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República da Moçambique

Tribunal Judicial Do Distrito Municipal Kamubukwana

3ª Secção Criminal

Sentença

Proc. n° 04/20

Finda a instrução e no seguimento do processo, o MP deduziu a acusação em autos de


processo de Querela a fls.40 a 44 dos autos, contra Helder Andrade Mahoze, maior, 28 anos
de idade, solteiro, filho de Andrade Filipe Mahoze e Cecilia Maria Mabamane, natural de
Maputo, residente no bairro Marracuene, Maputo, contactável pelo n° 848108177, a data dos
factos.--------------------------------------------------------------------------------------------------------
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Tendo-lhe sido imputado pela prática em autoria material do crime Venda de terra e de Burla
por defraudação Previsto e punível nos termos do artigo 269 e 300 do Código Penal,
respectivamente, em vigor a data dos factos, aprovada pela Lei n° 34/2014 de 31 de
Dezembro.---------------------------------------------------------------------------------------------------

Em síntese extrai-se da acusação do Ministério Público que:

1. O ofendido nos autos tomou conhecimento pelas redes sociais de venda de um espaço
30X50, localizado no Bairro Massinga em Marracuene.-----------------------------------------
2. A vitima entrou em contacto com o numero que publicou a venda que pertencia ao
cidadão de nome António Miguel Ferreira, que o informou posteriormente que o espaço
pertencia a um conhecido seu, o arguido nesse caso.---------------------------------------------
3. O arguido já em contacto com o ofendido identificou-se como o proprietário do espaço,
tendo após a negociação fixado um preço de 165.000,00mt tendo acordado o pagamento
em 5 prestações que foram cumpridas na íntegra.-------------------------------------------------
4. Sucede que após o pagamento do valor o arguido não entregou o espaço ao ofendido sob
alegação de que tinha outro comprador que pretendia pagar muito mais.---------------------
5. Tempos depois o ofendido tomou conhecimento de que o espaço não pertencia ao arguido
mas a um outro cidadão de nome Américo Chirindzane que encontrava-se detido na
altura.----------------------------------------------------------------------------------------------------
6. O referido cidadão após ganhar liberdade e tomado conhecimento da venda do espaço o
arguido propôs a este a compra e venda do espaço e acordaram o valor de 250.000,00 mil
que incluía uma residência tipo um em construção no mesmo espaço, que só veio receber
apenas 60.000,00mt.-----------------------------------------------------------------------------------

A acusação foi recebida e o processo tramitado a luz do novo Código penal aprovado pela Lei
n°25/19, de 26 de Dezembro, tendo em conta a questão aplicabilidade imediata das normas
processuais estabelecidas no artigo 3 e 9 do novo CPP, no seu preâmbulo. ----------------------

Foi o arguido notificado da acusação nos termos do artigo 357 do CPP, conforme fls…e o
mesmo não apresentou nenhuma contestação dentro dos prazos legais, tendo o processo
seguido seus termos.---------------------------------------------------------------------------------------

Foi designada a data para audiência e julgamento em atenção ao preceituado no artigo 358 do
Código do Processo Penal, e a mesmo decorreu com observância de todas formalidades legais
e o arguido defendeu-se de harmonia com o previsto na constituição da República e o artigo
359 do Código do Processo Penal, na medida em que esteve em todas fases e actos
processuais e devidamente representado pelo seu mandatário judicial.----------------------------

Foi levantada e discutida a questão prévia relativamente aos crimes em acusação, se o


arguido seria acusado com base no antigo Código ou novo tendo em conta os referidos
artigos 3 e 9 tendo ficado assente que a acusação se basearia no novo Código por ser benéfica
ao arguido, sendo que no novo Código o crime de burla por defraudação ganhou uma nova
redacção bem assim o crime de venda de terra, que passou a ser agravação do crime de burla,
portanto o arguido passou a ser acusado pelo crime de burla agravada nos termos do artigo
287 em conjugação com o artigo 288 alínea g).--------------------------------------------------------

Mantem-se os pressupostos de validade de instância formais de validade de instância, não


existem nulidades, excepções ou questões prévias que cumpra conhecer e que obstem ao
conhecimento da causa.

Tudo visto cumpre apreciar e decidir

Factos provados.
Com relevância para a boa decisão da causa resultou provado que:

1. Entre o ofendido e o arguido deu-se um negócio de compra e venda de um espaço


30X50 , localizado no Bairro Massinga em Marracuene.
2. O ofendido tomou conhecimento da venda através de um anuncio nas redes sociais, tendo
efectuado ligação ao numero constante da publicidade que por sinal pertencia a um
cidadão de nome António Miguel Ferreira que apresentou-lhe o arguido como sendo o
titular do espaço.
3. O arguido confirmou ser como titular do espaço quando foi lhe apresentado o ofendido.
4.

Fundamentação fáctica.

O Tribunal fundou sua convicção com base na prova documental junto ao processo (artigo
199 do CPP) nesse caso os autos de notícia, bem como das declarações do arguido (artigo
174 do CPP), declarações do ofendido prestadas em sede da instrução, baseando-se ainda em
juízos lógicos, senso comum, livre convicção do julgador nos termos do artigo 157 do Código
do Processo Penal, senão vejamos:

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