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Coleta de sangue

Técnicas que simplificam a coleta


Coleta de sangue
Técnicas que simplificam a coleta

A coleta de sangue é uma técnica que, apesar de existir muito


conhecimento teórico, exige prática. Os técnicos de coleta sabem
que as “veias difíceis” não são problema, contanto que profissionais
experientes forneçam as devidas orientações.

Este material foi desenvolvido para todos os profissionais


envolvidos com a coleta de sangue, fornecendo orientações
para minimizar as dificuldades provenientes da venopunção.
Preparação antes da coleta
Após devida recepção, e certificação de que todos os materiais
necessários para a realização da coleta estejam de fácil acesso,
posicione o braço do paciente em linha reta, do ombro ao punho,
com a palma da mão para cima e com a mão mais baixa do que o
ombro, de forma que fique confortável para o paciente e para
que as veias fiquem acessíveis.

Para tornar as veias proeminentes, facilitando o acesso, é colocado


um torniquete (garrote) a cerca de 10 cm acima do local de punção.
Como o fluxo arterial não deve ser interrompido, é recomendável
checar a pulsação do paciente, que mesmo com o torniquete deve
estar palpável. O torniquete não deve permanecer no braço do
paciente por mais de um minuto, por risco de hemólise e alteração
dos valores de alguns analitos de interesse (ex.: aumento de cálcio,
TGO, TGP, albumina, colesterol total, ferro e creatinina).
Para determinar a melhor região para a punção deve-se examinar
bem o braço do paciente, através de exame visual e/ou apalpação
das veias, além de serem feitas algumas considerações na escolha
da região da punção:

• Não selecionar um local no braço ao lado de uma mastectomia;


• Não selecionar um local no braço onde o paciente foi submetido
a uma infusão intravenosa;

• Não selecionar um local com hematoma, edema ou contusão;


• Não selecionar um local com múltiplas punções.
Caso a veia não esteja fácil de localizar, recomenda-se a utilização
de uma compressa quente por cerca de cinco minutos sobre o
local da punção (sem o torniquete). Nos casos mais complicados,
recomenda-se deitar o paciente com o braço acomodado ao lado do
corpo e garrotear com o esfigmomanômetro, em pressão arterial
média, por um minuto.

Uma ação muito comum, porém contraindicada, é a aplicação de


tapinhas no local a ser puncionado , para facilitar a visualização
da veia . Essa ação NUNCA deve ser realizada, principalmente em
idosos, pois caso o paciente sofra com ateromatose, o tapinha
poderá causar deslocamento das placas de ateroma, podendo
acarretar em complicações como infarto do miocárdio, acidente
vascular cerebral e trombose pulmonar.

As veias mais comumente utilizadas


são a cubital mediana e a cefálica,
ambas localizadas próximas ao
cotovelo, na parte anterior do
Veia
braço. Veias do dorso da mão Cefálica
também podem ser puncionadas,
sendo a mais recomendada a veia
do arco venoso dorsal.
Veia
Cubital
Mediana
É necessário estar atento ao
calibre da veia do paciente a
ser puncionada. As agulhas de
21G
21G (Gauge - unidade inglesa)
Ø 0,8 mm
Veias de grosso
possuem 0,8 mm de diâmetro calibre a fácil
e são utilizadas para coletas visualização

em pacientes com veias de


grosso calibre e facilmente
visualizadas. Já as agulhas de
22G, possuem 0,7 mm e são
indicadas para pessoas com
veias de médio calibre e difícil
22G
acesso venoso. As coletas com
Ø 0,7 mm
Veias de médio
escalpe são também indicadas calibre e difícil
para pessoas com difícil acesso acesso venoso

venoso.
Para a realização da coleta, é necessário seguir a ordem de tubos
recomendada pela NCCLS (National Committee for Clinical
Laboratory Standard). Como alguns tubos impedem que o sangue
coagule e outros não, é importante identificar o tubo correto para
cada teste.

Azul Marinho: tubo para análise de traços de metais


pesados;

Azul Claro: tubo com citrato de sódio 9:1, para


análises da coagulação do sangue;
Preto: tubo com citrato de sódio 4:1, para análise
de velocidade de hemossedimentação (VHS);

Vermelho ou Amarelo: tubo com ativador de


coágulo, para análises bioquímicas ou sorológicas
(análise em soro);

Verde: tubo com heparina, para quando é necessário


o uso do plasma para determinações bioquímicas;

Roxo: tubo com EDTA (com ou sem gel). Os sem


gel são utilizados para rotinas de hematologia
(análise em sangue total), e os com gel para
análises moleculares;

Cinza: tubo com fluoreto de sódio, para dosagens


de glicose e lactato no plasma;

Branco: tubo sem aditivo nenhum no seu interior,


utilizado para descarte ou transporte, ou para
análises em soro.

Em casos de coleta de garrafa para hemocultura, esta deve ser a


primeira a ser coletada.
Quando tiver coleta de tubo para metais pesados (azul marinho),
este deve ser o primeiro da ordem de coleta para não haver
contaminação de metais pesados. Após coletá-lo, deve-se utilizar
um tubo para descarte antes de coletar os demais.

Quando a coleta for realizada com escalpe, deve-se utilizar primeiro


um tubo de descarte pois o ar contido no interior da cânula impede
que o tubo de coagulação (caso seja o primeiro) seja preenchido
corretamente.

TODOS os tubos devem ser identificados com o nome do paciente


nome, número do registro, data de nascimento, sexo, data da coleta,
número ou código de registro da amostra e o nome do solicitante
antes da coleta.
Coleta com seringa e agulha
descartável
Apesar de ser a técnica mais
antiga de coleta de sangue
venoso, e ainda bastante
utilizada, não é a metodologia
mais indicada por apresentar
alguns aspectos negativos,
como:

• Risco de acidente com o


material perfurocortante no
momento de transferir o sangue
para o frasco a vácuo e descarte do material.

• Comprometimentodaqualidadedaamostradevidoàproporção
incorreta de sangue/aditivo.

• Comprometimento da amostra devido a hemólise, liberação


dos constituintes intracelulares para o plasma ou soro, quando
ocorre a ruptura das células do sangue. A hemólise é a principal
causa de rejeição de amostras em laboratórios.

• Formação de microcoágulos e fibrina.


• Incômodo para o paciente em casos de múltiplas coletas, pois
precisará de mais de uma punção.
Em caso de realização da técnica, aqui está um passo a passo para a
coleta de sangue com seringa e agulha descartável:

• 1 Selecione o(s) tubo(s) de coleta apropriado(s) para as amostras


necessárias;

• 2 Coloque a agulha na seringa sem retirar a capa protetora. Não


toque na parte inferior da agulha;

• 3 Movimente o êmbolo e pressione-o para retirar o ar;


• Ajuste o torniquete e escolha a veia. O torniquete pode ficar
4
no braço do paciente por no máximo 1 minuto para evitar
alterações nos exames. Caso necessário, solte-o e aguarde um
pouco antes de reaplicá-lo;

• 5 Faça a antissepsia do local da coleta com algodão umedecido


em álcool a 70% ou álcool iodado a 1 %. Não toque mais no local
desinfetado e nem assopre;

• 6 Certifique-se de que o líquido utilizado para a antissepsia tenha


evaporado, retire a capa da agulha e faça a punção com o bisel
para cima, em um ângulo de aproximadamente 30°;

• 7 Comece a aspirar o sangue lentamente e solte o torniquete


assim que o sangue começar a fluir na seringa;

• 8 Colete aproximadamente 10 ml de sangue. Em crianças, colete


de 2 a 5 ml;

• 9 Ao fim da coleta, retire a agulha da veia do paciente e ative o


dispositivo de segurança (caso tenha). Ao mesmo tempo em
que a agulha é retirada, coloque um algodão e pressione a parte
puncionada;
• Oriente o paciente a pressionar com algodão a parte puncionada,
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mantendo o braço estendido, sem dobrá-lo;

• Separe a agulha da seringa com o auxílio de uma pinça ou


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desacoplador de agulhas, descarte a agulha em em uma caixa
coletora de perfurocortantes, conforme legislação vigente;

• Transfira o sangue para o(s) tubo(s) de coleta, abrindo a tampa


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e escorrendo delicadamente o sangue pela parede do tubo. Este
procedimento evita a hemólise da amostra;

• Após
13 preencher cada tubo e fechá-lo, homogenize-o
suavemente de acordo com a orientação do fabricante,
considerando inversões completas (ida e volta), e coloque-o na
posição vertical em uma estante para tubos;

• Descarte a seringa de acordo com a legislação vigente.


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Coleta com sistema a vácuo
e coletas múltiplas
A coleta em sistema a vácuo pode
ou não ser realizada com escalpe
a vácuo, mas todas são realizadas
com o adaptador (canhão/holder)
de coleta a vácuo, de modo que
é possível coletar múltiplos
tubos com apenas uma punção.
As agulhas e escalpes a vácuo são
bipolares: possuem uma agulha para
acessar a veia do paciente e outra
agulha, que fica recoberta com borracha,
para perfurar a borracha da tampa do tubo de
coleta a vácuo (ficando dentro do adaptador de agulha).

O escalpe é geralmente utilizado em coletas difíceis, como em


crianças, neonatos e em idosos.

Passo a passo:
• 1 Selecione o(s) tubo(s) de coleta apropriado(s) para as amostras
necessárias;

• 2 Rosqueie a agulha ou conecte o escalpe no adaptador


(canhão/holder) de modo que fique bem firme. Não remova a
capa protetora de plástico da agulha ainda;
• 3 Ajuste o torniquete e escolha a veia. O torniquete pode ficar
no braço do paciente por no máximo 1 minuto para evitar
alterações nos exames. Caso necessário, solte-o e aguarde um
pouco antes de reaplicá-lo;

• 4 Faça a antissepsia do local da coleta com algodão umedecido


em álcool a 70% ou álcool iodado a 1%. Não toque mais no local
desinfetado e nem assopre;

• 5 Remova o protetor plástico da agulha. Para a agulha, segure pelo


adaptador e para o escalpe, segure pelas asas. Certifique-se
de que o líquido utilizado para a antissepsia tenha evaporado
e faça a punção com o bisel da agulha para cima, em um ângulo
de aproximadamente 30°;

• 6 Introduza o tubo no suporte, pressionando-o até o limite e de


forma centrada para que a agulha penetre no centro da tampa;

• 7 Mantenha o braço do paciente sempre estendido e levemente


voltado para baixo, para que o tubo fique com a tampa mais para
cima que o fundo, prevenindo refluxo;

• 8 Solte o torniquete assim que o sangue começar a fluir no tubo;


• 9 Quando o sangue parar de fluir dentro do tubo, retire o tubo
e homogenize-o suavemente de acordo com a orientação do
fabricante, considerando inversões completas (ida e volta), e
coloque-o na posição vertical em uma estante para tubos;

• Caso tenha outros tubos a coletar, prossiga com os passos 6 a


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9, sempre seguindo a ordem correta dos diferentes aditivos;
• Quando todos os tubos forem coletados, após a retirada do
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tubo, retire a agulha da veia do paciente e ative o dispositivo
de segurança. Ao mesmo tempo em que a agulha é retirada
coloque um algodão e pressione a parte puncionada;

• Oriente o paciente a continuar pressionando o algodão por


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mais alguns segundos, mantendo o braço estendido, sem dobrá-lo;

• Descarte a agulha em uma caixa coletora de perfurocortantes.


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Para isso, separe a agulha do adaptador com o auxílio de uma


pinça ou desacoplador de agulha. Caso o adaptador utilizado
seja do modelo descartável, descarte-o também. Caso o
modelo de adaptador de agulha seja o reutilizável, pressione o
botão para que a agulha seja dispensada diretamente na caixa
coletora de perfurocortantes e verifique se não há indícios de
sujidades no adaptador;

• Aplique um curativo pós coleta no local da punção e oriente


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o paciente a não dobrar o braço por pelo menos 15 min e não
carregar peso no braço puncionado por pelo menos 4 horas.
Problemas que podem
acontecer na coleta de sangue
Ao inserir um tubo no adaptador, caso o sangue não flua para
dentro do tubo, ou caso o fluxo seja interrompido antes do
preenchimento total do tubo de coleta (volume que consta na
etiqueta ±10%), é recomendado seguir os seguintes passos:

• Verifique se o tubo está completamente encaixado no


adaptador, de forma centralizada;

• Verifique se a agulha está corretamente posicionada na veia;


• Se os pontos acima estão certos, remova o tubo e encaixe um
novo tubo;

• Se o mesmo acontecer com o segundo tubo, remova-o, remova


a agulha da veia e repita todos os passos da coleta em outro
local ou outra veia.

Transfixação da veia Erro na direção da agulha


Estenose da veia Bisel encostado na parede
superior da veia

Bisel parcialmente Veia rompida


penetrado na veia
Prevenção de refluxo no
sistema de coleta a vácuo
Como a maioria dos tubos de coleta possuem no seu interior
aditivos químicos que podem causar reações adversas ao
paciente, é importante evitar refluxo do conteúdo do tubo para
a veia. Para isso, basta seguir as seguintes recomendações:

• Posicione o braço do paciente sempre estendido e levemente


voltado para baixo;

• Segure o tubo sempre com a tampa voltada para cima durante


o encaixe no adaptador;

• Solte o torniquete assim que o sangue começar a fluir para


dentro do tubo;

• Durante a punção, certifique-se de que o conteúdo do tubo


(sangue coletado) não toca na tampa ou na extremidade da
agulha.

Se algum problema
ocorrer, tranquilize
o paciente e adote
a conduta cabível.
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