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Neste capítulo, pretende-se discutir a respeito dos recursos mineiras, em especial no nosso
ordenamento jurídico, isto é, em Moçambique.
Sendo propriedade do Estado, os recursos mineiras situados no solo e no subsolo, nas águas
interiores no mar territorial, na plataforma continental e na zona económica exclusiva, assim
como resulta do artigo 4 da lei n.º 20/2014, de 18 de Agosto (Lei de mina). Conjugada com as
necessárias adaptações com alínea h) do n.º 2 do artigo 98 da Constituição da Republica de
Moçambique (CRM Revista). Nos deixa claro que o Estado é o órgão competente para atribuir a
titularização das concessões para a exploração dos recursos minerais.
Concessão mineira;
Certificado mineiro;
Senha mineira;
Licença de tratamento mineiro;
Licença de processamento mineiro;
Licença de comercialização de produtos minerais.
1
Http://www.Portaldogoverno.gov.mz/por/empresas/licenciamento/Actividade-Mineira .Acessada em 21 de
Setembro de 2019, pelas 15;30 min.
Todas estas formas resultam das alíneas a), b), c), d),e),f),g) ambos do nº 1 do artigo 5 da lei de
Mina.
Capitulo II. Regime Jurídico aplicável quanto a exploração dos recursos minerais em
Moçambique
Neste capítulo, pretende-se discutir a respeito do regime jurídico aplicável quanto a contratação
para a exploração dos recursos minerais, no primeiro ponto veremos na vertente moçambicana, e
de seguida faremos um direito comparado com outras legislações estrangeiras que abordam a
respeito dessa matéria em causa.
Como já havíamos avançados antes, que os recurso minerais são do domínio do Estados, este
sendo detentor, tem a prorrogativa de os regulares, e estabelecer as diretrizes para a atribuição
das concessões, bem como para a sua respectiva exploração.
Em bom rigor, o regime jurídico aplicável quanto a contratação para a exploração dos recursos
minerais em Moçambique, é feita por via do Regime Geral, concretamente por um concurso
público nos termos da alínea a) do artigo 5 conjugado com artigo 6 ambos do Decreto n.º 5/2016
de 8 de Março.
Mas poderia se levantar a questão oque é realmente um concurso publico, para tal de forma a
satisfazer a questão recorremos a doutrina onde conceitua o “Concurso público como sendo um
procedimento que se inicia com a publicação de um anúncio no diário da Republica e num jornal
de grande circulação nacional na qual podem todas as entidades que reúnam os requisitos
exigidos no anúncio ou programa do concurso2”.
Deste modo agora nos resta discutir de forma sucinta em relação a este regime, a nossa lei, opta
pela via do concurso público a luz do n.º 1 do artigo 10 da lei mineira conjugado com artigo 9 do
Decreto n.º 31/2015 de 31 de Dezembro (Regulamento da Lei de Minas) ora vejamos a redação
que se retira “ o governo pode realizar concurso público, para as actividade e operações mineiras,
atendendo aos interesses públicos, concretamente nas áreas geologicamente estudadas, com
potencial em recursos minerais, que tenham sido objecto de previa actividade mineira, reservadas
para actividades mineira e de proteção total e parcial. Porém podemos dizer que sempre se
2
MORAIS, Leitão Galvão Tele e SIRVA, Soares “Doing Business Angola” Pág. 46, Lisboa
mostrar necessário, e atendendo o interesse publico haverá lugar a realização de concurso
publico para atribuição de licenças de processamento e tratamento mineiro.
Neste concurso público estão sujeitas a algumas condições que são definidas por Despacho
Ministerial, onde deve incluir:
De salientar que o Instituto Nacional de Minas deve conduzir o processo do concurso publico.
Todos estes requisitos avançados a cima resulta do n.º 3 e 4 do artigo 9 do Regulamento de Mina
Em contrapartida do que já foi avançado, nos parece que a nossa lei abre-nos uma excepção ao
estabelecer o principio de prioridade consagrado sob epigrafe do artigo 9 da Lei mineira
conjugado com artigo 8 do Regulamento da Lei de Minas, ao estabelecer que os títulos mineiros
são atribuídos obedecendo a ordem de prioridade da data e hora de entrada do respectivo pedido,
junto a entidade competente considerando a proposta que oferece melhores condições, vantagens
e ganhos para o Estado. Parece que alei abre uma brecha ao permitir atribuição da concessão
mineira por via de um pedido, visto que regra geral aplica-se o concurso publico.
Fazendo agora uma possível comparação legislativa com os outros ordenamentos jurídicos
atinente a matéria do regime aplicável quanto a contratação e exploração dos recursos mineiros.
“No âmbito do regime jurídico Brasileiro quanto ao aproveitamento das riquezas minerais,
seguem a tradição dos grandes países mineradoras, onde o Estado detém o domínio e o controle
sobre os recursos minerais e consente sua exploração pelo particular 3”. Com isso podemos dizer
que a lei brasileira também opta pela via do concurso público.
3
BEDRAN, Elias, A mineração a luz do direito brasileiro, Ed. Alba1957. Rio de Janeiro.
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Então, o contrato mineiro para actividade mineira atribui título mineiro. Como já asseveramos
supra, o contrato de que se fala é sempre administrativo.
Posto isso, a questão que se coloca, tem a ver com o nível do cumprimento da garantia legal de
publicação dos contratos mineiros.
Cremos que uns dos princípios salvaguardados na administração pública, em relação a coisa
pública, o domínio público em particular é o princípio da transparência dai que o n.º 4 do artigo 8
da lei de minas impõem que o contrato mineiro celebrado entre o Estado, na pessoa do Governo,
e a empresa mineradora deva ser fiscalizado e se possível e conforme a lei for o contrato ser dado
visto e publicado no prazo de trinta dias.
Nos termos da alínea b) do n.º 2 do artigo 229 CRM. O tribunal administrativo fiscaliza
previamente a legalidade dos contratos mineiros, e do artigo 58 da lei do Tribunal
Administrativo, faz a fiscalização prévia da legalidade das conceções mineiras em particular.
Ainda em relação ao contrato celebrado, a fiscalização pelo tribunal administrativo é imposta
4
Centro de Integridade Pública (CIP). Alguns desafios na indústria extrativa em Moçambique. Maputo. 2009. Pág.
19
também n.º 2 do artigo 111 da lei 5/2016. Nos termos dos artigos 3 e 59 da Lei do Tribunal
Administrativo o Estado em relação o contrato de concessão figura como uma das entidades
sujeitas a fiscalização prévia do Tribunal Administrativo.
Desta fiscalização prévia pode resultar o visto que da eficácia e confere perfeição do acto, artigo
61, referente a natureza e eficácia do visto, da lei do Tribunal Administrativo ou pode resultar a
recusa do visto que consequentemente determinara a inexeculidade do contrato com
fundamentos legalmente previstos no artigo 77 e 78 da lei do Tribunal Administrativo.
O visto deve ser apresentado dentro de trinta dias, assim estabelece o artigo 35 da lei do Tribunal
Administrativo. Findo este prazo os contratos mineiros devem ser por imposição da lei
publicados no prazo de trinta dias.
Sendo certo que depois assinado o contrato o mesmo deve ser encaminhado ao tribunal
administrativo e depois de este dar o visto ser publicado no prazo de trinta dias, nos termos das
leis referidas impõem verificamos que há um problema no que diz respeito a publicação dos
contratos ou seja, problema no cumprimento da garantia legal de publicação dos contratos.
Conforme se refere “um dos grandes problemas em Moçambique é que os contratos que o Estado
tem vindo rubricar nesta área não são públicos, não sendo publicados em boletim da Republica.
Por outro lado, há, na relação entre o governo e os investidores, muitos aspectos técnicos ou
tenológicos que são sujeitos a negociações com os investidores, sendo estes uns dos pretextos
usados para que os acordos não sejam revelados5”
A publicação do contrato E fundamental pois, seria como se refere, “razoável que a opinião
pública soubesse dos contornos da conceção dos critérios de avaliação dos concorrentes, dos
direitos e deveres das partes envolvidas na relação contratual dos perfis dos vencedores e,
sobretudo, oque torna certos concorrentes e vencedores de um concurso em detrimento de
outros6”
Da análise que se faz em algum lugar 7 acerca do nível do cumprimento da garantia legal da
publicação dos contratos resulta três aspectos que merece a nossa atenção, quais sejam:
5
Centro de Integridade Pública (CIP). Alguns desafios na indústria extrativa em Moçambique. Maputo. 2009. Pág.
21.
6
ibdin
7
Centro de Integridade Pública (CIP). Industria extrativa. Moçambique continua com transparência limitada nos
contratos extrativos. Edição 1- Março 2019.
Existência de contratos publicados que tenham sido dado visto pelo tribunal
administrativo;
Contratos publicados sem visto do tribunal administrativo;
Contratos já assinados mas não publicados.
No que diz respeito aos contratos publicados e com visto do tribunal administrativo, temos como
exemplo o contrato de gasoduto de transporte de gás natural, assinado pelo Governo e a Sasol
(ROMPCO) no dia 26 de 10 de 2000 e dado visto no dia 18 de 08 de 2000.
No que diz respeito aos contratos publicados sem visto do tribunal administrativo, temos como
exemplo o contrato assinado em 21 de setembro de 2010 entre o Governo e a Sasol Petreóleum
Mozambique exploration Lda., referente a bacia de Moçambique.
Dos contratos não publicados, porem existentes temos como por exemplo o assinado em 15 de
Outubro de 2018 entre o Governo e a Sasol Petreolum em Inhambane (PT5-C) referente a
exploração do Petróleo.
Deve se referir a esta fase do trabalho que Moçambique aderiu aos padrões da iniciativa da
transparência na indústria extrativa (EITI/ITIE) em 2012. Entretanto, um dos princípios que a
EITI impõem a observância é o de que “ as transparências dos contratos pressupõem a sua
publicação completa, incluindo os anexos e adendas”8
Da omissão do prazo que nos referimos constatamos que se ao menos a lei estabelecesse este
prazo não teríamos situações de contratos assinados e ate agora não publicados.
Recomendações:
Referência Bibliográfica
Lei n.º 1/2018 de 2012 de Junho. Constituição da República de Moçambique-2018. Imprensa
nacional de Moçambique, E.P. edição 2018. Maputo 2018.
Boletim da Republica Primeira serie n.º 28 de 8 de Março de 2016 que aprova o Regulamento de
Contratação de Empreitadas de Obras Publicas, fornecimento de bens e prestação de serviços ao
Estado, Decreto n.º 5/2016 de 8 de Março