Você está na página 1de 20

CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER

GRAÇA IMERECIDA

JUNIOR, Marcos (aluno)

KOCH, Cristiane (professor)

CURITIBA

2018
1. RESUMO

O trabalho objetiva, em termos gerais, uma explanação acerca de um assunto


que, por vezes, tem sido objeto de divergência entre as denominações ao passo de
anos. A graça será estudada desde a raiz etimológica até a aplicação dos nossos
dias. Onde ela começa, em que parte podemos identificar sua manifestação. O
entendimento acerca do tema utilizando como base o Velho Testamento, assim
como o Novo Testamento. Qual a relação entre lei e graça e seu desenrolar dentro
do contexto histórico. Serão trabalhados também as relações entre os destinatários
da graça, assim como a contextualização dela em nossa sociedade através de
exemplificações. Por ser um ramo da teologia cujo estudo se mostra complexo e
extenso, o trabalho não tem por alvo esgotá-lo, e sim realizar uma exposição
didática, visando portanto ser um projeto que objetiva ser uma porta de entrada que
visualiza o amor infinito e incondicional de Deus, trazendo luz a dicotomia lei-graça,
assim como enriquecer o campo de atuação teológico.
Palavras-chave: Condenação. Balança. Pecado. Culpa. Lei. Salvação.

2. INTRODUÇÃO

Em seu trabalho, o apóstolo Paulo trata da graça largamente nas diversas


epístolas. Por ter abordado o assunto em mais de uma epístola, sua insistência deve
ser considerada por todos. Como houve tal, ele sabia que os membros das diversas
comunidades deveriam conhecer e compartilhar entre si sobre ela. Independente da
denominação, como todas as igrejas são uma continuidade do trabalho deste
apóstolo, tal estudo, entendimento e reflexão se faz necessária a todos, desde o
membro mais novo até o pastor. Exatamente pelo desconhecimento, este assunto
tomou força de divergência considerável, tanto que hoje é possível obter opiniões
diversas nas igrejas pelo mundo. É necessário pois trazer luz a este ramo da
teologia, visto que como será demonstrado, a graça é assunto que guarda relação
com os diversos problemas do homem. Um entendimento com forte embasamento
teológico, principalmente na direção dos ensinamentos do apóstolo Paulo, traz a
mente o raciocínio (tido como louco pelo mundo secular): de que não somos nada,
de que não merecemos nada e em tudo precisamos Dele.
3. GRAÇA: CONTEXTUALIZAÇÃO, EXPOSIÇÃO, APLICAÇÃO

Em sua raiz etimológica, a palavra graça (do grego: χάρη) tem por tradução a
palavra charis, que traduzido literalmente significa “favor imerecido”. Para efeito de
conhecimento, não há no hebraico termo equivalente. Há relação também com as
palavras que se relacionam a favor e misericórdia. O conhecimento da origem desta
palavra é de fundamental importância, visto que graça é um termo muito falado e
banalizado, porém muitas vezes não compreendido ou compreendido de maneira
distorcida.

3.1. PRIMÓRDIOS

Desde a fundação do mundo descrita em Gênesis se observa o cuidado do


Senhor. O cuidado em si já é demonstração da graça Dele, visto que a Bíblia relata
que a criação foi dividida em etapas, de forma progressiva e ordenada. O Senhor
então desse modo providencia a separação entre luz e trevas, entre mar e terra,
assim com a plantação e os animais. Há a atenção, inclusive, em relação ao homem
não estar sozinho. Deus então de uma costela cria a mulher, sendo esta
companheira. Fala-se aqui de um período onde o homem andava na condição
original em que foi criado, em perfeita comunhão com Deus. Portanto desde o
princípio, desde os primórdios o Senhor demonstra cuidado, criando e fornecendo
elementos que permitiam ao homem a vivência.

É importante lembrar que na etapa seguinte desse relato, que corresponde a


queda, Deus alerta o homem acerca das consequências de provar da árvore do bem
e do mal. Ao contrário de algumas linhas de raciocínio teológico, não é aqui o Deus
tentando o homem ou o provocando e induzindo ao erro. Como criação, não é
meramente um ser que executa as ordens do criador; é dotado de inteligência e da
livre vontade de exercer os atos, sejam para a esquerda ou direita, seja para o bem
o para o mal.

Provando desta árvore cai o homem. Cai no sentido de agora ter


desobedecido a ordem de alguém cuja justiça é imensurável; a raça humana não
pode contemplar a justiça e a soberania de Deus. Mesmo o mais correto e fiel dos
juízes aqui na terra, que profira sempre sentenças para o bem e para os que querem
o bem não pode se medir a retidão e justiça Dele. Cai portanto o homem, por ferir o
decreto do Senhor que é absolutamente perfeito.

No momento posterior, observa-se novamente manifestação de Sua graça.


Em tempo, ressalte-se que não estamos falando de um deus rigoroso e injusto, com
mão demasiadamente pesada e desigual, mas sim de um homem que desafia a
determinação e orientação de um Deus irrepreensível, que não contempla em
nenhum milímetro que seja o mal. Tal afirmação se faz necessária na medida em
que correntes vem se utilizando de sofismas, de argumentos inconclusivos para
combater a Bíblia, assim como o evangelho. Por exemplo, contra a pregação, há
quem afirme que se tal história não passar de um conto de fadas, esse deus é
exageradamente vil e ditador, pois por um fruto permitiu a entrada de todo o mal na
terra. Reitera-se então, neste caso, que tal pensamento não deve ser objeto de
modelo para o cristão. É exatamente o oposto: fala-se aqui de um homem (que está
debaixo do criador) afrontando e desprezando as instruções e consequências, e do
Senhor que é tardio para se irar.

O raciocínio se confirma no passo seguinte: “o Senhor Deus fez roupas de


pele e com elas vestiu Adão e sua mulher”. Fez as roupas pois se preocupou com a
intimidade que agora se tornou pública. Foi afrontado, foi desafiado, e ainda assim
manteve o cuidado com a integridade de ambos. A título de teologia, tal fato é
considerado uma tipologia do sofrimento de Cristo, pois infere-se que foi necessária
a morte de um animal para a extração da pele. A Bíblia então expõe uma pequena
síntese do que estaria por vir: a morte e derramamento de sangue como
consequência do pecado.

3.2. HISTÓRICO

A graça do Senhor vai sendo encontrada em todo o fio condutor da Bíblia. Em


cada avanço nos capítulos e versículos é possível ou encontrá-la diretamente ou no
contexto, mas no final revela-se ao leitor. Nessa esteira, considerando o relato
bíblico até aqui, graça é a manifestação do favor imerecido. Estamos falando de
alguém que sem pudor ofende e afronta, desobedece e trilha em caminhos tortos, e
recebe uma mão estendida em vez de uma bofetada. Que recebe um abraço a um
soco. Uma palavra de conforto, de alívio em vez de uma palavra dura. Não se exclui
o contexto bíblico deste exemplo. Deus é o tempo todo amor, como todos
conhecem, contudo é ao mesmo justo. É o tempo todo misericordioso e tardio em se
irar, mas ainda que haja retardo se ira. Há largos exemplos na Bíblia daqueles que
experimentaram caminhar em trilhos tortos e colheram as consequências. Mas ao
final, com sincero arrependimento, com coração quebrantado, o Senhor os
sustentou e derramou da Sua misericórdia. O que é, então, essa manifestação se
não a graça? Por si só é chamada de imerecida, pois o homem não a merecemos.

Um claríssimo exemplo é o caso de Caim e Abel. Caim tomou-se de fúria pois


o Senhor não aceitara a oferta dele. Deus o alerta primeiramente sobre não deixar
que o pecado o domine. Fazendo pouco caso, ele chama o irmão para o campo e o
mata. Evidentemente que o desenrolar da história seria de alguém que por não
exercer controle sobre a ira passaria o resto da vida em lamento. Tanto é que no
versículo 13 de Gênesis encontramos nas palavras de Caim: “Meu castigo é maior
do que eu posso suportar”. Após ter recebido as duras palavras de que ele seria
amaldiçoado pela morte do irmão, parece ter voltado o coração para
quebrantamento e humildade. Deus então responde, no versículo 15: “Mas o Senhor
lhe respondeu: não será assim; se alguém matar Caim, sofrerá sete vezes a
vingança. E o Senhor colocou em Caim um sinal, para que ninguém que viesse a
encontra-lo o matasse”.

Eis uma fortíssima e clara manifestação da graça literalmente imerecida. Um


homicida, tomado de ira e ciúmes. Elevou os sentimentos e emoções a flor da pele e
os deixou sobrepor a razão e a consciência. E ao final, Deus o surpreende com um
sinal, jurando sete vezes a vingança de quem o matasse.

Deus se irou, mas na contramão derrama a graça. Salutar também que a


manifestação da graça é independente do homem; Deus a dá liberalmente, porém
nem todos desfrutam do alívio e da bondade Dele pois deste nível o homem também
participa. Explica-se: o próprio Deus se fez em forma de homem como sacrifício
perfeito. Este sacrifício satisfaz a justiça perfeitíssima, pois é o próprio Filho sem
pecado morto por homem corruptos que o desprezaram. Todos tem acesso a esta
incrível graça e infinito amor, que é a salvação. Porém se o homem rejeita Jesus não
é participante desta graça. Portanto no decorrer da história a graça envolve também
a decisão do homem. O Senhor não despreza o coração daqueles que com
sinceridade se achegam a Ele.

3.3. CONTEXTO

A Bíblia exemplifica graça em muitos momentos, o trabalho visa apresentar os


mais conhecidos e que marcaram a história. Um dos reis de Israel (Davi), olhando
pelo terraço do palácio avistou uma mulher chamada Bate-Seba. A graça de Deus
não isenta o homem de responder pelas escolhas erradas. Afirma-se que nesta
ocasião Davi permitiu que sentimentos como cobiça, segurança e conforto – afinal o
reino havia crescido muito, e o exército de Israel conquistou muitas guerras. A
soberba, misturada a ociosidade (pois ao invés de acompanhar o exército preferiu
ficar no palácio, portanto ocioso) resultou num dos episódios bíblicos mais trágicos
de que se tem conhecimento. A sequência, além do adultério, é a morte da criança.
Infere-se também que esta situação deve ter trazido algum nível de instabilidade ao
reino, pois certamente o fato foi conhecido por todos que trabalhavam no palácio e
até na cidade, causando fofocas e vergonha. Piorando ainda o quadro, a família
enfrentou morte entre irmãos e perseguições entre os membros. Um relato de
completa desgraça, exposição de mau exemplo e desespero. Lendo o relato bíblico,
o leitor se depara com uma situação onde ninguém deseja passar. Ao primeiro olhar,
aparenta inclusive se tratar de algo que não tem mais solução! Um adultério, que é
seguido de um homicídio. Uma sequência incrível de atitudes e escolhas que
levaram a consequências a se arcar.

Em tempo, é importante elucidar alguns pontos que se desenrolam a partir


desta temática. Contextualizando, Davi em apertada síntese alimentou-se do que
muitos homens e mulheres, independente da faixa etária ou social também se
alimentam em nossos dias: pornografia. A imagem da mulher banhando-se não
difere do material que hoje é de facílimo acesso, principalmente por dispositivos
móveis. Ao homem que visa ser um bom esposo, de igual modo para a mulher que
anseia ser por virtuosa, fica o exemplo histórico. Todo o desenrolar da narrativa teve
como gatilho o primeiro olhar, a cobiça e a sensualidade fora do contexto do
casamento. Há graça em abundância para vencer este pecado. Graça de graça,
literalmente.
Na contramão da história, Davi – a despeito de todo o ocorrido – foi perdoado.
Mais que perdoado, a Bíblia relata nos próximos passos o derramar não somente do
perdão, mas de bênção. Em suma, derramar da graça. Graça imerecida. Nesse
diapasão, podemos afirmar sem sombra de dúvida que Deus, como citou o profeta
Naum, é tardio em irar-se. É Deus zeloso e misericordioso. A graça de Deus quando
liberada, comparada com a chuva, não molha apenas, mas encharca. De deixar as
roupas completamente pesadas. De transbordar.

Bate-seba deita-se novamente com Davi, gerando Salomão, terceiro rei de


Israel. Ao contrário do que alguns afirmam, o nascimento dele não foi fruto de
adultério nem assassinato, mas sim da misericórdia de Deus. Da graça de Deus. Do
amor infinito que nós, homens, nunca o compreenderemos com nossa racionalidade.
Restam então as reflexões. O homem, enquanto caído da graça, é inclinado para as
concupiscências da carne. Para o desejos os quais não há freio. Para caráter de
conhecimento, a graça não é uma carta de endosso para o pecado, nem a certeza
do perdão um amparo para que se peque ainda mais. A graça é a mão do Senhor
em nosso favor sabendo que devemos trilhar sempre nos caminhos Dele, realizando
leitura regular das escrituras e adquirindo o hábito da oração. No entanto, se
pecarmos, ainda que seja como Davi, ela é a certeza que o Senhor está por perto e
através de Jesus Cristo temos todos os nossos pecados perdoados. No sentido
simples e estrito, perdão e esquecimento são derramados. Esquecimento que leva o
pecado a ser lançado, pelo sangue precioso derramado na cruz, nas profundezas do
mar. Pesquisas indicam que a profundidade média dos oceanos é de
aproximamente 3.800 metros. É muito pouco provável que se algo fosse atirado lá
fosse encontrado novamente. É exatamente neste raciocício que Deus perdoa os
nossos pecados: tendo piedade de nós, e lançando todos os nossos pecados nas
profundezas do mar.

Assim foi com Davi. Ficam aqui duas lições que são podem ser muito bem
contextualizadas. A primeira é que de toda a história trágica, da morte de Urias até a
morte da criança, pela graça e bondade nasce Salomão. Portanto se nos
arrependermos e confessarmos os nossos pecados Ele é fiel para estender a mão e
perdoar, sendo que não há pecado grande o suficiente que possa ofuscar o amor
Dele. A segunda é que situações trágicas podem se inverter. A despeito das
consequências (elas de fato existiram), na linha familiar, Jesus é descendente de
Davi, e portanto também de Salomão.

3.4. GRAÇA COMUM E SALVADORA

No livro de Romanos, expondo acerca da queda, o apóstolo Paulo afirma que


o pecado original foi o gatilho que, disparado, afetou todos os indivíduos nascidos
após o casal, de modo que todos nascem mortos para Deus e distantes da Sua
glória. Neste raciocínio, disse Davi no livro de Salmos, capítulo 36:01-04:

“Há no coração do ímpio a voz da transgressão; não há o temor de Deus


diante dos seus olhos, porque a transgressão o lisonjeia a seus olhos e lhe diz que a
sua iniquidade não há de ser descoberta, nem detestada. As palavras de sua boca
são malícia e dolo; abjurou o discernimento e a prática do bem. No seu leito
maquina a perversidade, detém-se em caminho que não é bom, não se desapega do
mal.”
A partir então da desobediência de Adão e Eva, a natureza do ser humano
deturpou-se totalmente. Sem Jesus Cristo, todos estão fora das bem-aventuranças
do Éden. O pensamento de todos é prosseguir de pecado em pecado. Nessa
esteira, é de riqueza imensurável as palavras de Armínio:

“Em seu estado pecaminoso e caído, o homem não é capaz de e por si


mesmo, quer seja pensar, querer ou fazer o que é, de fato, bom; mas é necessário
que seja regenerado e renovado em seu intelecto, afeições ou vontade e em todas
as suas atribuições, por Deus em Cristo através do Espírito Santo, para que seja
capaz de corretamente compreender, estimar, considerar, desejar e realizar o que
quer que seja verdadeiramente bom. Quando ele é feito um participante dessa
regeneração ou renovação, eu considero que, uma vez que ele é liberto do pecado,
ele é capaz de pensar, desejar e fazer o que é bom, mas, entretanto, não sem a
contínua ajuda da graça divina”.
A palavra-chave aqui é contínua. Sem o derramar contínuo da graça, o
homem está novamente inclinado para realizar o mal. Não que haja disponibilidade
parcial dela, muito pelo contrário, como já largamente exposto o Senhor a concede
em abundância. O problema aqui é o homem, que por muitas vezes a rejeita. No
dilema da dicotomia transgressão-graça, encontramos o pecado como inimidade
com Deus. Inimizade que leva a condenação eterna. Que leva também a ideia de
que todas os incrédulos são homens cujas obras (todas, sem exceção) são más e
repulsivas.
No entanto isto não é verdade no que corresponde as experiências
cotidianas. O pecado é, de fato, o grande mal da humanidade; ele torna os homens
reprováveis diante de um Deus justo e santo. O pecado promove separação,
distanciamento entre o homem e o Criador. Contudo, é de interessante observação
que mesmo entre os não-regenerados há práticas de boas obras. Há conteúdo
produzido que é inclusive de boa qualidade e até admirado. Indo além, produzido
por não-cristãos e admirados por cristãos! É aqui então que se inicia o conceito de
graça comum.

A graça é de fato o favor imerecido. Não merecemos nada daquilo que Deus
nos dá. Ocorre que dentro do círculo concernente aos incrédulos, como poderiam
eles produzir produzir continuamente algo bom se, por muitas vezes, até blasfemam
contra o Senhor? A questão é mais ampla do que aparenta.

A graça comum, que é a questão abordada, é o presente de Deus que é dado


a todos os homens. Não se trata do ser humano ser salvo ou não. Explico: a graça
comum (é chamada assim por não alcançar propósito salvífico) tem como
destinatário todos os homens. Sem exceção de idade, raça ou credo. Ela flui no
sentido de que o julgamento do mundo não ocorreu após a queda de Adão; ainda há
um dia (desconhecido) para que isso ocorra. Estando o mundo destinado a um
julgamento junto com o homem, o salário é a morte, a condenação eterna. Em
suma, o homem não poderia por direito receber algo que não fosse o inferno como
destino.

Ocorre aqui um paradigma: se o destino é o inferno, estando então destituído


da glória de Deus como afirmou Paulo em Romanos 3:23, como pode o homem
aparentemente receber tratamento igualitário da parte de Deus, sendo ele
regenerado ou não? O tratamento igualitário citado refere-se ao círculo de bênçãos
que abordam as necessidades comuns dos homens: o sol, a plantação, a luz, a
colheita, o alimento, o ar que se respira. Novamente abordando o termo comum,
pois não vislumbra possibilidade de salvação. Para efeito teológio, há aqui duas
questões a se expor.

A primeira trata-se de que a graça comum é diferente da graça salvadora, que


será exposta a frente. Não é apenas um presente que se manifesta de duas formas
diferentes, pois se os destinatários assim como o próprio favor são distintos entre si,
são estes também distintos na origem e nas ideias. Não deve prosperar, portanto, a
linha de pensamento teológico que aborda a graça (seja ela comum ou salvífica)
como sendo uma só se manifestando de duas formas. Graça comum e graça
salvadora não se confundem. São ambas presentes imerecidos, porém há
disparidade entre si.

A segunda questão importante é que, neste diapasão, a graça comum


capacita os homens para o âmbito profissional, intelectual, moral e físico – sendo
que a maioria dos que recebem esta graça não tem qualquer relação de intimidade
com o Senhor. Alguns blasfemam e permitem se orgulham de tais atitudes serem
expostas na imprensa. Na contramão destes, há outros que são amantes da filosofia
que abarca os melhores conceitos éticos e morais, porém desprezam qualquer valor
que tenha relação com as Escrituras. Aqui então temos disponibilidade de ar
respirável e puro, as plantas, o sol e a chuva, a terra e os oceanos, o calor e o frio, o
dia e a noite, o alimento e a semente para semear. Sendo Deus justo e verdadeiro,
sendo ele santíssimo e justo (ao nível de justiça que o homem não pode
contemplar), tais bênçãos (são bênçãos, de fato), são favores imerecidos que tem
por alvo toda a humanidade.

Tal questão leva ainda a maiores questionamentos. Diz o Salmo 73:03: “eu
invejava os arrogantes, ao ver a prosperidade dos perversos.” Davi parece
demonstrar um sentimento de confusão e incômodo ao ver o próximo perverso
(rebelde para com Deus). Ele questiona, sintetizando: qual o motivo de tais com
comportamento digno de reprovação alcançarem a prosperidade? Há uma resposta
que sana a questão, dada por Salomão: “Nada há melhor para o homem do que
comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi
também que isto vem da mão de Deus, pois, separado deste quem pode comer ou
quem pode alegrar-se?” (Ec. 02:24-25). Ou seja, em termos de graça comum, ao
homem bom e mau, fiel e infiel, crédulo e incrédulo, pacificador e guerreador; a
todos, a graça é derramada. É importante ressaltar que esta graça pode ser
comparada a um vetor de sentido único, de Deus para os homens. Ele escolheu
assim, e tem sido assim desde o princípio.

Ainda sobre o tema, cabe citar, nas palavras de Jesus, o trecho do sermão da
montanha (Mt 06:25-34) que versa sobre as ansiosidades da vida:
“Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou
beber, nem pelo vosso corpo quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais
importante que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes? Observai as aves do
céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo o vosso Pai
celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves? Qual de
vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso de sua vida? E
por que andais ansiosos quanto ao vestuário? Considerai como crescem os lírios do
campo: eles não trabalham, nem fiam. Eu, contudo, vos afirmo que nem Salomão
em toda a sua glória se vestiu como qualquer deles. Ora, se Deus veste assim a
erva do campo que hoje existe a amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós
outros, homens de pequena fé? Portanto, nos vós inquieteis dizendo: que
comeremos? Que beberemos? Ou: com que nos vestiremos? Porque os gentios é
que procuram todas estas coisas; pois vosso Pai celeste sabe que necessitais de
todas elas; buscai, pois em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça e todas estas
coisas vos serão acrescentadas. Portanto, não vos inquieteis com o dia de amanhã,
pois o amanhã trará os seus cuidados, basta ao dia o seu próprio mal. (Mt.06:25-34).

Sob a luz da passagem, Jesus discorre no sentido do cuidado do Pai com a


própria criação. O texto não faz menção a grupos específicos, todos os indivíduos,
mesmo os injustificados tem as necessidades supridas. É um claríssimo exemplo de
manifestação da graça comum sobre os homens. É Deus – e somente Deus – que
exerce o cuidado com todas as criaturas. Com base nesta afirmação é que se torna
possível de entender o motivo que leva ateus, incrédulos, imorais, ímpios e até
adeptos das mais controversas religiões conseguirem alcançar sucessos tais como
um bom salário, uma boa casa, um bom carro, aprovações em vestibulares e
concursos, e muito mais. Em que pese a soberba e arrogância da esmagadora
maioria do público citado afirmar que tal prosperidade vem deles mesmos, podemos
afirmar de modo algum vem deles. É o favor que alcança todos, é sobre todos, da
parte de Deus somente, que faz raiar o sol sobre maus e bons, e a chuva sobre
justos e injustos.

Tratando-se ainda da graça comum, salutar destacar as palavras de Ricardo


Gondim:

“Uma pessoa não convertida pode produzir o que for nobre, que leve à
reflexão, divirta ou edifique? A resposta obviamente é sim. Um erudito como Rui
Barbosa, embora nunca tenha feito parte de uma igreja evangélica, escreveu artigos
e ensaios sobre o direito e a cidadania tão dignos que servem de ilustração,
inclusive, para um sermão. Um estadista, como Winston Churchil pôde nos brindar
com um discurso tão verdadeiro, que todos, inclusive os pastores, devem aplaudir.
Um poeta como Carlos Drummond de Andrade, embora um ateu professo, deixou-
nos um legado poético espetacular. A teologia da queda não propõe que os
descendentes de Adão sejam incapazes de boas ações. A alienação do pecado não
anula completamente a imagem de Deus nos homens. Todos os seres humanos,
mesmo os mais vis, ainda carregam traços do Criador. Isto os habilita a praticar
boas obras. A prostituta Raabe ajudou os espias em Jerico mesmo sem ter completo
conhecimento de Jeová. Ciro, o rei da Pérsia, foi usado como instrumento de Deus,
mesmo sem qualquer indício de que ele jamais tenha se rendido a Deus como
Senhor de sua vida. Devemos nos lembrar do samaritano que ajudou o moribundo
na beira do caminho entre Jerusalém e Jerico. Na concepção dos judeus, somente
os verdadeiros filhos de Abraão seriam capazes de agir com dignidade. Porém,
Cristo dá o troféu da bondade a um estranho. Mais tarde, Cristo afirma que os filhos
das trevas são, muitas vezes, mais sábios que os filhos da luz (Lc. 16:8). Deduz-se
que um juiz não necessita converter-se para conduzir um tribunal com justiça. Um
fiscal pode, mesmo nunca tendo experimentado o novo nascimento, manter-se
íntegro. Um artista é capaz de pintar, compor, escrever ou esculpir obras de arte
mesmo sem ter se submetido ao senhorio de Cristo. Na história da humanidade
houve grandes compositores que escreveram e nos encantaram com peças
belíssimas. Muitos deles não eram cristãos convertidos. Mozart, Tchaikovsky,
Beethoven, dotados de um gênio musical ímpar, não possuíam uma vida
consagrada a Deus. A imagem do Criador neles é que transbordava em excelência
musical. Michelangelo, Rodin, e tantos outros escultores conseguiram dar vida e
significado às pedras brutas de mármore, metais contorcidos e blocos de granito,
porque a “Graça Comum” habilitava os. Arquitetos, romancistas, decoradores,
pintores e tantos outros homens e mulheres presenteiam-nos constantemente com
suas obras de arte, porque Deus faz com que sua graça seja derramada tanto sobre
os justos como sobre os injustos”.

A graça comum ainda produz a capacidade de crescimento e experiência que


ajudam desde as pequenas tarefas até o domínio de toda a terra. Um fortíssimo
exemplo (bastante atual, inclusive) é o uso da tecnologia no cotidiano e suas
derivadas facilidades, suas descobertas. Seja dirigindo, utilizando o celular para falar
com alguém muito distante, fazendo compras, devemos sempre lembrar a quem
devemos gratidão: Deus, que por sua bondade e favor imerecido nos permite
desfrutar dos inúmeros resultados de Sua graça comum.

Em uma segunda linha teológica, podemos perceber que há uma graça de


Deus que concerne (desde as ideias até o destino) a propósitos e resultados
diferentes. Assim como a graça comum é sempre na direção de Deus para o
homem, porém ela se dirige em específico para a salvação da alma. Não é
dispensada a todos os homens como na graça comum, mas sim para aqueles que
estão firmes em Cristo. Cabe ressaltar também que há a ação do homem em
resposta. A Bíblia diz em Romanos 10:9-10: “Se com tua boca confessares que
Jesus é Senhor, e creres em teu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos,
serás salvo. Porque com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz
confissão para a salvação.”

Há pelo menos mais doze passagens correlatas do Novo Testamento que


abordam o problema, que é este: Jesus foi crucificado uma vez, por todos. Não há
pecado, nem mesmo o mais vil e que vá ser repetido inclusive uma centena de
vezes que o precioso sangue derramado não possa redimir. Porém o homem, em
disparidade da graça comum, precisa declarar Jesus por Senhor e Salvador. É uma
grande heresia afirmar que o homem possa ser alcançado pela graça salvadora sem
ter Jesus por Deus. O desenrolar deste assunto (morte e redenção na cruz) não é
agora o alvo, pois tal desenvolvimento neste sentido, além de muitíssimo extenso,
fugiria do contexto do trabalho (sendo inclusive tema para outros trabalhos); porém
para que se compreenda a graça salvadora é preciso, antes de tudo, olhar para
Jesus crucificado. É o próprio Deus, e homem também, justíssimo e santo, livre e
isento de qualquer culpa ou pecado, perfeito desde o nascimento, morto por
homens. Que se deixa ser cuspido, chicoteado, apedrejado, massacrado,
humilhado, xingado, assediado. Poderia aqui citar mais uma centena de ações
contra Ele. Quem o rejeita, rejeita o próprio Deus. Ele, por ser elo entre o homem e o
Pai, ao mesmo que é um só (Filho e Pai), é o único caminho que permite ao homem
escapar da cólera de Deus. A graça salvadora, então, acontece quando Jesus é
confessado por Senhor e Salvador.

Porém ela não se resume a simples confissão. A graça salvadora confere ao


homem a capacidade de realizar boas obras e a um nível de compromisso mais
profundo com Deus. Quando um homem confessa Jesus, tem prazer na leitura das
Escrituras, dedica tempo em oração, muda os hábitos e os volta para tudo aquilo
que a Bíblia recomenda, principalmente no âmbito do comportamento, do
vocabulário, da personalidade – além da salvação da alma – é a graça salvadora
acontecendo.

Alguns grupos com propósitos de turbar a Bíblia e com escusos interesses


tem distorcido os textos, tirando-os do contextos, transformando-os nas mais vis
heresias, visando transformar a graça salvadora em mercadoria que possa ser
vendida em balcão, nos moldes do que fez a Igreja Católica nos tempos de Lutero.
Não há valor monetário nem obra, nem nada possível, nem existirá; nem a melhor
de todas as obras, com a melhor das intenções, na direção do mais necessitado
possível, com os melhores resultados possíveis, que possa redimir a alma. Nenhum
dos homens pode pagar por ela. O preço pago foi altíssimo, como exposto, o Filho
de Deus pendurado no madeiro. Importantíssimo esclarecer: a graça salvadora é
oferecida livremente a todos os homens, mas nem todos a querem.

Uma reflexão que cabe aqui é: fazer o bem, inclusive boas obras, é produto
da graça comum. Fazer o bem, inclusive boas obras, com ideologia, pensamento,
comportamento, raciocínio e sentimento para exaltar continuamente o nome de
Jesus é produto da graça salvadora. Conclui-se então que a graça salvadora excede
a graça comum pois seu resultado é a salvação.

3.5. LEI E GRAÇA

Um dos aspectos mais importantes da experiência dos israelitas no monte


Sinai foi o de receberem a lei de Deus através do seu líder, Moisés. A lei conhecida
por Mosaica estabeleceu regras se abordaram acerca da conduta pessoal, do
contexto jurídico e social e como se daria a adoração ao Senhor através da forma e
do ritual do culto, incluindo o sistema sacrificial. Após o pecado original, a maldade e
a violência multiplicaram-se a um níveis insuportáveis, o que levou Deus a
exterminar a raça humana da face da terra (Gn 6:5-7). A continuidade do homem na
terra só foi possível mediante a manifestação do amor Dele sobre Noé. Porém o
problema do pecado original não foi totalmente resolvido, visto que os humanos
sobrevivente ao dilúvio continuavam a trazer sobre si a semente do pecado.

Sem a intervenção Dele, não é possível o homem se libertar do pecado.


Alguns teólogos afirmam se não for dado ao homem limites e, sem Deus, o resultado
é o afundamento na lama do erro, na repetição da transgressão, na insistência do
pecado até a morte. Sem Deus vindo buscar o homem é impossível que, por meios
próprios, possamos melhorar em algo ou nos salvar.

A intenção do Senhor para o relacionamento com o homem foi sempre a


graça. Contudo, por causa das transgressões, a lei foi acrescentada (Gl 3:19). Sem
o conhecimento das práticas rotineiras que incluem contínios insultos, vem a lei para
o que o homem tome conhecimento de tais atos. Esse não era o plano original, foi
dado pelo Senhor no sentido de que erramos e possamos ver no que erramos. Pela
lei, então, fico sabendo que cometi pecado. Em tópicos então a lei Mosaica se
sintetiza nos seguintes pontos:

- Foi acrescentada por causa das transgressões;

- Foi dada para prescrever a conduta de Israel, assim como definir o que era e
o que não era pecado;

- Foi dada para revelar aos israelitas a vontade inerente de transgredir a


vontade de Deus e de praticar o mal;

- Foi dada para despertar o sentimento de necessidade de misericórdia, graça


e redenção divinas.

Ocorre que, em nossos dias, criou-se uma dicotomia entre lei e graça. Alguns
estudiosos, inclusive algumas denominações se utilizam de sofismas, distorcendo o
texto, tirando-o do contexto com propósitos de criar argumentos para heresias. Um
argumento utilizado é o de que o cristão por viver debaixo da “graça” e não da “lei”
está isento de todas as obrigações da lei. Indo além, algumas poucas denominações
se utilizam desse argumento para não somente permitir, mas incentivar a prática de
comportamentos que são totalmente reprováveis a luz tando do Antigo Testamento,
como do Novo Testamento.

A distorção se dá utilizando passagens isoladas, principalmente das cartas de


Paulo, que lidas fora do contexto e sem observar as passagens correlatas do Antigo
Testamento, parecem aparentemente concluir que, se Jesus morreu e estamos sob
um novo concerto, estamos então isentos de toda a lei, já que morrendo o
testamento só tem validade com a morte do testador. Então nesse pensamento o
cristão, pela graça (que tanto é citada por Paulo nas epístolas) e pelo amor (amor de
Deus) está livre. Livre até para práticas homossexuais, livre para não congregar,
livre para não mais contribuir financeiramente para a expansão do Reino. Em amor e
graça, até pastores casados com cônjuges do mesmo sexo podem ser ordenados.

Trata-se de uma grande heresia. Lei e graça não são antagonistas entre si. O
versículo chave para elucidação é o versículo 1 do Salmo 27: “O Senhor é a minha
luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida;
a quem temerei?”

O salmista credita a salvação ao Senhor, e não a lei. Davi, por exemplo,


acreditava que a salvação é pela graça, contudo fazia questão de guardar a lei.
Neste compasso, a lei de Moisés mostrou que o homem era realmente pecador,
apontou nos detalhes dos erros, regulou a forma de culto e direcionou a questão
ética e moral dos israelitas. Este pacto (transitório) foi dado até que fosse revelado o
cordeiro, que uma só vez morreu para redenção de todos os pecados. Não existiram
planos de salvação co-participantes ou solidários, a salvação desde a fundação do
mundo é uma só: Cristo morto e ressurreto. Por não ser uma solução definitiva, veio
a lei para o apontamento do certo e do errado; e ela foi condutora até que Jesus
viesse.

A graça do Senhor sempre esteve presente tanto no Antigo quando no Novo


Testamento. O que dizer da água que sai da pedra? Da abertura do mar vermelho?
Do livramento dos israelitas quando no derramar das pragas no Egito? Das curas e
milagres feitos por Jesus?

Vivemos sob uma aliança que é superior a antiga, em Cristo. Contudo em


toda a lei há princípios morais e éticos que podem muito bem ser aplicados hoje. A
graça especial e salvadora do Senhor, todas as vezes que Israel atentou para os
estatutos, esteve com eles para vencer batalhas e prosperar. Esta mesma graça,
conosco hoje, nos traz a promessa de Salvação da alma. A graça, em síntese, é o
favor imerecido do Senhor para o povo Dele; ela não endossa todo tipo de
comportamento reprovável, pelo contrário, nos faz querer amar o Pai todo dia e
obedecer seus mandamentos, assim como andar em caminho de retidão.

Lei e graça podem ser temas que conectados ou separados geram outros
trabalhos de conclusão de curso. O assunto é mais extenso do que parece, a
intenção foi colocá-lo aqui dentro do contexto da graça imerecida visando enriquecer
o conteúdo.
4. METODOLOGIA

Como fonte para a realização da pesquisa foram utilizadas informações de


autores e suas respectivas opiniões, levantamentos de dados, revistas, sites e
acervos que são especializados, sendo que o acervo principal foi a própria Bíblia.
Por ser um trabalho de cunho essencialmente teológico, a metodologia do trabalho
pode ser definida como bibliográfica. Com os dados organizados e selecionados
deu-se início ao desenvolvimento. As informações e dados foram separados,
organizados e colocados em sequência de modo a tornar a leitura do trabalho
didática e agradável, visando facilitar a transmissão do conhecimento. O tema foi
escolhido por ser atual e ao mesmo tempo controverso entre as denominações,
portanto há como intenção além de desenvolvê-lo trazer luz, objetivando assim
combater heresias e aproximando-o sempre antes de argumentar utilizando as boas
regras de hermenêutica e exegese.

Como foram realizados estudos bibliográficos, observações em sermões,


coleta de opiniões assim como a própria vivência no meio eclesial, a metologia
optada foi a qualitativa. Em suma, foram realizados diversos processos de coleta de
dados que apontam para a predominância qualitativa.

O trabalho o tempo todo procurou objetivar a relação do tema com passagens


e contextos dos Antigo e Novo Testamento, trazendo informações relevantes. Visou-
se, em todo o tempo, trazer o contexto bíblico para a o cotidiano, assim como a
cosmovisão dos autores e personagens como meio de ser o mais fiel possível ao
significado original. Como bagagem teológica, foram utilizados conteúdos absorvidos
no Treinamento Contínuo de Líderes, realizado periodicamente na Primeira Igreja do
Evangelho Quadrangular de Curitiba, da qual sou membro atuando no Ministério de
Louvor.

O objetivo final do trabalho se encerra na coleta de dados que busca, de


forma lógica e ordenada, expor o tema, comprovando como importante ao cristão
entender o que é graça, sua relevância, sanando dúvidas e sua aplicação em
nossos dias.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A graça é um tema mais extenso do que aparenta. Seria possível abordar


muitos outros aspectos que derivam dela, contudo acredito que a abordagem
realizada utilizando os exemplos bíblicos logrou êxito, pois foram utilizados
exemplos didáticos de como ela acontece.

A graça é o favor imerecido de Deus. Se o homem recebesse desde a criação


o inferno como destino seria justo. Estamos falando do único Deus, cuja perfeição
não podemos contemplar. A ideia de justo e perfeito, tratando-se do nosso criador, é
dificílima (na verdade, impossível) de ser compreendida no passo em que somos
seres limitados, então toda nossa visão, ainda que tente contemplar o mais perfeito
possível, tem fronteiras. Quebramos o mandamento dele (na pessoa de Adão) no
Éden. Ainda assim, ele responde a todos os seres humanos com a graça comum.
Vai além e derrama graça especial, salvadora, a um preço altíssimo, preço de morte
de cruz.

A graça é o amor do Senhor, estentido, continuamente em nosso favor.

A graça do Senhor, no seu ápice, é Cristo morto por nossos pecados.

Não há pecado cuja graça redentora não possa redimir.

Não há homem que não possa ser alcançado por ela.

A graça derramada nos conscientiza de obedecê-Lo diariamente.

A graça do Senhor faz até mesmo Ele esquecer do maior pecado.

A graça do Senhor nos faz amar o próximo como a nós mesmos.

A graça não acontece quando continuamos com os mesmos hábitos.

A graça acontece quando vivemos de acordo com a vontade Dele.

A graça que Salva o homem os pecados está disponível a todos!

De graça.
6. REFERÊNCIAS

Bíblia. Português. Bíblia sagrada: Bíblia de estudo Pentecostal. Tradução de


João Ferreira de Almeida. 1995. 1. ed. São Paulo: Gráfica da Bíblia, 2006. 2030 p.

COSTA, Natanael. A doutrina da graça comum: Cristianismo integral. 2016.


Disponível em: <https://mqdomingo.wordpress.com/2016/08/11/a-doutrina-da-graca-
comum/>. Acesso em: 01 nov. 2018.

GUIMARÃES, Marcelo M. Estamos debaixo da graça ou debaixo da lei?:


Artigos e estudos. 2017. Disponível em: <http://ensinandodesiao.org.br/artigos-e-
estudos/estamos-debaixo-da-graca-ou-debaixo-da-lei/>. Acesso em: 04 nov. 2018.

GONDIM, Ricardo. É proibido. O que a Bíblia permite e a Igreja proíbe. 1. ed.


São Paulo: Mundo Cristão, 1998. 184 p.

LUCADO, Max. Graça: mais do que merecemos, maior do que imaginamos.


1. ed. São Paulo: Thomas Nelson Brasil, 2012

MENEGHELLI, Ricardo de Paula. A revelação do Evangelho na carta aos


Romanos: A função da Lei.. 2015. Disponível em:
<http://www.odiscipulo.com/base/ebooks/revelacao-do-evangelho/05-funcao-da-
lei.html>. Acesso em: 07 nov. 2018.

PAULA, Anderson de. O Arminianismo e a depravação total. 2014. Disponível


em: <http://www.cacp.org.br/o-arminianismo-e-a-depravacao-total/>. Acesso em: 15
out. 2018.

REILLY, Matt O'. Graça Comum vs. Graça Preveniente: Qual é a diferença?:
Artigo da Society of Evangelical Arminians traduzido por Wellington Mariano. 2014.
Disponível em: <https://artigos.gospelprime.com.br/graca-comum-vs-graca-
preveniente/>. Acesso em: 08 out. 2018.

Você também pode gostar