3 – Dimensões políticas e axiológicas da Pedagogia

Social-Educação Social

3.5. Cidadania e Pedagogia da convivência

Texto 33 ...

1
Modelos de convivência
} Conflito e convivência são duas realidades sociais
inerentes a toda a forma de vida em sociedade.

} Conviver significa viver com os outros, potencialmente

diferentes entre si num contexto social determinado.

} Estas diferenças podem gerar tensões ou conflitos

mas não devem ser uma ameaça para a
convivência.

2
Diferentes modelos de convívio
} Estas diferenças levam a diferentes formas ou modelos
de convívio não só em sociedades diferentes mas também
dentro de uma mesma sociedade.

} Uma pessoa pode passar por diferentes modelos de

convivência ao longo do dia, em função dos diferentes
contextos sociais por onde passa:
} laboral,
} familiar,
} de vizinhança…etc.

3
O modelo de convivência democrática
} O modelo de convivência democrática está assente num
Estado de direito e no cumprimento de todos os direitos
Humanos para o conjunto da cidadania.

} Os direitos humanos favorecem a convivência

democrática no sentido em que apostam num tipo de
sociedade assente em valores democráticos e na justiça
social, dimensões que chocam com os que defendem o
benefício particular…

4
} Os direitos humanos promovem um tipo de relações
sociais e económicas baseadas

} na justiça,
} na igualdade
} e na dignidade das pessoas

5
Alguns contextos de convivência:
1. A família
} (espaço inicial de socialização): influencia modelos de
convivência. Espaço onde aprendemos os primeiros
hábitos de convivência

Mais do que falar de

família deve falar-se
em famílias

6
Variáveis que marcam modelos de
convivência:
} O tipo de relação entre os pais e entre os pais e os filhos
} Os valores que se fomentam e , por vezes, impõem
(religião, etc.)
} O compromisso social dos pais
} A situação laboral dos pais
} A qualidade das relações afetiva
} Os hábitos culturais
} A forma de assumir a maternidade/paternidade

7
2. O sistema educativo (segundo espaço de
socialização)
} Gera rituais que deixam marcas no âmbito da convivência
} Estratégia educativas
} Tipo de organização,
} estilo de gestão,
} modelo de professores,
} Modelos de avaliação
Todos os sujeitos que habitam a
escola estimulam determinados
modelos de convivência

8
3. O grupo de pares
} espaço de socialização muito importante desde muito
cedo.
} Crianças, jovens, em vários contextos

9
Os meios de comunicação - 4º espaço de
socialização
} Tem uma forte influência nos modelos de convivência.
} Televisão…(desenhos animados, publicidade, séries
televisivas, telenovelas, …)

Valores competitivos, e
pouco solidários
sexistas…

10
5. Os espaços e instrumentos de ócio
(lazer)
} Vários

} Grandes superfícies comerciais (cultura consumista)

} Vídeo jogos,
} revistas
} Internet
Valores consumistas, violentos, ódio,
} Redes sociais de discriminação, etc.

11
6. Contexto politico, económico e
cultural dominante
} Uma boa parte dos contextos políticos não favorecem
modelos de convivência democrática e respeitadores dos
direitos humanos.
} Estes modelos são construídos por uma minoria
} O processo é de domínio e não de interdependência
} Favorece a polarização e a desigualdade social
} Atenta contra o bem-estar São escassos os espaços para exercer
uma autêntica cidadania e uma
convivência democrática,
com claras desigualdades sociais,
Com setores da população a viver
excluídos do Estado de direito e da
convivência democrática.

12
Os conteúdos de uma pedagogia da
o direito à vida e a
convivência paixão de viver,
a dignidade,
} 1 – Conteúdos de natureza humana a felicidade,
a esperança

} 2 – Conteúdos de relação a ternura, o respeito, a não-

violência, a aceitação da
diversidade e a negação de
qualquer forma de
discriminação, a solidariedade, a
igualdade

} 3 – Conteúdos de cidadania
Justiça social e o
desenvolvimento, o
laicismo, o Estado
de direito, os
direitos humanos
13
Os direitos humanos como modelo
regulador da convivência
} Toda a convivência se rege por normas e valores que são
transmitidos a partir de diferentes instâncias sociais
} Como estratégia geral de convivência foi criada a
Declaração Universal dos Direitos Humanos
Os DH representam o pacto mais sólido para uma convivência democrática

} A ideia central na qual assenta o conceito de DH é a de

dignidade inerente a todo o ser humano
} é a partir daqui que devemos construir a convivência em
todos os contextos sociais

14
} Dignidade liberdade, justiça e plena igualdade de
todos os seres humanos
} Dignidade não apenas moral mas também exigindo
direitos e práticas económicas, políticas e sociais…

} O cumprimento dos direitos impõe limitações e deveres

para que aqueles se possam exercer

O sentido do dever para

} Os deveres são o outro lado dos com os membros da família,
direitos e estão inequivocamente da comunidade educativa,
do país, os valores da justiça,
ligados da liberdade e da paz

15
O respeito
} Deterioração das regra básicas de respeito e de
convivência (família, escolas, trabalho, política…)
} Respeito- A falta de respeito provoca situações de
convivência violenta e não democrática, ou seja, não há
convivência O respeito é imprescindível para uma
convivência democrática num plano de
igualdade (dignidade humana)
Pressupõe reciprocidade no tratamento e
reconhecimento de cada pessoa mas
também com os outros seres vivos e como
Planeta Terra

16
O diálogo
} O diálogo é fundamental na pedagogia da convivência.
} Não há convivência sem diálogo
} Conviver é um contínuo exercício de diálogo.
} O diálogo melhora a qualidade de vida das relações
humanas.

} Qualquer organização humana funciona muito melhor se

o diálogo for uma estratégia habitual: menos conflitos…

17
A solidariedade
} Solidariedade – qualidade do ser humano que devemos
desenvolver desde o jardim-escola…
Ser solidário com que sofre,
Partilha de diferentes aspetos da vida: os com quem está carente de
materiais mas também os sentimentos certas necessidades, com
quem sofre injustiças…

} obrigação ou dever ético

} No entanto, preferimos contextualizá-la como
necessidade de humanização, realização e instrumento
para melhorar a convivência
} Qualidade que deve estar presente na vida das pessoas
para serem plenamente humanas e felizes
18
} Ser solidário é ter uma postura perante a vida em que
saímos de nós mesmos em direção ao outro e, ao
encontrá-lo, acabamos por nos encontrar em nós
mesmos nele.
} Em relação à justiça, a solidariedade exige uma
transformação das situações injustas, distanciando-se da
caridade.
} Não se trata apenas de ajudar o necessitado mas de
assumir um compromisso de mudança social, política
económica e cultural.
} Caráter voluntário
} Desinteresse

19
Triângulo da solidariedade

Justiça

Solidariedade

Compromisso
ação com a mudança

20
} Do ponto de vista educativo, é importante que a
solidariedade se exerça em diferentes contextos sociais,
família,
} escola,
} relações de vizinhança, trabalho…ou seja nos diferentes
campos de convivência.

} Enfim, que faça parte da cultura.

21
A não-violência
} Uma cidadania democrática, respeitadora e solidária
baseia-se numa

} cultura da não-violência e da paz,

} respeitando a vida dos outros,
} a vivência dos direitos humanos,
} os princípios democráticos da convivência e a
} prática das estratégias não violentas de resolução de
conflitos.

22
} Deve-se educar para o direito à vida como um direito
superior aos outros direitos.
} É o direito dos direitos, logo inegociável…
} Em contexto de educação (currículos escolares, por ex)
deve-se falar sobre a violência como ideologia, ou a
violência terrorista como estratégia de luta social pois
prejudicam os princípios do direito à vida.
} A violência é uma forma de encarar o conflito, não de o
resolver.
} A violência mata o conflito mas não o problema. Mais
tarde voltará…

23
} O caminho deve ser de procurar as causas do conflito e
tentar prevenir.

} Ir um pouco mais atrás e tentar compreender quais os

motivos que levam à existência desse mesmo conflito…

24
O laicismo
} Um Estrado Democrático deve ser laico.
} Só assim pode respeitar todas as religiões e crenças.
} O laicismo opõe-se à imposição de qualquer religião aos
cidadãos
} As crenças religiosas pertencem ao plano pessoal e
privado

25
O caráter mestiço das culturas
} A cultura é um processo dinâmico ligado às condições de vida
das pessoas que incide na vida destas e vice versa.

} A cultura não se cria nem se destrói, transforma-se.

} Transforma-se pelas interações com outras culturas.
} Daí o caráter mestiço das culturas.
} O ser humano é intercultural e mestiço.
} A Identidade vai-se transformando ao longo da nossa vida não
é adquirida para sempre.
} É fluida, sempre em movimento…

Entrar em contacto com outros não implica perder a identidade

nem renunciar àquilo que nos é próprio mas pode ser motivo
para revermos o que é nosso.
26
A ternura como paradigma da convivência
} A afetividade é fundamental a todos os seres humanos,
fundamental para a construção equilibrada da
personalidade.
} Tem uma relação com a convivência sendo um dos sinais
da sua identidade – a sua ausência pode provocar
problemas de convivência.
} Tradicionalmente, a dimensão afetiva na educação foi
silenciada por pressupostos técnico/positivistas.
} Chegou mesmo a ser considerada como um impedimento
no trabalho escolar.

27
A racionalidade não nega a emotividade e
vice-versa
} Hoje defende-se espaço para as emoções e os
sentimentos. Deve-se mesmo integrar estes assuntos na
vida educativa e promover situações em que se trabalhe
com estas questões.

Atuamos e pensamos globalmente como seres racionais e

afetivos.

} Por isso, a educação em todos os níveis educativos deve

considerar a dimensão sentimental como fundamental na
educação das pessoas.

28
O perdão
} Tradicionalmente, o perdão esteve ligado à religião.

} O perdão não tem a ver com esquecimento ou

desculpabilização ou justificação.

} O perdão não significa nem impunidade e muito menos

esquecimento.
} Falamos do perdão como oposição à vingança.

O perdão implica o reconhecimento da falta, o arrependimento e

o compromisso de que não voltará cometer a mesma ação.

} O perdão é necessário para se partir para a compreensão do

outro.
29
A aceitação da diversidade e o
compromisso com os mais necessitados
} Aprender a conviver significa conjugar a igualdade com a
diferença.

Somos iguais em
dignidade e em
} DUDH direitos mas diferentes
por vários motivos e
circunstâncias

} A diferença e a diversidade faz parte da vida e pode ser um

fator de tensões ou conflitos.

30
A felicidade, a esperança
} A felicidade não é estritamente pessoal é cruzada por
circunstâncias pessoais, sociais e culturais.

} A esperança está ligada ao otimismo facilitando uma

convivência positiva e promovendo a autoestima
individual e coletiva funcionando como antídoto contra a
passividade e o conformismo.

31
Fatores desagregadores da convivência
} Fundamentalismos
} A não aceitação da diversidade
} A ideia do inimigo e a desumanização do outro, a mentira
} O individualismo
} O consumismo
} A indiferença e o comodismo
} A guetização
} A desigualdade e a injustiça social
} A corrupção
} As generalizações e os preconceitos

32
A educação para a cidadania democrática
e os direitos humanos
} A democracia necessita de educação e principalmente de
educação para a cidadania. Trabalho preventivo.

A educação para a cidadania e os direitos

humanos tem como objetivo principal formar
pessoas política e moralmente ativas, conscientes
dos seus direitos e deveres, comprometidas com
a defesa da democracia e dos direitos humanos,
sensíveis, solidárias com a vida dos outros e com
o meio em que vivemos.

33