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RESUMO

A principal proposta deste artigo é apontar os produtos da “escola uspiana de

sociologia” durante a década de 1960. Neste estudo buscaremos pesquisar a incursão e a

intervenção social de dois grupos de intelectuais alocados em instituições diferenciadas:

o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos

(DIEESE/1955), vinculado ao meio sindical e o Centro de Sociologia Industrial e do

Trabalho (CESIT/1962), ligado à Cadeira de Sociologia I da Universidade de São Paulo

(USP).

PALAVRAS-CHAVE: Intelectuais, DIEESE, CESIT, intervenção social, sociologia

aplicada.

ABSTRACT

The main proposition of this paper’s sharpen studies from “school of paulista

sociology” in the course of 1960’s decade. In this study we’ll research about the

incursion and social intervention of two kind of intellectuals groups. The first one it’s

Departament of Statiscs e Social-Economics Studies (Departamento de Estatística e

Estudos Sócio-Econômicos-DIEESE/1955), linked to syndicate enviroment. The second

one it’s Center of Industrial and Labour Sociology (Centro de Sociologia Industrial e do

Trabalho-CESIT/1962), tied to Sociology I Cathedra of São Paulo’s University (USP).

KEYWORDS: Intellectuals, DIEESE, CESIT, social intervention, applyed sociology

1
SOCIOLOGIA APLICADA: A EXPEIRÊNCIA DOS INTELECTUAIS DO DIEESE E CESIT
Débora Cardia de Castro*

INTRODUÇÃO

Partimos da compreensão de que as expressões da reflexão sociológica


brasileira, os seus horizontes e orientações mais significativas vinculam-se estreitamente
à construção do curso de Ciências Sociais, no âmbito da Faculdade de Filosofia na
Universidade de São Paulo.
Neste breve excurso buscaremos observar as possibilidades de intervenção social
dos dois grupos de intelectuais representantes da “escola uspiana de sociologia” durante
os primeiros anos da década de 1960. O primeiro grupo apresenta-se alocado no
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos e o segundo, no
Centro de Sociologia Industrial e do Trabalho, vinculado à Cadeira de Sociologia I 1
(chefiada por Florestan Fernandes), da Universidade de São Paulo.

1. O EMBATE COM O ENSAÍSMO

A maciça produção intelectual na República Velha esteve associada,


essencialmente, a “grandes autores” e pensadores sociais, a maioria deles operando
simultaneamente como letrados, homens públicos e políticos profissionais. A geração de
intelectuais, cuja estréia em livro se dá ao longo da década de 1930, mostra-se
especialmente empenhada em uma produção ainda com o signo do ensaísmo 2. No
decorrer da década de 1940 até meados de 1950, houve uma mudança significativa em
termos de análise histórico-social, provocada – em grande medida – pelos experimentos
universitários e o processo de institucionalização das Ciências Sociais, no eixo Rio –
São Paulo (Vianna: 1997; Miceli, 1989: 5-19). A modificação consistiu na adoção de
(...) uma estratégia mais desarmada com o objeto, estabelecendo-se
uma aproximação fecunda com as fontes impressas disponíveis –

1
A contribuição do CESIT é a expressão do processo de reforma universitária (1969/1970), cujo foco
principal apresenta-se alicerçado na democratização da universidade, com a mudança no sistema de
cátedras para o sistema de departamentos.
2
Exemplares deste período e que atentam às peculiaridades e as perspectivas da sociedade brasileira, são
as obras: Evolução e Política no Brasil (1933), de Caio Prado Júnior; Raízes do Brasil (1936), de Sérgio
Buarque de Holanda, e Casa-grande & Senzala (Publicação em Lisboa: 1931, publicação em
Pernambuco: 1933), de Gilberto Freyre.

2
repertórios e dicionários bibliográficos, coletânea de depoimentos
e entrevistas, histórias regionais, intelectuais e institucionais, entre
outros – mormente com os periódicos e revistas que tivessem
veiculado a produção intelectual (...) em ciências sociais (Miceli:
1989, p. 6).

Ainda que, entre 1930 e 1964, o desenvolvimento institucional e intelectual das


Ciências Sociais estivesse associado, em uma ponta, ao impulso alcançado pela
organização universitária e, em outra, à ascensão de recursos governamentais para a
montagem de centros de debates e investigação, os empreendimentos educacionais ou
centros de pesquisa e discussão no campo das Ciências Sociais não se apresentavam
dissociados das demandas do sistema político ou dos grupos empresariais atuantes nos
mercados de ensino e produção cultural. Isto é, as Ciências Sociais no Brasil atendiam
aos reclamos e diagnósticos formulados pelas frações cultivadas, pelos grupos de
interesses em operação na indústria editorial, nos sistemas de ensino secundário e
superior e na chamada grande imprensa. Havendo, dessa maneira, a promoção de uma
especialização funcional e técnica no interior das elites dirigentes – possibilitando a
formação de uma fração de empresários no setor de produção de informação (Arruda:
1995).
No entanto, a acelerada consolidação da estrutura social e ocupacional da cidade
de São Paulo, com seus padrões de diferenciação e hierarquização, desenvolveu um
mercado cultural mais autônomo, sem modelos similares no restante do país (Arruda:
1995). Tal processo, engendrou uma coalizão entre o projeto “iluminista” 3 (Cardoso:
1982) das elites locais e a “irresistível profissionalização dos setores médios em
ascensão social” (Vianna: 1997).
Para Miceli, a originalidade do processo de institucionalização das Ciências
Sociais paulista pode ser entendida como marcada por duas diretrizes principais: a
primeira é verificada através de ingerências políticas e governamentais no que concerne
à autonomia da universidade, especialmente pela posição de distanciamento da esfera
acadêmica por parte de “lideranças populistas”4 (Miceli: 1989). Tomando como
3
A organização universitária paulista foi – desde o início – estadualizada, sem que tal vínculo
orçamentário e de jurisdição administrativa se traduzisse em esgarçamento de sua autonomia acadêmica e
intelectual. Tal fato é devido ao caráter independente e privado dos círculos intelectuais de São Paulo,
responsáveis na época pela criação de negócios culturais de pequeno e médio porte (livrarias, galerias de
arte etc.), de veículos de difusão cultural, de empreendimentos ambiciosos (Teatro Brasileiro da Comédia
– TBC, Vera Cruz, editoras comerciais como a Brasiliense e a Martins) e de grandes instituições culturais
(museus, por exemplo). Conforme em Miceli, S. op. cit. p. 106 e segs.
4
O distanciamento entre os poderes públicos e a academia é notado principalmente no governo de
Adhemar de Barros (interventor de São Paulo pelo governo federal entre 1938-1941, governador entre
1947-1951 e novamente governador entre 1962-1966), e Jânio Quadros (governador entre 1954-1958).

3
exemplo o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB – 1955 a 1964) – alocado no
Rio de Janeiro –, coevo às instituições abordadas neste pequeno artigo, Miceli sugere
que o enraizamento na máquina oficial não podia deixar de marcar o perfil das
organizações, imprimindo o selo do interesse político-partidário sobre a mentalidade
dos recém-recrutados, indicando que os laços destes com seus mecenas públicos
também marcavam os seus produtos, impedindo, sobremaneira, a autonomia do
intelectual, o que, para o autor, representa uma tela inversa das Ciências Sociais de São
Paulo. Já para Oliveira (1995), o ISEB não foi um espaço de debate acadêmico e
também não possuía estrutura organizacional para sobreviver ao acirramento de lutas
políticas. Cabe lembrar aqui que o ISEB era um instituição ligada ao governo federal
através do Ministério da Educação e Cultura. No entanto, para Oliveira, a principal
atividade intelectual carioca estava nos salões, suplementos literários de jornais e cursos
avulsos ministrados por diversos intelectuais. De maneira que, o ISEB poderia ser
“tomado e analisado como um dos pólos da vida intelectual, como um espaço do debate
político-ideológico, mas não como uma instituição acadêmica ou universitária que
objetivasse o ensino ou a pesquisa na área de Ciências Sociais” (305).
A segunda diretriz, segundo Miceli, é referente ao intenso processo de
industrialização e urbanização paulista, especialmente a partir da década de 1940,
quando a cidade de São Paulo começa a assumir os contornos de uma metrópole,
adquirindo dinâmica própria e despontando como a capital econômica da nação.
Todavia, não nos cabe analisar, e nem é o mote deste artigo, as diferenciações
institucionais entre as atividades intelectuais do Rio de Janeiro e de São Paulo, mas sim
apontar a singularidade da produção sociológica uspiana e, em instituições
diferenciadas.

2. A SOCIOLOGIA ALÉM DOS PORTÕES ACADÊMICOS

Apesar do projeto da “comunhão paulista” ter sido fruto de uma aliança entre vanguardas intelectuais e
empresários culturais, a organização universitária buscou romper os laços com o mecenato (a Família
Mesquita, do jornal O Estado de S. Paulo, por exemplo), reivindicando um espaço próprio de
funcionamento e autoridade, conforme nos mostra Cardoso (1982). De tal maneira que a aquisição de
recursos e a criação da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa em São Paulo/1961) se dão apenas na
gestão de Carvalho Pinto (1959-1962).

4
A condução do processo de “cientificização” ocorria também além dos portões
da academia. Os agentes dessa produção (think tanks) realizavam análises tanto no
interior da classe empresarial, como no Estado (Miceli:1989). Pudemos notar a
condução do processo de “cientificização” na esfera estatal com a criação de instituições
como o Departamento Estadual de Estatística 5 (DEE/1938), o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística6 (IBGE/1936) e o Departamento Municipal de Cultura 7 (1935).
Já na classe empresarial, pudemos notar esse processo com a criação do Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo (CIESP/1928), ulteriormente transformado na
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (1931) (Chaia: 1992; Leme: 1978). O
processo de transformação na estrutura produtiva da indústria paulista representa, por
um lado, a modernização do aparato tecnológico industrial e, por outro, a busca por
padrões de racionalidade a fim de maximizar a lucratividade e fundamentar a
argumentação racional, relacionada à problemática da “conciabilidade” de
reivindicações institucionalizadas com os meios disponíveis para a sua satisfação (Offe
& Wiesenthal: 1984, 56). De maneira que, o uso do saber técnico-científico passou a
auxiliar o Estado e determinados grupos sociais em seus interesses privados.
Ao processo de cientificização corroborava a tese de “demora cultural” (cultural
lag8), que define as resistências culturais e de informação como o principal obstáculo ao
desenvolvimento. Conforme análise de Fernandes (1963), os
(...) países subdesenvolvidos procuram no conhecimento científico e
tecnológico a chave para romper com a perpetuação indefinida de
padrões de existência, representados socialmente como anacrônicos,
iníquos e indesejáveis. Aquilo que os “países adiantados”
conquistaram mediante longos e penosos processos histórico-sociais,
5
Em 1950, o DEE dá lugar ao Departamento de Estatística do Estado de São Paulo – DEESP,
posteriormente absorvido, em 1976 pela Coordenadoria de Análise de Dados – CAD, órgão então
responsável também pela coordenação do Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos, legalmente
instituído no ano anterior. Em 1978, a Lei n° 1.866, de 4 de dezembro, criou a Fundação Sistema Estadual
de Análise de Dados – Seade, que em janeiro do ano seguinte teve seus estatutos aprovados pelo Decreto
n° 13.161, ganhando assim existência jurídica e regras definidas de funcionamento. Informação obtida no
sítio www.seade.gov.br.
6
Tendo em vista ajustar o sistema estatístico-geográfico brasileiro, foi criada – pelo Decreto-Lei nº 161,
de 13 de fevereiro de 1967 –, a Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que veio a
substituir o IBGE-autarquia (FUNDAÇÃO IBGE: 1971).
7
Segundo Pontes (1989), o Departamento criado por Mário de Andrade funcionava como um centro de
difusão de pesquisa e de debates culturais (441-442). Entre suas diversas atividades, estava a realização
de pesquisas sobre o padrão de vida, sob a responsabilidade de Oscar Egydio de Araújo e dos
pesquisadores norte-americanos, Horace B. Davis e Samuel H. Lowrie (Chaia: 1992; Miceli: 1989).
8
Hipótese apresentada por Ogburn (1922), a demora cultural estaria configurada nas tensões existentes
entre o “atraso” e o “moderno”, tais tensões seriam manifestadas a partir da assimilação de uma nova
ordem pelo tecido social, o que configuraria- ao menos temporariamente – uma situação de. Todavia, as
tensões tenderiam a serem solapadas, uma vez que a esfera cultural acaba assimilando, obrigatoriamente,
as inovações operadas pelo processo de mudança social.

5
eles pretendem alcançar através da transplantação rápida e intensiva
das técnicas modernas de pensamento ou de ação (79).

Dessa forma, na ausência dos ideais burgueses clássicos, a burguesia conta com
um Estado que cria uma base técnica autoritária para ordenar a sociedade (Fernandes:
1963). De tal maneira, o modus operandi do capitalismo brasileiro apresenta-se em
torno de uma burguesia que não se constitui em paladina da civilização ou defensora da
democracia, pressupondo, assim, uma selvageria expressa pela espoliação e excesso do
lucro, bem como uma aliança do capital com o Estado, articulados para o uso do
trabalho (Cardoso: 1966; Chaia: 1992, 24).
Neste cenário de rápida transformação do capital agrícola em capital industrial, a
dinamização da economia apresenta-se como um dos mecanismos da política econômica
para viabilizar a permanência de capital no país durante o interregno das duas guerras
mundiais (Ianni: 1965, 64), e também para gerar um novo componente na relação
capital-trabalho no interior do processo de industrialização: o operário. De acordo com
Ianni, o novo protagonista da sociedade e da economia migra para os centros urbanos
em busca de melhores condições de vida, através da mobilidade social. O novo cenário
também expõe o getulismo que, configurado em ideologia das massas, nos remete à
idéia da classe subalterna dominada pela hegemonia da classe dominante, exatamente
porque esta última passa a representar a ação política de forma coligada (Gramsci:
2000). Ainda segundo Ianni, a massa trabalhadora é “refém” da ideologia nacional-
desenvolvimentista, ou seja, prenhe da esperança de que o desenvolvimento trazido pela
industrialização e pelo progresso econômico e social implicará na almejada ascensão
social. Com isso, presta-se ao sacrifício exigido pelo Estado e pelo empresário
industrial: “o seu fetichismo é um ingrediente mítico na ‘guerra santa’” (Ianni: 1965,
p.12).

3. SOCIOLOGIA APLICADA: A EXPERIÊNCIA DO DIEESE

No espaço da sociologia realizada em São Paulo, o processo de compreensão e


intervenção na realidade brasileira ocorre de forma diversa, comprovante disso é a
criação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos
(DIEESE), fundado em fins de 1955. Embora não tenha se originado na Universidade

6
de São Paulo, seu quadro técnico9 (diretores) é formado por sociólogos oriundos da
USP, primeiramente José Albertino Rodrigues (1956-1962) e Lenina Pomeranz (1962-
1963). Na presidência (diretoria sindical), o Departamento contou com: Salvador
Romano Losacco (Sind. dos Bancários – 1956-1958) e Remo Forli (Sind. dos
Metalúrgicos – 1958-1962), Rubens Vaconcellos (Fed. dos Bancários – 1962-1963)10.
Ainda anterior à fundação do Departamento Intersindical, já está posta a busca
pelo “cálculo da realidade” da classe trabalhadora. O embrião para a formulação de um
centro produtor de dados para a reivindicação salarial medra durante a greve de 1953,
também conhecida como a greve dos 300 mil. A greve expõe às lideranças da massa
assalariada paulistana a necessidade de um órgão “técnico-científico” produtor de
informação acerca do custo de vida e, que abrigasse o meio sindical de forma uníssona,
ou seja, intercategorial.
A greve reuniu – em um primeiro momento – cinco categorias, a saber:
metalúrgicos, vidreiros, gráficos, carpinteiros e tecelões, e, à medida em que o processo
foi evoluindo, outras categorias encamparam as manifestações. A confluência de
politização sindical, idéia positiva sobre o intersindicalismo e uso do saber técnico
possibilitaram a criação de um pacto permanente e abrangente à classe trabalhadora, o
Pacto da União Intersindical (PUI), esfera de debates sobre as questões que afetavam o
conjunto dos trabalhadores (Moisés: 1978), bem como àquelas referentes à futura
instituição do DIEESE. Embora o saldo da greve dos 300 mil tenha sido positivo 11,
persistiam o descontentamento e a desconfiança dos dirigentes sindicais em relação aos
dados estatísticos do governo (Chaia: 1988; Moisés: 1978). Essa insatisfação alimentava
a proposta dos sindicalistas do PUI para a criação de um departamento de estatística
sindical, ou melhor, intersindical, que conseguisse formular um indicador do custo de
vida, sempre ascendente em uma “espiral inflacionária” (Chaia: 1992).

9
Lançamos mão do vocábulo “técnico” porque este é o termo administrativo utilizado pelo DIEESE para
definir o intelectual abrigado na instituição, conforme Chaia (1988; 1992).
10
As datas dispostas a respeito da vigência dos quadros diretores (técnicos e sindicalistas) servem
somente à temporalidade que o presente artigo abarca, isto é, 1960-1964. Em 1963 o DIEESE foi
parcialmente fechado em vista da instabilidade política, voltando a publicar somente em 1966 ( “ Balanço
Trabalhista Sindical do ano de 1965”).
11
No transcorrer da greve, o Estado foi incumbido de servir como mediador do conflito, apesar da Carta
de 1946 informar que a função do Estado era a de reprimir movimentos desse tipo. Ao fim das
negociações houve o ganho de causa dos grevistas, desenhando um novo palco de atuação para os
sindicatos: a ação comum, isto é, a valorização da idéia de horizontalização da estrutura sindical (Moisés:
1978).
*
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Sociologia, FCL – UNESP – Araraquara, sob orientação
do Prof. Dr. Milton Lahuerta, com apoio do CNPq.

7
Segundo Chaia (1992; 1988), tanto a produção como o uso da informação nas
sociedades modernas constituem-se em parte estrutural do poder político e econômico,
servindo de meio à reprodução das relações de dominação estabelecidas na sociedade.
De tal forma que a burocratização do Estado brasileiro e a modernização das
organizações procedentes do capital implicam historicamente em perdas dos
assalariados, sejam elas políticas ou econômicas (Martins: 1979, 73-88).
Compreendendo esse contexto, os componentes do PUI instituíram o Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos, cujo princípio é o da
instrumentalização da estatística como parte da matemática aplicada para a obtenção
dos fenômenos observados na área do trabalho, garantindo o raciocínio e os cálculos
realizados a partir das ciências humanas, em particular a sociologia, e posteriormente a
economia.
Embora, inicialmente, a figura responsável pelo levantamento do custo de vida
do Departamento tenha sido um contador, o puro exercício da racionalidade burocrática
se mostrou insuficiente e ineficaz para servir de instrumento na luta salarial com a
classe patronal (Chaia: 1992, 26). Ante o fracasso12 da pesquisa, Salvador Romano
Losacco (presidente do Departamento) trouxe para compor o quadro técnico da
instituição, o sociólogo recém-saído da USP, José Albertino Rodrigues.
A legitimação do Departamento, como órgão produtor de conhecimento se dá
em 1956, quando da preparação da campanha salarial de 1957. Para o desenvolvimento
desta campanha, Rodrigues, entrou em contato com o DEE e o IBGE, com o intuito de
reunir material para um levantamento de preços13 nas capitais. Este primeiro estudo,
realizado para o Sindicato dos bancários de São Paulo e do Rio de Janeiro, concluiu por
um parâmetro de aumento em torno de 46% (preços de 1955 para 1956) e o apresentou
ao vice-presidente de Juscelino Kubitschek, João Goulart. Este, por sua vez, requisitou
de Pascoal Barroso (Ministro do Trabalho) uma certidão no processo de dissídio
coletivo. A partir do ganho dos bancários paulistas e cariocas, as outras categorias
recorreram ao Tribunal do Trabalho, que, comparando o cálculo do DIEESE e tomando

12
Apesar de se utilizar de modelos de questionários já existentes, a pesquisa sobre o índice do custo de
vida na cidade de São Paulo, produzida pela contador, apresentou-se falha por não fazer constar
cadernetas adicionais (para os inquiridos), e pela ausência de itens básicos como feijão e manteiga.
Segundo depoimento de Rodrigues a Chaia (op. cit. p. 59), o problema foi provocado pela falta de
conhecimento sistematizado e recursos técnicos.
13
O trabalho não era uma ponderação, mas uma média estatística de preços de diferentes produtos
alimentícios e alguns não alimentícios, e não abrangia todo o orçamento doméstico (Chaia: 1992).

8
por base a certidão emitida pelo Mistério do Trabalho, concedeu o aumento
reivindicado.
O mote para a criação do DIEESE está fincado no paradigma da superação dos
limites da academia e a aplicação do conhecimento. Ao final da década de 1950 novas
concepções de trabalho intelectual foram forjadas, isto é, colocava-se à reflexão o papel
intelectual dos cientistas sociais, os quais não mais poderiam restringir-se às ocupações
clássicas de gabinete, posto que em uma sociedade subdesenvolvida a ciência precisaria
intervir ativamente para o progresso social e para assegurar as condições de reprodução
deste progresso (Olsen: 2005, 64).
No caso do Departamento Intersindical, a atividade intelectual está relacionada à
reversão da situação de monopólio e manipulação da informação praticadas pelo Estado,
buscando democratizar essa informação e instituindo-se em foco gerador de dados
objetivos, controlado por interesses da classe trabalhadora e instrumentalizado através
do conhecimento de natureza científica.

4. SOCIOLOGIA APLICADA: A EXPERIÊNCIA DO CESIT

Também seguindo a linha intervencionista, mas na esfera acadêmica, podemos


situar o Centro de Sociologia Industrial e do Trabalho (CESIT), que surge a partir das
observações do grupo reunido na Cadeira de Sociologia I e do sociólogo francês Alain
Touraine, então estudioso da Sociologia Industrial, acerca da estrutura social e
ocupacional da cidade de São Paulo. O Centro é organizado de forma hierárquica: no
primeiro plantel estão Florestan Fernandes (chefe da Cadeira de Sociologia I, desde
1954, quando do retorno de Roger Bastide para a França) e os seus principais
assistentes: Fernando Henrique Cardoso e Octávio Ianni. A segunda linha de assistentes
diretos é formada por Marialice Mencarini Foracchi, Luiz Pereira e Paul Singer. O
Centro contou ainda com os pesquisadores contratados: Celso de Ruy Beiseguel,
Leôncio Martins Rodrigues, Gabriel Bolaffi, José Carlos Pereira e Lourdes Sola.

9
A gênese14 do Centro se dá a partir da transição na linha de pesquisa da temática
racial15 (encabeçada por Florestan Fernandes e Roger Bastide), para a questão do
desenvolvimento sócio-econômico brasileiro. Segundo Juarez Brandão Lopes 16, essa
mudança sugere uma atuação mais contundente no debate político nacional, como já
ocorrera ao final da década de 1950, na participação na Campanha em Defesa da Escola
Pública. É interessante salientar dois pontos nesta transição: o primeiro sugere uma
aproximação daquele grupo acadêmico a grupos externos à universidade, e o segundo
apresenta os intelectuais atuando de forma efetiva no debate político nacional (Arruda:
1995).
Existe um alto grau de dissenso17 para qualificar os momentos de ruptura na obra
e na atividade política do chefe da Cadeira de Sociologia I, Florestan Fernandes.
(Lahuerta: 1999). Neste artigo adotaremos a percepção de Mota (1985), segundo a qual,
o momento de radicalização na trajetória do professor paulista se dá ao final da década
de 195018, e tem como marco o livro “A Sociologia numa era de revolução social”
(1963), reunião de escritos formulados entre 1959 a 1962. Esta obra expressa a
influência19 de Mannheim e Freyer na concepção do papel do intelectual e nas propostas
14
A criação do CESIT é aprovada na Congregação da FFCL/USP a 30/11/1961 e no Conselho
Universitário da USP na sessão do dia 21/12 do mesmo ano. Mas apenas com o decreto n. 39854 de
28/02/1962, assinado pelo então governador de São Paulo, Carvalho Pinto, é que o Centro é criado
oficialmente.
15
Participação no projeto da UNESCO sobre as relações raciais no Brasil e a inclusão do negro na
sociedade capitalista. A tendência fundamental da análise reside na inserção do preconceito e das relações
desencadeadas pelo fenômeno na estrutura social. Os autores orientam as suas reflexões, no interior da
consideração de situações sociais propícias à emergência do preconceito. São várias as obras resultantes
deste projeto, apenas para citar algumas: de Roger Bastide e Florestan Fernandes: “O preconceito racial
em São Paulo” (1951) e “Brancos e negros em São Paulo” (1959); de Florestan Fernandes, “A integração
do negro na sociedade de classes” (1954), de Fernando Henrique Cardoso e Octávio Ianni, “cor e
mobilidade social em Florianópolis” (1960); de Fernando Henrique, “Capitalismo e escravidão no Brasil
meridional” (1962), de Octávio Ianni, “As metamorfoses do escravo” (1962) e “Raças e classes sociais no
Brasil” (1966); entre outros autores.
16
Em entrevista realizada por Romão (2003), p. 187.
17
Para Arruda (1995), são quatro os momentos importantes: a) tralhos sobre o folclore e os estudos
etnológicos sobre os Tupinambá (Mestrado e Doutorado); b) pesquisas raciais (UNESCO) e
“Fundamentos empíricos da explicação sociológica”; c) postura militante, quando produz “A Sociologia
numa era de revolução social”; e os trabalhos crítico ao regime autoritário (após a aposentadoria
compulsória - 1969). Já para Freitag (1987), a obra de Fernandes pode ser divida em dois grandes
momentos: a) fase acadêmico-reformista; e b) fase político-revolucionária.
18
Como nos aponta Mota, a perspectiva da postura radicalizada, já ao final da década de 1950, isto é,
antes da virada “marxista-socialista”, corrobora nossa compreensão de que ainda neste período já se
apresentava uma preocupação com a noção de “sociologia aplicada”. Em 1956, antes, até mesmo da
participação na Campanha em Defesa da Escola Pública, Florestan Fernandes, Azis Simão e Fernando de
Azevedo (estes últimos professores da Cadeira de Sociologia II) integraram o Conselho Técnico
Consultivo do DIEESE. Apesar da brevidade de sua existência e de seu caráter apenas formal, tal
elemento já nos sugere uma preocupação com o desenvolvimento econômico de São Paulo. Todavia,
somente com os estudos realizados pelo CESIT essa preocupação será explicitada.
19
Fernandes agrega explicitamente a idéia mannheimiana do “intelectual desvinculado”, isto é, acima dos
grupos sociais, esta concepção possibilitava o “ideal” divisionista entre ciência e política (Mannheim:
1973, 80 e segs.)

10
de planejamento social. É nessa obra que é apresentado o projeto inicial20 de
investigação do CESIT, “A Empresa Industrial em São Paulo”. Segundo Fernandes , o
projeto apresentava interesses empíricos, teóricos e práticos. No nível empírico seria
possível adquirir “conhecimentos objetivos sobre a estrutura, funcionamento e evolução
da indústria paulistana”, tais conhecimentos permitiriam a compreensão do “Brasil
moderno”. Já no nível teórico, a partir de questões acerca da formação e do crescimento
da indústria, tornar-se-ia possível identificar os tipos de empresa industrial mais
ajustados à realidade ambiente. E, por último, no nível prático: “passar” o conhecimento
aos homens de ação (administradores, economistas, legisladores e políticos) (1963:
329).
O projeto inicial consistiu em um survey sobre a empresa industrial paulistana,
cuja idéia era a obtenção de um diagnóstico sobre o principal núcleo industrial do país
(São Paulo – capital, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Guarulhos).
A pesquisa buscava compreender o acelerado processo da industrialização de São Paulo,
e, em contrapartida, o sofreado desenvolvimento econômico no restante do país,
desencadeando a percepção de outro fenômeno que precisava ser avaliado: a
descontinuidade no desenvolvimento econômico da nação. O projeto também está
relacionado à preocupação do grupo da Cadeira de Sociologia com a racionalidade e a
adequação do empresário à modernização:
(...) Na fase pioneira da indústria, a capacidade de improvisação, a
audácia e até certas disposições predatórias eram essenciais para o
êxito do empresário e da consolidação da empresa (..). Como tudo
estava por desbravar, o mais brutal individualismo conciliava-se
com os interesses da inovação econômica da coletividade
(Fernandes: 1963, p. 323).

Os temas desenvolvidos no CESIT apontam – a priori – para três frentes: a


consolidação da hegemonia da cadeira de Sociologia I; as preocupações da cadeira com
20
O segundo projeto do Cesit, intitulado “Economia e Sociedade no Brasil: Análise Sociológica do
Subdesenvolvimento”, não chegou a ser concluído em função dos obstáculos impostos pelo golpe militar
de 1964. Este projeto é uma espécie de prolongamento do projeto sobre a situação da empresa industrial
em São Paulo. Os temas deste novo projeto são guiados por quatro frentes: A “mentalidade do empresário
industrial”, a cargo de Cardoso (“Empresário industrial e desenvolvimento econômico no Brasil”/1964); a
“intervenção construtiva do Estado”; de responsabilidade de Ianni (“Estado e capitalismo: estrutura social
e industrialização no Brasil”/1965); a “mobilização da força de trabalho”, isto é, a análise sobre os
influxos positivos da racionalização do aproveitamento do fator humano na reintegração da ordem
econômica social e política, sob os cuidados de Pereira (“Trabalho e desenvolvimento no Brasil”/1965);
e por último uma “análise sociológica comparada de comunidades bem sucedidas na instauração da
ordem social competitiva”, o processo de elaboração deste trabalho difere dos outros três estudos
realizados. Paul Singer iniciou a pesquisa como auxiliar de Fernandes e só depois veio a completá-la
como seu autor efetivo (“Desenvolvimento econômico e evolução urbana: análise da evolução
econômica de São Paulo, Blumenau, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife”/1968) (Arruda: 1995;
Romão: 2003).

11
a questão do desenvolvimento econômico brasileiro; e a dificuldade de obtenção de
recursos para a viabilização das pesquisas – concomitantemente a este último item, está
presente a tentativa de incorporar os projetos de investigação do Centro ao Plano de
Ação da gestão de Carvalho Pinto, conforme justificativa de Fernandes (1977):
(...) Após muitas e ponderadas discussões, optamos pela área crucial
do desenvolvimento sócio-econômico do ‘Brasil-moderno’ – a da
industrialização e seus efeitos na cidade de São Paulo. Muitos outros
temas foram cogitados: mas, nenhum parecia reunir, nas mesmas
proporções, viabilidade diante de recursos limitados e importância
marcante para a ciência e para a coletividade (340).

Para José de Souza Martins (1998), o Plano de Ação foi uma proposta de
intervenção acadêmica através do Estado, no sentido de transformar a sociedade
brasileira pelo alto, ou seja, pretendia-se que os governos fossem orientados por
técnicos, portadores do conhecimento científico – e, por isso, “neutros”, distanciados de
motivações políticas – que tomariam as decisões necessárias para a realização do
desenvolvimento econômico das atividades governamentais, sobre a qual estava calcada
parte da legitimidade política da gestão de Carvalho Pinto.
No entanto, o CESIT não foi contemplado pelo Plano de Ação do governo
estadual. Coube a Fernando Henrique Cardoso, futuro diretor do Centro, buscar
dotações para o andamento das pesquisas. Cardoso procurou Fernando Gasparian, então
diretor da Confederação Nacional das Indústrias e seu amigo pessoal. Gasparian doou
ao CESIT, ao final de 1961, Cr$ 10.000.000,00, valor que representava pelo menos sete
vezes o orçamento anual da Cadeira de Sociologia I (Fernandes: 1977, 238-279). A
outra fonte de recursos proveio da recém-criada Fundação de Amparo à Pesquisa do
Estado de São Paulo21 (FAPESP/1962).
Inicialmente, como já observamos, o projeto consistiu na procura de um objeto
que atendesse às indagações da cadeira de Sociologia I e pudesse ter participação nos
fundos proporcionados pelo Plano de Ação do governo estadual. Deste momento,
tomaram parte os seguintes professores: Florestan Fernandes, Fernando Henrique
Cardoso, Octávio Ianni, Maria Sylvia Carvalho Franco Moreira, Marialice Mencarini
Foracchi e Bertram Hutchinson, então comissionado junto à Cadeira de Sociologia I

21
As Ciências Humanas e as Ciências Sociais recebiam 6% do valor total de dotações, desses 6%, 25%
eram destinados à Cadeira de Sociologia I e ao CESIT. A dotação destinada às investigações em empresas
industriais em São Paulo, ou seja, à compra de material de pesquisa (máquina fotográfica e máquina de
calcular elétrica), e ao financiamento de viagens: Octávio Ianni iria à London School of Economics a fim
de estudar Sociologia do Desenvolvimento Industrial; Fernando Henrique Cardoso iria a Paris, para
estudar técnicas de pesquisa e organização dos Centros de Pesquisas Industriais, na École Pratique des
Hautes Études, Laboratoire de Sociologie Industrielle, dirigido por Alain Touraine.

12
pela UNESCO. O segundo momento foi determinado pelos critérios de escolha da
amostra22 e do cadastramento das empresas.
O projeto sobre a empresa industrial em São Paulo contou com cinco
monografias a cargo dos pesquisadores responsáveis: Leôncio Martins Rodrigues23
(“Manifestações e funções do conflito industrial em São Paulo”), José Carlos Pereira
(“Estrutura e expansão da indústria em São Paulo”), Lourdes Sola (“Racionalização na
indústria paulista”), Cláudio José Torres Vouga (“Direção das empresas industriais em
São Paulo”) e Gabriel Bolaffi24, os quais contaram com a cooperação dos seguintes
auxiliares de pesquisa na coleta e análise dos dados: Albertina Boal, Cacilda Maria
Asciutti de Sabóia Fiuza, Gabriel Cohn, José Rodrigues Barbosa, Linda Ganej, Maria
Conceição D’Incao, Maria Marcia Martins Smith, Vera Lúcia Brizola, Vera Mariza
Henrique de Miranda e Zilah Branco Weffort.
A experiência do CESIT em meio ao processo de modernização autoritária do
capitalismo brasileiro denunciou como anacrônicas as referências intelectuais da
Sociologia sobre a oposição “atraso-moderno”, cuja resolução nos seus quadros de
análise implicava a supremacia do segundo termo sobre o primeiro, em um processo que
se compreendia como intrinsecamente associado à afirmação da democratização, dos
direitos e da cidadania.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Buscamos, neste pequeno estudo sugerir como a concepção mannheimiana de


que os cientistas sociais precisavam alargar a sua noção de teoria, no sentido de estendê-
la à investigação dos processos deliberados de intervenção na realidade, influenciou
parte da “escola uspiana de sociologia” e, mais especificamente, o professor Florestan
Fernandes, que passou a indicar a necessidade de participação ativa dos sociólogos do
que ele denominava de “conversão dos conhecimentos sociológicos em forças sociais”.
Esta concepção de intervenção social na qual o intelectual tem papel ativo em seu

22
O critério escolhido, que mereceu a aprovação do Dr. Lindo Fava, professor de Estatística da Seção de
Ciências Sociais determinou a fixação em 300 empresas a serem incluídas no levantamento (Fernandes:
1963, 331).
23
A primeira utilização analítica dos dados obtidos foi feita pelo pesquisador Leôncio M. Rodrigues, em
trabalho apresentado no II Congresso Brasileiro de Sociologia (“Greve e Estrutura das Empresas”. Do
mesmo modo, Fernando H. Cardoso, professor assistente da cadeira de Sociologia I e diretor do Centro
também utilizou uma parte doa dados levantados em monografia redigida sob o patrocínio da CEPAL),
id. p. 333.
24
A pesquisa bibliográfica ainda não nos expôs a produção de Bolaffi no CESIT.

13
controle é orientada pela percepção da parcialidade e da ineficácia dos políticos e de
outros homens de ação25 na resolução dos problemas sociais, isto é, a ciência deveria ser
colocada a serviço da política e, a função do intelectual seria mediar esse processo
(Freitag: 1987). É neste sentido que o presente artigo buscou colocar as primeiras
experiências dos intelectuais do DIEESE e CESIT durante os primeiros anos da década
de 1960.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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1992.
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OGBURN, William. Social change: With respect to the culture and original nature. New York, B. W.
Huebsch, 1922
OLSEN, P. Os dilemas da democracia no Brasil: um estudo sobre o pensamento de Florestan

25
Florestan toma de Mannheim a idéia de corpo político para definir os grupos e dirigentes sociais que
desempenham papel ativo na organização da sociedade. A este corpo político, Florestan denomina
“homens de ação”, isto é, as lideranças nas transformações sociais do país – empresários, juízes,
sindicalistas etc.

14
Fernandes. Dissertação de Mestrado. Araraquara: Sociologia, FCL-UNESP, 2005.
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