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(Usucapião)
Quid juris ?
R:
1. António era usufrutuário vitalício da Herdade do Bom Retiro, isto nos termos do
artigo 1439º e seguintes do CC.
2. O prédio era da titularidade de Bento, que tem o direito de propriedade nos termos
do artigo 1305º do CC.
Assim, a usucapião é, de acordo com José Alberto Vieira, um facto constitutivo geral
de direitos reais. A sua eficácia restringe-se a apenas uma categoria de direitos reais,
os direitos reais de gozo.
Note-se, no entanto, que não estão abrangidos todos os direitos reais de gozo. Nos
termos do art. 1293o, não são Usucapíveis o direito de uso e habitação e as servidões
prediais não aparentes.
No caso concreto, a posse de Carlos era exercida nos termos do direito de propriedade.
Está aqui em causa a conceção subjetiva-ética de boa-fé, que significa que está de boa
fé aquele que ignora sem culpa que está a lesar um direito alheio.
Teria de ser demonstrado que o usufruto se extinguiu por não uso. Nos termos do artigo
1476º, nº1, alínea c) o usufruto extingue-se pelo seu não exercício durante 20 anos,
qualquer que seja o motivo.
Mas essa extinção tem de ser demonstrada, porque se não era muito fácil.
António perdeu a posse nos termos do artigo 1267º/d). Quando há esbulho, contra a
posse que estava a ser exercida, há a perda da posse passado 1 ano.
Eu não considerei a alínea a) do abandono porque António ainda tinha a chave, pelo
que significa que não havia abandono. Alguns autores defendem que quanto a imóveis
nem pode acontecer.