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Capitulo I.

Bases de contratação quanto a exploração dos recursos minerais

Neste capítulo, pretende-se discutir a respeito dos recursos mineiras, em especial no nosso
ordenamento jurídico, isto é, em Moçambique.

1.1. Actividade Mineira

Entende-se por actividade mineira todas as operações que consistem no desenvolvimento, de


forma conjunta ou isolada, de acções como o reconhecimento, prospeção e pesquisa, mineração,
processamento e tratamento de produtos mineiros 1”. Deste modo, o exercício da catividade
mineira deve ser precedida de autorização concedida pela entidade competente, e considera-se
autorização as permissões para extração de recursos minerais para construção de obras de
interesse público, investigação geológica e remoção de fosseis ou achados arqueológicos, nos
termos das alíneas a), b) e c) ambos do n.º 2 do artigo 5 da lei n.º 20/2014, de 18 de Agosto (Lei
de mina).

Sendo propriedade do Estado, os recursos mineiras situados no solo e no subsolo, nas águas
interiores no mar territorial, na plataforma continental e na zona económica exclusiva, assim
como resulta do artigo 4 da lei n.º 20/2014, de 18 de Agosto (Lei de mina). Conjugada com as
necessárias adaptações com alínea h) do n.º 2 do artigo 98 da Constituição da Republica de
Moçambique (CRM Revista). Nos deixa claro que o Estado é o órgão competente para atribuir a
titularização das concessões para a exploração dos recursos minerais.

Desta forma, a nossa lei mineira levanta as seguintes formas de titularização:

Licença de prospeção e pesquisa’

 Concessão mineira;
 Certificado mineiro;
 Senha mineira;
 Licença de tratamento mineiro;
 Licença de processamento mineiro;
 Licença de comercialização de produtos minerais.

1
Http://www.Portaldogoverno.gov.mz/por/empresas/licenciamento/Actividade-Mineira .Acessada em 21 de
Setembro de 2019, pelas 15;30 min.
Todas estas formas resultam das alíneas a), b), c), d),e),f),g) ambos do nº 1 do artigo 5 da lei de
Mina.

Capitulo II. Regime Jurídico aplicável quanto a exploração dos recursos minerais em
Moçambique

Neste capítulo, pretende-se discutir a respeito do regime jurídico aplicável quanto a contratação
para a exploração dos recursos minerais, no primeiro ponto veremos na vertente moçambicana, e
de seguida faremos um direito comparado com outras legislações estrangeiras que abordam a
respeito dessa matéria em causa.

Como já havíamos avançados antes, que os recurso minerais são do domínio do Estados, este
sendo detentor, tem a prorrogativa de os regulares, e estabelecer as diretrizes para a atribuição
das concessões, bem como para a sua respectiva exploração.

Em bom rigor, o regime jurídico aplicável quanto a contratação para a exploração dos recursos
minerais em Moçambique, é feita por via do Regime Geral, concretamente por um concurso
público nos termos da alínea a) do artigo 5 conjugado com artigo 6 ambos do Decreto n.º 5/2016
de 8 de Março.

Mas poderia se levantar a questão oque é realmente um concurso publico, para tal de forma a
satisfazer a questão recorremos a doutrina onde conceitua o “Concurso público como sendo um
procedimento que se inicia com a publicação de um anúncio no diário da Republica e num jornal
de grande circulação nacional na qual podem todas as entidades que reúnam os requisitos
exigidos no anúncio ou programa do concurso2”.

Deste modo agora nos resta discutir de forma sucinta em relação a este regime, a nossa lei, opta
pela via do concurso público a luz do n.º 1 do artigo 10 da lei mineira conjugado com artigo 9 do
Decreto n.º 31/2015 de 31 de Dezembro (Regulamento da Lei de Minas) ora vejamos a redação
que se retira “ o governo pode realizar concurso público, para as actividade e operações mineiras,
atendendo aos interesses públicos, concretamente nas áreas geologicamente estudadas, com
potencial em recursos minerais, que tenham sido objecto de previa actividade mineira, reservadas
para actividades mineira e de proteção total e parcial. Porém podemos dizer que sempre se

2
MORAIS, Leitão Galvão Tele e SIRVA, Soares “Doing Business Angola” Pág. 46, Lisboa
mostrar necessário, e atendendo o interesse publico haverá lugar a realização de concurso
publico para atribuição de licenças de processamento e tratamento mineiro.

Neste concurso público estão sujeitas a algumas condições que são definidas por Despacho
Ministerial, onde deve incluir:

 Definição dos critérios de seleção de concorrente elegível;


 Obrigatoriedade de pagamento do valor de aquisição do caderno de encargo;
 Obrigatoriedade de qualquer concorrente propor o valor do bónus e assinatura;
 Obrigatoriedade de o concorrente vencedor ser escolhido com base na melhor proposta
técnico-económica para o desenvolvimento da actividade mineira ou melhor proposta de
oferta financeira;
 A exigência de o concorrente vencedor concordar que a sua proposta técnico-económica
e financeira faca parte do contrato mineiro sem modificação de qualquer disposição
material, salvo se tal modificação for em benefício ao Estado.

De salientar que o Instituto Nacional de Minas deve conduzir o processo do concurso publico.
Todos estes requisitos avançados a cima resulta do n.º 3 e 4 do artigo 9 do Regulamento de Mina

Em contrapartida do que já foi avançado, nos parece que a nossa lei abre-nos uma excepção ao
estabelecer o principio de prioridade consagrado sob epigrafe do artigo 9 da Lei mineira
conjugado com artigo 8 do Regulamento da Lei de Minas, ao estabelecer que os títulos mineiros
são atribuídos obedecendo a ordem de prioridade da data e hora de entrada do respectivo pedido,
junto a entidade competente considerando a proposta que oferece melhores condições, vantagens
e ganhos para o Estado. Parece que alei abre uma brecha ao permitir atribuição da concessão
mineira por via de um pedido, visto que regra geral aplica-se o concurso publico.

Fazendo agora uma possível comparação legislativa com os outros ordenamentos jurídicos
atinente a matéria do regime aplicável quanto a contratação e exploração dos recursos mineiros.

“No âmbito do regime jurídico Brasileiro quanto ao aproveitamento das riquezas minerais,
seguem a tradição dos grandes países mineradoras, onde o Estado detém o domínio e o controle
sobre os recursos minerais e consente sua exploração pelo particular 3”. Com isso podemos dizer
que a lei brasileira também opta pela via do concurso público.
3
BEDRAN, Elias, A mineração a luz do direito brasileiro, Ed. Alba1957. Rio de Janeiro.
<<<<>>>

Em Moçambique devido a constante descoberta dos recursos minerais a uma corrida


desenfileirada para a sua exploração, com interesse na aquisição de um título mineiro. Como
dissemos supra, que embora de forma antológica, que a exploração mineira só E possível,
legalmente, por via de um contrato que atribui titulo. Nestes termos, “a extração de qualquer
recurso mineral em Moçambique carece de obtenção do respetivo título mineiro, competindo ao
ministro dos recursos minerais a emissão de licença de reconhecimento, prospeção e pesquisa, de
certificado mineiro e das conceções minerais4”

Então, o contrato mineiro para actividade mineira atribui título mineiro. Como já asseveramos
supra, o contrato de que se fala é sempre administrativo.

Os títulos mineiros, podem ser atribuídos mediantes o requerimento ou mediante o concurso


publico promovido pelo Estado, assim estabelece os n.º 1 e 2 do artigo 7, n.º 3 do artigo 8 e n.º 1
e 2 do artigo 10 ambos da lei de minas. Entretanto, salvo melhor entendimento, do que resulta do
n. º 4 do artigo 8 da lei de minas, a publicação dos contratos mineiros no prazo de 30 dias depois
do visto do Tribunal Administrativo é extensivo também ao titulo mineiro requerido.

Posto isso, a questão que se coloca, tem a ver com o nível do cumprimento da garantia legal de
publicação dos contratos mineiros.

Cremos que uns dos princípios salvaguardados na administração pública, em relação a coisa
pública, o domínio público em particular é o princípio da transparência dai que o n.º 4 do artigo 8
da lei de minas impõem que o contrato mineiro celebrado entre o Estado, na pessoa do Governo,
e a empresa mineradora deva ser fiscalizado e se possível e conforme a lei for o contrato ser dado
visto e publicado no prazo de trinta dias.

Nos termos da alínea b) do n.º 2 do artigo 229 CRM. O tribunal administrativo fiscaliza
previamente a legalidade dos contratos mineiros, e do artigo 58 da lei do Tribunal
Administrativo, faz a fiscalização prévia da legalidade das conceções mineiras em particular.
Ainda em relação ao contrato celebrado, a fiscalização pelo tribunal administrativo é imposta
4
Centro de Integridade Pública (CIP). Alguns desafios na indústria extrativa em Moçambique. Maputo. 2009. Pág.
19
também n.º 2 do artigo 111 da lei 5/2016. Nos termos dos artigos 3 e 59 da Lei do Tribunal
Administrativo o Estado em relação o contrato de concessão figura como uma das entidades
sujeitas a fiscalização prévia do Tribunal Administrativo.

Desta fiscalização prévia pode resultar o visto que da eficácia e confere perfeição do acto, artigo
61, referente a natureza e eficácia do visto, da lei do Tribunal Administrativo ou pode resultar a
recusa do visto que consequentemente determinara a inexeculidade do contrato com
fundamentos legalmente previstos no artigo 77 e 78 da lei do Tribunal Administrativo.

O visto deve ser apresentado dentro de trinta dias, assim estabelece o artigo 35 da lei do Tribunal
Administrativo. Findo este prazo os contratos mineiros devem ser por imposição da lei
publicados no prazo de trinta dias.

Sendo certo que depois assinado o contrato o mesmo deve ser encaminhado ao tribunal
administrativo e depois de este dar o visto ser publicado no prazo de trinta dias, nos termos das
leis referidas impõem verificamos que há um problema no que diz respeito a publicação dos
contratos ou seja, problema no cumprimento da garantia legal de publicação dos contratos.

Conforme se refere “um dos grandes problemas em Moçambique é que os contratos que o Estado
tem vindo rubricar nesta área não são públicos, não sendo publicados em boletim da Republica.
Por outro lado, há, na relação entre o governo e os investidores, muitos aspectos técnicos ou
tenológicos que são sujeitos a negociações com os investidores, sendo estes uns dos pretextos
usados para que os acordos não sejam revelados5”

A publicação do contrato E fundamental pois, seria como se refere, “razoável que a opinião
pública soubesse dos contornos da conceção dos critérios de avaliação dos concorrentes, dos
direitos e deveres das partes envolvidas na relação contratual dos perfis dos vencedores e,
sobretudo, oque torna certos concorrentes e vencedores de um concurso em detrimento de
outros6”

Da análise que se faz em algum lugar 7 acerca do nível do cumprimento da garantia legal da
publicação dos contratos resulta três aspectos que merece a nossa atenção, quais sejam:
5
Centro de Integridade Pública (CIP). Alguns desafios na indústria extrativa em Moçambique. Maputo. 2009. Pág.
21.
6
ibdin
7
Centro de Integridade Pública (CIP). Industria extrativa. Moçambique continua com transparência limitada nos
contratos extrativos. Edição 1- Março 2019.
 Existência de contratos publicados que tenham sido dado visto pelo tribunal
administrativo;
 Contratos publicados sem visto do tribunal administrativo;
 Contratos já assinados mas não publicados.

No que diz respeito aos contratos publicados e com visto do tribunal administrativo, temos como
exemplo o contrato de gasoduto de transporte de gás natural, assinado pelo Governo e a Sasol
(ROMPCO) no dia 26 de 10 de 2000 e dado visto no dia 18 de 08 de 2000.

No que diz respeito aos contratos publicados sem visto do tribunal administrativo, temos como
exemplo o contrato assinado em 21 de setembro de 2010 entre o Governo e a Sasol Petreóleum
Mozambique exploration Lda., referente a bacia de Moçambique.

Dos contratos não publicados, porem existentes temos como por exemplo o assinado em 15 de
Outubro de 2018 entre o Governo e a Sasol Petreolum em Inhambane (PT5-C) referente a
exploração do Petróleo.

Deve se referir a esta fase do trabalho que Moçambique aderiu aos padrões da iniciativa da
transparência na indústria extrativa (EITI/ITIE) em 2012. Entretanto, um dos princípios que a
EITI impõem a observância é o de que “ as transparências dos contratos pressupõem a sua
publicação completa, incluindo os anexos e adendas”8

Nestes moldes entendemos que o nível do cumprimento da garantia legal da publicação no


ordenamento jurídico moçambicano não é de todo satisfatório ou seja, ainda temos problemas
8
EITI- Extrative industries transparencie iniciative. O padrão de EITI 2016
oque se verifica, na nossa opinião é que esse nível de cumprimento que achamos existir no nosso
ordenamento jurídico ganha espaço porque a nível da lei do tribunal administrativo no seu artigo
35 o tribunal administrativo deve dar visto ao contrato no prazo de trinta dias e finda este prazo o
mesmo contrato deve ser publicado dentro de trinta dias no boletim da republica conforme refere
o n.º 4 do artigo 8 da lei de mina, só que, a lei de minas não estabelece um prazo dentro do qual
deve apresentar ao tribunal administrativo depois de assinado o contrato para a exploração
mineira.

Da omissão do prazo que nos referimos constatamos que se ao menos a lei estabelecesse este
prazo não teríamos situações de contratos assinados e ate agora não publicados.

Recomendações:

A primeira recomendação diz respeito a necessidade de se estabelecer um prazo dentro do qual o


Governo depois de ter assinado o contrato devera submeter ao tribunal administrativo o contrato
assinado.

 Floresta e fauna Bravia

Qual é o nível de viabilidade do actual regime de processo de contratação para exploração


sustentável dos recursos florestais?
Conclusão

Contudo, finalizando o trabalho temos como possíveis conclusões a destacar primeiro de


avançar que os recurso minerais são de propriedade do Estado, e sendo este do seu domínio,
compete a ele regular toda situação atinente a exploração dos recursos minerais, de modo a
existir uma transparência na titularização das concessões mineiras, tendo em conta que a nossa
lei mineira enfatiza a atribuição das concessões por via de um regime geral, isto é, o concurso
publico, também de salientar que o seu contrato é feita entre o órgão do Estado e o particular,
tramitados no tribunal administrativo. Também de ressaltar que tem se verificado a não
observação do nível do cumprimento da garantia legal de publicação dos contratos mineiros.
Tendo em conta que a nossa lei simplesmente se limita ao falar do prazo que devem ser
publicadas os contratados mineiros depois de serem dado visto pelo tribunal administrativo, isto
é dentro dos trinta dias. Mas esta não clarifica a data que os contratos devem ser submetidas ao
tribunal administrativo para passar por um meio de fiscalização dos mesmos, pondo em causa
deste modo o princípio da transparência. Visto que a publicação do contrato é fundamental pois,
seria como se refere, razoável que a opinião pública soubesse dos contornos da conceção dos
critérios de avaliação dos concorrentes, dos direitos e deveres das partes envolvidas na relação
contratual dos perfis dos vencedores e, sobretudo, oque torna certos concorrentes e vencedores
de um concurso em detrimento de outros. Deste modo como forma de ultrapassar esses
incumprimentos a recomendação no que diz respeito a necessidade de se estabelecer um prazo
dentro do qual o Governo depois de ter assinado o contrato devera submeter ao tribunal
administrativo o contrato assinado.

Referência Bibliográfica
Lei n.º 1/2018 de 2012 de Junho. Constituição da República de Moçambique-2018. Imprensa
nacional de Moçambique, E.P. edição 2018. Maputo 2018.

Centro de Integridade Pública (CIP). Alguns desafios na indústria extrativa em Moçambique.


Maputo. 2009.
Lei n.º 8/2015 que Republica lei n.º 7/2014

Boletim da Republica Primeira serie n.º 28 de 8 de Março de 2016 que aprova o Regulamento de
Contratação de Empreitadas de Obras Publicas, fornecimento de bens e prestação de serviços ao
Estado, Decreto n.º 5/2016 de 8 de Março

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