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Disciplina: Avaliação e Diagnóstico Cinético-Funcional

Anamnese e Condução do Exame Clínico em Fisioterapia


Prof. Dr. Jean Alex Matos Ribeiro
Mestre e Doutor em Fisioterapia
Especialista Profissional em Fisioterapia Neurofuncional no Adulto e no Idoso
Especialização em Fisioterapia Neurofuncional
Especialização em Fisiologia do Exercício Aplicado à Clínica
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OBJETIVOS DA AULA
▪ Conceituar o que é anamnese;

▪ Descrever as principais informações que precisam ser coletadas a partir da


anamnese que auxiliem no diagnóstico cinético-funcional;

▪ Descrever as principais avaliações que podem ser realizadas na condução do


exame clínico em Fisioterapia;

▪ Conceituar e descrever o modelo do Sistema de Movimento de 4 Elementos da


Associação Americana de Fisioterapia (APTA, do inglês American Physical Therapy
Association);

▪ Conduzir de forma prática o exame clínico em Fisioterapia baseado no modelo do


Sistema de Movimento de 4 Elementos da APTA em um caso clínico.
.
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ANAMNESE
▪ É uma entrevista conduzida pelo
profissional da área de saúde com o
objetivo de identificar os sintomas do
paciente e chegar ao diagnóstico de uma
doença.

Fonte: MAGEE, 2010; O’SULLIVAN, 2010.

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MODELO DINÂMICO DA CIF

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O sistema de movimento é a integração dos
sistemas do corpo que geram e mantêm o
movimento em todos os níveis da função
corporal. O movimento humano é um
comportamento complexo dentro de um
contexto específico e é influenciado por fatores
sociais, ambientais e pessoais.

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ANAMNESE FISIOTERAPÊUTICA
▪ É uma entrevista conduzida pelo
Fisioterapeuta com o objetivo de:
1. identificar as complicações nas funções e
estruturas corporais e os fatores
contextuais (pessoais, ambientais e sociais)
que limitam as atividades diárias e
restringem à participação dos pacientes;
2. chegar ao diagnóstico cinético-funcional.

Fonte: MAGEE, 2010; O’SULLIVAN, 2010.

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1) Identificação 2) Queixa Principal 4) Revisão de Órgãos e Sistemas
▪ Nome 3) História da Doença Atual 5) História Pregressa
▪ Sexo ▪ Cronologia 6) História Familiar
▪ Idade ▪ Localização corporal 7) História Social / Hábitos de vida
▪ Estado civil ▪ Qualidade
▪ Cor ▪ Quantidade
▪ Naturalidade ▪ Circunstâncias
▪ Profissão ▪ Fatores agravantes e atenuantes
▪ Endereço ▪ Manifestações associadas
▪ Telefone ▪ Consultas, exames e tratamentos anteriores e resultados obtidos
Fonte: MAGEE, 2010; O’SULLIVAN, 2010.

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ANAMNESE E ÁREAS DE ATUAÇÃO DA FISIOTERAPIA

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CONDUÇÃO DO EXAME CLÍNICO EM FISIOTERAPIA

Avaliação do estado
Avaliação da
Sinais vitais funcional e do nível
coordenação
de atividade

Avaliação da função Avaliação da função


Avaliação cognitiva
sensorial motora

Avaliação Avaliação do
Avaliação da marcha
musculoesquelética ambiente
Fonte: MAGEE, 2010; O’SULLIVAN, 2010.

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Má integração sensorial
Comorbidades
Depressão
Fadiga
Baixa auto-estima
Pouca flexibilidade
Doença de Parkinson
Rigidez

Fraqueza muscular

Má aptidão física Tremor


Baixa mobilidade
Perda de equilíbrio
Congelamento
Instabilidade postural
Bradicinesia
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CARGA ASSIMÉTRICA OBSERVADA NOS MMII DURANTE UMA TAREFA
DE LEVANTAR DA CADEIRA

Paciente de 62 anos com AVC Paciente de 18 anos com RLCA há 4


crônico (8 meses) semanas
Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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SISTEMA DE MOVIMENTO
DE 4 ELEMENTOS

Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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MOBILIDADE
Refere-se especificamente à capacidade de
Meio ambiente
Fatores pessoais uma articulação ou tecido de ser movido
passivamente.
MOBILIDADE
▪ Amplitude de movimento passiva
▪ Testes específicos para comprimento
FORÇA ENERGIA
muscular
▪ Testes de movimento acessório
▪ Testes de mobilidade de tecidos avaliados
CONTROLE por palpação
MOTOR ▪ Mobilidade da pele
▪ Testes neurodinâmicos

Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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FORÇA
Refere-se à capacidade das estruturas
Meio ambiente
Fatores pessoais contráteis (ou seja, músculos) e não contráteis
(ou seja, tendões) de produzir movimento e
fornecer estabilidade dinâmica em torno das
MOBILIDADE
articulações durante tarefas estáticas e
dinâmicas.
FORÇA ENERGIA
▪ Teste muscular manual
▪ Dinamometria de mão
CONTROLE ▪ Teste de repetição máxima
MOTOR ▪ Teste isocinético
▪ Teste de desempenho funcional

Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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CONTROLE MOTOR
Refere-se à capacidade de planejar, executar e
Meio ambiente
Fatores pessoais adaptar movimentos direcionados a objetivos
de modo que sejam precisos, coordenados e
eficientes.
MOBILIDADE

▪ Medidas de capacidade baseadas em


FORÇA ENERGIA
desempenho
▪ Avaliação do inicio, da execução e do
término de uma tarefa
CONTROLE ▪ Controle de feedforward: velocidade,
MOTOR precisão e cinemática
▪ Controle de feedback: resposta a
perturbações inesperadas
▪ Testes sensório-perceptivos e cognitivos
Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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ENERGIA
Refere-se à capacidade de realizar
Meio ambiente
Fatores pessoais movimentos sustentados ou repetidos e
depende do funcionamento integrado dos
sistemas cardiovascular, pulmonar e
MOBILIDADE
neuromuscular.

FORÇA ENERGIA
▪ Capacidade aeróbica/resistência durante
atividades funcionais, mobilidade, marcha
ou protocolos de teste de exercício
CONTROLE padronizados
MOTOR ▪ Avaliação do sistema cardiovascular
▪ Avaliação da ventilação e respiração
▪ Desempenho muscular, incluindo força e
resistência
Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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MEIO AMBIENTE
Meio ambiente
Fatores pessoais

MOBILIDADE

FORÇA ENERGIA

CONTROLE
MOTOR

Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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FATORES PESSOAIS
Meio ambiente
Fatores pessoais

MOBILIDADE

FORÇA ENERGIA

CONTROLE
MOTOR • Idade
• Sexo
• Depressão

Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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APLICAÇÃO DO SISTEMA DE MOVIMENTO DE 4 ELEMENTOS NA
CONDUÇÃO DO EXAME CLÍNICO EM FISIOTERAPIA

Tarefa de Movimento Funcional

Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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Tarefa de Movimento Funcional

▪ Controle CASSS
▪ Amplitude
▪ Velocidade Control (Controle) – suavidade, estabilidade,
▪ Simetria coordenação, tempo e sequenciamento
▪ Sintomas

Amount (Amplitude) – amplitude

Speed (Velocidade) – tempo gasto para conclusão da


tarefa

Symmetry (Simetria) – ambos os lados participam


igualmente?

Symptoms (Sintomas) – dor, desconforto, falta de ar


Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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Tarefa de Movimento Funcional

▪ Controle
Metas de ▪ Amplitude Metas de
Observação ▪ Velocidade Observação
Qualitativa ▪ Simetria Qualitativa
▪ Sintomas
Hipóteses sobre a Disfunção

Testes e medidas específicas


Intervenções

Avaliação e Diagnóstico do Movimento


Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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https://www.sralab.org/rehabilitation-measures

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APLICAÇÃO PRÁTICA
Jogadora de futebol com reconstrução do LCA na fase pós-operatória

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ANAMNESE
▪ Identificação
▪ Nome: Fernanda
▪ Idade: 23 anos
▪ Sexo: Feminino
▪ Profissão: Estudante universitária

Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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ANAMNESE

▪ História da doença atual e queixa principal

Paciente rompeu o LCA esquerdo enquanto jogava futebol. Foi


submetida à reconstrução do LCA com auto enxerto de tendão do
quadríceps aproximadamente três semanas após a lesão. Efeitos
pós-operatórios agudos de derrame e dor, que contribuem para
limitações de movimento e força, foram prontamente observados e
tratados. No entanto, uma vez que as sequelas pós-operatórias são
resolvidas, tarefas funcionais com demanda fisiológica aumentada
são apropriadas para serem examinadas. Após seis semanas de
tratamento pós-operatório, o movimento foi restaurado e o
treinamento de força progrediu.

Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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1ª ETAPA: Escolha da tarefa de movimento funcional

Tarefa de Movimento Funcional Lateral Step Down Test

Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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2ª ETAPA: Alvos de observação (CASSS)
Tarefa de Movimento Funcional Control (Controle)
▪ Plano frontal - menos controle da extremidade inferior do lado direito (não
▪ Controle cirúrgico)
▪ Amplitude
▪ Velocidade Amount (Amplitude)
▪ Simetria ▪ Plano frontal – amplitude maior de adução do quadril no lado direito (não
▪ Sintomas cirúrgico) que foi mais aparente no pico de flexão do joelho

Speed (Velocidade)
▪ Normal

Symmetry (Simetria)
▪ Plano frontal – assimetria no controle e quantidade de movimento,
conforme descrito anteriormente

Symptoms (Sintomas)
▪ Nenhum sintoma de dor, rigidez ou instabilidade durante a tarefa
Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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3ª ETAPA: Hipóteses sobre a disfunção
Tarefa de Movimento Funcional

▪ Controle
▪ Amplitude Metas de
▪ Velocidade Observação
▪ Simetria Qualitativa
▪ Sintomas
Hipóteses sobre a Disfunção

Com base nos alvos observacionais do CASSS, a paciente demonstrou


adução do quadril ligeiramente maior ou maior valgo dinâmico da
extremidade inferior no membro direito (não cirúrgico) em comparação ao
membro inferior esquerdo.

Contudo o que está causando essas alterações?


Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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3ª ETAPA: Hipóteses sobre a disfunção

▪ Fraqueza dos músculos que controlam a adução do


quadril?

▪ Dorsiflexão do tornozelo limitada no membro


direito?

Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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4ª ETAPA: Escolha de testes e medidas específicas
Tarefa de Movimento Funcional

▪ Controle
▪ Amplitude Metas de
▪ Velocidade Observação
▪ Simetria Qualitativa
▪ Sintomas
Hipóteses sobre a Disfunção

Testes e medidas específicas

Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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4ª ETAPA: Escolha de testes e medidas específicas

▪ Fraqueza dos músculos que controlam a adução do quadril?


▪ Teste de força dos abdutores do quadril
▪ RESULTADO: fraqueza dos abdutores do quadril
direito (4-/5 direito; 5/5 esquerdo)

▪ Dorsiflexão do tornozelo limitada no membro direito?


▪ Avaliação da amplitude de movimento de dorsiflexão do
tornozelo
▪ RESULTADO: dorsiflexão do tornozelo reduzida
(direita: 10 graus versus esquerda: 17 graus)

Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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Tarefa de Movimento Funcional

▪ Controle
▪ Amplitude Metas de
▪ Velocidade Observação
▪ Simetria Qualitativa
▪ Sintomas
Hipóteses sobre a Disfunção

Testes e medidas específicas

A paciente apresenta maior valgo dinâmico da


extremidade inferior no membro direito (não cirúrgico)
em comparação ao membro inferior esquerdo devido à
fraqueza dos abdutores do quadril e redução da
Avaliação e Diagnóstico do Movimento amplitude de movimento de dorsiflexão do tornozelo.
Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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Tarefa de Movimento Funcional

▪ Controle
Metas de ▪ Amplitude Metas de
Observação ▪ Velocidade Observação
Qualitativa ▪ Simetria Qualitativa
▪ Sintomas
Hipóteses sobre a Disfunção

Testes e medidas específicas


Intervenções

Avaliação e Diagnóstico do Movimento


Fonte: McCLURE et al., 2021; ZARZYCKI et al., 2022.

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ATIVIDADE EM SALA
Caso 1: Corredor com tendinopatia do Aquiles
Caso 2: Jovem adulta ativa com síndrome do impacto femoroacetabular

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
▪ McCLURE, P. et al. The 4-elemento movement system model to guide physical
therapist education, practice, and movement-related research. Physical Therapy,
vol. 101, n. 3, p. 1-10, 2021.
▪ MAGEE, D. J. et al. Avaliação musculoesquelética. 5. ed. – Barueri, São Paulo:
Manole, 2010.
▪ TRIGSTED, S. M. et al. Greater fear of reinjury is related to stiffened jump-landing
biomechanics and muscle activation in women after ACL reconstruction. Knee
Surgery, Sports Traumatology, Arthroscopy, vol. 26, n. 12, p. 3682-3689, 2018.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
▪ ZARZYCKI, R. et al. Psychological readiness to return to sport is associated with
knee kinematic asymmetry during gait following anterior cruciate ligament
reconstruction. The Journal of Orthopaedic and Sports Physical Therapy, vol. 48,
n. 12, p. 968-973, 2018.
▪ ZARZYCKI, R. et al. Application of the 4-element movement system model to
sports physical therapy practice and education. International Journal of Sports
Physical Therapy, vol. 17, n. 1, p. 18-26, 2022.
▪ O’SULLIVAN, S. B. Fisioterapia: avaliação e tratamento. 5. ed. – Barueri, São
Paulo: Manole, 2010.

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