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O CUBISMO: DAS ORIGENS AO SEU FIM

História da Arte II Design de Comunicação e Audiovisual

A origem do cubismo

O cubismo começou no ano de 1907, com a tela Les Demoiselles d”Avignon, de


Pablo Picasso, sendo a primeira a ser datada. A obra contém diversas influências
visíveis de esculturas da África e das pinturas de Raul Cézanne. Ao lado de
Picasso, o artista francês George Braque também é considerado um dos fundadores
do movimento cubista.

Os sentimentos que despertaram o cubismo


O conceito de que a arte deveria imitar a natureza, ou que as técnicas tradicionais
de perspetiva são a mais corretas foi completamente rejeitado pelos pintores
cubistas que por sua vez, não queriam representar a vida mas sim se apropriar dela,
captando a essência de um objeto ou pessoa invés de pintar cada detalhe do
mesmo, enfatizar a bidimensionalidade da tela ao reduzir os elementos em formas
geométricas e criar múltiplos pontos de vista, por vezes contrastantes, como é o
caso presente em “Les Demoiselles d'Avignon” de Pablo Picasso.

Cezanne pai do cubismo


1“Se este espaço foi a grande preocupação se Seurat que se dedica a substituir a
atmosfera dos impressionistas por uma profundidade volumétrica distribuída
matematicamente, as lições de Cézanne aparecem, aos jovens artistas dos inícios
do século XX, mais sólidas; apenas ele poderia ser o iniciador desta “nova pintura”
que alguns reclaram.”

Cubismo Cezanniano
Cézanne foi uma influência direta e importante, para a evolução de Picasso, como
também para o surgimento do Cubismo. O Cubismo surge numa fase inicial, a fase
“cezannista”. A exposição que deu início a uma retrospectiva foi a de Outubro de
1907 no Salão de Outono que constituiu uma verdadeira revelação para os jovens.
Contrastando notavelmente com os apelativos coloridos do Impressionismo, a
solidez das formas nas obras de Cézanne respondia antecipadamente às suas
próprias preocupações. No que dizia respeito, Picasso mudou totalmente quase se
poderia dizer bruscamente de estilo durante o ano de 1908. Apesar de continuar a
dedicar-se de forma sistemática ao estudo do volume, adotou como consequência
uma técnica determinadamente diferente da precedente. Renunciando as cores
puras e violentas,limitou-se a partir daí a utilizao de tons neutros e em geral
esbatidos (pardos, ocres, verdes e cinzentos), como se temesse que uma certa
riqueza cromática prejudicasse a expressão dos elementos formais. E o que é ainda
mais surpreendente, regressou ao claro-escuro que tinha tentado suprimir, mas a
um claro-escuro elementar e afirmado agressivamente, destinado a modelar os
volumes com a maior nitidez possível, volumes esses que ele reduzia, por sua vez,
aos seus elementos essenciais.
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A esta nova fase juntou-se-lhe rapidamente um jovem pintor fauve que vivia em
Montmartre como ele, que frequentava há algum tempo o seu atelier e que ficará
fortemente impressionado com Les Demoiselles d'Avignon: Georges Braque. De
forma independente, Picasso, primeiro em Paris e depois em La Rue-des-Bois, onde
passou as férias naquele ano, e Braque em L'Estaque, onde residiu vários meses,
dedicaram-se seguindo o caminho de Cézanne, a conferir aos objetos que
representavam, a sua solidez e densidade, qualidades que os impressionistas
tinham comprometido perigosamente, ao dar uma atenção demasiado exclusiva aos
efeitos luminosos.
Para isso tentaram sobretudo reencontrar a forma duradoura dos, objectos,
eliminando qualquer pormenor acidental e decompondo-os sistematicamente nos
seus princípios sólidos: poIiedros, cilindros, cones, esferas, etc. Esta tentativa
coincidia com a do mestre de Aix, que numa famosa carta a Émile Bernard do dia 15
de Abril de 1904 aconselhava a tratar a natureza exclusivamente desta maneira.
Diferiam, no entanto, num ponto importante. Cézanne recomendava que se fizesse
"sentir o ar”. Picasso, e Braque, pelo contrário, expulsavam inexoravelmente dos
seus quadros qualquer forma de expressão atmosférica, com receio que alterasse a
forma com reflexos fortuitos, e subiram inclusivamente a linha do horizonte das suas
paisagens a fim de limitar ao máximo os efeitos de luz.

Cubismo analitico
Desde o final de 1909 que se levantam várias questões sobre o rumo do cubismo
por parte de Braque e Picasso. As suas mentes curiosas queriam chegar mais longe
do que haveriam ter chegado até agora. Aguçaram cada vez mais os seus estudos,
no caso de Braque, a representação do que o rodeava já Picasso focava-se nas
várias formas da representação da figura humana, contudo a concordância entre o
detalhe com a forma e a linha foi o seu maior obstáculo, estilizando cada vez mais a
figura humana, nomeadamente a figura feminina, deixando apenas a sua forma. No
seguimento de tal, o significado da cor na pintura foi se alterando, muita da cor foi
abolida para uma mais fácil compreensão, as complexidades das obras eram ricas o
suficiente através do seu traço e falta de elementos essenciais, requerendo o
máximo de atenção por parte do espectador, tornando a cor como um elemento
complementar à pintura.
Em 1910 Picasso dedica-se à escultura, enriquecendo o seu conhecimento sobre
também a pintura. Esta arte à qual se dedicou fê-lo perceber como a luz incidia no
corpo, como a sombra sobressai e o relevo que é gerado como consequência dos
mesmos. Picasso reteve a informação que queria para as suas pinturas e resolveu
um problema gerado nas primeiras pinturas do cubismo analítico – a representação
do volume, Picasso afirmou que a cor representa na pintura o que a luz representa
na escultura.
Há que ainda referir ‘O retrato de Kahnweiler’, a pintura mais conhecida deste
movimento executada por Picasso. A sua cara foi estilhaçada em planos angulares,
utilizando as suas novas técnicas para acabar com a dificuldade de representação e
o excesso de informação numa pintura. As suas tonalidades estão divididas entre
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verde, castanho e cinzento, no seguimento da utilização de poucas cores para não


conter demasiada informação.
No início da segunda década, o cubismo começa a ter mais aderência, apesar de
ainda criticado por muitos. A mudança por parte de alguns pintores na abordagem
do movimento deixou outros a desejar e questionar sobre as novas definições dadas
a este movimento. Assim surgiu o Salão da Secção de Ouro, um grupo criado por
aqueles que queriam trazer um lado mais científico para o cubismo, deixando a sua
parte mais analítica de parte. Fernand Léger foi outro nome na qual se recusou a
tratar o cubismo por uma arte simplificada e monocromática para uma melhor leitura
sem conflitos entre as curvas e a informação.

Cubismo Sintético
O cubismo sintético foi um movimento artístico que surgiu como uma reação às
limitações do cubismo analítico, que se iniciou em 1912, liderado pelos artistas
Pablo Picasso, Georges Braque e Juan Gris, figura chave nessa nova fase e onde
atingiu o seu auge em 1914, onde vários artistas foram forçados a deixar o seu
estúdio para servir o exército na primeira Guerra Mundial.
O cubismo sintético distinguia-se do cubismo analítico na sua forma de incorporar
diferentes elementos naturais, como cor, textura e luz, tanto quanto representações
planas de objetos do quotidiano com composições mais provocadoras e simbólicas
do que o seu antecessor. O termo “cubismo sintético” foi usado num estágio inicial
pelo crítico de arte Louis Vauxcelles para descrever o trabalho de Georges Braque e
Pablo Picasso. O termo refere-se à incorporação de materiais artificiais como areia,
recortes de jornais, rótulos de garrafas, entre outros, criando imagens mais coesas e
rejeitando abertamente a excessividade presente no cubismo analítico.
Artistas desta segunda fase davam um valor crescente à paleta cromática com a
colagem de grandes pedaços de papel colorido nas suas obras, como vermelhos
vivos, verdes, azuis e amarelos. Este novo movimento cubista foi bastante influente,
podendo se dizer que obras do cubismo sintético foram os primeiros exemplos de
arte de colagem.

Papiers Collés:
A imitação ou a utilização de matérias “reais” em obras foi uma reviravolta capital.
Em Setembro de 1912, Braque realizou a primeira obra com “papel colado ",
intitulada de Prato com Fruta e Copo, nas férias de verão em Sorgue, Sul de
França, onde usou papel pintado para imitar madeira, é então criada a
independência entre a cor e a forma. Esta obra de Braque mostra a importância que
esta nova técnica tem para o Cubismo e para a Arte, pois para além de criar uma
certa ilusão de ótica, agora era possível inserir diretamente elementos reais dentro
do quadro. A adição de processos artesanais como a colagem de materiais e
papéis, criam uma nova figuração no espaço, e são uma renovação completa da
plástica, e questiona ainda o que é ser “artista-pintor”.
Picasso então seguiu a ideia de Braque e começou também ele a criar obras com o
uso de papéis colados, onde usa papéis de cores, carvão e areia, como por
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exemplo no quadro “GUITARE ET FEUILLE DE MUSIQUE”, e papéis colados sobre


papel ou cartão.
Picasso e Braque repararam que era mais fácil e autêntico colar nas suas obras
pedaços de papel e jornal que imitavam diversos materiais, do que imitar a madeira,
o mármore ou outras matérias reais nos seus quadros entre os anos 1911 e 1912.
Os limites começam a fluir livremente no que toca ao que é pintado e ao que existe
na realidade. As pinturas feitas com papier collé contêm um caráter material e
substancial, onde se constrói uma realidade pictórica.
Em Outubro de 1912, Picasso criou a primeira escultura open-form, intitulada
"Guitare "que está atualmente no Museum of Modern Art em Nova Iorque.
O papier collé iria então passar a ser uma técnica auxiliar para a expressão
espacial, a diferença de tons dos papéis utilizados faziam-nos avançar ou retroceder
relativamente ao fundo e em relação uns aos outros. Por exemplo, na obra
“Natureza morta numa mesa” de Braque, 1913, os papéis colados ajudam a
perceber a natureza dos materiais representados, como a mesa de madeira, e os
diferentes tons que reforçam a sobreposição dos vários planos.
É importante referir também que com o uso desta técnica, ela passou de ser um
caráter espacial, e começou a ter também caráter figurativo e usado para contexto
da perspetiva aérea. Como as obras cubistas não estão sujeitas a perspetiva, os
papéis colados geram uma nova relação espacial nas obras. Os papéis colados
geraram ainda mais a separação da forma e da cor, o volume perdeu densidade e o
espaço perdeu a homogeneidade e isotropia. Cria-se então um espaço
completamente novo onde os objetos ou corpos representados perdem a opacidade
e transformam-se numa espécie de transparências, pois consegue-se ver um objeto
através de outro, e deixou de se ver o espaço como monocular. Outras obras que
usam a técnica do papier collé são por exemplo, “Cachimbo, copo, garrafa de vieux
marc” de Picasso, e “Cachimbo, copo, dados e jornal” de Braque.

Artistas Participantes no Movimento Cubista:


Georges Braque
Georges Braque (1882-1963) foi um pintor e escultor francês, que juntamente com
Pablo Picasso deram início ao Cubismo, importante movimento artístico do século
XX.
Os primeiros trabalhos de Braque foram num estilo impressionista, contudo em
1906, com a influência do artista Othon Friesz aderiu ao movimento Fauvista. Entre
as obras dessa época sobressai-se “O Porto de L’ Estaque”, “Paisagem de L’
Estaque” e “Le Olivier Pres de L’ Estaque”. Os Fauvistas, palavras vinda de "Les
Fauves" (feras), nome dado pelo crítico de arte, Louis Vauxcelles, era um grupo
onde um dos principais artistas era Henri Matisse, entre outros, usavam cores puras
e fortes com uma enorme simplificação da forma, divergindo das representações
mais realistas do passado, de forma a transmitir um lado mais emocional às obras.
Em maio de 1907 em Paris Georges Braque exibiu as suas obras no Salon des
Indépendants onde lentamente começou a evoluir no seu estilo, graças à inspiração
que criou por Paul Cézanne.
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Foi por volta dessa época que conheceu o pintor espanhol Pablo Picasso onde
inicialmente ficou confuso com a sua obra “Les demoiselles d’Avignon” (1907)
afirmando que a obra “queria nos fazer comer cimento ou beber gasolina e cuspir
fogo” mas logo se tornaram amigos íntimos e em poucos meses envolveram-se
numa parceria da qual surgiu o cubismo, é impossível afirmar que algum deles teve
maior importância neste novo estilo mas foi Braque em grande parte por causa da
sua enorme admiração por Cézanne que orientou uma parte significativa da
tendência inicial das formas geométricas.
As suas pinturas de 1908 a 1913 começaram a refletir o seu interesse por
geometria, perspectiva e fragmentos, na tentativa de questionar o padrão
convencional artístico. As obras iniciais (Cubismo Analítico) geralmente retratavam
figuras únicas ou naturezas mortas com o uso de tons terrosos, entre as obras
dessa fase destacam-se: “Maisons de L’ Estaque” (1908) e “Viaduct a L’ Estaque”
(1908).
Durante o verão de 1988, Braque pintou uma série de telas extremamente
inovadoras, das quais a mais ilustre é “House at L'Estaque". Essas obras mais uma
vez refletem o quanto Cézanne o inspirou não só por L’Estaque ser um local de
pintura que o mesmo gostava de frequentar mas também pelas características da
obra, como os planos inclinados, a redução e geometrização das formas, muitas
vezes cilíndricas. Para além desta presente inspiração conseguimos sentir que
Braque vai mais além do que isso.
Os seus quadros visualmente eram uma mistura de mesclas abstratas de cores e
linhas, o seu tema era apenas reconhecível por pistas, como na obra Mulher com
Bandolim (1910). As colagens chegaram para mudar essa perspetiva, sentia-se que
o cubismo analítico estava a caminhar para um abstracionismo e não era isso que
se pretendia então, o uso de letras ou uma simulação de texturas reais como
madeira, tecido, recortes e até mesmo areia surgiram nas suas obras. Cores mais
vivas foram surgindo nessa fase que ficou conhecida como cubismo sintético.
Em 1914 o artista foi chamado para servir na Primeira Guerra Mundial e um ano
depois foi ferido, onde passou 2 anos sem pintar.
Jean Metzinger
Jean Metzinger nasceu em Nantes na França em 1883 e faleceu em Paris na
França em 1956, estudou na academia local de artes em Nantes, por volta do ano
1900.
Enquanto ainda estudava, Metzinger estava atento à convulsão que a pintura estava
a ter nessa altura. Participou em várias correntes artísticas de vanguarda, como por
exemplo o neo-impressionismo, o fauvismo e o cubismo. Em Nantes enviou vários
quadros a óleo para Paris, com o objetivo de participar na exposição do “Salon des
Indépendants”. Teve um enorme sucesso e em 1903 Metzinger mudou-se para
Paris, onde fez obras no estilo Neo-impressionista e onde participou em várias
exposições.
De 1905 a 1908 produziu obras, como “As Banhistas”, onde utilizava técnicas
neo-impressionistas de pontilhismo e divisionismo para imitar mosaicos, o que fez
com que o levasse à fase do Cubismo.
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Cerca de 1906, Metzinger já conhecia Picasso, Georges Braque e Juan Gris. Em


1908 também se juntou aos cubistas no sentido artístico. Nesse ano participou nas
exposições cubistas no “Salon des Indépendants” e no “Salon d’Automne”.
Metzinger retratava pessoas utilizando técnicas cubistas como é o caso da obra
“Dois Nus, Duas Mulheres” (exposta no “Salon des Indépendants” de 1911).
Metzinger foi ainda o primeiro artista a escrever uma obra teórica sobre o cubismo.
Paul Cézanne
Paul Cézanne nasceu em, Aix-en-Provence, no dia 19 de janeiro de 1839. Foi um
pintor do pós-impressionismo, a sua rigidez geométrica mais tarde fez a ponte entre
o Impressionismo e o Cubismo.
Em 1863 participa no “Salão dos Recusados”, tenta entrar no salão 7 vezes depois,
sempre rejeitado até 1885 que decide não enviar mais obras. Em 1897 tem a sua
primeira obra no museu. Morre em 1906. Em 1097 tem 56 quadros expostos no
Salão de Outono.

Webgrafia/Bibliografia
Pierre Cabanne. O Cubismo. 1ºedição. Portugal:RÉS-Editora,Lda., 1996
Editorial Salvat. História da arte: As Vanguardas: do Simbolismo ao Cubismo.
Portugal: Prisa Innova, S.L..16 v.

https://www.ebiografia.com/paul_cezanne/

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