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Três homens, três mortes, três formas de amar

Lucas 23.39-43
Um dos malfeitores crucificados blasfemava contra ele, dizendo: Não és tu o
Cristo? Salva-te a ti mesmo e a nós também. Respondendo-lhe, porém, o outro,
repreendeu-o, dizendo: Nem ao menos temes a Deus, estando sob igual sentença? Nós, na
verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem; mas este
nenhum mal fez. E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino. Jesus
lhe respondeu: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.

“se queres conhecer uma pessoa, não perguntes o que pensa, mas sim o que
ela ama”. (Agostinho de Hipona)
Podemos ver aqui, um texto que trata da morte de nosso Senhor Jesus, esse evento
acontece em um momento de grande sofrimento e agonia. O mesmo texto nos fala que ele
foi crucificado ao lado de dois malfeitores. A crucificação era a pena mais humilhante
dada a um homem, principalmente à um judeu, já que o crucificado era exposto a completa
nudez. Essa pena capital era dada como forma de aviso, a quem decidisse se rebelar contra
o governo, ou quem praticasse algum crime hediondo.
Após analisar esse texto bíblico me perguntei: que relação o nosso Senhor tinha
com esses malfeitores? Notei que havia algo que os conectava, os três estavam prestes a
morrer, más há algo mais interessante que os liga. Não simplesmente as suas mortes, mas
os motivos que os levou a morrer, e como se comportaram em relação a morte. Diante
disso quero destacar três formas de amor que são relatadas durante a história, que se
assemelha ao comportamento dos três em relação a s suas mortes.
1. Morte no pecado. Amor Eros, ou Platônico
A morte no pecado, apesar de não ser retratada diretamente no texto, pode ser
facilmente observada ao ver o primeiro malfeitor, um homem arrogante, que pronuncia
blasfêmias contra o nosso Senhor, como é descrito no versículo 39. O amor Eros, que era
um termo muito usado por Platão, por isso também é chamado de Amor Platônico. Eros é
também de onde se deriva as palavras, erotismo, erótico. Platão em sua obra: “O banquete”
a descreveu como sendo “desejo”, esse desejo vai muito além das definições de Eros que
somos acostumados a ouvir.
Eros não é apenas atração sexual, mas, o puro desejo, e o desejo só pode ser
caracterizado pela falta, ou seja, só se deseja algo que não se tem, este homem no auge de
sua arrogância só estava preocupado consigo mesmo, zombando de Cristo, tentando ser de
certa forma “superior” ao inocente, que mesmo não tendo cometido nenhum crime, estava
sobre igual sentença. Esse mesmo homem não demonstrava nenhum arrependimento, nem
contrição de coração durante sua morte, enfatizando esse ato ainda mais, que ele vivia de si,
para si, essa é a vida dos ímpios, que vivem com o único propósito de satisfazer a sua carne
e seus desejos pecaminosos.
2. Morte para o pecado. Amor Philia, ou Aristotélico
A morte para o pecado, é descrita nos versículos 40-42, o segundo malfeitor
mesmo que a princípio também zombasse, como nos diz: Mt.27.44, mas ao encontrar-se
verdadeiramente com Jesus, foi alcançado pela sua graça, e de forma repentina reconheceu o
seu estado de perdição,Vs.41, e Cristo trocou seu “Eros”, por uma forma de amor superior,
descrita por Aristóteles, como: Philia. Essa forma de amor é caracterizada por um
sentimento de empatia, que também é conhecida e traduzida frequentemente como sendo:
Amizade.
Quando a graça de Cristo encontra o coração do homem, ele passa, de tenaz
inimigo de Deus, à um amigo verdadeiro, por intermédio de Jesus, essa relação afeta todas
as áreas da nossa vida, e nos abre os olhos, para ver o quão cegos estávamos para a
realidade de nossa morte espiritual. Viver para Cristo é ser preenchido por ele, ocupar o
vazio de Deus, que a inimizade pelo pecado nos causou. Como disse Agostinho: “Fizeste-
nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti”.
É lindo ver também a declaração feita por esse agora amigo de Jesus, ao seu
respeito no Vs.42: “E acrescentou: Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino”,
nesse mesmo momento ele afirmou que Jesus era o messias ao chama-lo, mesmo que
indiretamente de rei, dizendo que ele possui um reino, mas seu conhecimento foi muito mais
iluminado, quando ele afirma que seu reinado, não é simplesmente limitado a vida física, ou
terrena, mas um reinado que sobrepõe a morte, reinado apenas possível à um Deus, um
único e verdadeiro Deus. Ser amigo de cristo nos põe também em um estado de humildade
para com ele, o malfeitor não ordenou que Jesus o salvasse, ele não “decretou” que isso
acontecesse, mas humildemente pediu que o seu rei lembrasse da amizade que ele havia
efetuado na cruz.
3. Morte pelo pecado. Amor Ágape, ou Agapaõ. Amor de Jesus
A morte pelo pecado, é demonstrada pelo nosso salvador, Jesus, aquele que desde
antes da fundação do mundo, nos tempos eternos, havia se oferecido para dar a sua vida em
nosso favor, em favor de seus inimigos, em favor daqueles que se pudessem o penduraria
novamente naquela cruz, daqueles que se não fossem alcançados por sua graça gritariam
novamente, CRUCIFIQUEM-NO, essa tão grande benevolência é demostrada pelo seu
imenso e perfeito amor, Ágape, ou Agapaõ é a forma grega de se referir ao amor de Deus,
um amor incondicional, que atrai aos seus, e os transformam, de inimigos a amigos,
considerados por Deus até como filhos, por meio de Cristo.
É interessante observarmos no texto bíblico, que mesmo que Cristo seja
infinitamente amoroso, e mesmo que ambos os malfeitores a princípio blasfemassem contra
ele, apenas um foi alcançado por sua graça, e mesmo naquele curto período de tempo, o
Espírito Santo de Deus agiu na vida daquele malfeitor e gerou nele o fruto do Espírito. É
como se fosse exposta ao Sol, uma bola de cera, e outra de argila, ao mesmo tempo que a
argila endurece diante do calor do Sol, a cera se derrete. Assim é também o ímpio e o salvo,
perante o Sol da Justiça, Deus é exaltado tanto nos que são salvos, quanto nos que se
perdem. Ore a Deus clame por sua misericórdia, pois ele é fiel e justo para perdoar as nossas
multidões de pecados.

CONCLUSÃO:

Ao ouvir a palavra do evangelho, sua reação mostrará que há no seu coração. Como você,

ao lidar com a realidade do pecado, reage em relação a isso? Lembre-se, que por mais

amoroso que cristo seja ele também é justo, e sua justiça só será imputada em nós, se a ação

do Espírito Santo agir em nosso coração, gerando em nós arrependimento, sem mais delongas,

trago a seguinte afirmação: Hb.3.7-9 Assim, pois, como diz o Espírito Santo: Hoje, se

ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração como foi na provocação, no dia da

tentação no deserto, onde os vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, e viram as minhas

obras por quarenta anos.

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