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ABC de Bourdieu
Redação
14 de outubro de 2016
Capital cultural
Esse capital pode existir sob três formas: em estado incorporado, como disposição
duradoura do corpo (por exemplo, a facilidade de expressão em público, o domínio da
linguagem); em estado objetivo, como bem cultural (a posse de quadros, livros,
dicionários, instrumentos, máquinas); em estado institucionalizado, isto é,
socialmente sancionado por instituições (como títulos escolares).
“O capital cultural é um ter convertido em ser, uma propriedade que se tornou corpo,
parte integrante da ‘pessoa’, um habitus.”
Não se adquire nem se herda sem esforços pessoais, sem um longo trabalho de
aprendizagem e de aculturação; tende a ser estreitamente correlacionado ao capital
econômico do agente.
Capital econômico
Capital social
Variável que confere ao agente maior ou menos “espessura” social, poder de ação e
reação mais ou menos significativo em função da qualidade e quantidade de suas
conexões.
Campo
Espaço social estruturado e conflitual no qual os agentes sociais ocupam uma posição
definida pelo volume e pela estrutura do capital eficiente no campo, agindo segundo
suas posições nesse campo.
“Esquecemos que a luta pressupõe um acordo entre os antagonistas sobre aquilo pelo
que merece que se lute e que é recalcado no aparentemente evidente, deixado em
estado de doxa – ou seja, tudo o que faz o próprio campo, o jogo, os riscos, todos os
pressupostos que se aceitam tacitamente, sem mesmo que os saiba, pelo mero fato de
jogar, de entrar no jogo.”
A doxa (opinião) é uma “fé prática”, experiência primeira do mundo, relação de crença
imediata que nos faz aceitar o mundo como evidente, uma experiência primeira do
social. Faz parte dos pressupostos de inclusão num determinado campo.
Distinção
Assim, a burguesia possui uma maneira própria de se distinguir, por seu “gosto”, da
ostentação ou da vulgaridade (ou ao menos do que se julga como tal) dos “parvenus”
(arrivistas), da pequena burguesia. Sua relação com a arte, pela qual se diferencia de
outras camadas sociais, se opera sob o modo do distanciamento, naturalidade, da
cultura discreta. Quanto menos ostensiva a intenção de parecer “distinto”, melhor.
Capital simbólico
Espaço social
O espaço social, recortado por tensões e dominações, “é definido pela exclusão mútua,
ou distinção, das posições que o constituem, ou seja, como estrutura de justaposição de
posições sociais, elas mesmas definidas como posições na estrutura de distribuição
das diversas espécies de capital”.
Habitus
Noção que tem uma longa história, de Aristóteles a Norbert Elias, passando pelos
filósofos medievais, Leibniz, Husserl e Merleau-Ponty
(http://revistacult.uol.com.br/home/merleau-ponty-e-o-olhar-renovado/). Talvez
seja o conceito central do pensamento de Bourdieu, definido por ele como um sistema
de “disposições duráveis e transponíveis”, isto é, que podem gerar práticas em esferas
alheias àquela de origem, adquiridas pelo indivíduo no curso do processo de
socialização que engendra e organiza as práticas e as representações de indivíduos e
grupos. São potencialidades objetivas que têm a tendência a se atualizar e a operar nas
práticas e representações que elas moldam de forma duradoura.
O habitus não pode ser revertido por uma mera tomada de consciência devido à
profundidade com que se inscreve nos corpos, gestos e posturas. O habitus configura
um universo de classificações e de possibilidades que o agente que o internalizou
assume como apriorismos mentais e práticos que se fazem perceber mas não são
necessariamente percebidos, muito menos explicitados num cálculo racional.
Hysteresis (do Habitus)
Violência simbólica
Violência não percebida, fundada sobre o reconhecimento, obtida por um trabalho de
inculcação da legitimidade dos dominantes sobre os dominados e que assegura a
permanência da dominação e a reprodução social. Por exemplo, a transmissão da
cultura escolar, que veicula as normas das classes dominantes, é uma violência
simbólica exercida sobre as classes populares.
D E I X E O S E U CO M E N TÁ R I O
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