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FACULDADE DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Aluno: Matheus Batista Braga Turma: 03


Disciplina: Teoria da Constituição e Organização do Estado
Professor: Carlos Eduardo Behrmann Ratis Martins

Fichamento do livro: SARMENTO, D. (2011). 21 Anos da Constituição de 1988: a


Assembleia Constituinte de 1987/1988 e a Experiência Constitucional Brasileira sob a
Carta de 1988.

É inegável afirmar que a Constituição Federal de 1988 além de ainda ser recente, possuindo
menos que 40 anos, é bastante distinta das anteriores, visto que, uma das suas características
que lhe difere é iniciar com os direitos e garantias fundamentais e, finalmente, abordar a
disciplina da organização estatal. Esse fato é influência das diversas constituições europeias
do período pós-guerra, a exemplo, a Lei Fundamental alemã de 1949 que segue o mesmo
padrão.
Além disso, citando o próprio autor:
A Constituição de 1988 é também dirigente ou programática. Ela não se
contenta em organizar o Estado e elencar direitos negativos para limitar o
exercício dos poderes estatais. Vai muito além disso, prevendo direitos
positivos e estabelecendo metas, objetivos, programas e tarefas a serem
perseguidos pelo Estado e pela sociedade, no sentido de alteração do status
quo. (SARMENTO, 2011,p. 171-172)
Essa característica foi possível graças a sua essência compromisssória, uma vez que o seu texto
não representa a cristalização de uma ideologia política pura e ortodoxa, mas sim representando
o pluralismo social existente na sociedade brasileira. Isso ocorre também devido a forte participação
popular que foi constante durante os trabalhos da constituinte, havendo até a presença física da
população nas dependências do Congresso.
Sob outro prisma, o início do desenvolvimento da Constituição de 1988 foi conturbada, sobretudo pelo
contexto da crise da ditadura militar e os seus efeitos causados na sociedade e na política. Para além
disso, o falecimento de Tancredo postergou o processo de desenvolvimento da Carta Magna, embora
que, após a morte de Tancredo, José Sarney deu prosseguimento à ideia. Nesse contexto, a Assembleia
Constituinte foi alvo de várias polêmicas, uma delas foi a tese de que os senadores integrantes da
Assembleia foram empossados em 1982, cujos mandatos iriam se expirar nos próximos 2 anos,
argumentando que o povo não os teria eleito para elaborar a nova Carta Constitucional. Diante dessa e
de outras inúmeras discussões, a composição da Assembleia Constituinte foi, predominantemente,
marcada pelo PMDB, partido ao qual o Presidente José Sarney era integrante.
Porém, ao decorrer do processo de síntese, houve, de acordo com Sarmento (2011, p. 160), “um
percentual significativo de troca de partidos”, fator que ratifica a pluralização da Constituição de 1988.
No entanto, é imperioso ressaltar que essa diversificação ideológica não é o único fator que corrobora
para essa característica da Lei Maior, pois os constituintes atendiam os interesses regionais e os dos
segmentos das sociedade aos quais estavam politicamente vinculados.
Diante dos fatos abordados, tanto é possível identificar o contexto em que está inserido a elaboração da
Constituição Federal de 1988, quanto os seus traços essenciais. Esses fatores, portanto, colaboram para
a segurança jurídica do Brasil, impactando positivamente na sociedade atual, de modo que aumente a
consciência sobre os direitos incorporados na gramática constitucional. Mas também, segundo Sarmento
(2011, p. 182), “a Constituição passou a ser encarada com uma audiência norma jurídica, e não mera
enunciação de princípios retóricos, e tem sido cada vez mais frequentemente invocada na Justiça,
inclusive contra atos ou omissões inconstitucionais dos poderes majoritários”.

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