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Delimitação espácio-temporal
O trabalho abrange será desenvolvido tendo em conta o espaço geográfico que envolve o
território que compõe o Estado moçambicano, mas com principal enfâse as regiões de sul
(afectadas pelas cheias de 2000), centro (devido a instabilidade política e ao ciclone Idai) e
norte (palco do terrorismo e do ciclone Keneth) cujas situações tem impelido a intervenções
de internas e internacionais na forma de ajuda humanitária e solidariedade. Quanto ao tempo,
o trabalho incide sobre o intervalo compreendido entre 2000 a 2020. A escolha desse
intervalo deve-se ao facto de 2000 terem ocorrido as cheias mais catastróficas na história de
Moçambique independente1 e 2020 por ser um ano em que o saldo das acções terroristas em
Cabo Delgado esteve a volta de 43 confrontos armados e estendeu-se para quase 10 distritos
da província2, provocou mais de 661 mil deslocados e acarretou a necessidade de mobilização
de recursos estimados em mais de 40 milhões de dólares norte-americanos para responder a
situação humanitária na província (Kaulard, 2019:5 e Dos Santos,2020:4).
Contextualização
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relações internacionais, onde surgem novos assuntos, abordagens teóricas e actores (OIs,
ONGs e Corporações Multinacionais) que, de certa forma, contrabalançam a centralidade do
Estado nas abordagens das Relações Internacionais (Kissinger, 2003: 23).
É nesse contexto que, em ajuda a população afectada pelas intempéries e guerras no centro e
norte de Moçambique que a ONU, através do PMA e outras organizações, tem desenvolvido
acções sob a forma de ajuda humanitária as famílias afectadas. E, é fruto da situação
excepcional que se vive em Cabo Delgado que o PMA firmou um em 2019 um acordo de
parceria com a SEPPA (Empresa de Consultoria e Agronegócio) para a prestação de
assistência as famílias deslocadas na forma de sexta-básica ou cartões de levantamento de
alimentos em alguns estabelecimentos comerciais previamente contratados.
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Justificativa
A relevância do tema a ser abordada neste projecto/trabalho justifica-se pelo facto de o
mundo, em geral, e Moçambique, em particular, sofrer os efeitos das mudanças climáticas
(caracterizadas principalmente na forma de catástrofes naturais como tremores de terra, secas,
ciclones e cheias) que em coalização com as guerras (desde conflitos internos até ao
terrorismo internacional) tem causado extremo sofrimento as famílias afectadas e levado a
comunidade internacional a envidar esforços no sentido de assistir aos mais desfavorecidos.
Daí a necessidade de se estudar a intervenção dos actores envolvidos na assistência
humanitária as famílias afectadas pelos ciclones Idai, Kenneth e pelas incursões terroristas
em Moçambique, de forma geral. E, especificamente, a necessidade de se perceber os
desafios do PMA na assistências a famílias afectadas pelos fenómenos mencionados.
Ademais, a relevância da pesquisa pode, ainda, ser visualizada nas seguintes dimensões: a) na
dimensão académica, a escassez de pesquisas nacionais sobre temáticas relacionadas a
assistência humanitária. Dai que, com este este primeiro ensaio, pretende-se constituir um a
servo material de base para futuras pesquisas cujos resultados podem suscitar debates no seio
da comunidade académica nacional e internacional sobre a temática em voga. B) na dimensão
prática, a pesquisa é imprescindível pois procura aferir sobre os desafios do PMA na
concessão de ajuda as famílias deslocadas do terrorismo em Cabo delgado e as vitimas dos
ciclones Idai e Kenneth de tal forma que se possa propor medidas para se ultrapassar os
constrangimentos e aumentar a eficácia da assistência humanitária do PMA em Moçambique.
Problematização
A problemática da ajuda humanitária é complexa e tem levantado debates acirrados e
dividido opiniões no seio académico e um dos debates gira em torno da capacidade das OIs e
ONGs darem assistência humanitária a quem realmente precisa, por um lado e, do outro lado,
sobre a responsabilidade de prover e ao prover assistência humanitária. Assim, autores como
(), defende que, tanto as OIs, de forma geral como as OIH, de forma particular, são criadas
por Estados e para prosseguir interesses dos estados fortes, facto que faz com que as suas
intervenções sejam condicionadas as vontades dos estados. De facto, as OIH e as AH são
grosso modo financiadas por estados e, como tal, passiveis de serem influenciadas pelas
vontades dos estados, como sugere Hisamoto (), nas duas últimas décadas o Estado deixou de
ser apenas um financiador momentâneo das agências humanitárias para assumir também o
planeamento e a execução das acções, resultado que levou os Estados a gastarem mais com
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acções humanitárias, entretanto seus critérios para liberação de recursos tornaram-se muito
restritivos, seus financiamentos passaram a ser contratuais, com critérios específicos de
planeamento e aplicação, por parte das agências humanitárias.
O PMA tem conseguido fazer valer a sua missão fornecendo assistência alimentar (em
espécie e a transferência de dinheiro) de emergência, muitas vezes em situações de conflitos,
pós-conflitos ou desastres, a milhões de pessoas deslocadas, desabrigadas ou privadas de
recursos básicos por eventos cataclísmicos3. Ademais, o sistema de transferência de dinheiro
do PMA caracterizado por envio de valores monetários, vouchers ou fundos electrónicos
dados aos beneficiários tem efeito multiplicador na economia local, pois permite que as
pessoas comprem alimentos e outros itens localmente, fortalecendo os mercados locais,
incentivando o investimento local e a produção e produtividade. De facto, só em 2019 o PMA
injectou mais de 2,1 bilhões de USD para mais de 28 milhões de pessoas em 64 países –
quase 38% do total da assistência fornecida naquele ano (PMA, 2021:14).
Assim, tendo em conta o excerto acima, faz-se a seguinte questão de partida: até que ponto a
situação humanitária complexa provocada pelos ciclones e pelo terrorismo impõe
desafios ao PMA na concessão de ajuda humanitária em Moçambique?
3
Até finais de Abril de 2020, estimava-se que o PMA assistia 270 milhões de pessoas em situação de
insegurança alimentar aguda nos países onde o programa atua.
4
https://www.wfp.org/publications/wfp-evidence-summary-cash-based-transfers-lessons-evaluationsConsultado
no dia 10 de Abril
5
Sambo, Manuel, Mestrado em Desenvolvimento Internacional pela Universidade Internacional do Japão,
Entrevistado no dia 15 de Fevereiro de 2021.
6
https://www.maxima.pt/atual/detalhe/casos-de-exploracao-sexual-ja-sao-relatados-em-mocambique-em-pleno-
desastre-do-ciclone-idai Consultado no dia 17 de Abril de 2021.
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1. Objectivos
1.1. Geral: Reflectir em torno dos desafios do PMA no fornecimento de ajuda
humanitária as famílias afectadas pelas calamidades naturais e guerras em
Moçambique.
1.2. Objectivos específicos:
Identificar os principais eventos que necessitaram a intervenção (ajuda)
humanitária em Moçambique;
1. Discutir em tono dos desafios do PMA no fornecimento de ajuda humanitária as
famílias afectadas pelas calamidades naturais e guerras em Moçambique;
2. Avaliar a eficácia da ajuda humanitária do PMA as famílias afectadas pelas
calamidades naturais e guerras em Moçambique.
01-30.10/21
Actividade 15-31. 03/21 01-30.04/21 01-30.05/21 01-30.06/21 01-30.07/21 01-30.08/21 01-30.09/21
A X
5
B X
C X X
D X
E X
F X X
G X
H X
I X
J X
K X
L X
M X
N X
O X
Descrição da Tabela:
As actividades são iniciadas de 15 de Março e vão ate finais de Outubro, entretanto,
podem não cumprir rigorosamente (o tempo pode ser reduzido ou estendido)
dependendo do curso da mesma;
A – elaboração do projecto de pesquisa (Outline);
B – encontro com o orientador e apresentação do Projecto revisado;
C – Desenvolvimento do Primeiro Capitulo do TCL;
D – Revisão bibliográfica e selecção das fontes para a pesquisa;
E – Criação de uma base de dados para todos passos da pesquisa e as respectivas
fontes;
F – Prossecução da Pesquisa de campo (Bibliográfica, documental, inquérito e
entrevistas);
G – Analise e discussão dos resultados da pesquisa;
H - Desenvolvimento do Segundo capítulo do TCL e apresentação ao orientador;
I - Encontro com o orientador para discussão/observações dos desenvolvimentos do
TCL;
J - Revisão do Segundo capitulo e desenvolvimento do Terceiro capitulo do TCL;
K - Encontro com o orientador para discussão/observações dos desenvolvimentos do
TCL;
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L - Revisão do Terceiro capitulo e desenvolvimento do Quarto e ultimo capitulo do
TCL;
M - Encontro com o orientador para discussão/observações dos desenvolvimentos do
TCL;
N - Impressão, assinatura e submissão da versão final do TCL na UJC;
O - Defesa do TCL
Observações:
1. Os encontros com o supervisor podem ser alterados em função da disponibilidade do
supervisor ou substituídos por conversas através de plataformas electrónicas;
2. Fim de cada mês, fazer-se-á um levantamento do cumprimento das metas
estabelecidas para efeitos de melhoria ou ajustamento, caso seja possível;
3. Este plano não é dogmático, é passível de alterações dependendo da agenda do
orientar, calendário académico ou em função de qualquer inconveniente de surgir no
decurso das actividades.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Abt Associates Inc. (com a Afrisurvey e a Caresoft Lda.), (2002), Moçambique: Cheias
1999-2000, Maputo.
Dos Santos, Francisco Almeida (2020), Guerra no Norte de Moçambique, uma Região Rica
em Recursos naturais – seis cenários, CMI Insight, Bergen, Norway.
Kaulard, Myrta (2020) Plano de resposta rápida a província de Cabo Delgado, Moçambique:
Maio-Dezembro de 2020, ONU, Maputo.
WFP (2021), WFP Evidence Summary, Cash-based transfers Lessons from evaluations.
Disponível em: https://www.wfp.org/publications/wfp-evidence-summary-cash-based-
transfers-lessons-evaluationsConsultado no dia 10 de Abril.