DEPARTAMENTO DE ESTUDOS LINGUISTICOS E LITERÁRIOS – DELL
DISCIPLINA: Interpretação de Texto e Redação DOCENTE: Maria De Fátima De Almeida Baia DISCENTE: MARCOS ALEXANDRE ROCHA PEREIRA – CURSO DE HISTÓRIA
Leiam o artigo de Christina Queiroz e escrevam o entendimento acerca dele.
Escrevam em formato de texto dissertativo com introdução, desenvolvimento e conclusão.
Mínimo 30 linhas e máximo 60.
Anexar, por favor, no sistema. Pode ser digitado ou manuscrito.
Esta atividade é necessária para que eu saiba o que preciso focar de gramática normativa na turma, além do conteúdo de gênero textual acadêmico que abordaremos.
OS SONHOS DOS YANOMAMI E O QUE REVELA SOBRE NÓS E ELES
Desde tempos longínquos os sonhos foram utilizados para tentativas de
explicação da realidade vivida ou futura, com várias sociedades escolhendo pessoas específicas com a capacidade de decodificar as mensagens oníricas para balizar decisões. Entre os muitos povos que levam muito a sério as construções mentais e suas mensagens durante o sono, são os Yanomami. Mas, ao contrário do que se possa pensar, os sonhos não são de interesse apenas dos místicos e religiosos, mas a ciência cada vez mais se aprofunda nos mistérios do sono desde a clássica publicação de Freud “A Interpretação dos Sonhos”, em 1900. Porém, estudos antropológicos recentes contrapõem os modos de sonhar dos Yanomami e dos brancos. Para Freud, os sonhos representam desejos reprimidos que inconscientemente são realizados durante a atividade onírica. Ou seja, segundo essa concepção, o nosso modo de sonhar representa a nossa própria identidade, o nosso próprio desejo. Um outro elemento presente nos estudos de Freud sobre o ato de sonhar são os chamados “restos diurnos”, que são representações imagéticas do que o indivíduo viu e viveu durante o dia anterior ao sono. Seja como for, todas essas representações oníricas se referem ao indivíduo, ao próprio “eu”. Quase que diametralmente oposto, está o modo de sonhar dos Yanomami e de diversos povos ameríndios. Segundo Sztutman, esses ovos enxergam o sonho como meio de acessar realidades distintas e está voltado para a vida coletiva. Ou seja, não dá para compreender o sonho desses ovos a partir da psicanálise freudiana. Tal visão é corroborada por estudos etnográficos como o de Hanna Limulja que analisou em sua pesquisa entre 2015 e 2017 mais de 100 relatos de sujeitos Yanomami e constatou que uma das formas para adquirir conhecimento passa pelo sonho e que essa atividade está relacionada com o outro e não com o ego próprio. Com diferenças tão importantes no modo de como sonham nossa sociedade predominante e os diversos povos originários, o fato é que ainda conhecemos muito pouco sobre esse evento tão importante, que é o sono. Vários estudiosos de áreas diversas, como antropólogos, neurocientistas, psicanalistas vem se debruçando sobre esse tema, tantas vezes envolto de mistério e desconhecimento. Por isso, se faz necessário conhecer melhor essa atividade e prestarmos mais atenção para uma atividade tão corriqueira. Entretanto, essas modos de representações do nosso modo de sonhar, revela o quão autocentrado no próprio ego nossa sociedade está. Em contrapartida, o modo coletivo de sonhar dos Yanomami, revela o quão distante estamos do outro, da natureza e dos problemas coletivos. Então, nosso modo de sonhar é capaz de nos fazer entender e reinterpretar o mundo? Definitivamente, sonhar não custa nada mas não é tão simples, assim.