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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO


AV. EDUARDO MONDLANE, 149 - BEIRA

Tel: 23 329373 Fax:II23PARTE


329376 E-mail: feg@ucm.ac.mz

Atente às seguintes hipóteses e responda com base na lei pertinente em relação a todas as
questões jurídicas relevantes.

1. Na sequência de um incêndio de alarmantes proporções, Samuel decidiu


derrubar uma série de pinheiros, pertencentes a Manuel, visando travar a
propagação do fogo. Agora, Manuel pretende que seja indemnizado. Quid
iuris?

R/- No presente caso, estamos perante uma situação de tutela privada do direito,
em especial do estado de necessidade, previsto no art. 339 do CC. Com efeito, o
incêndio em alusão corresponde a um perigo em relação a quaisquer bens de
maior valor na iminência de serem afectados, designadamente, vidas humanas e
propriedades. Foi, neste contexto, que para evitar essa propagação, Samuel foi
derrubar os pinheiros de Manuel que, em bom rigor, configuram um verdadeiro
combustível. Por isso, em referência ao n.º 1 do art. 339 do CC, se considera
justificada a conduta daquele que pretendendo salvar um bem de valor superior
destruir ou danificar bens alheios, como foi o caso da conduta do Samuel.

Dado que Samuel agiu, como se referiu acima, em estado de necessidade, o


tribunal pode fixar um a indemnização equitativa que será paga por aqueles que se
aproveitaram da situação, conforme resulta do n.º 2 in fine do art. 339 do CC.

2. Certo dia, meliantes furtaram o telemóvel do Miguel. Entretanto, num belo dia,
quando fazia compras na Shoprite, Miguel verificou que o seu telemóvel se
encontrava com uma pessoa desconhecida, de nome Tomás, que o estava a
vender. Não sabendo o que fazer, pergunta a si para que o ajude. Quid iuris? 3v

R/- No presente caso, estamos perante uma situação de tutela privada, em especial
da acção directa, prevista no art. 336 do CC, que estabelece que para evitar a
inutilização prática do seu direito, o particular pode recorrer à força para assegurar
o seu direito, conforme se extrai do n.º 1 do art. 336 do CC. No caso vertente, visto
que o Miguel não tinha condições de recorrer à força pública para evitar a perda
definitiva do seu valor, o que podia fazer era apropriar-se do telefone, arrancando-
o, conforme se estabelece no n.º 2 do art. 336 do CC.

Neste contexto, ficava justificada a acção de Miguel se tivesse de retirar à força o


seu telemóvel.
3. Quando é que entrou em vigor a Lei n.º X/2015, de 28 de Julho, aprovada em
14 de Julho, que estabeleceu uma vacatio legis de 63 dias? 3v

R/- No presente caso, trata-se da matéria relativa à vigência das leis, conforme
resulta do art. 5/2 do CC. Nos termos do proémio do retrocitado dispositivo,
resulta que as leis entram em vigor após o decurso do prazo que tiver sido fixado
pela própria lei. Sendo certo que esta lei fixou uma vacatio legis de 63 dias e nada
estabeleceu sobre as regras de contagem, haverá que recorrer-se às regras de
cômputo dos prazos previstas na al. b) do art. 279 do CC. Assim, se a Lei X/2015 foi
publicada em 28 de Julho de 2015, então entrou em vigor no dia 30 de Setembro
de 2015, pelas 0h.

4. A Lei n.º Y/2012, de 21 de Maio, promulgada em 16 de Maio, não fixou o prazo


da vacatio legis. Pretende-se saber quando é que entrou em vigor. 3v

R/- No caso vertente, estamos perante a temática da vigência das leis, prevista no
art. 5 do CC. Se atendermos ao facto de que a Lei Y/2012 publicada no dia 21 de
Maio não fixou o prazo da vacatio legis, teremos de recorrer à regra supletiva do
n.º 1 do art. 1 da Lei n.º 6/2003, de 18 de Abril, que fixa o prazo de 15 dias após a
sua publicação no BR, em caso do silêncio do legislador. Sendo certo que as regras
de contagem constam da al. b) do art. 279 do CC, então, esta lei entrou em vigor
no dia 06 de Junho de 2012, pelas 0h.

5. Ao verificar que a Lei n.º K/2011, de 12 de Fevereiro, estava desajustada à


realidade, o Conselho de Ministros decidiu revogá-la com o Decreto n.º B/2012,
de 18 de Novembro. Quid iuris? 3v

R/- A presente hipótese aborda a matéria relacionada com a cessação da vigência


das leis por revogação, nos termos do n.º 1 do art. 7 do CC. No caso em apreço, a
revogação da Lei foi operada por um instrumento de valor inferior, isto é, um
Decreto, facto que não pode ocorrer. Na verdade, a revogação só opera se o acto
normativo revogatório for hierarquicamente superior ou igual e se versar sobre o
mesmo conteúdo.

Contrariamente, o caso vertente subverte a lógica acima referenciada, pelo que, é


inadmissível. Sendo assim, não ocorreu nenhuma revogação.

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