais dominado por grupos estrangeiros, em vez
Os jovens deficientes motores vêem muitas vezes de serem postos ao serviço do país. Ao mesmo tempo,
negadas condições materiais nas escolas adaptadas crescem as iniciativas privadas de prospecção com
à sua condição, constituindo uma limitação à vista à exploração de recursos não-renováveis, como
frequência e sucesso escolar, a que se juntam as o petróleo e o gás natural, numa lógica contrária aos
dificuldades na acessibilidade e mobilidade. Faltam interesses nacionais e às preocupações ambientais,
nas escolas especialistas que possam acompanhar em que a indispensável presença do Estado não
alunos com deficiências cognitivas, sendo necessário é garantida.
mais investimento para uma Escola verdadeiramente
inclusiva. A par da agricultura superintensiva e da destruição
da pequena e média agricultura, por parte dos
grupos económicos ligados aos fitofármacos e da
2.12 Ambiente grande distribuição, os incêndios florestais são outro
problema que põe seriamente em causa o ambiente
A política de ambiente, gestão de recursos naturais e e a vida das populações afectadas por esse flagelo.
ordenamento do território promovida por sucessivos Os sucessivos governos têm tido uma política que não
governos assenta na entrega e submissão aos previne a ocorrência de incêndios, nomeadamente
grupos monopolistas, nomeadamente promovendo pela promoção da eucaliptização da floresta devido
a especulação imobiliária, a exploração turística a interesses de grupos monopolistas ou pela falta de
desenfreada, a privatização da água e de recursos incentivos à limpeza das matas. Além disso, esta política
minerais e energéticos. não assegura o investimento necessário em meios de
combate imediato aos incêndios. As consequências
O Acordo de Paris sobre as Alterações Climáticas, sem
desta política só não vão ainda mais longe devido
prejuízo de conter justas preocupações com a predacção
à dedicação abnegada de milhares de bombeiros
e degradação ambiental, visou essencialmente a
perpetuação e aprofundamento de mecanismos como voluntários, com uma crescente participação de
o Mercado de Carbono que visam mercantilizar o jovens, que combatem as chamas muitas vezes sem
ambiente, transferir os custos e responsabilidades para os meios necessários e com elevado risco.
os povos e aprofundar as desigualdades entre países A Reserva Agrícola Nacional (RAN) e a Reserva
entre países industrializados e em desenvolvimento. Ecológica Nacional (REN) que têm a função de
As várias medidas de privatização da natureza, como proteger zonas com importância ecológica e agrícola
as chamadas “licenças de emissão”, assentam em são sucessivamente destruídas, principalmente devido
campanhas de condicionamento ideológico que têm a interesses imobiliários. Esta situação tem vindo a
sido desenvolvidas a pretexto da protecção ambiental destruir vários ecossistemas, assim como solos com
mas que apenas pretendem legitimar a mercantilização
potencial agrícola, que são ocupados.
do ambiente e apagar responsabilidades do sistema
de produção capitalista na degradação ambiental. A linha de privatização dos recursos naturais assumiu
A chamada Fiscalidade Verde é um mecanismo de uma das suas maiores expressões na mercantilização

34
da água que, no nosso país, conheceu forma com em vez de uma resposta integrada de sensibilização
a aprovação em 2005 da chamada Lei da Água, das populações, reforço de meios e apoios, fiscalização
que trouxe consigo um aumento generalizado dos e medidas preventivas.
custos com o consumo de água. A água é um recurso
natural essencial à vida e é fundamental ao consumo
individual, assim como tem um papel importantíssimo 2.13 Assimetrias regionais
na agricultura, pelo que a sua propriedade e a sua
O aprofundamento das desigualdades em Portugal tem
distribuição devem ser asseguradas pelo Estado,
levado a um despovoamento e desertificação económica,
garantindo o direito ao seu acesso e a sua gestão
de acordo com o interesse público. As descargas social e humana das regiões do interior. Muitos jovens
poluentes verificadas nos diversos rios e praias do país vêem-se forçados a abandonar as suas povoações
são preocupantes e põem em causa o bem-estar das não só para o litoral mas também para as capitais de
populações. A concessão a privados das praias e as distrito devido à falta de mobilidade, falta de emprego,
condicionantes impostas ao seu acesso livre e gratuito à dificuldade de acesso à rede escolar, bem como aos
são também disto exemplo da política de privatização serviços públicos, ao desporto e à cultura.
de territórios os quais devem ser de gestão pública e As políticas dos sucessivos governos ainda agravam
acessíveis a todos. mais esta situação, com o encerramento de escolas,
São muito negativas as medidas tomadas ou em hospitais, centros de saúde, e outros serviços básicos
curso de privatização dos serviços de recolha de para a população. Estas políticas confirmam o abandono
resíduos e do lixo, como foi o caso da Empresa Geral do interior, e sobretudo o agravamento das condições
de Fomento (EGF) as quais para além dos reflexos de vida destas populações, com especial impacto nos
negativos imediatos sobre os trabalhadores levam jovens. Este facto é ainda mais gritante à luz da existência
a que a gestão destes serviços seja feita em função de imensas potencialidades económicas por explorar
de interesses alheios ao interesse nacional e de que, se postos ao serviço do país, poderiam garantir
serviço público. mais desenvolvimento e fixação de população.

Também o Planeamento e Ordenamento do Território A regionalização a criação de melhores condições para a


são um factor decisivo para uma melhor qualidade de capacidade de actuação do Poder Local Democrático, a
vida. Com o seu carácter estratégico proporcionam reabertura de serviços públicos e o investimento no sector
a edificação de novas infra--estruturas de forma produtivo, são essenciais para garantir uma política de
enquadrada, pensadas de acordo com as necessidades promoção do desenvolvimento regional.
das populações, minimizando os impactos nos sistemas
Nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira
envolventes, sejam eles transportes, habitação ou
continuam a carecer as respostas adequadas às
espaços de lazer. É necessário atender à integração
especificidades regionais e às dificuldades resultantes
no quadro das infra-estruturas já existentes.
da insularidade, que a juventude sente com especial
No que diz respeito à defesa do bem estar dos gravidade. Observa-se um grande desinvestimento por
animais importa destacar a evolução verificada ao parte do Estado central, com pesadas responsabilidades
nível legislativo, com medidas positivas aprovadas por por parte da UE, que ainda é mais agravado pelas
iniciativa ou contributo do PCP como são o fim do abate políticas dos sucessivos governos regionais.
sistemático de animais em canis e gatis municipais ou a
Os elevados níveis de desemprego nestas regiões, o
alteração da consideração dos animais como “coisas”
desinvestimento no Ensino Superior que também afectou
no Código Civil, ainda considerando que o combate à
as Universidades dos Açores e da Madeira, pilares da
sobrepopulação de animais deve ser feito por via da
autonomia destas regiões, são problemas profundos
esterilização de forma pública a implementação de
da juventude insular, muitas vezes forçada a migrar
política de sensibilização para questões do bem estar
para o continente ou, no caso dos Açores, das ilhas
dos animais desde o primeiro ciclo do Ensino Básico.
menos populosas para S. Miguel. Para os estudantes
Valorizando estas medidas positivas, não deixamos deslocados, continuam a carecer as respostas ao nível
de registar o aproveitamento populista por parte de de residências, apoios de Acção Social que garantam a
associações e partidos políticos das questões do bem- igualdade entre os estudantes, bem como na insuficiência
estar animal, nomeadamente pela identificação da de apoios às deslocações entre ilhas ou do continente
criminalização como forma de resolver os problemas, para as ilhas.

35
A subida dos preços dos bilhetes de avião, a liberalização vagas sujeita às opções políticas orçamentais, num
do tráfego aéreo e a ausência de uma política que quadro de crescente desinvestimento nesta área,
garanta a mobilidade e o princípio da continuidade reduzindo ainda o tempo de atribuição de 5 para
territorial são factores que fazem incomportáveis as 3 anos.
deslocações, agravados por critérios de gestão da TAP
A JCP defende a revogação do Porta 65 e criação de
e da SATA que as afastam de princípios de serviço
um instrumento de apoio efectivo ao arrendamento por
público e garantia da coesão territorial.
jovens, através da desburocratização das candidaturas
Estas dificuldades reflectem-se necessariamente no e possibilidade de renovação, tendo por base uma
acesso a bens fundamentais como a saúde, a cultura, taxa de esforço máxima de 20% com gastos em
o desporto e o acesso à educação, principalmente arrendamento assumida pelos jovens. Defendemos,
a instituições que tenham sede no continente, já que ainda a criação e definição de um plano público
essa oportunidade está reservada a quem a possa de habitação para jovens, com diversas vertentes,
pagar. Quer o governo central, quer os governos nomeadamente a criação e gestão por parte do Estado
regionais não têm dedicado suficiente investimento de fogos habitacionais especialmente para jovens, com
ao desenvolvimento das regiões autónomas, levando rendas de custos controlado, a intervenção e reparação
a uma profunda dependência regional do mercado de casas devolutas e promoção e desburocratização
turístico, – restauração e hotelaria – onde se emprega do acesso a programas de reabilitação de edifícios
grande parte dos jovens aí residentes, provocando, por degradados e devolutos.
sua vez, um desequilíbrio entre a formação dos jovens
e o trabalho disponível.
2.15 Transportes e mobilidade

2.14 Habitação O direito à mobilidade, essencial a todos cidadãos,


deve ser garantido pelo Estado através de uma rede
A habitação é factor determinante para a emancipação de transportes pública com cobertura a todo o território
e autonomia da juventude, correspondendo a uma nacional, de forma equilibrada, com regularidade,
necessidade básica de sobrevivência e a um factor qualidade e preços socialmente justos. A juventude
de desenvolvimento individual e colectivo, consagrado sente cada vez mais dificuldades no acesso ao direito
na CRP. à mobilidade.

A nova lei do arrendamento – que ficou conhecida Com a privatização dos transportes colectivos é cada
como a Lei dos Despejos – ataca o direito à habitação, vez mais frequente o abandono de rotas com a
subordinando-o à lógica da especulação imobiliária justificação que estas dão um rendimento aquém do
e da concentração da propriedade urbana, ameaça esperado, o que leva à impossibilidade de mobilidade
com o despejo milhares de famílias, associações e dos jovens que vivem em zonas menos povoadas.
colectividades, e micro, pequenas e médias empresas, Além disso, os preços dos bilhetes e passes são cada
bem como o brutal agravamento decidido pelo anterior vez mais incomportáveis. Também nas cidades,
governo do imposto municipal sobre imóveis que suprimem-se carreiras e reduzem-se horários,
constituirá para muitas famílias um novo factor de obstaculizando assim a mobilidade.
incumprimento. É de sublinhar que 4400 famílias foram
Nos transportes ferroviários observamos o abandono
despejadas das suas habitações desde a criação desta
de estações e a falta de resposta às necessidades de
lei de arrendamento.
transporte das populações, a degradação do material
Nos últimos anos agravou-se, nomeadamente Lisboa circulante devido à falta de investimento, ao mesmo
e Porto, a especulação imobiliária nos centros das tempo que os preços aumentam.
cidades, fruto do crescimento desenfreado e sem
Uma agravante dos custos de transportes é a
planeamento do sector do turismo. O aumento dos
multiplicação de diferentes bilhetes e passes consoante
custos do arrendamento tem afastado os jovens dos
o operador, obrigando a que para uma deslocação
centros das cidades, empurrando-os para a periferia.
casa-trabalho ou casa-escola seja necessário pagar
Continua a manifestar-se as consequências negativas vários passes com elevados custos. Nomeadamente
da criação do programa Porta 65, que veio proceder na Área Metropolitana de Lisboa, é necessário aplicar
a uma alteração substancial do acesso ao subsídio, a proposta do PCP de criar um passe único para toda
passando a funcionar por concurso, com limitação de a região. A reposição do passe escolar roubado pelo

36
governo PSD/CDS, ainda que com um desconto menor 2.17 Cultura – criação e fruição
e sem abranger estudantes com idade superior a 23
anos, e que foi conseguida pela luta dos estudantes A política cultural dos sucessivos governos tem
ao longo dos últimos anos, foi um passo importante deixado estagnado o sector da cultura, travando
para garantir aos jovens o direito à mobilidade, sendo o enorme potencial de democratização cultural
possibilitado pela Revolução de Abril. A cultura foi alvo
necessário alargar o seu âmbito e o nível de desconto.
de desresponsabilização e desinvestimento do Estado
Ao nível do transporte rodoviário podemos levantar e o financiamento do Orçamento de Estado continua
vários problemas alarmantes que tornam muito difícil inferior a 1% do PIB. Os apoios diminuíram, pondo
a mobilidade dos jovens tais como a degradação em causa a subsistência de associações, grupos e
companhias do sector. A sua liberdade criadora é
das estradas, os preços absurdos do combustível e
também limitada quando são entidades privadas a
das portagens, a criação de portagens nas SCUTS.
financiar a produção. Os cortes nos apoios às artes
Continua a não haver uma resposta pública de escolas
e os contínuos atrasos nos concursos têm levado ao
de condução, sendo incomportável para muitos jovens
cancelamento de festivais, programação, criação e ao
os elevados custos de tirar a carta (e com preços muito fecho de estruturas e companhias afectas às artes do
díspares consoante a zona do país), o que condiciona espectáculo. Para além de o Estado não cumprir o seu
muito a mobilidade, sobretudo em áreas em que há papel de garantir o acesso à cultura, que não se cinge
elevada carência de transportes públicos. apenas ao financiamento, financia entidades privadas
para assumir, erradamente, este papel.

2.16 E
 migração e jovens Assistimos a um período marcado por uma acentuada
elitização, privatização e mercantilização. A cultura
luso-descendentes é concebida como apenas mais uma área de
actividade económica, centrada em torno do que se
A emigração juvenil tem vindo a aumentar de uma
considera como indústrias culturais, em que a livre e
forma preocupante nos últimos anos. Estes saem à
independente criação é substituída pela resposta da
procura de melhor qualidade de vida e nomeadamente monocultura dominante.
empregos com renumerações mais elevadas. A
emigração foi descaradamente incentivada pelo Os direitos de quem trabalha neste sector,
especialmente dos jovens trabalhadores, são
anterior governo, procurando demonstrar que esta
sucessivamente atacados. A coberto da intermitência
é normal e até moderna, tentando assim não se
própria das artes do espectáculo, caracterizada pela
responsabilizar pelas consequências da sua política.
curta duração dos projectos profissionais e pela
Temos que ter consciência que a cada jovem que emigra sujeição a várias entidades patronais num curto
perdemos força de trabalho muito importante para o período de tempo, a maioria dos trabalhadores deste
sector é sujeita ilegalmente ao regime da prestação
desenvolvimento do nosso país. As consequências
de serviços (falsos recibos verdes). Assim, a juntar à
demográficas, como o envelhecimento populacional,
elevada taxa de desemprego que faz com que muitos
económicas e sociais são muito graves, para além de
jovens não possam trabalhar na sua área, deparamo-
todo o sofrimento pessoal e familiar envolvido.
nos com uma generalizada precariedade.
Outro aspecto a acrescentar é que os emigrantes Por outro lado, com o empobrecimento dos
portugueses não têm muitas vezes qualquer tipo de portugueses, cada vez se torna mais elitizada a fruição
apoio e informação em relação aos seus direitos o que cultural para os jovens. Alguns espectáculos, com o
faz com que se distanciem do nosso país. Este aspecto IVA a 13% (subiu com o governo PSD/CDS) tornam
é notado com o encerramento de consulados em um bilhete incomportável.
diversos países com grande presença de emigrantes
O sistema educativo, em todos seus graus, deve
portugueses. As comunidades portuguesas noutros ser um pilar da política cultural, que contribua para
países não podem ser esquecidas desta maneira pelo a democratização do acesso, da criação e fruição.
governo. São necessárias novas políticas que ajudem A realidade das políticas seguidas pelos sucessivos
estas comunidades e não as faça perder ligações com governos contrariam esta ideia, elitizam acesso e
o nosso país. degradam a qualidade do Ensino para as artes e

37
a cultura, por exemplo não garantindo condições a insuficiência dos professores, a limitação a
materiais e humanas, com escolas degradadas, falta determinados desportos devido à falta de material.
de materiais, instrumentos e os custos dos mesmos Assim, os estudantes vêem-se obrigados a procurar
(com um vergonhoso IVA a 23% que os equipara a fora das escolas, acrescendo os gastos inerentes às
bens de luxo). Os jovens que não conseguem aceder à suas despesas mensais.
reduzida rede de escolas públicas com oferta educativa
ligada ao Ensino de áreas de expressão cultural e Por outro lado, um pouco por todo o país, os clubes
artísticas, são empurrados para escolas privadas, com e associações desportivas, capazes de dar resposta
preços incomportáveis ou para outras soluções que às necessidades da população, deparam-se com
não correspondem às suas aspirações. gravíssimas dificuldades para manter a sua actividade,
chegando mesmo a fechar face à crescente falta de
Muitos monumentos e museus têm preços inacessíveis
à juventude e estão entregues a empresas privadas apoios e ao aumento dos custos e burocracias, a par
como forma de desresponsabilização do Estado, sendo das dificuldades económicas dos agregados familiares
de valorizar o avanço alcançado com a inscrição no e das dificuldades horárias dos praticantes.
OE para 2017 da medida de garantir o acesso gratuito
Assim, ao desporto de alta competição apenas é
ao domingo de manhã, por proposta do PCP.
dado acesso de facto a quem até aqui teve condições
A cultura comporta um potencial e valor insubstituíveis financeiras para suportar a sua prática. Assistimos à
no que diz respeito ao desenvolvimento, libertação e transformação do direito à prática desportiva num bem
emancipação individual, social e nacional. É necessária transacionável no mercado a que tem acesso quem para
uma política de cultura complementada pela sua tal tem rendimentos. Além da exigência de resultados
materialização num serviço público de cultura, com o sem que haja investimento, quer em materiais e infra-
Estado a assumir uma responsabilidade determinante, estruturas, quer nos próprios atletas, há um descarado
nomeadamente no financiamento, constituindo um
aproveitamento político dos resultados obtidos a nível
garante de liberdade de criação artística e da sua
internacional visando iludir a situação de atraso a que
fruição, garantindo igualdade de oportunidade e de
a política de direita conduziu o desporto nacional.
acesso a todos os jovens.
O pouco investimento que é feito beneficia
algumas modalidades em detrimento de outras,
2.18 Desporto e actividade física
não acompanhando a evolução verificada com o
A prática do desporto é uma componente essencial à aparecimento de novas modalidades. A larga maioria
formação do indivíduo e deve ser apoiada e estimulada dos apoios são remetidos ao futebol, podendo outras
pelo Estado. Em vez disso os últimos governos têm modalidades não ter qualquer tipo de apoio, tendo
olhado para o desporto como uma fonte de despesa os seus atletas que financiar do seu bolso a sua
e por isso o investimento é o menor possível fazendo participação em competições internacionais.
com que a sua prática seja muitas vezes deixada para
quem tem possibilidades financeiras Verificamos ainda discriminações brutais no desporto
feminino nas diversas modalidades e aos mais
A disciplina de Educação Física, essencial não só para diversos níveis, demonstrando a visão redutora e
a garantia de uma actividade sem custos, mas também retrógrada do que é e pode ser a intervenção da mulher
para despertar o interesse pelo desporto, viu a sua no desporto nacional.
carga horária reduzida, assim como a sua relevância
na formação académica, nos anos da governação PSD/ É necessária uma outra política para o desporto:
CDS tendo, no caso do Ensino Secundário, voltado pela sua capacidade mobilizadora dos cidadãos e
a não contar para a média. Existem escolas sem da cidadania, e motor de participação popular; pelo
pavilhão gimnodesportivo obrigando os estudantes a seu papel estruturante de sociabilidade humana,
deslocarem-se para fora da escola para espaços onde de integração social, de formação de elevados
possam praticar a sua actividade física. valores e comportamentos éticos e cívicos; pela sua
Para além disso, o desporto escolar cujo objectivo inestimável e possível função pedagógica; pelas suas
é incentivar e proporcionar uma prática pré- potencialidades de resposta a terríveis flagelos das
federativa, foi sendo paulatinamente desmantelado: sociedades actuais, como a droga, a exclusão social,
a indisponibilidade de horários e espaços físicos, o racismo, a violência.

38
2.19 Liberdade trabalho a democracia não entra e cultiva-se o medo
através da repressão, do assédio moral, perseguição
e direitos democráticos
e ameaça por parte do patronato. Ataca-se o direito
Desde 2014 continuou a ofensiva contra o regime à sindicalização, à realização de plenários, à entrada
democrático, prosseguida há décadas pela política dos sindicatos nas empresas ou o direito à greve.
de direita, tendo-se aprofundado medidas e acções
Deve salientar-se a preocupante «Lei dos graffiti», que
tendentes à sua descaracterização com o governo PSD/
sob o pretexto da necessidade de “cidades mais limpas”
CDS, em confronto com a Constituição da República
desta arte, visa condicionar a liberdade de propaganda
Portuguesa (CRP). Em nome dos compromissos
política, sob a imposição de aprovação para a colagem
assumidos no Pacto de Agressão e do cumprimento
de cartazes ou pintura de murais. Merece destaque
dos critérios da União Europeia e da União Económica
neste âmbito a declaração de inconstitucionalidade
e Monetária, procurou justificar-se a suspensão da
por parte do Tribunal Constitucional do regulamento de
CRP, o desrespeito por direitos fundamentais e a
propaganda da Câmara Municipal do Porto.
imposição de um estado de excepção não declarado,
apresentando o texto constitucional como causa dos Pela intimidação pretende-se, sem sucesso, vergar
problemas nacionais e um obstáculo às designadas quem age e luta. No entanto, estes exemplos só
«reformas estruturais», verdadeiros projectos de demonstram a justeza das lutas e das reivindicações da
exploração, empobrecimento e declínio nacional. juventude, dos trabalhadores e do povo e determinam
Deram-se passos na limitação do poder de decisão do mais confiança para acções futuras. A liberdade
povo português quanto ao seu destino, enfraquecendo e a democracia são aspectos que estão em todos
a nossa soberania e a independência nacional, através os sectores da sociedade e são indissociáveis das
da submissão e amarramento a constrangimentos opções políticas para cada um deles. O exercício dos
externos por parte do anterior e actual governo. direitos é a única garantia da sua defesa e conquista.
Em várias dimensões da vida da juventude continuam A luta travada pela juventude e pelo povo português é
e multiplicam-se ataques à liberdade e direitos um aspecto central da vida democrática do nosso país,
democráticos com a repressão ilegal sobre o exercício não apenas pelos direitos em concreto que visam, mas
de direitos políticos de liberdade de expressão, reunião, sobretudo porque a participação política, assuma que
associação, manifestação, sindical ou de propaganda. expressão assumir, é o vértice central de qualquer
sociedade para que ela se considere democrática.
Disso são exemplo os casos que se multiplicam de
tentativas de impedimento, detenções ilegais ou
identificação sobre jovens que se exercem o seu direito 2.20 A ofensiva ideológica
de propaganda, seja na pintura de murais, colagens de
cartazes ou distribuição de propaganda em escolas, Para melhor conseguir atingir os seus objectivos de
locais de trabalho, locais de concentração juvenil ou exploração e dominação, o imperialismo utiliza uma
nas ruas. Neste âmbito constituem alvo preferencial os brutal ofensiva ideológica, tendo ao seu dispor meios
jovens comunistas e a JCP que vêem a sua actividade colossais como os principais meios de comunicação
condicionada por estes ataques. Importa sublinhar que social, o sistema educativo, a instrumentalização da
tais ataques não diminuem nem abrandam a dinâmica arte e da ciência, entre outros referidos anteriormente.
da JCP, sendo relevante que sempre que enfrentou A juventude é alvo preferencial desta ofensiva,
processos judiciais foi-lhe dada a razão. começando logo na infância. Assume particular impacto
pela abrangência a rede mundial de multinacionais da
Em várias áreas atacam-se e reprimem-se os jovens comunicação, cuja propriedade está cada vez mais
que se organizam e protestam para lutar pelos seus concentrada e centralizada em grandes oligopólios
direitos. Nas escolas permanece a política de ataque da «informação».
à participação dos estudantes na determinação da
política educativa nacional e da gestão das escolas nos Nas sociedades capitalistas, no período em que o
seus vários espaços, cada vez menos democráticos, jovem forma a sua personalidade, o sistema procura
chegando mesmo a criar-se entraves à constituição incutir através dos conteúdos ensinados na escola, da
e actividade das AAEE, impedindo os estudantes de publicidade, da televisão, dos livros, dos videojogos,
comandarem autonomamente os seus processos dos filmes, de alguns ensinamentos religiosos, e de
eleitorais e obstaculizando a realização de Reuniões todas as formas possíveis, tais valores perversos,
Gerais de Alunos. Em muitas empresas e locais de procurando que se associe o valor do ser humano às

39
suas posses, aos seus hábitos de consumo, à sua ―― 
Promove-se conceitos como o “empreendedo-
posição nas relações de produção. Veja-se que: rismo”, fazendo crer que com apenas boas
ideias, boa iniciativa pessoal e perseverança,
―― Com a expansão da utilização das redes sociais
é possível aos jovens terem vidas de sucesso
informáticas, procura-se afastar os indivíduos da
empresarial. Fala-se de “meritocracia”, como
interacção humana, tornando os seres humanos
se as condições económicas de cada um
cada vez mais dependentes de tecnologias
estivessem apenas dependentes do seu mérito
para o estabelecimento de relações afectivas e
pessoal, valorizando os ricos e censurando
para a organização colectiva. Através de tudo
os pobres;
isto, os jovens são doutrinados a pensar que a
luta de classes é algo que já não existe e que a ―― Nesta ofensiva procura-se apagar da história as
revindicação e defesa dos seus direitos é algo que grandes lutas protagonizadas pela humanidade
não lhes cabe; pela sua emancipação, como se o capitalismo
sempre tivesse existido e sempre fosse
―― No nosso sistema de Ensino, promovem-se valores
existir, e não fosse uma fase na evolução da
individualistas e de competição individual através
sociedade, com particular incidência para o
da sua elitização, da avaliação da aprendizagem em
apagamento das grandes vitórias alcançadas
momentos pontuais como os Exames Nacionais,
pelos trabalhadores e pelos povos no século XX,
dos “rankings de escolas”, do sistema de vagas no
nomeadamente na construção de sociedades
Ensino Superior e da numerus clausus. Tudo isto
socialistas, que pela primeira vez abriram caminho
sob a falsa capa da “excelência” e do “rigor”. Ao
a uma sociedade sem exploração. O apagamento
mesmo tempo as escolas servem muitas vezes para
de tais vitórias serve para justificar a ideologia da
veicular valores da ideologia dominante, reproduzir
inevitabilidade do capitalismo e da exploração. Em
e perpetuar as desigualdades da sociedade,
cada país capitalista apaga-se também da história
formatar a consciência social e política dos jovens,
o papel do movimento operário, do movimento
promover o conformismo e o pensamento acrítico,
comunista, do movimento estudantil, da luta
servindo ainda para a reescrita da história através
dos trabalhadores, dos povos e da juventude
dos conteúdos dos manuais escolares, como por
na conquista de direitos sociais, na resistência
exemplo o branqueamento o fascismo em Portugal;
às ofensivas do capital, no derrube de ditaduras
―― 
No mundo do trabalho e através das relações fascistas;
de produção e exploração procura-se diminuir a
―― 
Tenta-se ocultar a natureza do capitalismo e a
consciência de classe dos trabalhadores através
alternativa de emancipação social que representam
inúmeras estratégias. Por exemplo procurando
o ideal e projecto comunistas. Nos manuais e
retirar a identidade operária, designam-se os
conteúdos escolares faz-se uma gigantesca
trabalhadores como “colaboradores”, como se os
campanha anti-comunista, através do revisionismo
interesses entre patronato e os trabalhadores não
histórico, do branqueamento do fascismo e
fossem antagónicos, promovendo a colaboração de
da fraudulenta e obscena equiparação entre
classes, como se já não houvesse luta de classes,
fascismo e comunismo. Neste plano inserem-se
afirmando a organização sindical como um entrave
as linhas ataque ao PCP e à JCP procurando
ao desenvolvimento de cada “colaborador” e
silenciar, caricaturar, manipular ou distorcer sua
da produção;
actividade, mensagem e propostas; atacando o seu
―― Promove-se a precariedade do trabalho como se funcionamento democrático; a sistemática previsão
fosse uma nova e exaltante forma de levar a vida, do seu desaparecimento ou redução de dimensão
com a promoção de ideias como a da “flexigurança”, e influência; as estratégias de desestabilização a
do “fim do emprego para a vida”, do suposto partir do exterior ou a limitação da sua actividade
“regresso permanente à escola”, responsabilizando e ingerência em assuntos internos de que são
assim os trabalhadores pela sua formação exemplos os entraves à propaganda ou a lei dos
profissional (e retirando essa responsabilidade às partidos e das suas contas. Para estes objectivos
empresas), destruindo a estabilidade laboral no têm sido ferramentas fundamentais a comunicação
sentido de que cada um seja responsável pela sua social dominante, algumas forças e movimentos
protecção social em situações de desemprego, políticos ou a aprovação de leis por sucessivos
doença, gravidez e velhice; governos;

40
―― 
Desenvolve-se ainda a crítica à política, aos “desactualizadas”, “esquemáticas”, “pouco
partidos e aos políticos, insistindo, ao mesmo atractivas” e “dominadas por partidos”. Muitos
tempo, na ideia de que «políticos e partidos são destes movimentos ditos inorgânicos tiveram
todos iguais», tentando justificar a impossibilidade apenas expressão de massas porque lhes foi
de alternativa política, promovendo a teoria das dada uma visibilidade mediática incomparável
“inevitabilidades”, da desistência e atitudes de com as parcas referências a outras manifestações,
afastamento e rejeição da participação cívica e e apenas quando suportadas por esta “bolha”
política; escondendo a promiscuidade entre poder mediática tiveram sucesso, mas sem qualquer
político e poder económico, procurando banalizar a continuidade consequente. Quando tais movimentos
corrupção, apresentando-a como fenómeno natural interessaram ao capital para descredibilizar a luta
inerente à condição humana e à imutável ordem organizada e consequente, foram suportados
social, ao mesmo tempo que se instrumentaliza pelos grandes meios de comunicação; quando tais
concepções reaccionárias e antidemocráticas; mobilizações deixaram de interessar ao capital
(em alguns casos porque representaram genuínas
―― 
Procura-se reabilitar a social-democracia como
expressões de descontentamento e de luta de
suposta alternativa, apesar do seu compromisso
massas que poderiam pôr em causa o sistema),
cada vez mais evidente com o grande capital e
simplesmente deixaram de ter visibilidade e não
com o imperialismo. Enaltecem-se sentimentos
tiveram adesão, servindo até para a comunicação
nacionalistas, populistas, racistas e xenófobos,
social concluir cinicamente que o descontentamento
procura-se encaminhar o justo descontentamento
estava a esmorecer;
da juventude para tais sentimentos, ou para o
conformismo, ou para falsas alternativas que não ―― Regista-se também um grande enfoque mediático
põem em causa o sistema capitalista; em situações de violência que se desencadeiam
em acções chamadas “inorgânicas” e não só,
―― O sistema cria também válvulas de escape para o
promovidas por grupos inexpressivos mais
descontentamento e para as genuínas aspirações
identificados com a violência inconsequente do que
de transformação social sentidas pelos povos
com a luta dos povos, muitas vezes contando com
e pela juventude. Fá-lo enaltecendo a “função
agentes infiltrados para justificar essas situações e
social das empresas”, a “responsabilidade de
assim ocupar espaço mediático;
cada um para mudar o seu mundo”, restringindo
as formas de intervenção na sociedade às opções ―― 
Na tentativa de condicionamento do movimento
individuais de consumo, à reciclagem, à caridade juvenil, o grande capital e os governos ao seu
como solução para a pobreza visando apenas serviço criam fóruns internacionais e regionais que
mitigar a miséria com vista a estancar a revolta. pela sua composição, funcionamento e conteúdo
Tais mecanismos procuram desresponsabilizar os não são mais do que uma forma de legitimação
Estados pelo seu papel de garantia das condições das políticas capitalistas. Exemplo disto são linhas
de vida da população, produzir avultados lucros levadas a cabo pela UE – de que é exemplo mais
para as grandes multinacionais da caridade, significativo o Fórum Europeu de Juventude –, que
escoar excedentes de produção e testar produtos têm expressão no nosso país;
nos países mais pobres, perpetuar a situação de
pobreza e dependência da caridade. Também as ―― Com o agudizar da crise e a intervenção externa
lógicas caritativas têm sido promovidas de forma em vários países pela UE, FMI e BCE, procurou-se
mais agressiva pelas grandes instituições do projectar a ideia que os povos dos países do
imperialismo, pela comunicação social dominante, sul da Europa são os culpados pela crise que o
pelo Ensino e por muitos dos sectores mais capitalismo atravessa, argumentando que estes
reaccionários da sociedade, com especial destaque são preguiçosos e laxistas. A sigla “PIGS” para
para organizações ligadas ao alto clero; agrupar Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha é mais
do que uma simples coincidência linguística, antes
―― Outra válvula de escape do sistema é o grande
traduz a procura de dividir os povos da Europa,
ênfase dado a movimentos ditos inorgânicos, que
atacando assim os direitos não apenas de uns ou
segundo os grandes meios de comunicação social
outros, mas de todos;
e as tendências académicas dominantes, estariam
a substituir a luta organizada dos trabalhadores, do ―― O imperialismo utiliza múltiplos recursos e meios
povo e da juventude, estas últimas consideradas colossais, aplicando em cada país os mais ardilosos

41
planos para impor a sua dominação, adaptando-se ―― 
Taxar as grandes fortunas e os grandes grupos
aos diferentes contextos. Todas estas ofensivas económicos;
demonstram também que o imperialismo está
ciente do grande poder transformador da luta ―― Aumentar o Salário Mínimo Nacional de modo a dar
dos trabalhadores e dos povos, das grandes dignidade de vida aos trabalhadores e estimular a
potencialidades revolucionárias da juventude, e economia;
por isso precisa de recorrer à ofensiva ideológica.
―― 
Cumprir com a Constituição da República
Com o desenvolvimento da luta, com o alcance
Portuguesa e impedir revisões que a desvirtuem e
de vitórias das mais pequenas às maiores, com a
alteração da correlação de forças em cada país e dêem espaço a diversas interpretações;
a nível mundial, com o estreitamento da base de ―― Garantir uma Educação realmente Pública Gratuita
apoio do capitalismo, com a consciencialização dos
Democrática e de Qualidade sem barreiras
trabalhadores, do povo e da juventude, estaremos
económicas ou sociais.
a contribuir para contrariar a ofensiva ideológica.
―― Reforçar a ASE de modo a suprir as condicionantes
sócio-económicas e promover o sucesso escolar;
2.21 C
 onquistar o presente,
construir o futuro – ―― Defender o Ensino Profissional de modo a evitar a
A alternativa necessária! triagem social canalizada para este tipo de Ensino e
a formação de mão-de-obra barata para o mercado
A juventude precisa de uma resposta concreta e de trabalho;
urgente aos seus anseios. Tal resposta só pode ser
dada com a mobilização dos jovens em torno dos ―― 
Aumentar o investimento Publico do Estado
seus problemas – confirmando assim a extrema atendendo à mão-de-obra nacional de modo a
importância do papel da JCP no seio da juventude – e valorizá-la e impedir o desemprego;
com a perpetuação dos ideais e conquistas de Abril
―― 
Combater a precariedade por um trabalho com
espelhados numa política patriótica e de esquerda que
direitos e direito ao trabalho com vínculo contratual
garanta um futuro a todos.
efectivo;
Para se acabar com a alternância da política de direita
é necessário intensificar a luta da juventude lado-a- ―― Efetivar a contratação colectiva;
lado com os trabalhadores e o povo, pois foi assim que ―― Garantir um SNS realmente público, gratuito e de
alcançámos vitórias no passado. Cabe à JCP o papel
qualidade que seja eficaz e vá ao encontro das
de Organização Revolucionária da Juventude e como
necessidades do povo;
tal vincar a suas posições perante o que vai contra os
interesses dos jovens com medidas urgentes para o ―― Garantir o direito à habitação para os jovens, com
desenvolvimento nacional: casa digna e custo acessíveis;
―― Recusar os constrangimentos tanto externos como ―― Desenvolver uma política cultural e desportiva que
internos a nível político, económico e financeiro; garanta os necessários meios ao movimento juvenil
―― Renegociar todos os montantes da divida pública e aos jovens portugueses para acesso, fruição e
(legítima) nos seus juros prazos e montantes de produção cultural e desportiva;
modo a recusar a política de saque para com os
―― Garantir o acesso à mobilidade em todo o território
trabalhadores e o povo;
nacional suprindo as lacunas que existem e
―― 
Nacionalizar os sectores estratégicos do Estado praticando preços justos;
de modo a garantir os serviços públicos e a função
social que o Estado deve ter com estes; ―― 
Combater as assimetrias regionais, alterando a
disposição da concentração populacional, criando
―― 
Ir contra a estratégia europeia e apostar nos emprego e revitalizando serviços públicos;
sectores primários e secundários de modo a ter a
matéria e a transformação desta e tornar o nosso ―― 
Seguir uma política ambiental que preserve os
país independente de terceiros e da sazonalidade ecossistemas, algo que apenas um controlo público
da prestação de serviços terciários; pode garantir;

42
―― Salvaguardar os apoios necessários aos emigrantes
e jovens luso-descendentes, permitindo-lhes
3. NAS NOSSAS MÃOS
contacto com o país, formas de organização própria OS DESTINOS DAS
e, sempre que o desejem, o regresso a Portugal;

―― Acabar com os impedimentos de diversa natureza


NOSSAS VIDAS,
à actividade associativa e política, promovendo a É PELA LUTA QUE
LÁ VAMOS!
participação juvenil através de todas as expressões;

―― Lutar pela dissolução da NATO.

A JCP e o PCP apresentam assim uma alternativa clara


3.1. Movimento juvenil
ao presente sistema que actualmente vigora, com a
A juventude, com características e composição
consciência dos problemas estruturais resultantes
heterogénea e em constante mutação, com
deste, e que tem como causa os sucessivos anos de
criatividade, alegria e confiança e incorporando valores
políticas de direita. Esta visão que a JCP garante, é a
de solidariedade, entrega, capacidade de organização
visão da conquista do futuro conquistando o presente,
e participação, luta pela resolução dos seus problemas
lado a lado com as várias camadas da sociedade,
concretos e pela concretização dos seus sonhos e
na luta organizada por uma democracia avançada. É
aspirações. Esta organiza-se, naturalmente, em torno
a visão da ruptura aliada aos ideais de Abril, que se
dos seus direitos, aspirações e interesses. Ciente do
deve edificar.
potencial revolucionário da juventude, o capital não
olha a meios para a tentar refrear e desviar da sua luta
consequente, seja pelo fomento de falsas soluções,
ou pelo desvirtuar dos seus sentimentos ou pela
instrumentalização do movimento juvenil.

A participação juvenil é heterogénea e assume,


por vezes, formas contrárias às necessidades
progressistas do desenvolvimento social. A larga
presença de jovens em iniciativas assistencialistas e
em programas de voluntariado, em diversas acções
de luta, nomeadamente, em defesa dos direitos
dos animais, em torno das questões do ambiente,
é expressão da disponibilidade da juventude para
se organizar e intervir, ainda que, por vezes, não se
traduzam em avanços na consagração dos seus
direitos e anseios.

Os jovens têm-se mobilizado em torno dos mais


variados interesses, gostos, anseios e direitos,
fazendo da juventude uma importante força social
com capacidade de luta, participação e acção política
e potencial transformador. É através da sua força e
capacidade de se organização e luta consequente
que a juventude resiste às políticas de direita, alcança
novos e importantes direitos e faz recuar vários
ataques a conquistas históricas do povo português.
Nos últimos três anos a juventude dinamizou inúmeras
e diversificadas lutas, marcando também presença na
linha da frente em numerosas lutas de várias camadas
e sectores. Desta forma, a juventude assumiu um papel
determinante na derrota do Governo PSD/CDS-PP.

Nos últimos três anos, várias dezenas de milhares


de estudantes organizaram-se e lutaram nas suas

43
escolas e nas ruas, reivindicando e defendendo a 3.1.1 Movimento estudantil do
escola de Abril - pública, gratuita, de qualidade e
Ensino Básico e Secundário
democrática para todos. Pelo direito a estudar, contra o
abandono escolar; pela gratuitidade, contra os elevados O movimento estudantil do ensino básico e secundário
custos de frequência; por mais e melhor acção social assume uma expressão diversificada e muito
escolar; por mais condições materiais e humanas significativa nas escolas. Dos grupos de teatro ao
nas escolas, contra os cortes no financiamento; desporto escolar, passando pelas rádios, jornais e
contra a desresponsabilização do Estado e os vários outros tipos de clubes, pelas comissões de festas
caminhos encetados de privatização da educação; pela e finalistas, grupos informais, listas e associações,
democracia nas escolas, exigindo a participação dos os estudantes organizam-se de forma muito rica em
estudantes na gestão das escolas e a autonomia do torno dos seus interesses e das suas aspirações. A
movimento associativo estudantil. variedade e peso destas formas de organização é em
si um contributo decisivo para o desenvolvimento de
País fora, nas empresas e locais de trabalho e nas ruas,
um espírito de interesse, participação, discussão e
os jovens trabalhadores lutaram pelo direito ao trabalho
aprendizagem de trabalho colectivo que precisa de ser
com direitos, contra a exploração e o desemprego, pela
valorizada e promovida, sendo por si só muitas vezes
estabilidade e contra a precariedade no trabalho, pelo
uma forma de resistir às limitações à participação e às
aumento salarial, contra a emigração forçada e pelo
opções políticas que visam desmobilizar os estudantes.
direito a ser feliz no seu país. Destaca-se o papel da
juventude no movimento sindical unitário de classe Muitas destas formas de participação viram-se
e nas várias acções de luta organizadas pela CGTP- diminuídas, a partir das crescentes dificuldades
IN, destacando-se as manifestações e acções contra de participação dos estudantes. As tentativas de
a precariedade, onde a Interjovem/CGTP-IN teve um silenciamento do Movimento Juvenil a par das
papel fundamental. É de destacar a luta sob o lema dificuldades económicas, ataque à escola pública e
«Juventude em Marcha – Trabalho com Direitos! Contra ofensiva ideológica representam os principais entraves
a precariedade e a exploração!», que durante uma à participação dos estudantes.
semana teve acções em locais de trabalho de várias
regiões do país e que culminou no dia 28 Março, em As dificuldades sócio-económicas criam ou agravam
Lisboa, numa grande manifestação nacional. obstáculos à participação, cada vez mais estudantes
necessitam de trabalhar para suportar os custos dos
Desde o último Congresso, as comemorações e estudos e ajudar a fazer face aos encargos familiares.
manifestações do 1.º de Maio e do 25 de Abril contaram
com a participação de milhares de jovens portugueses, Também a degradação da qualidade e condições do
destacando-se a participação de largas centenas de ensino contribui para este fenómeno uma vez que os
jovens trabalhadores. estudantes se vêem obrigados a ocupar o seu tempo
com explicações, que são um acréscimo de despesas
O movimento juvenil é composto por várias expressões económicas e de tempo que, sendo complementares
e formas de organização da juventude. Reflexo da sua revelam a insuficiência das aulas que, entre outros
capacidade, entrega e criatividade é o desenvolvimento motivos, tem na sua origem o aumento do número de
de associações juvenis, que crescem a partir da alunos por turma. A diminuição do número de professores
necessidade dos jovens se organizarem, participarem e do financiamento, conducente à redução significativa
e intervirem em torno de diferentes interesses, gostos das actividades extracurriculares, agrava ainda mais
e vontades. Por todo o país, a juventude organiza-se esta situação.
também em associações, colectividades ou em grupos
A par disto, o cultivo do medo, a repressão e a ofensiva
informais, onde desenvolvem iniciativas em torno das
ideológica, dentro e fora das escolas, visam paralisar
mais diversas áreas da cultura, do desporto e de lazer,
a acção dos estudantes. Nas figuras dos directores e
entre muitas outras, num património rico intimamente
forças policiais, instrumentalizados para intimidar, os
ligado à realidade do nosso país.
estudantes encontram os principais entraves à sua
O movimento juvenil português tem encontrado diversas organização – desde a proibição da realização de
formas de se organizar e lutar para dar resposta às suas RGA’s e de afixação e distribuição de propaganda
aspirações e interesses, organizando-se nos meios onde política ao impedimento de acções de luta, são
actua, constituindo um amplo universo de realidades inúmeras as formas nas quais estes se traduzem. Toda
que importa conhecer, influenciar e organizar. esta acção é concertada em volta de um Estatuto do

44
Aluno e dos regulamentos das escolas que, ao invés as suas características, a autonomia dos processos
de servirem e defenderem os estudantes e as suas eleitorais e do seu funcionamento, ligado aos
liberdades democráticas, funcionam como um código estudantes e à sua participação, com uma intervenção
penal profundamente anti-democrático. política e reivindicativa é uma batalha prioritária na em
defesa dos direitos dos estudantes, da participação
democrática e na defesa da Escola e valores de Abril.
3.1.1.1 C
 aracterização do
movimento associativo
3.1.1.2 Resistência e luta
A tentativa de desvirtuação do papel reivindicativo das
AAEE, relegadas a meras comissões de finalistas, Apesar da acutilante ofensiva ideológica e aos
reflecte, simultaneamente, as opções da política de direitos, a resistência e luta dos estudantes desde o
direita e os interesses privados em lucrar com os último Congresso manteve-se e em alguns casos
estudantes. A participação de empresas privadas intensificou-se, sendo de valorizar a multiplicação das
nas campanhas conduz ao privilegiar da promoção acções escola à escola, onde os estudantes assumem
de viagens e bailes de finalistas em detrimento da de forma corajosa a luta a partir e junto à sua própria
representação dos estudantes, a qual deveria ser o escola sem desarmar, sendo mais significativas pelo
seu papel essencial, assim como muitas campanhas quadro em que se desenvolvem.
são na prática festas onde a oferta de brindes é o
garante das votações ao invés dos programas das Também neste sentido a realização de Reuniões
listas. É assim que, juntos, governos, empresas e Gerais de Alunos multiplicou-se de forma positiva,
jovens comprometidos com a política de direita, cujo onde o contributo dos jovens comunistas foi como
principal objectivo é destruir a luta organizada dos sempre inestimável, tendo sido uma batalha de toda a
estudantes, garantem o afastamento dos estudantes organização e obtendo importantes vitórias inestimáveis
da participação democrática na gestão das escolas. para a luta e para a conquista de democracia nas
escolas. Os direitos defendem-se exercendo-os e
É de referir, também, a ingerência das direcções destacam-se várias destas batalhas, como na Escola
das escolas no funcionamento das AAEE, realidade Secundária Alves Redol, em Vila Franca de Xira, onde
presente desde os processos eleitorais. Para além os estudantes apesar das proibições de realização da
de condicionados em tempo e formato, os estudantes RGA, a partir da direcção mais também da entrada de
vêem, muito de acordo com o estipulado no Estatuto do forças policiais na escola, resistiram e continuaram a
Aluno e dos regulamentos que lhe sucedem, limitada a reunião, realizando outras e saindo vitoriosos na sua
sua participação quando confrontados com processos batalha. Revela-se, portanto, mais importante ainda a
disciplinares, alguns desencadeados pela resistência realização de RGA’s, reuniões nas quais os estudantes
a estas ingerências. criam, juntos, um importante espaço de discussão, um
São também recorrentes as formas de usar delegados espaço no qual o exercício dos seus direitos é, em si,
e sub delegados de turma para subverter o papel uma defesa da democracia.
do MAE, o seu funcionamento e representação
Ainda de salientar os dias de acções convergentes
dos estudantes.
que em cada período no ano lectivo, ainda que com
Também no Conselho Geral, órgão de direcção da escola, principal destaque para as acções que assinalam o
os estudantes vêem a sua participação muito limitada – 24 de Março, Dia do Estudante, uniram milhares de
estes são dos que têm a menor representação neste estudantes ao longo dos anos em muitas escolas de
órgão e a quem, consequentemente, menos voz é dada norte a sul do país às ilhas. Neste sentido os estudantes
na tomada de decisões relativamente às diferentes dinamizaram centenas de acções por melhores
questões da escola. condições materiais e humanas, pelo direito ao passe
escolar e aos transportes, contra os exames nacionais
Assim, e com vista a combater a repressão e o e pela valorização da avaliação contínua, pela defesa
medo incutido nos estudantes, revelam-se da maior da escola pública, gratuita e de qualidade, contra
importância a informação e a consciencialização as pressões e atropelos ao movimento associativo
dos mesmos para que, dotados das ferramentas
estudantil e a luta estudantil.
necessárias, estes possam travar e intensificar
a sua luta pela defesa do movimento associativo O refluxo que o movimento associativo estudantil do
democrático, de massas e reivindicativo. Defender básico e secundário tem sofrido nos últimos anos é

45
reflexo do investimento dos sucessivos governos da Entre os entraves à participação dos estudantes na vida
política de direita e dos seus executores, que incentivam académica, destacam-se os de raíz sócio-económica,
a sua instrumentalização e descaracterização, mas que limitam o tempo disponível para o envolvimento na
não significa o seu fim, antes pelo contrário, significa vida escolar e académica, assim como a aumento de
uma intensificação da necessidade dos estudantes estudantes que se vêm obrigados trabalhar para fazer
se organizarem, em unidade, por objectivos justos face aos elevados custos de frequência ao Ensino
e concretos, para assim melhor defenderem o Superior, seja nos serviços das Instituições, em troca
movimento associativo e o grande património que a de senhas de refeição e descontos nas propinas, sem
luta dos estudantes nos deixou. Para que a sua força contrato ou direitos, assim como muitos em serviços
possa aumentar, é imperativo que aumente, entre e comércio do sector privado, sem contrato para não
si, o conhecimento dos seus direitos. De facto, só perderem a bolsa de estudo. Esta situação para além
conscientes daquela que é a Escola de Abril, veiculada de demonstrar as dificuldades e injustiça a que muitos
na Constituição, os estudantes serão capazes de, estudantes estão sujeitos é um entrave objectivo
ao olhar para as suas escolas, reconhecer os seus de tempo e disponibilidade para a participação
problemas como um ataque aos seus direitos. destes estudantes.
Só conscientes das suas liberdades e direitos
democráticos os estudantes, seguros e confiantes, Ainda o processo de Bolonha implicou um aumento
engrossam o caudal da luta, as suas vitórias e a da carga horária, ajudou a generalizar um regime de
sua unidade contribuindo mais para a construção de faltas rígido e ainda um grande aumento do tempo
uma alternativa. para estudo e trabalho escolar. Também a ofensiva
ideológica a que os estudantes estão sujeitos com
iniciativas de promoção do empreendedorismo (feiras,
3.1.2 M
 ovimento estudantil debates, gabinetes de AAEE) como solução para os
do Ensino Superior problemas do desemprego juvenil e, ainda, iniciativas
assistencialistas em torno de campanhas de caridade
O Movimento Estudantil do Ensino Superior é uma (sorteios de pagamento de propinas, praxes solidárias,
importante força do movimento juvenil com uma forte etc), que sendo promovidas pela política de direita são
expressão de massas, apesar das imensas barreiras hoje usadas como objectivo de organização de alguns
que impedem o acesso e a frequência dos jovens ao estudante. O objectivo desta linha ideológica, além de
Ensino Superior. Compreender o movimento estudantil escamotear as causas dos problemas, promover os
não se resume à caracterização das Associações de interesses do capital, é de atrasar ou limitar a tomada
Estudantes. A realidade do movimento estudantil é de consciência política e social dos estudantes.
de uma grande diversidade, onde centenas de milhar
de estudantes se envolvem em diversas formas de
participação e associação no mundo académico. 3.1.2.1 Caracterização e papel
Esta realidade assume particular importância pois do movimento associativo
representa uma forma de resistência às barreiras
económicas e valores que têm também enraizamento Os grupos de teatro, os núcleos de curso ou
nas e a partir das Instituições de Ensino Superior (IES), departamento, as tunas, as rádios, as equipas
potenciando a autonomia de organização, a fruição e desportivas e muito mais. Estes podem ter um papel
criação cultural, a aprendizagem do trabalho colectivo, mais ligado às Associações de Estudantes, sendo
e valorizando a criação de condições por parte dos por isso mais formais, transformando-se em núcleos
próprios estudantes para a participação política e ou secções da mesma, beneficiando de apoios e
para a formação integral do individuo. Formas que de representação de um número mais alargado de
em torno dos interesses dos estudantes assumem estudantes, potenciando até que sejam grupos mais
características formais a informais podendo possuir participativos na vida democrática da escola. No
uma orientação cultural, informativa, desportiva, entanto, muitas vezes por insuficiência do Estado
recreativa, entre outras. Na maioria das IES uma das no cumprimento das suas funções de fomentar o
formas de organização mais massificada é a partir associativismo, o desporto, a cultura, verifica-se a uma
da tradição académica, nomeadamente a praxe, fragilidade na sustentação destas estruturas formais,
as Tunas, assim como a participação nos cortejos, obrigando os estudantes a procurarem organizar-se
semanas académicas ou comissões de curso e festas. pelos seus próprios meios.

46
Assim, não esquecemos o importante papel que as Neste quadro ganham particular valor os projectos,
formas de organização independentes das Associações listas, movimentos e AAEE, que lutam diariamente
de Estudantes ou das Associações Académicas pela participação dos estudantes, em vários momentos
desempenham na organização dos estudantes em como as RGA’s e Assembleias, pela discussão
torno dos seus interesses específicos, muitas vezes abrangente e verdadeira sobre a realidade do ES, e
sem apoio financeiro ou logístico das mesmas, o trabalham para a construção de acções e soluções
que dificulta a sua actividade e que se reveste de um para que o desenvolvimento da luta eleve não só a
enorme valor. consciência política e social dos estudantes, mas
estabeleça a unidade em defesa dos seus direitos e de
Um dos principais e mais importantes motores de um Ensino Superior Público ao serviço do país.
organização dos estudantes, podendo também partir
ou relacionar-se com as formas de participação e
ligação à vida da escola nomeadas anteriormente, é a 3.1.2.2 Resistência e luta
movimentação em torno das suas lutas. Os grupos ou
movimentos informais, não estruturados e dinâmicos, A resistência e luta estudantil parte de objectivos de
que se organizam em torno das suas reivindicações luta que se materializam num conjunto diverso de
e aspirações têm cumprido um papel fundamental acções que têm significado a partir da tomada de
posição dos estudantes face à retirada de direitos e
nas acções de luta, seja por insuficiências, opção ou
face à destruição do Ensino Superior Público.
boicote de algumas AAEE, por vezes por influência do
ambiente político de incentivo ao conformismo. São de grande expressão não só as lutas concretas
como também as manifestações e concentrações
No âmbito do processo de reconfiguração e descarac-
mais gerais que, sendo ou não iniciativa do movimento
terização do MAE agrava-se a instrumentalização
associativo, tomam lugar de Norte a Sul do país.
de associações por parte dos partidos da política
Estes momentos de luta multiplicam-se em numerosas
de direita, tendo havido processos de extinção de
acções que a partir turmas, cursos, núcleos, passando
várias AAEE com vista à substituição das mesmas
por reuniões informais de grupos de estudantes e por
por estruturas federativas, o que vem corresponder
Reuniões ou Assembleias Gerais de Alunos, foram ao
sobretudo ao investimento da direita para afastar
encontro das reivindicações dos estudantes pelos seus
os estudantes da sua participação e representação
direitos e à procura de resolução dos seus problemas.
directa. Isto corresponde à centralização da direcção
e de decisões em estruturas de cúpula, académicas Desde o último congresso o caudal das lutas
e federativas, do qual o Encontro Nacional de convergentes assumiu acções centralizadas em
Associações Académicas (ENA) é exemplo, sendo Lisboa ou descentralizadas por vários pontos do
um espaço fechado e antidemocrático, excluindo país, permitindo que em casa semestre se elevasse
as AAEE. o patamar para acções convergentes, tendo particular
significado as acções que assinalam a luta histórica
Estas estruturas de cúpula têm preconizado um do 24 de Março, dia do estudante. Estas acções
concertado e intenso boicote à luta, para além de na desenvolveram-se contra as propinas e o aumento
maioria dos casos a instrumentalização e partidarização dos custos do ensino; por mais e melhor Acção Social
promover a defesa da política de direita seguida Escolar, contra as fundações de direito privado e
pelos sucessivos governos. Nesta acção impera o fusões; contra o processo de privatização de escolas e
desrespeito pelo seu carácter unitário e reivindicativo serviços; contra os ataques à democracia nas escolas,
das AAEE, correspondendo a uma correlação de opções de política educativa que têm no Regime
forças negativa para o desenvolvimento da luta e para Jurídico das Instituições do Ensino Superior e no
o relacionamento, respeito e acção convergente das Processo de Bolonha suporte. Num quadro complexo e
associações, como no caso do Encontro Nacional desfavorável ao sector e aos interesses que o cercam,
de Direcções Associativas (ENDA) que sendo um foi possível continuar a obter vitórias, ainda que em
importante espaço de reflexão e discussão tem vindo alguns casos sejam parciais e insuficientes, como o
a ser pervertido, sendo necessário que cada vez mais congelamento do tecto da propina, a reposição do
este espaço garanta uma abrangente participação do passe sub_23, ou a manutenção do preço antigo das
MAE e tradução da realidade das escolas e problemas senhas da cantina na compra do pack na Universidade
dos estudantes. do Minho.

47
A diversidade de objectivos e acções demonstrou que imposta num horário sem consultar o estudante, sendo
devem encontrar-se, de acordo com o sentimento dos negado de várias formas o respeito pelo direito a um
estudantes, formas de luta que dêem resposta à sua horário que contemple verdadeiramente tempo livre e
situação, deste modo aconteceram acções quer a nível que possa ser gerido de forma equilibrada com a sua
regional como a nível nacional, por questões mais vida pessoal, familiar ou outras actividades que deseje
concretas ou gerais, mas com uma ampla convergência desenvolver.
nos objectivos de fundo. Estas importantes acções
São ainda vários os casos em que no Ensino Profissional
significam que o trabalho desenvolvido tem sido no
sem grandes opções de oferta curricular ou regulação
sentido da elevação da consciência política e social
sobre as mesmas os estudantes estão confrontados
dos estudantes que deve continuar através do trabalho
com escolas e cursos em que têm de pagar propinas,
de discussão política nas escolas e de agitação, que
ou cujos custos de materiais são unicamente da
permita que todos tenham instrumentos para se
responsabilidade deles. Sendo a implicação de custos
mobilizarem e lutarem pelo Ensino Superior a que
um factor de limitação à sua participação.
têm direito.
Assim sendo, um estudante do Ensino Profissional
manifesta muitas vezes sentir-se explorado, injustiçado
3.1.3 M
 ovimento dos estudantes mas impotente, sendo estes sentimentos não só uma
do Ensino Profissional consequência política mas um objectivo que procura a
desmobilização e resignação face à sua condição.
O Movimento dos Estudantes do Ensino Profissional
tem características muito diversas e dispersas. A falta
de uma rede pública de escolas profissionais determina 3.1.3.1 Resistência e luta
que tanto geograficamente como na forma e qualidade
do ensino as realidades divergem muito, sendo um É necessário garantir as condições e instrumentos
elemento que causa obstáculos à organização e aos estudantes para que possam organizar-se e lutar,
um conhecimento amplo e completo das condições assim como devolver a confiança na luta e na força
dos estudantes e do seu movimento. A realidade da sua unidade e das suas justas reivindicações.
hoje demonstra que a grande maioria das escolas O esclarecimento e a acção, dando maior poder a
profissionais não têm associação de estudantes, e os estes estudantes para que possam ter uma palavra
estudantes encontram vários obstáculos em dinamizar a dizer sobre a sua vida e a escola é fundamental
formas de organização seja de vertente cultural, para dinamizar, desenvolver e multiplicar a luta dos
desportiva, recreativas ou política. estudantes e, abrir caminho à defesa do Ensino
Profissional público, ligado ao país, assegurando
As duras condições de vida e estudo dos estudantes, à dignificação das suas condições.
aliadas ao interesse político e económico de evitar a
organização destes nas suas escolas, resultam, de Em 2015 os estudantes da CENATEX em Guimarães
forma frequente, na ingerência e proibição de eleições lutaram contra o sucessivo atraso no pagamento
e de formação de AAEE nas escolas profissionais. dos subsídios, com acções à porta da escola
As Reuniões Gerais de Alunos, a participação dos resolvendo o seu problema, na EPRAL recolheram
estudantes nos órgãos de gestão, a eleição de um abaixo assinado pelo direito a férias, na Academia
delegados de turmas são processos ainda mais Contemporânea do Espectáculo do Porto, os
complexos nas escolas profissionais, enfraquecendo estudantes do IDS em Lisboa, nas escolas profissionais
as condições para a resistência e reivindicação de Moura e em outras escolas pelo país juntaram-se
dos estudantes. com as suas reivindicações à luta dos estudantes do
Ensino Básico e Secundário.
Um estudante do Ensino Profissional está sujeito
a grandes obstáculos à sua participação, pela
brutalidade do horário e dos estágios – cujas horas 3.1.4 Movimento dos
são indispensáveis à conclusão do curso. Na maioria jovens trabalhadores
dos casos uma falta mesmo que justificada não só
invalida o pagamento do subsídio nesse dia, como Desde o 10.º Congresso a luta dos trabalhadores
obriga a horas de compensação ou pode ainda levar desenvolveu-se com uma coragem e valor insubstituível
a reprovação ao módulo, o que implica um custo. em defesa do direito ao trabalho e ao trabalho com
Quando um professor falta a reposição é normalmente direitos, contra a precariedade e os baixos salários,

48
contra a política de direita, num quadro muito exigente 3.1.4.1 Movimento Sindical Unitário
e de uma grande ofensiva sobre os trabalhadores, de
permanente saque de direitos e rendimentos a quem As acções desenvolvidas pelos sindicatos da CGTP-
trabalha e favorecimento do grande capital e dos IN e pela Interjovem assumiram e assumem um papel
cada vez mais preponderante no esclarecimento,
grupos económicos.
mobilização e unidade dos trabalhadores, permitindo
Lutas realizadas sob duras condições de chantagem, reforçar os sindicatos de classe e o caudal de luta
medo, boicote, pressões e elevada precariedade, de contra as políticas de exploração e empobrecimento.
que são exemplo as tentativas por parte do patronato A Interjovem funciona na base dos sindicatos da CGTP-
que visam a não sindicalização nos sindicatos de IN e nas comissões de jovens, grupos de trabalho
classe e a não participação de trabalhadores em para a juventude ou outras formas de organização da
plenários, concentrações, greves ou outras formas juventude trabalhadora. Estas formas de organização
de organização e luta dos trabalhadores, de que assumem, deste modo, um papel insubstituível na
definição de orientações de trabalho específicas para
são exemplo as tentativas de coacção e repressão a
a juventude e na formação de novos quadros sindicais,
trabalhadores que marcam em plenário acções de luta,
envolvendo-os na acção geral dos sindicatos, elegendo
ou as represálias a quem as fez; as pressões para que
mais delegados e dirigentes sindicais, garantindo o
os trabalhadores não se sindicalizem no seu sindicato rejuvenescimento e o futuro do Movimento Sindical
de classe, por vezes procurando obrigar trabalhadores Unitário, de classe e de massas. No sentido do reforço
a assinar papéis em como não se encontra sindicalizado desse relevante trabalho político junto da juventude
no momento da assinatura do contrato de trabalho; as trabalhadora destaca-se a realização da 8.ª Conferência
tentativas de atingir a dignidade de quem trabalha, em 2016.
oferecendo aumentos salariais de cêntimos, impedindo As Comissões Sindicais e as comissões para a
ou controlando o tempo das idas à casa-de-banho e Segurança e Saúde no Trabalho assumem também
para comer ou a realização de pequenas pausas. uma importância e uma potencialidade de notar,
estando localizadas nas empresas e nos locais
São muitas as formas que o patronato encontra para
de trabalho, estas Organizações Representativas
tentar dividir os trabalhadores para melhor reinar, e dos Trabalhadores são a base de organização dos
socorrendo-se, não poucas vezes, no divisionismo trabalhadores dentro das empresas e estão em
sindical e no apoio e fomento de movimentos melhores condições de organizar os trabalhadores
e organizações com interesses estranhos aos para dinamizar pela acção reivindicativa a luta concreta
trabalhadores que têm como principal objectivo diluir a por objectivos comuns.
força unitária dos trabalhadores. Desde o último Congresso prosseguiu também o
divisionismo sindical, com a comprovação do papel
A juventude trabalhadora, e os trabalhadores em geral,
da UGT como instrumento do Grande Capital, bem
têm contrariado estas tendências. Prova disso é a
como o surgimento de outras organizações “sindicais”,
crescente intensificação da luta nos locais de trabalho
espécie de extensões de “movimentos sociais”,
e nas empresas, bem como a denúncia destas pretensamente inovadoras e modernas, que procuram
situações. destruir a unidade dos trabalhadores e o Movimento
Sindical Unitário.
Será com a organização, participação e intervenção
dos trabalhadores, e em especial dos jovens Neste quadro complexo, é de registar positivamente a
trabalhadores, nas empresas e nos locais de trabalho, sindicalização de mais de 16 mil jovens trabalhadores
que se derrotarão todas as tentativas de enfraquecer até ao congresso da CGTP-IN, contrariando todas as
teses de que a juventude não se organiza e luta, num
a luta dos trabalhadores, que se avançará na defesa
período de grande ofensiva sobre os trabalhadores
da contratação colectiva, no combate à precariedade,
e contra todas as teorias e “inevitabilidades”. Contra
na redução e regulação dos horários de trabalho, no todas as tentativas de divisionismo, o Movimento
aumento dos salários, na derrota da política de direita Sindical Unitário fortaleceu-se, rejuvenesceu e
e na afirmação de uma política alternativa, que sirva os deu um contributo decisivo para a mobilização dos
interesses do povo, dos trabalhadores e do País. trabalhadores contra as políticas de empobrecimento.

49
Uma tarefa inacabada e que é necessário prosseguir, Maio e Setembro de 2016, as semanas nacionais de
sindicalizando mais jovens e envolvendo-os na vida esclarecimento, acção e luta.
dos sindicatos, dinamizando e fortalecendo ainda
Com as lutas concretas e com as acções convergentes,
mais as lutas por uma política que dê resposta aos
com a luta em unidade, foi possível recuperar as 35
problemas e anseios dos trabalhadores, uma política
horas semanais na administração pública, impedir a
alternativa.
privatização de empresas estratégicas para o País,
repor a contratação colectiva no sector empresarial do
3.1.4.2 Resistência e luta Estado, recuperar os 4 feriados roubados, aumentar
salários e pensões, entre outros direitos que foram
Os jovens trabalhadores tiveram, desde o último recuperados ou conquistados, tanto no sector público
Congresso, um papel de destaque em lutas concretas como no privado.
em empresas e locais de trabalho com exigências
O reforço da luta organizada nos sindicatos de classe
concretas de que são exemplo a acção “Juventude
da CGTP--IN, com mais sindicalização e mais luta,
em Marcha”, convocada pela Interjovem em Março
permitirá avançar na defesa da Contratação Colectiva,
de 2015, e que percorreu o País, com a participação
no combate à precariedade, no aumento geral dos
de centenas de jovens de dezenas de empresas por
salários, na redução e regulação dos horários de
todo o País, ou as lutas dos trabalhadores da Acciona trabalho, na defesa dos direitos dos trabalhadores.
e da Lisnave que resultaram em aumentos salariais,
em aumentos do valor do trabalho extraordinário e do Apesar de se encontrarem ainda resistência à
subsídio de refeição, entre outros, no mesmo período sindicalização junto dos mais jovens, consequência
em que o Governo PSD-CDS afirmava não ser possível dos boicotes e represálias das entidades patronais
aumentar os rendimentos de quem produz. que ainda se fazem sentir, a sindicalização de cada
vez mais jovens nos sindicatos de classe afirmam a
São ainda exemplos as persistentes lutas dos vitalidade e o reconhecimento do projecto reivindicativo
trabalhadores da Funfrap, em Aveiro, da Bosch da CGTP-IN.
em Braga, da FNAC, do Minipreço, da SONAE na
Azambuja, da Visteon em Palmela, da SAKHTI na
Maia, entre muitas outras empresas que mostram 3.1.5 Associativismo juvenil
que, com a luta, os trabalhadores podem passar aos de base local
quadros da empresa e deixar de ter contratos precários,
contrariando todas as teses de que os trabalhadores, As associações juvenis de base local assumem
em especial os jovens, preferem ter mais “flexibilidade” um papel muito importante na nossa sociedade,
no local de trabalho e um menor compromisso entre traduzindo-se em locais privilegiados onde os jovens
empresa/trabalhador, ou ainda a tese de que não há podem se organizar, participar e intervir em diversas
alternativa à precariedade e à instabilidade. áreas em torno dos seus interesses, gostos e vontades.
Consubstanciam-se no garante da democratização do
Também assim morre a tese de uma nova classe de acesso à formação, ao convívio, à participação cívica,
trabalhadores, o chamado “precariado”, composta à criação e fruição culturais e à prática desportiva,
pelos trabalhadores com vínculos precários. Uma fazendo as vezes do Estado uma vez que os governos
tese que não serve os trabalhadores e que representa têm se desresponsabilizado desse seu papel.
um elemento de fractura e de quebra da unidade de
todos os trabalhadores. A precariedade é um flagelo Colectividades, associações culturais, bandas de
que afecta todos os trabalhadores, tenham ou não música, clubes desportivos, são apenas alguns
vínculos precários. exemplos daquela que pode ser a forma de organização
da juventude. Contudo, existindo cada vez menos
Todas estas acções contribuíram para a convergência uma verdadeira política de juventude, os jovens
em acções de massas, de que são exemplo as apenas têm estes espaços para verem respondidos
manifestações do Dia da Juventude, do 25 de Abril e os seus anseios e interesses. Para isto contribuem
do 1.º de Maio, o dia nacional de indignação, acção decisivamente sucessivos governos que têm levado
e luta, a 13 de Junho de 2014, as concentrações por a cabo uma política de burocratização e falta de
todo o País a 7 de Março de 2015, ano em que se financiamento impedindo várias associações de terem
desenvolveram também intensas lutas sectoriais, a sua autonomia e intervenção, levando muitas ao seu
nomeadamente da Administração pública, e, em encerramento ou à sua instrumentalização.

50
Consideramos que são bem-vindos todos os novos 3.1.6 Outras formas
espaços de discussão juvenil e de construção de
de participação juvenil
contributos para a melhoria da política de juventude
praticada em cada concelho, bem como no país em O movimento associativo não formal tem vindo a
geral, tendo sido as autarquias CDU pioneiras na assumir cada vez maior protagonismo, particularmente
criação de espaços de debate entre associações. No num momento em que os ataques ao movimento
entanto, a lei dos CMJs é baseada na imposição de associativo juvenil são cada vez maiores, procurando
modelos, às autarquias ou às associações juvenis, burocratizá-lo ainda mais, diminuindo o seu
procurando criar órgãos executivos e não consultivos, financiamento ou impondo medidas que retiram
sendo, no fim de contas, mais um elemento de tempo e capacidade organizativa às associações e
mera burocracia e excessiva institucionalização movimentos juvenis.
do movimento associativo, factor de afastamento Na cultura, no desporto ou noutras dinâmicas, são
e não de aproximação. Detectamos que hoje o vários os exemplos em que a juventude se organiza e
funcionamento destes espaços, na generalidade dos envolve, que não são desprovidos de conteúdo político
casos, não traduz uma discussão séria da situação da e que muitas vezes estão intimamente ligados à luta
juventude, acabando por ser um espaço vazio, onde pelos seus direitos e aspirações. No entanto, nem
não se pretende ter a juventude a intervir e a discutir sempre este envolvimento da juventude vai ao encontro
as políticas municipais que a ela dizem respeito, mas da luta progressista, nem dá resposta à resolução
apenas procurar validar as políticas de juventude dos seus anseios e aspirações. Disso são exemplo
definidas previamente pelas autarquias, seguindo as as Federações Regionais de Associações juvenis
orientações do governo. Cada autarquia deve poder que procuram impor dinâmicas e uma discussão que
decidir a forma de envolver a juventude garantindo a trave algumas das reivindicações das associações e
participação do movimento associativo, ao contrário encaminhe o movimento associativo e o seu papel no
dos CMJ que negam a possibilidade de participação sentido da correspondência à política de direitas.
de associações e grupos de jovens informais que Regista-se, ainda, a participação de jovens em
muito contribuem, a nível local, para a dinamização da iniciativas, acções e lutas de movimentos ditos
vida dos jovens, destacando as experiências de apoio inorgânicos, com um grau aparente de inexistência
e envolvimento do movimento associativo de que são de organização, com objectivos difusos e com
exemplo os Fóruns Municipais da Juventude ou o um compromisso reduzido para uma luta mais
Festival Liberdade na região de Setúbal. consequente, e que se revelam como válvulas de
escape para a sua justa indignação e um espaço
Com a asfixia que sucessivos governos têm feito a de afirmação da sua revolta. Sabendo que estes
este importante apoio à formação da juventude, as movimentos são, por norma, inconsequentes e que
autarquias da CDU, têm pautado por ser sempre um se reduzem a um espaço temporal e local específicos,
ponto de apoio e de desenvolvimento do Associativismo vários sectores do grande capital e, em especial, a
Local. É por isto cada vez mais importante que se comunicação social, desenvolveram estratégias de
reforce a CDU, para que os mais jovens tenham valorização destas dinâmicas, procurando coloca-las
direito à sua formação integral enquanto indivíduos, em contraponto à luta organizada, estratégia que não
usufruindo deste tipo de espaços. foi conseguida na sua plenitude.

Desde o último congresso que a situação no movimento O CNJ, plataforma nacional de associações juvenis,
associativo Juvenil, não conheceu grandes melhoras, deve ser um instrumento de unidade juvenil que seja,
continuando a haver associações que desaparecem, não só um estímulo à participação e ao associativismo,
e outras que continuam a ser instrumentalizadas, em mas também um espaço de intervenção nos problemas
vez de apoiadas como nas autarquias CDU em que se mais sentidos pela juventude no geral, de debate e
tem total respeito pela sua autonomia e intervenção. É convergência de ideias entre organizações com vista à
defesa dos interesses e aspirações dos jovens.
preciso, nesta nova fase da vida política nacional, que
os jovens se organizem e lutem por aquilo a que têm É fundamental aprofundar o caminho de envolvimento
direito, por mais investimento para poderem usufruir das organizações no CNJ, para garantir o seu bom
das associações, colectividades e outros espaços na funcionamento e o aprofundamento do conhecimento
sua total liberdade e participação. da realidade da juventude e das associações juvenis,

51
respeitando sempre a independência de todas as 3.1.7 Organizações de juventude
organizações e as suas características. É também
desta diversidade que vem a riqueza e o potencial
dos partidos
do CNJ. Defender os valores da participação
As organizações de juventude dos partidos, são uma
democrática de todas as organizações, tendo como
importante expressão do movimento juvenil, tendo
base a discussão colectiva de modo a recolher todos
os contributos e alargar e aprofundar o processo de em conta também a forma como podem influenciar e
discussão, e deste modo abranger as preocupações ter expressão nas diversas áreas que abrangem a
de todas as organizações, é crucial para que o CNJ juventude e a sua vida, inclusive sobre o movimento
seja um espaço em que a juventude e as organizações juvenil. Excluindo a JCP e a Ecolojovem, que procuram
que o compõem se revejam e potenciem. No entanto,
conhecer e intervir sobre os problemas, os anseios e
são muitas as dificuldades no funcionamento e acção
aspirações da juventude, outras juventudes partidárias
do CNJ, nomeadamente a sobreposição de interesses
por parte de várias organizações para que esta seja ou organizações de juventude dos Partidos, pelo seu
uma plataforma desligada das questões políticas gerais projecto político e composição, têm em si um objectivo
que afectam hoje a juventude; a existência de várias de desvio das atenções daquilo que são as justas
organizações que pretendem utilizar esta plataforma ambições da juventude, promovendo e defendendo a
para legitimar as políticas de direita e dos governos e política de direita. Constituindo, deste modo importantes
os ditames da União Europeia e afastar a discussão
ferramentas do capital para desviar a atenção daquilo
do essencial; e a instrumentalização e partidarização
que é central, preocupando-se em esconder a realidade,
de muitas organizações juvenis, pondo em causa que
muitas associações cumpram o seu papel de defesa estas juventudes optam por afastar a sua acção e
dos direitos nos jovens. propostas daquela que é a realidade, as aspirações e o
papel da juventude na vida política nacional.
Os Encontros Nacionais da Juventude, iniciativa que já
assumiu grande importância pelo amplo envolvimento Muitas vezes, estas organizações de juventudes dos
associativo e juvenil na sua preparação e pelo carácter
partidos com responsabilidades na política de direita,
reivindicativo, têm sido esvaziados de conteúdo, sendo
procuram esconder-se em aparentes discórdias sobre
também exemplo da subordinação aos programas
da União Europeia, ficando o envolvimento das aspectos da política promovida pelos seus partidos,
associações na sua preparação e discussão aquém procurando não limitar ou perder base social de apoio,
do que seria desejado. contribuindo para a confusão da juventude, alimentando
ilusões e até tornado as responsabilidades, sobre
Mesmo com dificuldades, os jovens continuam a
intervir. Participam em manifestações, em debates, várias matérias ou sobre a situação do país, liquidas ou
em abaixo-assinados. Continuam, apesar de todas as difusas. São de assinalar a escalada de tom de algumas
adversidades, a manter viva a actividade associativa destas organizações, procurando uma mensagem mais
em todo o país de onde nasce o interesse de muitos demagógica e agressiva, ou a intensificação de acções
pela música, pelo desporto, pela leitura. Disto é e posições oportunistas e populistas.
exemplo a Plataforma 40x25, dinamizada por centenas
de associações, que é prova viva de como o movimento Tudo isto não está desligado do papel que estas juventudes
associativo juvenil ainda se encontra intimamente tentam ter, no seio do movimento juvenil, através da
ligado à luta pelos valores e conquistas de Abril,
instrumentalização de várias expressões, estruturas e
entre as quais encontramos, incontornavelmente, o
organizações, de forma a boicotar a unidade e a luta
associativismo, que desde logo é também responsável
da juventude.
pelo acesso a outros tantos direitos, como a cultura, o
desporto, a saúde, a educação. A realização das várias
É de muita importância a análise do posicionamento
edições do Acampamento pela Paz, organizados
destas juventudes partidárias no desenvolvimento
pela Plataforma, é exemplo das potencialidades de
intervenção da juventude e das suas associações, e da luta, da sua influência e organização para assim
da importância da luta pela Paz e pela amizade entre analisarmos a correlação de forças no seio do
os povos. movimento juvenil.

52
3.2 É
 pela luta que lá vamos: Luta que também se leva até ao voto sendo as
contributo da juventude batalhas eleitorais encaradas pela JCP como
jornadas de massas de mobilização da juventude
para construir a alternativa no combate à política de direita, de afirmação do
programa e projecto do PCP e dos valores de Abril e
O movimento juvenil português enfrenta uma ofensiva
como momento privilegiado para consciencialização
que, não sendo nova, continua a agravar-se, tendo
política da juventude na dinamização da sua luta. A
como eixos centrais do ataque a retirada de direitos,
Juventude CDU tem assumido o papel de contacto
a ofensiva ideológica, e as tentativas de limitações
com a juventude portuguesa e, em todos os processos
e violação democráticas. Apesar das dificuldades é eleitorais, temos chegado longe no contacto directo
inegável e de reveste-se de particular valor a força nos sítios onde mais se concentram: nas escolas, nos
e coragem na organização e na luta do movimento locais de trabalho e outros.
juvenil, que contra várias formas de ataque tem
A alternativa que queremos construir tem na
respondido, mobilizando-se e lutando a partir de
ampliação e no fortalecimento da luta de massas
questões concretas conseguindo em alguns caos
a sua determinante força propulsora com todos os
dar um importante contributo para a luta mais geral
desenvolvimentos e expressões que ela possa vir a
do povo português, reforçando a ampla frente social
assumir. Alternativa política baseada numa política
de luta. Com diferenças naturais na sua organização, patriótica e de esquerda que, podendo constituir um
nos seus objectivos e actividade, o movimento juvenil processo complexo e eventualmente prolongado,
tem um importante papel na realização e formação é necessária e possível e tem como condições
individual e colectiva e na dinamização da luta determinantes e dialecticamente interdependentes
reivindicativa com grande criatividade e dinâmica. Luta para a sua concretização o reforço do PCP e da JCP
que deve ser organizada e consequente, assente na com a ampliação decisiva da sua influência social,
unidade das massas seriamente comprometidas com política e eleitoral; o vigoroso desenvolvimento da luta
a continuidade deste processo, pois apenas assim se de massas que conflua para a criação de uma vasta
alcançaram e alcançarão vitórias, contribuindo para frente social e; a alteração da correlação de forças no
a criação das condições para a construção de uma plano político favorável a uma ruptura com a política
de direita e à construção de uma política patriótica e
alternativa política capaz de concretizar a política
de esquerda. É, pois, com confiança que olhamos para
alternativa, patriótica e de esquerda que propomos aos
o movimento juvenil e para as largas potencialidades
trabalhadores, ao povo e à juventude.
de desenvolvimento da sua luta e organização, sendo
Nas escolas, nos locais de trabalho e nas ruas, a luta que neste processo a juventude será chamada a
organizada desenvolve-se em torno de objectivos cumprir o seu papel histórico de ser força social de
claros e concretos, reivindicações comuns e com uma transformação do presente e, simultaneamente,
do futuro.
direcção capaz de fazer avançar o movimento estudantil
garantindo a unidade de todos os que nela se revejam.
Processo contínuo e persistente, que faça convergir
amplas massas, seja em torno de questões gerais,
seja por questões específicas desta ou daquela escola
ou empresa. Assumindo estas lutas em cada escola ou
local de trabalho como elemento crucial do processo
de luta, ainda que às vezes pareçam erradamente
pequenas, invisíveis ou sem resultados imediatos,
elas trazem grandes evoluções no plano da criação ou
elevação de consciência política das massas e da sua
unidade alcançando, em inúmeros casos nos últimos
anos, vitórias importantes. Vitórias que dão força para
prosseguir a luta deixando bem claro que é pela luta
que vamos e avançamos, procurando formas criativas
e tendo sempre como ponto de partida a unidade
na acção.

53
4 - MAIS JCP, MAIS métodos de trabalho, de discussão e decisão, que
passam pelo respeito das opiniões de cada camarada
LUTA, AVANTE e de cada colectivo, na aplicação do centralismo
democrático com base na troca de ideias honesta,
COM ABRIL em que os camaradas contribuem com as suas
opiniões e aprofundam as formas de pôr em prática a
orientação geral, respeitando e dando forma ao papel
Os jovens comunistas têm confiança na juventude
da discussão e execução colectivas. É fundamental o
portuguesa e de que é possível que a juventude unida
cumprimento das orientações e conclusões definidas
possa ser parte da construção de um Portugal melhor,
pelo colectivo partidário.
o País da Revolução de Abril. Certos de que unidos
podemos ter e defender o trabalho com direitos, a É com base nesta teoria revolucionária, e aplicando-a de
escola pública, gratuita, democrática para todos e de forma criativa, que a JCP desenvolve a sua actividade
qualidade, a paz e a liberdade, a cultura, o ambiente e luta pela transformação da sociedade, como etapa
sadio e o desporto. fundamental e constitutiva do objectivo supremo: o
fim da exploração do Homem pelo Homem, pois só
É um trabalho intenso, o qual fazemos com alegria
uma sociedade com estas características garante
e a certeza de conquistar o presente e construir o
aos jovens portugueses a sua realização pessoal e
futuro, com a luta da juventude e povo português. Um
colectiva, ou seja, com o Socialismo e o Comunismo.
trabalho em torno de um ideal que é necessário cuidar
e exaltar, reforçando e cuidando a nossa organização
com mais militantes e militância, para que onde há um
4.1.2 O papel da JCP e do PCP
comunista, haja intervenção, luta e mais JCP.
na sociedade
A JCP é a organização de juventude do PCP, partido
4.1 A Juventude Comunista
da classe operária e de todos os trabalhadores, que
Portuguesa se afirma ao longo da sua história como o único que
verdadeiramente defende os interesses da classe
4.1.1 B
 ase teórica da JCP: operária e de todos os trabalhadores, assim como
o marxismo-leninismo das camadas antimonopolistas. De forma coerente e
independente da influência dos interesses, da ideologia
A JCP, organização revolucionária da juventude,
e da política das forças do capital, expressa na sua
assume-se como sendo a única organização partidária
acção e projecto uma profunda ligação às massas, à
de juventude que contraria o actual sistema. A única
intervenção e luta do povo português.
que, pela sua acção e projecto, dá resposta aos
problemas dos jovens, dinamizando a luta pelos seus O PCP e a JCP intervêm diariamente junto dos
direitos e aspirações. trabalhadores e do povo, nas ruas, nas escolas e nos
locais de trabalho, conhecendo assim directamente
O Marxismo-Leninismo – a base teórica da JCP –
os problemas e a realidade vivida. Intimamente ligada
assenta numa concepção materialista e dialéctica
à realidade da juventude portuguesa, às constantes
do mundo como instrumento fundamental de análise
alterações da sua vida, aos ataques que enfrenta e
da realidade, que em articulação com a prática se
às batalhas que trava, a intervenção da JCP e dos
enriquece constantemente. É uma base teórica de
jovens comunistas é indissociável do seu carácter de
análise do mundo em que vivemos e que nos mune
organização revolucionária da juventude portuguesa
de instrumentos para transformá-lo. O seu método
e corresponde ao seu objectivo de transformação
dialéctico, os seus princípios e teorias, conferem
da realidade e da sociedade. A JCP tem assim
instrumentos de análise e caracterização da realidade,
um papel ímpar na afirmação e construção da
reflectindo-se na definição de orientações e no
unidade da juventude, um papel de esclarecimento,
funcionamento da JCP.
consciencialização e dinamização da luta, consequente
O funcionamento da JCP assenta num desenvolvimento e organizada pelos direitos e aspirações da juventude.
criativo do centralismo democrático, caracterizado
A ligação à classe operária, aos trabalhadores e as
por uma profunda democracia interna, com base
massas populares é fundamental para toda a acção
numa única orientação geral e numa única direcção
do Partido, é onde reside a sua força para se reforçar
central. O funcionamento da JCP assenta assim em

54
e contribuir para o reforço da luta mesmo perante as No contexto de uma profunda e negativa campanha
mais complexas situações e provas. ideológica contra o nosso projecto e ideal, que é

O projecto comunista de uma sociedade mais justa, protagonizada pelo grande capital e por muitos,
liberta da exploração e opressão capitalistas e de incluindo alguns que dizem ser de “esquerda”, a JCP e
um mundo solidário e em paz tem, na actual etapa o PCP assumem a afirmação do seu ideal e projecto,
de resistência, os valores de Abril como expressão assim como assumem ser a vanguarda da luta de
fundamental para a transformação. Assente no massas na concretização de um sonho milenar, o fim
objectivo de transformação da sociedade, tendo em
da exploração do Homem pelo Homem, preconizando
conta as aspirações e desejos da juventude, a JCP, pela
um ideal novo e transformador, o ideal comunista,
sua participação única e ligação às massas juvenis,
reafirma diariamente a sua identidade intervindo em considerando que só uma sociedade com estas
escolas e locais de trabalho. A JCP mantém um olhar características garante aos jovens e povo portugueses
atento e disponível, necessariamente crítico sobre a a sua realização pessoal e colectiva.
realidade actual e aprofunda a sua intervenção com
base no conhecimento da realidade e através da O 11.º Congresso da JCP tem lugar num momento
discussão colectiva. da vida política nacional e internacional de enorme
exigência. A importância da definição das orientações e
linhas de acção assumidas no nosso projecto assume
4.1.3 O Projecto do PCP
importância determinante para a intervenção futura
O Programa do PCP tem nos valores e conquistas dos jovens comunistas.
de Abril, assim como na Constituição da República
Portuguesa, a base para construir a Democracia A actual e nova fase da vida política nacional é
Avançada, projecto impar que construímos marcada pela derrota do governo PSD/CDS-PP nas
diariamente, o qual propõe uma sociedade baseada eleições legislativas de Outubro de 2015, a qual só foi
em quatro componentes de democracia: a democracia possível pela intensa e incansável luta travada pelos
política (baseada na soberania e real participação trabalhadores, a juventude e o povo português e pela
popular), a democracia económica (subordinação do
intervenção do PCP.
poder económico ao poder político democrático), a
democracia social (garantia efectiva dos direitos dos A questão que hoje se coloca é pois a de contribuir
trabalhadores e a garantia de acesso generalizado aos para a construção de um rumo que rompa com a
direitos consagrados na CRP) e a democracia cultural
política de direita e que evite que esta volte a ser
(efectivo acesso das massas populares à criação e
implementada, seja por que mão for. Valorizando a
fruição da cultura e à liberdade e apoio à produção
cultural). Projecto que aponta cinco objectivos interrupção do rumo de agravamento da exploração
fundamentais: 1.º) Um regime de liberdade no qual o e empobrecimento agravado pelo anterior governo,
povo decida do seu destino e um Estado democrático, assim como valorizando todas reposições e conquistas
representativo e participado; 2.º) Um desenvolvimento de direitos e rendimentos, não deixamos de se
económico assente numa economia mista, dinâmica,
assinalar as limitações que estão colocadas e que só
liberta do domínio dos monopólios, ao serviço do
serão contrariadas pelo desenvolvimento de políticas
povo e do país; 3.º) Uma política social que garanta a
melhoria das condições de vida dos trabalhadores e do corajosas para libertar o país e quebrar com as amarras
povo; 4.º) Uma política cultural que assegure o acesso internas e externas, construindo o caminho para dar
generalizado à livre criação e fruição culturais; 5.º) resposta às necessidades do país, com a construção
Uma pátria independente e soberana com uma política da política alternativa, patriótica e de esquerda.
de paz, amizade e cooperação com todos os povos.
A JCP e o PCP não se negarão a esforços para assegurar
No actual momento histórico, a Democracia Avançada
que se dêem passos para um Portugal democrático,
constitui uma etapa fundamental no caminho do
desenvolvido e soberano, fundamentais na afirmação
Socialismo, tendo como horizonte o Comunismo, e
afirma o imenso potencial atractivo junto das massas do seu programa por uma Democracia Avançada, com
populares e juvenis, como se comprova pelo contínuo os Valores de Abril no futuro do Portugal, tendo como
reforço da JCP e do PCP. horizonte a construção do Socialismo.

55
4.1.4 A JCP, organização linhas de trabalho comuns a toda a estrutura da JCP,
como o reforço dos colectivos de base, cerne da
de juventude do PCP
organização, os quais são determinantes para uma
A JCP é a organização da juventude do Partido, o melhor intervenção da JCP. Para melhor corresponder
seu motor fundamental de ligação aos jovens e o seu a estas linhas de trabalho, e porque o espaço
principal instrumento para a elevação da consciência fundamental para a intervenção dos militantes deve ser
política e ideológica do movimento juvenil. A JCP tem aquele em que tem maior expressão a luta de classes,
autonomia política, organizativa, assim como uma os militantes da JCP organizam-se prioritariamente em
direcção própria, para intervir no quadro dos princípios colectivos de base ligados ao seu local de estudo ou
orgânicos da JCP e do programa do Partido. trabalho. É aí que mais podem acrescentar à discussão
e intervenção sobre os problemas concretos e que
A relação da JCP e do PCP é de profunda solidariedade, em primeira instância compreendem a necessidade e
cooperação e articulação no desenvolvimento do melhor podem contribuir para a luta organizada. Como
trabalho. Uma relação que deve criar em cada região se verifica na intervenção da JCP esta orientação não
mais condições e mais intervenção para os jovens descura o contacto e a intervenção organizada junto
comunistas. O apoio do PCP ao fortalecimento da JCP de outras expressões do movimento juvenil, como o
é muito importante, nomeadamente na ajuda à criação associativismo de base local.
e desenvolvimento de colectivos da JCP em zonas
em que esta se apresenta com mais dificuldades. O
Partido representa assim um papel muito importante no 4.2.1 O papel do comunista
reforço da organização, baseada no respeito fraternal
da autonomia, criatividade e capacidade de decisão e Cada militante da JCP é responsável pela actividade
acção dos jovens comunistas. da JCP. Este tem de ser e dar o exemplo na escola,
local de trabalho. A prioridade da sua intervenção
A experiência demonstra que a JCP assume um é o sítio onde estuda ou trabalha, tendo ou ainda
papel insubstituível de ligação com os jovens, com não tendo colectivo de base. A compreensão deste
o movimento associativo juvenil, assim como no aspecto é determinante para o reforço da JCP e para o
rejuvenescimento, no recrutamento de novos militantes alargamento da frente social de luta, em particular para
e na formação de quadros para o Partido. o reforço da luta da juventude.
É neste quadro que tem sido possível levar à prática Cada militante tem a responsabilidade individual e
que o PCP vá aumentando a sua influência junto dos colectiva de ser o agitador, organizador e mobilizador
jovens. A JCP tem como exigência e responsabilidade e de transmitir a sua realidade concreta, para que a
“esclarecer, unir, organizar e mobilizar os jovens na organização tenha o conhecimento da realidade e
luta pelos seus direitos e aspirações, pelos interesses possa fazer uma análise colectiva e tomar as decisões
e aspirações dos trabalhadores do povo e do país, colectivas necessárias e adequadas. Os militantes
pela liberdade, a democracia, a soberania, a paz, são a parte essencial da organização, são os mesmos
socialismo e o comunismo”. que fazem com que a JCP intervenha junto das
massas da juventude, que trabalham para o reforço
da organização, na formação de novos quadros e do
4.2. A JCP e o papel seu enquadramento nas tarefas do dia-a-dia, junto dos
dos comunistas seus colectivos, nas escolas e nos locais de trabalho.

O trabalho de intervenção e organização da JCP O acompanhamento e enquadramento de cada militante


é um meio de reforço e dinamização da luta dos é de extrema importância, de modo a criar todas as
jovens, da elevação da sua consciência política, do condições para que este se desenvolva enquanto
esclarecimento e da influência dos valores comunistas quadro. Isto vai para além dos fundamentais controlo
entre a juventude. A organização, estrutura orgânica, de execução e prestação de contas, e passa por se
a definição e o prosseguimento de linhas e estilos de fomentar uma verdadeira relação de camaradagem,
trabalho adquirem particular importância, no sentido em que cada camarada se ajuda mutuamente tendo
de melhor aproveitar a experiência e capacidades em vista a concretização das tarefas colocadas. Cada
de cada militante, de conferir maior relevância à sua militante tem as suas próprias características, as quais
participação e maior eficácia à intervenção da JCP. devem ser potenciadas perante as necessidades da
Tendo em conta as mais diversas realidades, existem organização nas múltiplas tarefas e exigências.

56
É o contributo individual de cada militante que constrói 4.2.2 Os colectivos de base
e enriquece o trabalho colectivo que caracteriza a JCP
e o Partido, sendo a Festa do Avante! um exemplo Os colectivos de base são a forma de organização de
disso. Cada camarada, com a sua realidade, com base da JCP, são estes os responsáveis por definir a
acção dos militantes nos meios onde se inserem, tendo
características específicas, com aptidões e vontades,
em conta a realidade concreta e a orientação geral da
é capaz de construir e transformar. Construindo-se a si
organização. É através dos colectivos de base que
e ao colectivo através da militância. aprofundamos o conhecimento e discussão sobre os
problemas e aspirações que afectam os jovens em
A militância é importante para o trabalho dos colectivos,
cada local e garantimos uma consequente intervenção
através da descentralização de tarefas pelos
sobre os mesmos, ou seja, o recrutamento e o reforço
camaradas que as passam a assegurar dentro dos
dos colectivos constitui uma prioridade da JCP. A
seus respectivos colectivos, o que ajuda à realização definição de prioridades e a necessária concentração
e concretização do trabalho. É necessário que os de meios e energias adequadas, para dar resposta às
camaradas desde cedo conheçam a importância da necessidades assim como a adaptação da intervenção
militância, que é a única forma de a JCP poder dar à realidade juvenil, são questões fundamentais à
avanço ao seu trabalho junto da juventude, pois definição da acção política da JCP.
os militantes são a força da JCP, são os mesmos Os militantes da JCP têm como prioridade a realidade
que através do trabalho diário nas suas escolas ou onde se inserem e, neste sentido, a prioridade é o
locais de trabalho consciencializam a juventude dos seu colectivo de base. Os colectivos da JCP são um
problemas que as afectam e de que há alternativa para espaço de discussão aberta e honesta. Neste sentido
os mesmos e que ajudam na dinamização das lutas é importante ter a preocupação de chamar amigos a
pelos direitos da juventude. participar nas reuniões – trocando ideias, opiniões,
experiências – aprofundando a discussão colectiva e
A militância é a forma de os militantes terem ligação fortalecendo a orientação da JCP. É através do regular
à organização da JCP e é por isso importante que os funcionamento dos colectivos de base que reforçamos a
camaradas sejam integrados na organização através intervenção da JCP e a luta nas escolas ou nos locais de
trabalho. É por isso importante a criação e reactivação de
da participação nas reuniões do seu colectivo e em
colectivos, bem como assegurar que se cumprem todas
toda a actividade da JCP. É importante que todos os
as tarefas definidas, de modo a garantir o funcionamento
camaradas possam disponibilizar um pouco do seu
do mesmo e a sua capacidade realizadora e para tal
tempo para ajudar nas tarefas do dia-a-dia pois e que acontecer é determinante a regularidade de reuniões e
possam dar a sua opinião dentro do seu colectivo. o devido controlo de execução e acompanhamento.
Num momento político em que a juventude atravessa
Os colectivos de base podem ter diversas expressões,
uma realidade de grande exigência que vai desde as
dependendo das necessidades da organização e da
excessivas cargas horárias e horários desregulados,
preocupação de todos os camaradas terem um espaço
passando pelo conjunto de dificuldades vividas pelo de discussão colectiva, mas sempre com o enfoque
agravamento da exploração e do empobrecimento, na intervenção na sua escola, faculdade ou local
que criam dificuldades e limitam a sua disponibilidade de trabalho.
para a intervir e para se organizar, os comunistas têm
É aqui neste espaço que se formam a maior parte dos
um papel fundamental para criar respostas criativas
quadros da JCP, formação esta feita da discussão
para colmatar estas faltas, de modo a garantir o colectiva e do desenvolvimento prático das orientações,
funcionamento da organização e o envolvimento de do contacto com as massas, envolvidos e na vanguarda
todos os militantes consoante as suas possibilidades, dos diferentes processos de luta, no respeito dos
para fomentar a discussão colectiva, para aumentar princípios e valores democráticos da JCP.
a sua militância. Com mais comunistas e amigos
Na situação actual da juventude é cada vez mais difícil
envolvidos na organização, com mais recrutamentos, a juventude ter tempo e disponibilidade. Aos comunistas
com mais JCP, de modo a criar e garantir mais são exigidas respostas criativas, a nível individual e
condições para prosseguir a luta pela transformação colectivo, que permitam garantir o regular funcionamento
da sociedade. e criação e reactivação dos colectivos de base.

57
Com a militância necessária para garantir a sua interesses do povo português. É no trabalho em
capacidade realizadora, os colectivos de base da JCP unidade que se enquadram os processos de luta,
desenvolvem um papel determinante quer através das por isso salientamos a importância de continuar a
suas diferentes iniciativas que afirmam a JCP e o ideal desenvolver lutas concretas, procurando resolver
comunista, quer através do trabalho em unidade com problemas da juventude, alcançar vitórias específicas
outros que resulta no envolvimento e mobilização de e contribuir para a luta mais geral da juventude.
amigos que é fundamental para o desenvolvimento da
luta.
4.2.4 O recrutamento
4.2.3 O trabalho em unidade O recrutamento de novos militantes deve ser visto como
uma tarefa fundamental para o reforço da organização
A juventude unida em torno dos seus interesses e da e é uma preocupação que deve estar sempre presente
defesa dos seus direitos é a principal tarefa de todos na militância de todos os camaradas. Esta tarefa,
os comunistas. Os comunistas estabelecem unidade sendo transversal a toda a organização, deve estar
tendo em vista a resolução de problemas concretos e, presente em todos os momentos de intervenção, seja
para isso, a discussão nos colectivos de base sobre a na escola, nos locais de trabalho ou em conversa com
concretização prática do trabalho em unidade tem-se outros amigos.
demonstrado essencial para garantir uma intervenção
organizada e consequente. A acção dos jovens É fundamental que se discuta em todos os colectivos
comunistas junto com outros jovens pressupõe um o recrutamento dirigido nas escolas e empresas
grande sentido democrático. Devem ser contrariadas prioritárias. Cada colectivo deve definir a estratégia
ideias e acções que levem ao isolamento do militante para o recrutamento, levantando nomes, pensando
ou do colectivo, contribuindo para a diminuição da sua quais os elementos de contacto, que jovens queremos
influência e por consequência diminuir a própria acção contactar, que iniciativas realizar permitindo o
e alcance da JCP, constituindo uma contradição para envolvimento de outros e que objectivos concretos
uma organização revolucionária de massas. Assim, e gerais queremos alcançar. A definição de metas
unimo-nos em torno de objectivos concretos, seja de recrutamento tem-se verificado importante para o
uma reivindicação, projecto ou acção. A construção reforço da organização.
de um processo de unidade – reflexão, organização,
Também o enquadramento dos novos militantes é
mobilização e acção – insere-se numa ideia mais
importantíssimo numa organização como a JCP. Os
geral de transformação colectiva. A tarefa diária que
novos militantes devem ser envolvidos no trabalho
se impõe aos comunistas é que perante qualquer
da organização, sendo inseridos nos respectivos
problema sejamos capazes de envolver outros e,
colectivos, desenvolver a noção da importância do
de forma consequente, esclarecer e organizar o
pagamento da quota, convocados para as reuniões e a
descontentamento, transformando-o em luta.
participar nas iniciativas. Estes novos militantes devem
O trabalho em unidade é uma tarefa complexa. Os ser responsabilizados por tarefas concretas logo
comunistas têm de estar ligados à vida da juventude, que possível.
prova disso são os muitos comunistas e amigos que
O recrutamento de militantes da JCP para o PCP
participam movimento estudantil e juvenil que adquire
tem-se demonstrado de grande importância para o
variadas formas, nomeadamente no movimento
rejuvenescimento do Partido, por isso deve continuar
associativo, desde Associações de Estudantes, a
a estar presente no dia-a-dia da JCP.
tunas, grupos informais de jovens, clubes desportivos,
colectividades entre outras formas, dando destaque à
determinante participação dos jovens trabalhadores no 4.2.5 A actividade com os milhares
movimento sindical de classe.
de jovens que querem
É essencial continuar a alargar o trabalho em unidade trabalhar com a JCP
entre comunistas e outros que não o sendo defendem
interesses e bandeiras de luta que convergem com as Desde do último Congresso verificaram-se
nossas. A participação dos comunistas nas diferentes desenvolvimentos no trabalho junto dos muitos
esferas da vida da juventude contribui para reforçar milhares de jovens que dão o seu contacto à JCP.
a luta em defesa dos direitos da juventude e dos Contactamos com muitos milhares de jovens, não

58
só através de distribuições mas também através de colectivos e organismos assumem as suas tarefas,
acções de contacto, o que nos abre a possibilidade de assim como a pontualidade nas reuniões, o incremento
desenvolver conversas, permitindo o esclarecimento da capacidade de intervenção e realização, a recolha
sobre o que defendemos e o alargamento da nossa de quotas e contributos, o contacto regular com
influência junto da juventude, o que tem levado à todos militantes.
organização a recolher muitos milhares de contactos e
A realidade com que somos confrontados coloca-
fazer mais recrutamentos.
-nos muitos perigos e potencialidades e é no nosso
Contudo a ligação da JCP a estes jovens, não pode estilo de trabalho que encontramos os instrumentos
acabar, nem acaba à porta dos locais de intervenção. para dar resposta ás varias necessidades e frentes
Cabe a todos os militantes manter o contacto com os de trabalho de forma integrada. A conduta e exemplo
milhares de contactos recolhidos através da marcação de cada militante de acordo com o ideal comunista
de conversas regulares, com o objetivo de perceber e o aprofundamento do estudo teórico do marxismo-
as suas opiniões e esclarecer as suas dúvidas, leninismo são características da nossa organização
envolver os contactos recolhidos nos processos de e simultaneamente objectivos essenciais da mesma.
luta, envolvendo-os nos processos reivindicativos e de É fundamental a planificação do trabalho, a definição
luta, seja em distribuições ou pintura de faixas, seja de prioridades de intervenção e o trabalho de ligação
numa concentração ou manifestação, seja pelo convite às massas, factores decisivos para uma intervenção
para as iniciativas e a participarem na nossa actividade ainda mais consequente que, de forma dialética tem
geral, estimulando a sua adesão à JCP. consequências no reforço da luta e da JCP. Há que
potenciar a militância de cada camarada construindo
É de máxima importância o cuidado a ter com a colectivos de base mais fortes e actividade mais
organização do ficheiro destes contactos e dos amigos regular, diversificando a acção da JCP.
da JCP de modo a não perder os contactos recolhidos
e a facilitar o contacto regular, fazendo chegar a estes
jovens os nossos documentos, boletins e tomadas de 4.2.7 A formação ideológica
posição. É preciso dinamizar a discussão em cada
colectivo e em toda a organização de como abordar O combate ideológico é diário e a ofensiva ideológica
cada um destes contactos, assim como analisar e de grande dimensão, multiplicando e aperfeiçoando as
contribuir para desenvolver as melhores formas de suas ferramentas em particular sobre a juventude. A
os envolver, tendo em conta as campanhas e razões formação ideológica é, pois, tarefa de cada comunista,
pelas quais estes jovens deram os seus contactos com o objectivo de aperfeiçoar a sua análise e acção
para saber mais e trabalhar com a JCP. perante a sociedade, o conhecimento da organização
e do seu funcionamento, tendo como base teórica e
prática o marxismo-leninismo, concepção materialista
4.2.6 O estilo de trabalho na JCP e dialética da realidade.

O estilo de trabalho da JCP comporta uma característica A parte mais importante que compõe a formação
única e decorrente do nosso objectivo que é o trabalho ideológica é a prática diária, em que o militante se
colectivo. É na discussão e trabalho colectivo que os forma no dia-a-dia da organização, da sua actividade,
militantes e organizações se formam e capacitam a no colectivo de base da sua escola ou local de trabalho,
organização na sua ampla intervenção. Neste sentido, a par das iniciativas, debates e todos os espaços de
é condição indispensável no funcionamento da JCP discussão que a JCP dinamiza.
o amplo envolvimento dos militantes nas tarefas, a
A JCP organiza regularmente e continuará a organizar
responsabilização colectiva mas também individual
cursos de formação ideológica e debates temáticos.
nas mesmas, a disponibilidade de um elevado números
Toda a organização tem de contribuir para fomentar
de quadros para o trabalho e para a compreensão
a leitura e análise da imprensa partidária, os jornais
do funcionamento democrático da JCP e do Partido.
AGIT e Avante!, o programa do partido, os princípios
É por isso natural o estabelecimento de laços de
orgânicos da JCP, entre outros documentos e obras.
camaradagem, alegria e solidariedade no trabalho,
forma de estar que também se traduz no contacto entre A formação ideológica é importante para que cada
os militantes e outros jovens, na discussão política e no militante aprofundo o seu conhecimento sobre o
recrutamento. O nosso estilo de trabalho aprofunda-se Partido, a sua história e a JCP. Da mesma forma que é
reforçando a regularidade com que os militantes, responsabilidade individual de cada militante procurar

59
saber cada vez mais através do estudo, é também O 13.º ENES realizou-se dia 21 de Fevereiro de 2015,
dever da organização acompanhar cada militante, onde foram valorizadas todas as lutas travadas nas
contribuindo para a sua preparação para a luta pela escolas pelos estudantes, apelando a que todos os
defesa dos interesses da juventude e a construção estudantes continuem a intensificar os processos de
de uma política alternativa, patriótica e de esquerda. luta pela escola a que têm direito: a Escola Pública,
Cada militante deve, pois, estar informado para estar Gratuita, Democrática e de Qualidade.
em condições de informar e esclarecer os amigos
O reforço da organização do Ensino Secundário é
e companheiros de escola e trabalho, de modo a
essencial, e para isso há que recrutar novos militantes,
esclarecer e chegar a outros com as posições, valores
envolver os muitos milhares de jovens que dão o
e princípios do Partido e da JCP. seu contacto à JCP, reforçar e reactivar colectivos
e proporcionar condições para se criarem novos
colectivos onde estes não existem. É ainda de extrema
4.3 Organizações autónomas importância manter os colectivos activos, pois estes
e sectores são instrumentos importantes para o reforço da luta
4.3.1 As organizações autónomas dos estudantes e o maior factor de afirmação da JCP
nas escolas.
Tal como afirmam os princípios orgânicos, a JCP
Devido à pouca disponibilidade dos estudantes para
tem duas organizações autónomas: a Organização
qualquer outra actividade que não a escola, devido
do Ensino Secundário (OESec) e a Organização do
à excessiva carga horária e às muitas dificuldades
Ensino Superior (OESup). As duas organizações
económicas, falta de transportes, etc., é cada vez
são de âmbito nacional, constituídas por estudantes
mais difícil que estes se organizem e que participem
comunistas que desenvolvem a sua intervenção
na actividade diária da JCP. Desde reuniões nos
prioritária no respectivo local de estudo.
intervalos à porta da escola, a conversas à hora de
No difícil quadro de intervenção e para a organização almoço, muitos são os esforços realizados pelos jovens
da juventude valorizam-se os avanços verificados no comunistas com o intuito de reforçar a organização,
reforço da organização, por via do recrutamento, da divulgar e organizar a luta, contribuindo para uma
criação e reforço de colectivos e no aprofundamento intervenção regular da JCP nas suas escolas, juntando
mais jovens para aquela que é a luta reivindicadora
da influência da JCP nas escolas.
dos seus direitos, a luta dos estudantes.
As organizações autónomas têm organismos de
direcção próprios e a sua principal competência
é analisar a realidade e traçar orientações para a 4.3.1.2 A organização autónoma
intervenção e actividade da JCP nas escolas do Ensino do Ensino Superior
Secundário e Superior, no âmbito da orientação geral
A Organização do Ensino Superior da JCP é uma
da JCP.
organização autónoma, de âmbito nacional e com
estruturas de direcção próprias onde se organizam os
4.3.1.1 A organização autónoma estudantes do Ensino Superior.

do Ensino Secundário Desde o último Congresso realizou-se em Coimbra a


15.ª CNES, contando com a participação de camaradas
A Organização do Ensino Secundário é uma e amigos de todo o país. Esta participação forneceu
organização autónoma, de âmbito nacional, com um importante contributo para a análise e discussão da
estrutura e direcção próprias. Constituída pelos situação do Ensino Superior e dos estudantes, assim
militantes da JCP estudantes do ensino secundário, como da intervenção da JCP nas diferentes estruturas
intervém junto dos estudantes nas suas escolas. de Ensino Superior do país.

A OESec tem órgãos de direção próprios, a São os militantes e os colectivos de escola ou de curso
Coordenadora Nacional do Ensino Secundário (CNES) que permitem o aprofundamento do conhecimento dos
e o seu Secretariado (ou outros organismos que a problemas concretos de cada local e uma abordagem
CNES entenda necessário eleger), que definem as e actuação organizada perante as dificuldades
linhas orientadoras de todos os aspectos da actividade enfrentadas pelos estudantes no sentido da sua
e organização da JCP no Ensino Secundário. resolução.

60
A intervenção dos estudantes comunistas em O calendário escolar e os horários são um dos
Associações de Estudantes, núcleos de curso e problemas sentidos no ensino profissional, é necessário
outras estruturas de organização dos estudantes é desenvolver formas criativas para que todos os
muito importante para a dinamização do movimento militantes e amigos participem mais e se contorne as
estudantil, para fomentar a análise e discussão da dificuldades criadas pelo peso dos módulos e estágios.
realidade dos estudantes, para a definição de linhas É importante esclarecer a importância da democracia
de trabalho para a resolução de problemas e sua nas escolas profissionais, criando linhas de trabalho
concretização. A participação nos órgãos de gestão para unir os estudantes na defesa dos seus direitos,
das faculdades e Universidades devem igualmente realizando RGA e criando e consolidando as
ser encarados com seriedade, numa altura em que Associações de Estudantes.
a participação dos estudantes vai sendo diminuída
É fundamental aprofundar a ligação ao ensino
graças ao Regime Jurídico das Instituições do Ensino
profissional: reforçar o contacto regular com estes
Superior (RJIES).
militantes e amigos; definir prioridades e linhas de
A ofensiva ideológica e a degradação das condições intervenção específicas; responsabilizar, planificar e
de vida (elevadas propinas, cada vez mais estudantes executar tarefas; procurar um envolvimento crescente
que trabalham, falta de ASE, etc.), de que são alvo os de outros jovens com vista ao reforço da luta e ao
estudantes, dificulta a intervenção da JCP, levando a recrutamento.
alguma resistência por parte de alguns estudantes na
disponibilidade para conhecer a JCP e a organizar-se
4.3.3 Intervenção junto dos jovens
em torno da defesa dos seus direitos.
trabalhadores
Apesar dos passos dados, é necessário intensificar o
trabalho para aumentar a capacidade de intervenção A JCP tem como linha de trabalho a sua presença
no Ensino Privado e, sobretudo, no Ensino Politécnico. e intervenção junto dos jovens trabalhadores nas
empresas e locais de trabalho. Esta acção deve ser
reforçada, já que é garante da defesa dos direitos dos
4.3.2 Intervenção junto jovens trabalhadores, da sua consciencialização e da
sua presença no movimento sindical de classe.
dos estudantes
do Ensino Profissional O aumento da exploração e do empobrecimento,
da precariedade, da emigração e do desemprego,
Foram dados importantes passos no reforço da dos baixos salários e os horários desregulados que
intervenção da JCP junto dos estudantes do Ensino afastam os jovens da vida cultural social e familiar,
Profissional, que se traduziram reforço na organização constituem factores para que a intervenção e
e no aprofundamento do conhecimento da realidade organização da JCP junto das empresas e locais de
em que estes jovens estudam e as dificuldades e trabalho seja bastante dificultada, mas essencial para
problemas com que se confrontam. Pese embora ainda o desenvolvimento da mobilização dos trabalhadores
se registem muitas insuficiências, a JCP está hoje em em geral na luta por mais respeito por quem trabalha.
É também necessário melhorar a intervenção junto dos
melhores condições de intervir junto destes jovens,
jovens desempregados. A emigração reflecte-se na
sendo necessário continuar a recrutar, organizar os
juventude em geral e naturalmente junto dos nossos
militantes e criar colectivos de escola, garantido a sua
militantes e amigos e foram dados importantes mas
intervenção neste meio, contribuindo para reforçar
ainda insuficientes passos na ligação aos militantes
o trabalho colectivo, potenciando a sua actividade
emigrados.
própria e desenvolvendo criativamente as orientações
gerais da JCP. Apesar do grande esforço no aumento das acções de
contacto e mobilização, a realidade é muito díspar de
O aumento da nossa influência relaciona-se com o norte a sul do país, havendo um ponto em comum: a
conhecimento, recrutamento e com a capacidade de crescente precarização das relações de trabalho. A
realização dos colectivos da JCP, cuja capacidade difícil realidade que se coloca leva à necessidade de
de esclarecer e ir mais longe na denúncia e acção encontrar formas de melhorar essa militância. É, pois,
é fundamental para o envolvimento de mais amigos prioritário que todos os militantes estejam organizados
e militantes. por empresa ou sector, participarem no seu colectivo

61
de base activamente e estejam sindicalizados nos Regionais, algumas das quais decidiram eleger
sindicatos de classe da CGTP-IN e intervirem na um organismo executivo, o respectivo Executivo
Interjovem. Por isso se decidiu, e já se vão colhendo Regional. Os organismos eleitos procuraram reflectir a
frutos, a orientação de definir com cada camarada um realidade dos activistas das organizações e a ligação
plano de trabalho próprio para o seu local de trabalho, às mais variadas áreas de intervenção, organizações
adaptando as necessidades organizativas à realidade autónomas, concelhos e colectivos.
de cada camarada para melhorar a intervenção da
JCP, sem prejuízo da sua integração noutras tarefas
da organização. 4.4 Outras linhas de intervenção,
Desde o 10.º Congresso realizou-se em Janeiro de
afirmação e actividade
2015 o Encontro Nacional de Jovens Trabalhadores,
4.4.1 Intervenção diversificada
com o lema “Pelos Direitos, Organizar e Lutar”,
momento importante na partilha de experiências de e campanhas da JCP
luta e dificuldades a nível nacional. Destaca-se o papel
A actividade da JCP é diversificada, a partir da realidade
da Comissão Nacional para as Questões da Juventude
e constante transformação da vida da juventude.
Trabalhadora, que reunindo de forma irregular, foi
Assim, para além da organização e intervenção nas
pontualmente dando resposta à análise e a tarefas
escolas e locais de trabalho, são múltiplas outras
colocadas, sendo necessário reforçar a regularidade
das suas reuniões. Editou-se, ainda que de forma formas de intervenção da JCP.
irregular, o “Proletário”. Desde o último Congresso, desenvolveram-se várias
Desde o 10.º Congresso, a actividade no que diz campanhas com o objectivo de afirmar a nossa
respeito à intervenção junto dos jovens trabalhadores, organização junto da juventude, das quais se fazem
mesmo com melhorias, não se traduziu na resposta balanços positivos. Tendo sempre como finalidade
necessária em todas as regiões, sendo possível ir reforçar a JCP, ao longo destes 3 anos, trabalhou-se
mais longe nesta frente de trabalho. para que cada campanha fosse o reflexo das aspirações
e necessidades da juventude. Para o seu sucesso foi
importante a discussão e reflexão em cada colectivo
4.3.4 Organizações regionais para definir objectivos, metas, organizar trabalho
e para que cada militante fosse parte fundamental
As Organizações Regionais da JCP têm como função
do resultado das campanhas. É importante referir
essencial organizar os jovens comunistas para a
que o estilo de trabalho da JCP é também ele parte
intervenção, acção política e dinamização da luta nas
fundamental das campanhas: a concepção de que
respectivas regiões.
cada distribuição deve ser uma acção de contacto e
O funcionamento das Organizações Regionais deve que cada conversa deve ter como objectivo esclarecer,
reflectir a diversidade de formas de organização dos envolver e recrutar são ferramentas que têm vindo a
colectivos de base e a realidade de cada região, ter repercussões positivas para a organização e que
valorizando as experiências e soluções encontradas devemos continuar a aprofundar.
para o enquadramento harmonioso e coordenado das
Foi constante a dinâmica da organização através de
várias frentes de intervenção, abrindo espaço para a
discussão colectiva de todos os militantes da JCP. debates, convívios, concertos e eventos desportivos,
a pintura de murais, etc. Organizaram-se milhares
Desde o 10° Congresso da JCP foram realizados vários de acções de contacto por todo o país e centenas de
Encontros e plenários Regionais que contribuíram acções de divulgação e de venda do jornal AGIT e do
para reforçar as organizações e o seu trabalho de jornal Avante!.
articulação, aprofundar o conhecimento sobre questões
diversificadas ligadas à vida dos jovens nos diversos Nos 40 anos do 25 de Abril e da Constituição da
colectivos de base que integram as organizações do República Portuguesa, a JCP integrou com outras
Secundário, do Superior e do Ensino Profissional e da dezenas de associações juvenis de todo o país, a
Juventude Trabalhadora. A discussão permite apontar Plataforma 40*25 afirmando os valores de Abril com
soluções, traçar linhas de trabalho que se adequem diversas iniciativas em todo país e construindo 3
à realidade local dos jovens e da organização. Nos edições do Acampamento pela Paz em Évora e Silves,
vários Encontros Regionais foram eleitas Comissões juntando centenas de jovens.

62
Foram ainda dados passos no reforço da intervenção ―― 
Mobilização e esclarecimento em torno das
da JCP no âmbito do movimento associativo juvenil, questões da paz e acções de solidariedade com
sendo necessário criar condições para se aprofundar povos em luta;
este trabalho. ―― 
Iniciativas no âmbito da Federação Mundial da
Juventude Democrática, nomeadamente na
A JCP organizou no Porto em Novembro de 2014, uma
comemoração dos seus 70 anos da FMJD e dos 70
grande festa de celebração do seu 35.º aniversário
anos da vitória dos povos sobre o nazi-fascismo ou
da JCP. Nos outros anos, organizaram-se iniciativas
a comemoração do Dia Internacional do Estudante;
em muitos concelhos do país, juntando milhares de
jovens comunistas e amigos da JCP em momentos de ―― Distribuição de várias edições do Jornal de Parede
confraternização e de alegria e de afirmação do nosso sobre questões internacionais;

projecto e valores. ―― Lançamento das Comemorações do Centenário da


Revolução de Outubro, através da realização de
Das várias campanhas destacam-se:
diversas iniciativas ao longo do ano de 2017;
―― A mobilização para a Marcha do Povo que se
―― 
Realização em algumas regiões de edições do
realizou em 6 de Junho de 2015, dinamizada pelas Torneio AGIT que em torno de jogos de futebol
forças que compõem a CDU e muitas centenas de envolveram centenas de jovens pela defesa do
democratas, e que envolveu centenas de militantes da direito à prática desportiva.
JCP e muitos milhares de jovens;

―― A campanha de reforço de organização “Mais JCP, 4.4.2 Propaganda


Mais Luta – Avante com Abril!”, a qual contribui não
só para mais militantes, como também para mais A propaganda é um importante elemento da actividade
da JCP, sendo uma das principais ferramentas de
militância, para o reforço orgânico e do trabalho
afirmação das suas ideias, mensagens e propostas.
colectivo;
Desde o último Congresso foram realizadas centenas
―― 
Várias campanhas no início dos anos lectivos de materiais de denúncia dos problemas da juventude,
para a intervenção junto dos estudantes do ensino esclarecimento da situação nacional e mobilização
para iniciativas e acções de luta.
secundário, profissional e superior;
Para além dos materiais de propaganda centrais, é
―― Campanhas e iniciativas em torno dos dias 24 de
fundamental que cada colectivo realize regularmente
Março, Dia do Estudante, e 28 de Março, Dia da elementos próprios e concretos sobre a realidade em
Juventude; se insere. É com a realidade do dia-a-dia que os jovens
mais se identificam, por isso, os boletins de colectivo
―― 
Campanha do Ensino Superior “Unidos
são uma importante ferramenta para denunciar os
conquistamos o Ensino Superior a que temos
problemas de cada escola ou local de trabalho e unir
direito”; os jovens de determinada escola ou local de trabalho
por justas reivindicações. Deve trabalhar-se para que
―― Campanha em defesa da “Escola Pública, gratuita
cada colectivo discuta e concretize a edição do seu
e de qualidade – A escola a que temos direito!”;
próprio boletim.
―― Dezenas de iniciativas no âmbito das comemorações
A informação dos materiais de propaganda deve ter uma
do 40.º Aniversário da Revolução de Abril e da sua linguagem clara, simples, objectiva, sendo apelativos
Constituição República Portuguesa; e criativos. Este materiais devem ser uma ferramenta
usada pelos militantes como forma de contacto com
―― Foto-protesto envolvendo centenas de bandas e
a juventude, esclarecendo dúvidas, preocupações,
artistas pela defesa da Cultura, dinamizado em
ouvindo e informando das nossas posições, potenciando
torno do Concurso de Bandas para o PNV; cada conversa como meio para aproximar os jovens da
luta pelos seus direitos e da JCP.
―― Campanha “Aumenta o Som: Baixa o IVA” na qual
já se recolheram milhares de assinaturas pela É de valorizar o esforço que se tem feito nos últimos
redução para 6% do IVA dos instrumentos musicais; anos com a criação de um grupo de trabalho para

63
as questões de propaganda, para que seja possível o país, para que o AGIT consiga dar mais e melhor
agilizar a criação de materiais e trabalhar a sua expressão à vida da juventude.
qualidade.
É também importante destacar camaradas para
Os meios de comunicação digitais assumem organizarem bancas de venda dos AGIT (com locais
um importante instrumento de propaganda da e horas definidas), bem como outros materiais da JCP,
Organização, sendo necessário a constante recolha de modo a reforçar ainda mais a organização, tanto
de materiais para que seja possível uma constante pela militância como pela divulgação de informação e
actualização. O site da JCP na internet, implica uma recolha de contactos.
constante atenção, sendo este mais um importante
meio de divulgação das nossas propostas e É ainda necessário controlar as vendas do AGIT de
actividades. Também a presença da JCP nas redes forma a se poder obter dados mais concretos sobre
sociais, representa também um importante meio de as vendas, não só para registo, como para considerar
propaganda. É trabalho de toda a organização recolher as medidas essenciais ao reforço e manutenção dos
e enviar material de iniciativas e actividades para que objectivos anteriormente descritos.
seja possível a sua actualização destes meios e para
Outra necessidade existente é a de adquirir novas
que melhor representem a actividade diária de cada
estruturas para as bancas físicas, de modo a melhorar
colectivo e de cada Organização ou sector.
e modernizar as acções de divulgação e venda do
AGIT, podendo agir conjuntamente com a banca
4.4.3 AGIT – O jornal da JCP de materiais da JCP, bem como outras acções de
distribuição (boletins de coletivos, por exemplo).
O AGIT dá expressão às lutas da juventude, actividades
É preciso discutir em toda a organização como afirmar
e propostas da JCP, englobando toda a organização
mais o AGIT junto da juventude e, com esse objectivo,
através dos vários colectivos e outros temas
decidiu-se a edição Especial de Verão sobre a Festa do
importantes como a realidade vivida pelos jovens no
Avante!, bem como se decidiu chamar Palco AGIT, ao
ensino secundário, ensino superior, ensino profissional
palco da Cidade da Juventude que acolhe diferentes
e no trabalho, assim como a vertente institucional e
expressões culturais da juventude portuguesa em
internacional do nosso trabalho.
todas as edições da Festa do Avante!.
É um instrumento de informação e comunicação
que expõe, de uma forma prática e elucidativa, as
análises, acções e propostas da organização. Forma, 4.4.4 Imprensa partidária
esclarece e ajuda a resistir à ofensiva ideológica que
constantemente se reafirma e agudiza. A leitura da imprensa partidária (AGIT / Avante! /
O Militante) contribui para a formação ideológica
A venda e divulgação do AGIT é assegurada pela JCP dos camaradas, pois cada um dos instrumentos
nos vários locais (escolas, locais de trabalho e zonas ajudam na reflexão dos problemas a nível social,
de concentração de jovens). É crucial comprar e ler o consciencializando quem lê para o que no rodeia.
AGIT, pois enriquece o conhecimento sobre a ideologia
comunista, marxista-leninista, preparando para as A imprensa partidária dá conta da realidade da
diversas acções e lutas juvenis, de modo a contribuir classe operária e de todos os trabalhadores de forma
para o objectivo de transformação da sociedade, tendo séria, referindo tanto as lutas efectuadas como as
sempre em conta as aspirações e desejos dos jovens. conquistas alcançadas, bem como as várias iniciativas
e acontecimentos que surgem na vida política e de
Tem-se verificado interesse no AGIT, tanto por parte todos os portugueses.
dos jovens, bem como pelos menos jovens (militantes
e não militantes), que procuram saber mais através do Desde o último Congresso, criaram-se bancas de
jornal da juventude comunista. venda de jornais Avante!, o que se revelou uma boa
aposta pois mostrou vendas e interesse, tanto por
É necessário prosseguir e reforçar esse hábito, militantes como por não militantes.
mantendo a regularidade e qualidade de conteúdos.
Para isso, é também essencial que se dinamize junto de Importa pois reforçar e regularizar a realização
toda a organização a recolha e envio de informações e de bancas de venda dos jornais AGIT e Avante!,
imagens sobre a situação e luta da juventude em todo juntamente com a venda de materiais da JCP.

64
4.4.5 Festa do Avante! 4.4.6 Palco Novos Valores
e o seu Concurso de Bandas
A Festa do Avante! é um momento fulcral na vida do
Partido e da JCP, pois é um importante meio de chegar O Concurso de Bandas para o Palco Novos Valores
à juventude. Pela sua dimensão e pelas exigências tem assumido no plano cultural nacional, expressão
que coloca ao nível de envolvimento dos camaradas maior da luta em defesa da cultura para todos, da livre
e amigos, planificação e concretização de trabalho de criação e fruição cultural e na afirmação da cultura
divulgação e construção, representa um processo que, como pilar da democracia. Constitui-se como um dos
com muita alegria, contribui para a responsabilização e maiores concurso de bandas do país, envolvendo
formação de quadros na sua preparação e realização. centenas de bandas e músicos e realizando diversas
eliminatórias por todo o país, afirmando a JCP e a FA
É de destacar o contributo da JCP para o sucesso da
por todo o país. No ano de 2017 comemoram-se os 20
Festa, não só na implantação da Cidade da Juventude
anos do PNV, o qual contará, como vem sendo hábito,
e outros espaços da Festa, como pela divulgação em
com actuações de bandas provenientes do próprio
locais de concentração juvenil. A JCP contribui para Concurso de Bandas, assim como com novos nomes
a divulgação da Festa junto de centenas de milhar da música em Portugal.
de jovens todos os anos com acções de divulgação
por todo o país. Para isso, contribui a Carrinha da É importante que toda a organização discuta como dar
Festa que percorre vários Festivais de Verão, festas maior expressão ao Concurso de Bandas e ao PNV,
populares e concertos. É inigualável o contributo de pelo papel que têm na defesa da cultura e tendo em
militantes e amigos na participação de jornadas de conta o património tanto do próprio PNV, como de
trabalho e brigadas de construção que, dando um outras formas de defesa da cultura que a juventude
pouco do seu Verão, permitem a construção solidária e sempre empreendeu.
voluntária de todas as dimensões da Festa, muitos dos
Tem sido feito um balanço positivo da realização
quais, têm pela primeira vez contacto com a dimensão das eliminatórias do Concurso de Bandas ainda em
e experiência do trabalho colectivo. O funcionamento período lectivo, permitindo a divulgação do Concurso
da Festa, através de turnos levados a cabo por de Bandas para o PNV e da Festa do Avante! em
militantes e muitos amigos é característica dos valores muitas centenas de escolas em todo o país.
de companheirismo e fraternidade da Festa.
Nos últimos anos, realizou-se um fotoprotesto em
O Comboio da Festa transporta todos os anos defesa da cultura, o qual envolveu milhares de artistas
centenas de pessoas a partir de Braga até à Festa e e de bandas e encontra-se em recolha de assinaturas
tem vindo a ser progressivamente mais participado. a petição “Aumenta o Som; Baixa o IVA” que exige a
Também as excursões da juventude para a Festa diminuição para 6% do IVA dos instrumentos musicais.
têm permitido trazer de todo o país milhares de
pessoas. São positivas as experiências de organizar
a possibilidade de transporte de pessoas para 4.4.7 Política de fundos
a Festa.
A JCP é organização revolucionária da juventude,
A compra antecipada da EP e a sua venda é tarefa mantendo-se ideologicamente independente, agindo
de toda a organização, sendo fundamental para a apenas em defesa das aspirações e direitos da
construção da própria Festa. É por isso necessário juventude. Toda a recolha financeira depende da
avançar na responsabilização de toda a organização recolha de quotas e da capacidade realizadora dos
pela descentralização e recolha de EP’s, assim como colectivos e esta é tarefa de todos os militantes.
a compreensão do seu valor político. Para assegurar
É imperativo que tenhamos uma boa condição
melhores condições à Festa e para os seus visitantes,
financeira para que dessa forma tenhamos uma maior
com mais espaço e mais Festa, no presente e no futuro,
ligação às massas. Uma boa situação financeira é
foi decidida pelo PCP a aquisição da Quinta do Cabo,
sinónimo de mais intervenção e mais actividade da
terreno adjacente à Festa do Avante!. Para alcançar
JCP em melhores condições.
esse objectivo, lançou-se a Campanha de Fundos
para a compra Quinta do Cabo a qual foi um enorme É fundamental aumentar a recolha de quotas nos
sucesso, e para a qual a JCP deu o seu contributo, colectivos e fazer perceber a todos os militantes a
envolvendo muitos milhares de amigos. importância política do pagamento das quotas.

65
É a partir dos colectivos, da recolha de quotas dentro pese embora não tenha logrado eleição, permitiu a
dos mesmos e da responsabilização de camaradas afirmação dos nossos valores de defesa da Educação.
que se consegue efectivar a regular recolha de fundos,
A JCP considera que o CCJ (Conselho Consultivo da
tal como a realização de iniciativas dos próprios
Juventude) é um instrumento de legitimação da política
colectivos, assumindo assim a própria intervenção
do Governo.
da JCP de forma dinâmica e assegurando ao mesmo
tempo a capacidade financeira da organização. No quadro do grupo parlamentar do PCP, o trabalho
institucional revelou ser um importante instrumento
Desde o último Congresso foram dados passos na
de denúncia dos problemas e na intervenção da JCP
sistematização da recolha financeira, na organização
junto da juventude, levando à AR a força da luta da
e identificação de militantes com quotas em atraso,
juventude na rua, nas escolas e locais de trabalho.
definindo com eles planos de pagamento. Passos cuja
O intenso trabalho da JCP de contacto diário com a
consolidação é necessária e cujo trabalho é preciso
juventude, permite que o Grupo Parlamentar tenha
aprofundar.
mais condições para levar até à AR e ao Governo os
São muitas as dificuldades com que a JCP se depara problemas e necessidades da juventude. Este trabalho
na recolha financeira tendo em conta a degradação reflectiu-se em centenas de perguntas ao Governo e
das condições de vida do povo português, que se dezenas de projectos de lei em defesa dos interesses
reflecte fortemente da vida dos jovens. Perante as e direitos dos jovens, sendo necessário melhorar a
difíceis condições de vida de camaradas e amigos, articulação nesta frente de trabalho.
é essencial encontrarem-se as respostas criativas e
A JCP contribuiu para as batalhas no âmbito da
desenvolver em cada colectivo e cada organização,
Juventude CDU, como as eleições ao Parlamento
um trabalho sistemático para colmatar as dificuldades Europeu em 2014 e as eleições legislativas em Outubro
e dar resposta às necessidades. de 2015, bem como participou na Campanha de Edgar
Silva para a Presidência da República com o mote
“Temos solução: Cumprir a Constituição”. Sublinhamos
4.4.8 R
 elacionamento institucional
o grande contributo das centenas de jovens da JCP, da
e batalhas eleitorais Ecolojovem ou sem filiação partidária que participaram
e dinamizaram as campanhas da CDU.
A Organização deve encarar o relacionamento e
as tarefas institucionais como mais uma forma de Podemos afirmar que são cada vez mais os jovens
denuncia e esclarecimento, de forma a desenvolver a que querendo uma política patriótica de de esquerda,
ligação da luta de massas e da acção juvenil à luta apoiam e votam na CDU. A JCP tem o dever de
institucional do Partido e da JCP. A JCP desenvolve envolver todos os jovens que estão ao nosso lado
a sua actividade institucional prioritariamente no durante as eleições.
Conselho Nacional da Juventude, na Assembleia da
É importante ainda salientar o importante papel de
República e nas Autarquias Locais.
esclarecimento que a JCP teve após os resultados
O papel da JCP no CNJ é criar espaços de diálogo e das últimas eleições legislativas, que perante a nova
entendimento entre as organizações juvenis, em torno fase da vida nacional, foi possível demonstrar que
de questões concretas que permitam trabalhar em nestas eleições, ao contrário do que se quis veicular
unidade e assim criar um espaço reivindicativo e uma por via de uma forte ofensiva ideológica, não se
ferramenta de apoio ao movimento juvenil. Nos últimos elegem Primeiros-Ministros mas sim deputados, cuja
3 anos, a JCP esteve frequentemente envolvida no correlação de forças resultante é que determina as
CNJ, participando nas suas várias comissões e nas soluções de governo.
assembleias gerais, contribuindo para, dentro das
As eleições para a Presidência da República
dificuldades normais de um espaço onde para além
realizaram-se num quadro difícil e a candidatura de
de associações de diverso tipo, participam outras
Edgar Silva foi determinante por se assumir como a
juventudes partidárias, um posicionamento correcto
candidatura dos trabalhadores e do povo,vinculada
do CNJ perante a situação política e social dos jovens
aos valores de Abril.
portugueses e as respostas necessárias. É de frisar
a candidatura da JCP à direcção do CNJ, tendo-se Realizar-se-ão em 2017 as eleições autárquicas,
conseguido a eleição. Assim como as candidaturas momento para o qual é fundamental que a JCP,
da JCP ao Conselho Nacional de Educação, que integrada na Juventude CDU, dê um grande contributo

66
para levar os problemas da juventude até aos poderes A JCP participa ainda em outros espaços
locais, contribuindo para o reforço do resultado da multilaterais como os encontros de organizações
CDU e envolvendo os muitos milhares de jovens que de juventude comunistas europeias, brigadas
acreditam no trabalho, honestidade e competência dos de solidariedade para com a luta de outros
nossos eleitos. povos, iniciativas de solidariedade, seminários,
entre outros.

4.9 Actividade internacional A JCP considera que, num quadro mundial de


enormes contradições do imperialismo, em que
Assumindo-se como organização internacionalista, a este se apresenta cada vez mais dominante e ao
JCP desenvolve uma intensa actividade internacional, mesmo tempo mais fragilizado pela luta dos povos,
na medida das suas possibilidades, no sentido de constituem perigos as tendências sectárias que,
contribuir para o reforço e alargamento da frente anti- através da exclusão de organizações e forças sociais
imperialista, de aprofundar os laços de amizade entre anti-imperialistas que não afirmem a ideologia
a JCP e organizações de juventude comunistas, comunista, contribuem para a divisão da frente anti-
revolucionárias, progressistas e anti-imperialistas, bem imperialista, para a perda de influência dos comunistas
como a solidariedade para com a luta da juventude em e a predominância de sectores oportunistas que
todo o mundo. se associam a tais forças genuinamente anti-
imperialistas e populares. O vincar das diferenças
No desenvolvimento da sua actividade internacional, entre organizações anti- imperialistas e mesmo entre
a JCP privilegia relações de tipo bilateral, respeitando organizações comunistas, a procura de imposição
sempre as características de cada organização e de de modelos e análises, a estruturação e ênfase nas
cada país, numa postura de solidariedade para com as acções a nível internacional em detrimento da luta no
lutas da juventude e dos povos, independentemente plano nacional contribuem para o enfraquecimento
das divergências de opinião, ideologia, caminhos e da frente anti-imperialista, da influência e capacidade
objectivos que possamos ter. de luta dos comunistas, da procura da unidade na
acção. Consideramos também negativa a tendência
A JCP tem como prioridade no plano internacional
de regionalização e governamentalização da luta
o reforço da frente anti-imperialista, que no plano da
anti-imperialista.
juventude tem como expressão maior a Federação
Mundial da Juventude Democrática (FMJD). No que diz respeito a actividades da FMJD, desde
Consideramos o espaço da FMJD como uma grande o 10.º Congresso, a JCP participou nas reuniões do
potencialidade para a luta da juventude contra o Conselho Geral da FMJD em Hanói, Vietname (2014);
imperialismo pela sua história, pela sua implementação Beirute, Líbano (2015); Moscovo, Rússia (2016) e na
em todos os continentes, pelo seu carácter anti- 19.ª Assembleia da FMJD, realizada em Novembro de
imperialista e por congregar as organizações que mais 2015 em Havana, Cuba, no momento da celebração
consequentemente lutam contra o imperialismo e pela do 70.º aniversário da Federação. A 19.ª Assembleia
Paz. Nesse sentido, a JCP continuará a contribuir da FMJD confirmou o caminho de cooperação entre
para o reforço da FMJD, nomeadamente no plano da as organizações anti-imperialistas de todo o mundo,
Comissão da Europa e América do Norte (CENA). traçando a importância de continuar o trabalho
desenvolvido de alargamento da influência da FMJD
Os Festivais Mundiais da Juventude e dos Estudantes e da luta da juventude contra o imperialismo e pela
são para a JCP um espaço de grande importância para Paz. A JCP esteve ainda presente nas duas edições do
o reforço da luta anti-imperialista, que juntam a cada Acampamento de Jovens Anti-imperialistas da Europa
edição milhares de jovens de dezenas de países que e América do Norte (França, 2014; Espanha, 2015),
têm em comum a sua luta contra o Imperialismo, nas nas Brigadas da FMJD de Solidariedade na Colômbia
suas várias expressões. Os FMJE devem continuar a e na Venezuela (2015), na iniciativa de celebração
ser espaços de grande amplitude política, de carácter do 70.º Aniversário da FMJD realizada na Namíbia
anti-imperialista, estando já marcado o próximo (2015) e em diversas outras iniciativas e seminários da
FMJE para Outubro de 2017 em Sochi, na Rússia, Federação. Participámos ainda na Reunião Consultiva
sendo tarefa de toda a organização contribuir para a Internacional, na 1.ª e 2.ª Reuniões Preparatórias
dinamização do CNP de Portugal e dar a conhecer Internacionais (RPI) do 19.º Festival Mundial da
e mobilizar a juventude portuguesa para participar Juventude e dos Estudantes, respectivamente na
no FMJE. Rússia, na Venezuela e na Namíbia. A JCP recebeu

67
em 2016 o Acampamento Internacional “Avante! Por 4.5 As linhas de orientação para
um mundo de Paz”, por ocasião da 40.ª Festa do
o trabalho de direcção da JCP
Avante!, iniciativa na qual participaram jovens de 35
organizações de todos os continentes, e que foi um A estrutura de direcção da JCP assenta nos princípios
importante elemento de afirmação de solidariedade e e formas democráticas do nosso funcionamento e
amizade internacionalistas, alargamento da expressão entre Congressos, cabe à Direcção Nacional (DN) e
internacional da Festa do Avante!, do prestígio da aos seus Organismos Executivos – Comissão Política
JCP e do PCP e também de reforço da FMJD e da e Secretariado da DN –, às Comissões Regionais e às
preparação do 19.º Festival Mundial da Juventude e Coordenadora Nacional do Ensino Secundário (CNES)
dos Estudantes, tendo-se realizado à margem deste e Direcção Central do Ensino Superior (DCES), que
acampamento a Reunião Preparatória da Região a cada momento e em cada uma das organizações e
Europa. sectores se desenvolvam as formas de concretização
No plano bilateral, desde o último Congresso, a da orientação geral da JCP.
JCP participou no 17.º e 18.º Congressos da União
da Juventude Socialista (UJS) do Brasil, no 11.º
4.5.1 O Congresso
Congresso dos Colectivos de Jovens Comunistas
(CJC) da Catalunha, no 7.º Congresso da JMPLA de O Congresso é o órgão máximo da JCP. O Congresso é
Angola, no 11.º Congresso da Juventude Comunista da realizado de 3 em 3 anos, salvo situações excepcionais.
Grécia (KNE), no Congresso do Movimento de Jovens Ao Congresso compete definir a todos os níveis a
Comunistas de França (MJCF), no 17.º Congresso orientação da JCP, alterar e aprovar os Princípios
da Juventude Comunista da Áustria (KJO), no 9.º Orgânicos e eleger a DN da JCP. A preparação do
Congresso dos Colectivos de Jovens Comunistas Congresso da JCP é um momento fundamental na
(CJC) de Espanha, no 23.º Congresso da Juventude aplicação do centralismo democrático, permitindo a
Trabalhadora Socialista Alemã (SDAJ), no 13.º todos os militantes a discussão das linhas orientadoras
Congresso da União das Juventudes Comunistas de da JCP e da resolução política, a discussão dos
Espanha (UJCE), no 1.º Congresso da Organização quadros a integrar a proposta da Direcção Nacional e
da Juventude Moçambicana (OJM), no 10.º Congresso a sua eleição.
da União da Juventude Democrática Libanesa (ULDY),
na sessão plenária internacional do 10.º Congresso da A sua preparação é um momento muito importante na
União de Jovens Comunistas (UJC) de Cuba, no 18.º organização. As organizações promovem momentos
Congresso da Organização da Juventude Democrática de discussão do Congresso de maneira a fazer chegar
Unida (EDON) de Chipre, na Assembleia Nacional o Congresso da JCP à juventude portuguesa e são
Constituinte da Federação Juvenil Comunista Italiana recolhidos contributos de todos os militantes. Na sua
(FGCI), na 14.ª Assembleia Nacional da organização preparação, a criatividade das organizações é essencial
Galiza Nova, no 3.º Conselho Nacional da Liga da na procura do reforço orgânico e da intervenção e
Juventude Comunista da África do Sul (YCL SA), no tem-se demonstrado fundamental para a realização
14.º Congresso das Juventudes Comunistas do Chile de um Congresso ligado à vida e que vinque as
(JJCC). Participámos nas três edições do Festival verdadeiras aspirações e direitos da juventude. Tendo
Pancipriota da Juventude, organizado pela EDON em conta que muitos militantes da JCP participam pela
de Chipre, e nas três edições do Festival Odigitis, primeira vez num processo de profunda democracia
organizado pela KNE da Grécia, no 3.º acampamento da organização é um momento também ele
nacional da MJCF de França, numa visita bilateral à privilegiado de formação ideológica de cada militante
OJM de Moçambique, no 6.º acampamento nacional da JCP.
da Federação Juvenil Comunista (FJC) da Argentina,
no acampamento nacional da COMAC da Bélgica,
na universidade de jovens marxistas da UJCE de 4.5.2 A Direcção Nacional
Espanha, no festival da SDAJ da Alemanha, entre
A DN é o órgão máximo de direcção da JCP entre
outras iniciativas, conferências e encontros.
Congressos. A DN tem cumprido o seu papel
Desde o 10.º Congresso a JCP esteve ainda presente fundamental de direcção do trabalho, reuniu 11 vezes,
em duas reuniões de organizações juvenis comunistas definindo as orientações para a acção e intervenção
europeias, realizadas respectivamente na Alemanha da JCP. A DN teve um papel decisivo na análise da
(2015) e na Itália (2016). situação política da juventude, assim como na definição

68
de orientações para cada momento da vida nacional ―― Ter capacidade de se renovar através do processo
por forma a alargar a influência da JCP, assim como de cooptação de novos membros que incluirá,
garantir a resposta às questões mais prementes da obrigatoriamente, o processo de auscultação
juventude e a todas as tarefas de organização. A DN previsto para a eleição em Congresso, ouvindo
deu resposta à direcção do trabalho, através de uma os organismos aos quais os membros propostos
recomposição e cooptações perante situações em pertencem;
que se verificou necessário. Sempre que se verificou
―― Retirar a qualidade de membros da DN a todos
adequado à direcção do trabalho, a DN elegeu
aqueles que não participem injustificadamente em
camaradas para os seus organismos executivos. É
4 reuniões consecutivas;
importante criar condições para uma maior participação
dos camaradas nas reuniões da DN, para que estes ―― Cumprir e fazer cumprir os Princípios Orgânicos
possam intervir e dar o seu contributo na definição da JCP;
das linhas de orientação para a intervenção da JCP.
A direcção do trabalho da JCP é fundamental entre ―― Reunir de forma operacional garantindo a todos os
Congressos e por isso deve manter-se a regularidade seus membros espaço de intervenção.
das reuniões da DN por forma a manter a capacidade de ―― 
A nova DN a ser eleita pelo Congresso, sob
análise e de definição de orientações mais adequadas proposta da DN cessante, deverá ter por base os
a cada momento. seguintes critérios:
Compete à DN: ―― Ter uma composição etária, social e de rapazes e
―― Dirigir a JCP de acordo com a orientação geral raparigas, que reflicta a realidade da
definida no Congresso; organização e os objectivos de trabalho;

―― Definir as linhas de orientação para o trabalho ―― 


Ser constituída pelo núcleo fundamental dos
político, ideológico e orgânico da JCP de acordo quadros activistas da JCP;
com as linhas gerais definidas em Congresso; ―― 
Assegurar uma ligação ao fundamental das
―― Definir as linhas de intervenção política da JCP no organizações regionais, sectores e áreas de
sentido de aprofundar a ligação à realidade juvenil; intervenção;

―― Definir o plano anual de actividades da JCP; ―― Ter uma composição de quadros profundamente
ligados às várias áreas e realidades do
―― Conhecer e aprofundar o conhecimento da realidade movimento juvenil;
política, social, económica e cultural da juventude,
tanto no plano nacional como internacional; ―― Ter em conta, no número de elementos a eleger, as
questões de funcionalidade.
―― Convocar os Encontros Nacionais da JCP e traçar
os seus objectivos;
4.5.3 A Comissão Política
―― Convocar o Congresso da JCP, definir as suas
normas de funcionamento, representação e Desde o último Congresso a Comissão Política
assumir a sua preparação; manteve o seu regular funcionamento ao nível da
direcção política, conhecimento e análise da realidade
―― 
Prestar contas ao Congresso da actividade da
juvenil. A Comissão Política procurou assegurar uma
JCP, da análise da política juvenil, da situação
distribuição equilibrada das tarefas entre os seus
da juventude e das linhas de orientação sobre a
membros e cumpriu as competências que lhe foram
intervenção, organização e direcção, devidamente
atribuídas: articulou o trabalho e traçou orientações
documentada e fundamentada;
gerais entre as DN de forma a dar resposta às
―― Eleger, de entre os seus membros, a Comissão necessidades de reforço da Organização, do avanço
Política e o Secretariado, considerando no da situação da juventude e da sua luta; procurou ter
desenvolvimento da sua actividade a necessidade discussões temáticas de forma a aprofundar a reflexão
de renovação destes organismos; da Organização sobre variadas áreas.

69
As Competências da Comissão Política da DN são: 4.5.5 A Coordenadora Nacional
―― Assumir a direcção política da JCP entre reuniões do Ensino Secundário (CNES)
da DN;
O ENES define as linhas de orientação e de trabalho e
―― Acompanhar o desenvolvimento e traçar orientações elege a CNES que dirige a OESec entre ENES.
para a actividade da JCP de acordo com a orientação
A CNES pode eleger quaisquer organismos que achar
da DN;
necessários tendo, desde o último Congresso, sido
―― 
Acompanhar o desenvolvimento e tomar posição eleito um Secretariado que tem mantido regularidade
sobre a situação juvenil e outros aspectos de no seu funcionamento e trabalho de direcção. Deve-se
especial relevância no plano nacional. envolver camaradas de todas as regiões na CNES,
alargando assim a percepção da realidade de
cada sítio, para a organização poder ter uma maior
4.5.4 O Secretariado capacidade de análise e direcção, sendo que se
conseguiu desde o último Congresso ter camaradas da
Desde o 10.º Congresso, o Secretariado da DN
maioria das regiões do país na CNES. Desde o último
garantiu o seu regular funcionamento, cumprindo nos
Congresso, a CNES reuniu com regularidade, apesar
diferentes momentos o fundamental das competências
de se terem verificado algumas dificuldades em reunir
que lhe foram atribuídas, conseguindo uma distribuição
com a presença de todos os camaradas membros,
equilibrada das diversas tarefas entre os seus membros.
fruto da instabilidade dos quadros e da organização.
O papel do Secretariado revelou-se fundamental na Apesar disso, a CNES cumpriu o seu papel e traçou
actividade da JCP, no acompanhamento, formação medidas para o desenvolvimento da luta e da
e promoção de quadros da JCP, para o seu organização, no quadro da orientação geral da JCP,
desenvolvimento orgânico. Desde o último Congresso que se comprovaram acertadas. Por necessidade de
não se conseguiu alcançar o objectivo que os trabalho e pela instabilidade dos quadros, recompôs-se
membros do Secretariado da DN não acompanhassem o organismo três vezes para que fosse o reflexo do
directamente Organizações Regionais ou Organizações quadro de activistas da organização e da sua realidade
Autónomas na Comissão Política. Apesar de o trabalho e, pontualmente, decidiu-se alargar a participação
do organismo se ter desenvolvido positivamente deve-se a alguns camaradas não eleitos na CNES, o que se
procurar que esta situação tenha o menor peso possível verificou útil ao desenvolvimento do trabalho. Com o
no quadro das tarefas dos seus membros para que não reforço da organização deram-se passos, em particular
ponha em causa o cumprimento das competências do desde o último ENES, na estabilidade do organismo e
organismo. O Secretariado revelou no desenvolvimento na direcção do trabalho.
do trabalho uma profunda articulação com a Comissão
A CNES e o seu Secretariado foram fundamentais
Política, as Comissões Regionais, e as direcções
na análise da situação dos estudantes do Ensino
centrais da OESec e da OESup.
Secundário, bem como na dinamização da luta destes
São competências do Secretariado da DN: estudantes por questões concretas e pela defesa da
escola pública. Devem criar-se as condições para a
―― 
Assumir a responsabilidade do tratamento das participação dos camaradas nas reuniões da CNES
questões de organização e de acompanhamento por forma a garantir que a organização autónoma
aos quadros da JCP, através do acompanhamento assegura a direcção do trabalho junto destes
à actividade da JCP nas diferentes Organizações estudantes por forma a contribuir para o alargamento
Regionais, sectores e áreas de intervenção; da influência da JCP e para o reforço orgânico, tendo
em conta características e questões específicas.
―― Assumir o relacionamento internacional da JCP;

―― Assumir o relacionamento institucional da JCP;


4.5.6 A Direcção Central
―― Acompanhar o trabalho de informação e propaganda
do Ensino Superior (DCES)
da JCP;
O órgão máximo de direcção da Organização do Ensino
―― Gerir e dinamizar a actividade financeira da JCP;
Superior é a Conferência Nacional do Ensino Superior
―― Gerir o património da JCP. (CNES), na qual são definidas as linhas orientadoras
para a actividade da JCP ao nível do Ensino Superior

70
nos anos seguintes e é eleita a Direcção Nacional do regionais tenham hoje comissões regionais eleitas,
Ensino Superior (DCES). A DCES, o seu Secretariado têm-se dado passos no reforço do trabalho colectivo,
e outros organismos que a DCES entenda como por via de plenários regionais quando se analise
necessários eleger para melhor responder a cada ser necessário.
realidade, analisam, discutem e definem as linhas de
São orientações para o trabalho das Comissões
trabalho da JCP face à realidade do Ensino Superior
Regionais da JCP:
e seus estudantes. Os organismos de direcção
intermédios referidos seguem as orientações centrais e ―― Ter capacidade de direcção e acção política nas
dão um importante contributo à articulação e adaptação organizações regionais;
das linhas de trabalho definidas para melhor responder
à realidade do local a que dizem respeito. ―― 
A composição das Comissões Regionais deve
corresponder à realidade da organização e manter
Desde o último Congresso a DCES reuniu com um funcionamento estável;
regularidade, verificando-se dificuldades em reunir
com todos os seus membros, fruto da instabilidade ―― 
Devem ser eleitas em Encontros Regionais,
dos quadros e da organização. Teve sempre um podendo proceder à cooptação de novos
Secretariado eleito, o qual reuniu regularmente, camaradas, sempre que se achar necessário;
dando, no essencial, resposta à direcção do trabalho.
―― 
Podem eleger um organismo executivo se
O organismo foi objecto de recomposições para que
entenderem necessário para o andamento do
fosse o reflexo do quadro de activistas da organização
trabalho;
e da sua realidade e, pontualmente, decidiu-se alargar
a participação a alguns camaradas não eleitos na ―― Devem analisar regularmente as políticas regionais
DCES, o que se verificou útil ao desenvolvimento e nacionais e tomar posição sobre elas, assumindo
do trabalho. Cabe à DCES assegurar a ligação ao maior protagonismo e responsabilidade, reforçando
movimento estudantil e aos vários colectivos do Ensino e prestigiando a JCP na região.
Superior, assim como definir as linhas de trabalho para
Desde o 10.º Congresso registaram-se algumas
a intervenção. Deram-se passos no aprofundamento
dificuldades, havendo excepções, em manter um
da análise da realidade, em particular do Ensino
trabalho regular das várias Comissões Regionais
Politécnico, sendo possível e necessário ir mais longe
eleitas. A irregularidade do trabalho destes organismos
por forma a potenciar um melhor conhecimento da
prendeu-se com a instabilidade da vida dos quadros
mesma. Foram tomadas pela DCES diversas posições
da JCP e dificuldades em responsabilizar outros pelas
para responder politicamente a questões com os quais
várias tarefas. Várias comissões regionais foram
os estudantes se confrontaram nos últimos 3 anos.
recompostas e, sempre que necessário, alargou-se
Deve-se ainda trabalhar para envolver camaradas
a participação de camaradas que ajudam no trabalho
que possam estabelecer ligação a mais instituições e
diário das organizações regionais. Desde o 10.º
regiões, com grande relevo para o Ensino Politécnico.
Congresso da JCP foram realizados vários Encontros
Regionais que contribuíram para reforçar o seu
4.5.7 As Comissões Regionais trabalho de articulação, aprofundar o conhecimento
sobre questões diversificadas ligadas à vida dos
As Comissões Regionais são a direcção regional da jovens nos diversos colectivos de base que integram
JCP em cada organização regional. As Comissões as organizações do Ensino Secundário e do Ensino
Regionais da JCP são eleitas nos Encontros Regionais Superior, bem como do Ensino Profissional e da
da JCP, os quais têm uma grande importância na Juventude Trabalhadora.
definição de orientações para o trabalho da JCP
nas regiões na base da orientação geral da JCP e
na afirmação e influência da JCP junto da juventude 4.5.8 Colectivos de apoio e grupos
e na promoção de momentos de convívio entre de trabalho centrais
os camaradas. A orientação de organizar até este
Congresso os Encontros e plenários Regionais A acção dos colectivos de apoio à Direcção Nacional
possíveis, permite-nos ter hoje uma organização da JCP e os grupos de trabalho centrais dão um
mais estruturada e um maior número de Comissões importante contributo no apoio ao conhecimento e
Regionais eleitas e mais ligadas à realidade concreta desenvolvimento da intervenção da JCP em diversas
de cada região. Ainda que nem todas as organizações áreas. Constituem, muitas vezes, a solução mais

71
adequada para o apoio do trabalho da Direcção
Nacional da JCP. Assim, a dinamização e criação
de colectivos e grupos de trabalho centrais deve ser
equacionada como forma de responder a necessidades
da JCP no plano central e da intervenção nas áreas
de trabalho que sejam transversais à Organização
e, como tal, as organizações regionais e sectoriais
devem ter em conta a necessidade e reconhecer a
importância de disponibilizar quadros para o trabalho
nestes colectivos. Uma vez em funcionamento a
sua discussão e actividade deve ser acompanhada
e merecer particular atenção por parte da Direcção
da JCP.

Desde o 10.º Congresso da JCP registou-se um


funcionamento regular do colectivo do AGIT e
da Secção Internacional. O Grupo de Trabalho
Institucional e o Grupo de Trabalho das Liberdades
e Direitos Democráticos funcionaram de forma
irregular, mas os seus membros foram contribuindo
para responder às tarefas colocadas. Constituiu-se o
Grupo de Trabalho para o Associativismo, o qual tem
reunido regularmente. Constituiu-se ainda um Grupo
de Trabalho para a Propaganda e Comunicação, o
qual tem dado resposta às necessidades colocadas,
apesar de se verificarem ainda insuficiências.

72
Pelo papel que os jovens comunistas desempenharam
e continuarão a desempenhar no desenvolvimento
da luta da juventude, o 11.º Congresso da JCP foi um
importante momento para o presente e o futuro do
movimento juvenil em Portugal.

As análises presentes neste documento são fruto de


uma ampla discussão colectiva e sobretudo de uma
forte ligação dos jovens comunistas à vida e à luta da
juventude portuguesa. Da luta, trazemos experiências
e realidades para a nossa análise, baseada nos
instrumentos do marxismo-leninismo, que nos
permitem agir de forma consequente para interpretar
e transformar o mundo. Para a luta, levamos a nossa
“alegria de viver e de lutar” que vem da “profunda
convicção de que é justa, empolgante e invencível a
causa por que lutamos” 2

A juventude portuguesa pode continuar a contar


com a JCP. Estaremos sempre na luta por uma vida
melhor para a juventude e pela concretização das
legítimas aspirações dos jovens, pelo Portugal de
Abril que nos foi roubado, mas que será nosso outra
vez. Queremos uma sociedade nova, liberta da
exploração do homem pelo homem, o socialismo e o
comunismo, que o nosso Partido define como “uma
sociedade sem classes, sociedade de abundância,
de igualdade social, de liberdade e de cultura para
todos, de iniciativa e criatividade colectiva e individual,
sociedade de trabalhadores livres e conscientes na
qual o trabalho será não apenas uma fonte de riqueza
mas uma actividade criadora e uma fonte de alegria,
de liberdade e de valorização pessoal e na qual a
paz, a saúde, a cultura, o repouso, o recreio, um meio
ambiente equilibrado, a acção colectiva e o valor do
indivíduo serão componentes da felicidade humana” 3

Conquistar o presente, construir o futuro – É pela luta


que lá vamos!

2
 lvaro Cunhal, O Partido com Paredes de Vidro
Á
3
 rograma do PCP. Uma Democracia Avançada – os valores
P
de Abril no futuro de Portugal, III.2.4
73
ÍNDICE DE
ABREVIATURA
OU GLOSSÁRIO
AAEE – Associação de Estudantes ENDA – Encontro Nacional de Direcções Associativas

AE – Associação de Estudantes ENES – Encontro Nacional do Ensino Secundário

AFRICOM – Comando dos Estados Unidos para a África EPE – Entidade Pública Empresarial

AGA – Assembleia Geral de Alunos ETT – Empresa de Trabalho Temporário

ALBA – Alternativa Bolivariana para as Américas ES – Ensino Superior

AR – Assembleia da República EUA – Estados Unidos da América

ASE – Acção Social Escolar FFAA – Forças Armadas

BCE – Banco Central Europeu FMI – Fundo Monetário Internacional

BE – Bloco de Esquerda FMJD – Federação Mundial da Juventude Democrática

BM – Banco Mundial FMJE – 


Festival Mundial da Juventude e dos
Estudantes
BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul
LBSE – Lei de Bases do Sistema Educativo
CDS/PP – Centro Democrático Social/Partido Popular
I&D – Investigação e Desenvolvimento
CDU – Coligação Democrática Unitária
IDP – Instituto do Desporto de Portugal
CENA – Comissão da Europa e América do Norte
IDT – Instituto da Droga e Toxicodependência
CETA – Acordo Económico e Comercial Global União
Europeia-Canada IES – Instituições de Ensino Superior

CGD – Caixa Geral de Depósitos INE – Instituto Nacional de Estatística

CGTP/IN – C
 onfederação Geral dos Trabalhadores SICAD – Serviço de Intervenção nos Comportamentos
Portugueses/Intersindical Nacional Aditivos e nas Dependências

CMJ – Conselho Municipal da Juventude IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude

CNE – Conselho Nacional de Educação IPJ – Instituto Português da Juventude

CNES – Coordenadora Nacional do Ensino Secundário IRC – 


Imposto sobre o rendimento de pessoas
colectivas
CNES – Conferência Nacional do Ensino Superior
IRS – 
Imposto sobre o rendimento de pessoas
CNJ – Conselho Nacional da Juventude
singulares
CNP – Comité Nacional Preparatório
IVA – Imposto sobre Valor Acrescentado
CRP – Constituição da República Portuguesa
IVG – Interrupção Voluntária da Gravidez
CT – Comissão de Trabalhadores
NATO – Organização do Tratado do Atlântico Norte
DCES – Direcção Central do Ensino Superior
OCDE – 
Organização para a Cooperação e
DN – Direcção Nacional Desenvolvimento Económico

ECTS – Sistema Europeu de Transferência de Créditos OE – Orçamento de Estado

74
OMC – Organização Mundial do Comércio

OMS – Organização Mundial de Saúde

ONG – Organização Não Governamental

ONU – Organização das Nações Unidas

ORT – Organização Representativa dos Trabalhadores

PE – Parlamento Europeu

PEC – Plano de Estabilidade e Crescimento

PEV – Partido Ecologista “Os Verdes”

PIB – Produto Interno Bruto

PRP – Projecto de Resolução Política

PS – Partido Socialista

PSD – Partido Social Democrata

RGA – Reunião Geral de Alunos

RNAJ – Registo Nacional de Associações Juvenis

SMN – Salário Mínimo Nacional

SMO – Serviço Militar Obrigatório

SNS – Serviço Nacional de Saúde

TE – Trabalhador-Estudante

TLC – Tratado de Livre Comércio

TTIP – 
Parceria Transatlântica de Comércio e
Investimento

ISCTE/IUL – Instituto Universitário de Lisboa

RJIES – Regime Jurídico das Instituições de Ensino


Superior

UE – União Europeia

UEM – União Económica e Monetária

RAN – Reserva Agrícola Nacional

REN – Reserva Energética Nacional

EGF – Empresa Geral de Fomento

MAE – Movimento Associativo Estudantil

75
JUVENTUDE COMUNISTA
PORTUGUESA

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