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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola de Belas Artes

Disciplina: História da Arte 4

Prof: Hellen Alves Cabral

Nome: Júlia de Aquino Ribeiro Coelho

DRE: 121105183

Análise:

A utilização do corpo como suporte e em intervenções artísticas vem com o movimento


da Contemporaneidade, que assim, acaba possibilitando outras formas de experimentar
e perceber o corpo, sendo a performance o meio principal, uma maneira imaterial de
realizar trabalhos artísticos, o que trás bastante teatralidade. Está forma de linguagem
surge a partir dos anos 50, com o Happening e Body Art dos anos 60. A representação
do corpo na história da arte vem sofrendo diversas modificações, mas demonstrando de
que qualquer forma, ele sempre esteve ali, como meio de inspiração central.

É comum que nestes tipos de performance, os artistas levem seus corpos a situações
extremas, praticando atos violentos, que exigem esforço físico ou até mesmo sofrimento
físico, também podem fazer parte da apresentação a utilização de fluidos corporais
como, sangue, saliva, suor, esperma, lágrimas, dentre outros, na intenção de fazer com o
espectador reflita e se sensibilize, além de causar desconforto, porém até onde a
exploração do corpo pode ir? Existe um limite para a arte?

Para o diretor e ator russo, Stanislavski, criador do Método das Ações Físicas, as
atuações só podem ser mais semelhantes com a realidade se forem realmente vividas.
Este sistema consiste em “agir para crer”, ou seja, neste método os atores devem
vivenciar as ações e depois as emoções, para entregar uma atuação mais orgânica,
assim, o agente é impulsionando pelas ações físicas, vários atores e atrizes de sucesso já
usaram desta metodologia, como Heath Ledger, Christian Bale, Natalie Portman, Meryl
Streep, entre muitos outros.

No filme Coringa de 2019, o ator Joaquin Phoenix vive o personagem Coringa, que é
um homem com doenças mentais e que cuida de sua mãe doente, o filme retrata sobre
diversas temáticas, mas entre elas estão a negligencia sobre pessoas com transtornos
mentais, a violência, insatisfações e a raiva, Joaquin Phoenix realmente encarna o
personagem, perdendo 20kg para interpretar o papel, o que deixava o ator extremamente
raivoso no set filmagem.

O filme possui diversas cenas icônicas, porém a mais emblemática é a cena em que o
personagem principal, Arthur, desce uma escadaria enquanto dança "Rock & Roll Part
II", de Gary Glitter, com sua maquiagem de palhaço,

A cena da dança na escadaria e logo em seguida uma perseguição policial é


extremamente performática e tem muitas características do Body Art, além da dança que
já faz parte da performance, o Coringa também utiliza de maquiagem para se expressar,
ou seja, quando ele chega neste auge o Arthur encontra sua “liberdade”, podendo
expressar sua verdade essência.

CORINGA. Direção: Todd Phillips. Produção: Todd Phillips. EUA, UIP, 2019.
(122min), son., color. Legendado. Port.
Os artistas mais conhecidos por no meio da Body Art são Márcia X, Chris Burden,
Marina Abramović, Rudolf Schwarzkogler, Gina Pane, dentre muitos outros, nem todos
os artistas citados realizavam performances intensas e violentas, mas o que eles tem em
comum é que todos propõem criticas que estejam dentro de suas realidades e épocas,
contando também suas histórias a partir de suas corpos.

Para Marina Abramović, a performance é uma construção mental e física, que o artista
executa num tempo especifico, num espaço e na frente de uma audiência. A plateia e o
artista constroem a obra juntos. Marina, explorava os limites de seu corpo e as emoções
ao máximo, na performance de Art must be Beautiful, Artist must be Beautiful (1975),
ela escovava seus cabelos com muita violência durante vários minutos seguidos, com
expressões de dor enquanto repetia a frase "a Arte deve ser linda, o artista deve ser
linda", com cada vez mais entonação com forme a dor e a exaustão cresciam.

É notável que Art must be Beautiful, Artist must be Beautiful é um obra emblemática e
transgressora, que levanta uma reflexão utilizando o limite físico do próprio corpo
feminino, como forma de propor ao público uma análise sobre a ética no olhar em torno
do corpo da mulher na arte, além de criticar o conceito sobre o que é belo, levando em
conta que obra foi feita nos anos 70, época que era marcada pela objetificação do corpo
feminino.

Referências:

BODY Art. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo:
Itaú Cultural, 2023. Disponível em:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3177/body-art. Acesso em: 11 de janeiro de
2023. Verbete da Enciclopédia.

SOBRINHO, P. CORPO E ARTE: O USO DO MATERIAL HUMANO EM


PRÁTICAS ARTÍSTICAS CONTEMPORÂNEAS. [s.l: s.n.]. Disponível em:
<https://abralic.org.br/anais/arquivos/2016_1491261282.pdf>.

ZALTRON, M.; NAIR D'AGOSTINI, D.; REUNI, B. A imaginação no método das


ações físicas de K. Stanislávski. [s.l: s.n.]. Disponível em:
<http://www.portalabrace.org/vicongresso/processos/Michele%20Zaltron%20-%20A
%20imagina%E7%E3o%20no%20m%E9todo%20das%20a%E7%F5es%20f%EDsicas
%20de%20K.%20Stanisl%E1vski.pdf>. Acesso em: 11 jan. 2023.
Marina Abramovic – A arte de desafiar os próprios limites – ArteVersa. Disponível em:
<https://www.ufrgs.br/arteversa/marina-abramovic/>. Acesso em: 11 jan. 2023.

Exposição Coletiva | 13 October - 13 November 2020. Disponível em:


<https://lucianabritogaleria.viewingrooms.com/viewing-room/7-exposicao-coletiva-art-
must-be-beautiful-artist-must-be-beautiful/>. Acesso em: 11 jan. 2023.

GOMES, F. DE S. Coringa. Disponível em:


<https://www.omelete.com.br/filmes/criticas/coringa>. Acesso em: 11 jan. 2023.

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