Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PAUL KLEE
Rafaela Xavier
Rafaela Xavier
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
rsvx@campus.ul.pt
Paul Klee (1879-1940) é frequentemente mencionado pelos autores que o estudam
e inclusive pelo seu amigo e biógrafo, Will Grohmann (1887-1968)1, como um artista
genial, que serviu de mote a importantes artistas da segunda metade do século XX. De
facto, a todos parece inegável o carácter “alienígena” da arte de Klee no contexto das
vanguardas2.
1
Historiador de Arte alemão e crítico de Arte Moderna, nomeadamente do Expressionismo Alemão e da
Arte Abstrata. Confira https://dictionaryofarthistorians.org/grohmannw.htm, consulta 2/1/2017.
2
Cf. AAVV, Arte do Século XX, (org. Ingo F. Walther), Vol. I, Koln, Taschen, 1999, p. 12; Robert SHORT,
Paul Klee, London, Thames & Hudson, 1979, p. 3; Will GROHMANN, Paul Klee, 4ª edição, Genève,
Trois Collines, 1954, p. 12.
3
Cf. http://www.philamuseum.org/collections/permanent/51027.html, consulta em 29/12/2016.
4
De resto, as obras do artista realizadas na década de 20 têm muitas delas em comum este carácter vibrante
da cor, veja-se o caso da obra The Golden Fish de 1925. Para mais detalhes acerca destas obras vide Will
GROHMANN, Op. Cit., pp. 189-221.
5
Klee travou amizade com Delaunay cujo estudo da cor e da luz o fascinou e influenciou grande parte das
obras produzidas entre 1912-1914, vide Robert SHORT, Op. Cit., p. 6.
6
Atente-se que em 1924, André Breton publicava o Manifesto surrealista, dando inicio a uma nova corrente
artística. E que em 1925 Klee participava na Exposição de Arte Surrealista de Paris, vide AAVV, Os
Grandes Artistas Modernos: Klee, Hopper, Lowry, Dali, (ed. Eduardo Martins Soares), Lisboa, Difusão
Cultural, 1990, p. 9.
2
segundo o automatismo e o acaso, alguns com recurso a técnicas que tentavam negar
qualquer influencia do consciente na produção artística, Klee pinta uma outra realidade
imagética, que embora se sirva de elementos do surreal, é pensada de forma consciente
com um código de decifração e anulação intencional e generalizada dos conceitos.
Este conjunto de formas associadas a realidades como o mar, a terra, o ar, o espaço, o
tempo, juntam-se para formar um outro mundo, relativo. O próprio artistas dizia, na sua
obra literária Creative Credo “Art does not represent the visible rather, it makes visible”8.
Torna visível esta realidade relativa, criativa, paralela ao mundano, de fantasia, de
atmosfera intimista e pessoal típicas da arte de Klee, cuja obra Fish Magic é expressão.
As formas simplistas, muitas vezes e erroneamente associadas a uma arte infantil,
mais não são que um mero universo poético, que viria a servir de inspiração, mais tarde,
a artista do Expressionismo Abstrato – na procura por uma expressão artística pessoal.
7
Acerca desta similitude discutível e formas adaptadas por Klee, surge a dúvida de saber se Klee terá ou
não contactado com Brancusi ou se ao menos teve contacto com a sua obra. Temos em crer que sim,
observe-se a obra Landscape with Yellow Birds, de 1923, em que voltamos a ver formas semelhantes às
esculturas de Brancusi Birds in Space.
8
Cf. Robert SHORT, Op. Cit., p. 3.
9
Cf. http://www.philamuseum.org/collections/permanent/51027.html, consulta em 29/12/2016.
3
Em conclusão, Fish Magic é um exemplo claro do conceito artístico de Klee e da
sua obra. A pintura representa uma realidade atípica, em que o entendimento de conceitos
como o de espaço, ordem e hierarquia de elementos é manipulada para servir outras
aspirações da expressão artística.
É relevante referir que Klee tentou sempre aliar a produção artística com a reflexão
teórica, mas reservam-se os devidos cuidados pois frequentemente a obra literária não
serve de interpretação, como muitos desejavam, à sua obra artística, contempla acima de
tudo alguns caminhos para a compreensão, que nunca são a explicação.
Bibliografia
Webgrafia
http://www.philamuseum.org/collections/permanent/51027.html, consulta em
29/12/2016.
https://dictionaryofarthistorians.org/grohmannw.htm, consulta 2/1/2017.