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FUNCIONAL
autora
FÁTIMA FIGUEIREDO DA CONCEIÇÃO
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2016
Conselho editorial sergio augusto cabral, roberto paes e paola gil de almeida
todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2016.
isbn: 978-85-5548-308-0
Prefácio 7
4. Avaliação cardiorrespiratória 85
Este livro faz parte do Projeto Material Didático Estácio, uma iniciativa que
reúne professores da Estácio e de outras instituições de ensino na construção
de obras que passam a compor a bibliografia básica das disciplinas pertinen-
tes. Os livros são elaborados com conteúdo e objetivos didáticos adequados aos
Projetos Pedagógicos dos Cursos e aos Planos de Ensino das disciplinas.
Assim, use este material como fonte permanente de consulta na sua disci-
plina e importante recurso para a construção do conhecimento e sua formação.
Bons estudos!
7
1
Avaliação e
diagnóstico
cinesiológico
funcional
1. Avaliação e diagnóstico cinesiológico
funcional
OBJETIVOS
• Apresentar a anamnese e sua importância junto ao exame físico;
• Apresentar diretrizes para uma avalição consciente e abrangente;
• Relacionar a avaliação físico-funcional com o diagnóstico cinesiológico funcional.
1.1 Anamnese
10 • capítulo 1
Respeitar algumas etapas na avaliação nos dá segurança e domínio para re-
produzir a avaliação em outro momento, verificando a recuperação, ou não, do
indivíduo. Caso não se observe uma recuperação, a reavaliação possibilita uma
nova prescrição de tratamento.
Vejamos uma proposta de sequencia para a avaliação:
• Histórico do paciente – anamnese;
• Observação;
• Exame físico – estático e dinâmico;
• Reflexos e distribuição cutânea;
• Movimentos do jogo articular;
• Palpação;
• Testes especiais;
• Análise dos exames complementares (MAGEE, 2010).
capítulo 1 • 11
Elementos da anamnese:
12 • capítulo 1
É também conhecida como interrogatório sintomatológico ou
REVISÃO DE anamnese especial/específica. É um Interrogatório sobre os diver-
SISTEMAS sos aparelhos (ISDA) de todos os sistemas do corpo do paciente,
permitindo levantar hipóteses de diagnósticos e prognósticos.
• Falta de ar;
• Tontura;
• Dor – um sensação de peso no tórax;
CARDIOVASCULARES • Dor pulsátil em qualquer parte do corpo;
• Dor constante e intensa na panturrilha ou braço;
• Pés com alteração de cor ou dolorosos;
• Edema (sem histórico de trauma).
capítulo 1 • 13
• Febres ou suores noturnos;
• Perturbações emocionais graves recentes;
DIVERSOS • Edema ou rubor em qualquer articulação sem his-
tórico de trauma;
• Gravidez.
• Alterações na audição;
• Cefaleias frequentes ou graves;
• Problemas de deglutição ou alterações na fala;
NEUROLÓGICOS • Alterações da visão ( visão turva ou perda da visão);
• Problemas de equilíbrio, coordenação ou queda;
• Desmaios;
• Fraqueza súbita.
Tabela 1.1 – Achados “Bandeiras vermelhas” no histórico do paciente que indicam a neces-
sidade de encaminhamento (MAGEE, 2010).
14 • capítulo 1
Avaliação do padrão respiratório – observar se há dificuldades
para respirar ou se está usando força excessiva (uso de muscula-
tura acessória) para inspirar. O paciente pode estar eupneico ou
dispneico (com dificuldades de respirar). Observar a frequência res-
TÓRAX piratória (o paciente pode estar bradipneico – “poucas inspirações”,
ou taquipneico – “muitas inspirações”). Exemplo: um paciente com
esforço para respirar e com frequência respiratória aumentada
encontra-se taquidispneico.
capítulo 1 • 15
Figura 1.1 – Disfunções neuromotoras.
Sinais vitais são medidas que fornecem dados fisiológicos indicando as con-
dições de saúde da pessoa. As alterações das funções corporais geralmente se
refletem na temperatura do corpo, na pulsação, na respiração e na pressão arte-
rial, podendo indicar enfermidades. Por essa razão, são chamados sinais vitais.
16 • capítulo 1
Sua verificação tem como objetivo auxiliar na coleta de dados e avaliação
das condições de saúde da pessoa, bem como instrumentalizar na tomada de
decisão sobre intervenções específicas. Deverão ser verificados na admissão,
durante o tratamento e após o tratamento fisioterapêutico.
Sinais vitais principais: pulso (frequência cardíaca), respiração (frequên-
cia respiratória), pressão arterial e temperatura corporal. Alguns autores já
incluem a avaliação da dor junto aos sinais vitais, como o 5º sinal vital, mas
nosso próximo tema será a avaliação da dor e iremos nos atentar somente para
os quatro iniciais.
Frequência cardíaca (FC) e pulso (P): nem sempre as medidas serão equiva-
lentes. Para aferição da FC, pode-se auscultar o coração e contar os batimentos
cardíacos em 1 minuto. Para aferição do pulso, normalmente se palpa a artéria
radial com o 2° e 3° dedos, contando os batimentos em 1 minuto (figura 2). É
importante também comparar a frequência cardíaca e o pulso. Nunca verifi-
que o pulso com o polegar, pois ele tem pulsação própria e poderá mascarar
sua avaliação. Na palpação do pulso, além da frequência, podemos verificar o
ritmo, a intensidade, a forma. A unidade de medida utilizada é: batimentos por
minuto (bpm) (MELO; NAKAMURA; POLHO; CAVALIERI, 2012). O padrão de
normalidade fica entre:
• Bebês de menos de 1 ano: 100 a 160 batimentos por minuto;
• Crianças de 1 a 10 anos: 80 a 120 batimentos por minuto;
• Crianças de mais de 10 anos e adultos: 60 a 100 batimentos por minuto;
• Atletas bem treinados: 40 a 60 batimentos por minuto;
• Adulto: 60 a 100 batimentos por minuto.
Terminologia:
1. Quanto à frequência:
• Pulso normocárdico: batimento cardíaco normal;
• Taquisfigmia ou taquicardia: pulso acelerado;
• Bradisfigmia ou bradicardia: frequência abaixo da faixa normal.
2. Quanto ao ritmo:
• Pulso rítmico: os intervalos entre os batimentos são iguais;
• Pulso arrítmico: os intervalos entre os batimentos são desiguais;
• Pulso dicrótico: dá impressão de dois batimentos.
capítulo 1 • 17
3. Quanto ao volume:
• Pulso cheio: normal;
• Pulso filiforme: indica redução da força ou do volume do pulso periférico.
18 • capítulo 1
evidenciam dificuldade para respirar. Observar se não há tempo expiratório
prolongado (o normal é o tempo da inspiração ser maior do que o da expiração,
o que pode se inverter em situação de broncoespasmo – “crise de asma”). A uni-
dade de medida utilizada é incursões respiratórias por minuto (irpm) (MELO;
NAKAMURA; POLHO; CAVALIERI, 2012).
Respiração (frequência respiratória) normal, pela idade:
• Recém-nascidos: 44 respirações por minuto;
• Bebês: 30 a 60 respirações por minuto;
• Crianças em idade pré-escolar: 20 a 30 respirações por minuto;
• Crianças mais velhas: 16 a 25 batimentos por minuto Verificar: batimen-
tos ou respirações;
• Adultos: 12 a 20 batimentos por minuto. Verificar batimentos
ou respirações;
• Idosos: 19 a 26 batimentos por minuto. Verificar batimentos ou respirações.
Terminologia
capítulo 1 • 19
Pressão arterial (PA) – A aferição da PA requer preparação do paciente e
escolha do material adequado. Antes de aferir a PA, deve-se fazer as seguintes
perguntas ao paciente:
• Fumou ou bebeu café ou outros estimulantes há menos de 30 minutos;
• Está sentindo dor;
• Está com a bexiga cheia;
• Está em repouso há menos de 3 minutos.
20 • capítulo 1
• Fase V (desaparecimento dos sons): a pressão no manguito se
iguala à menor pressão na artéria, que corresponde à pressão diastólica
(MELO; NAKAMURA; POLHO; CAVALIERI, 2012).
Através de estudos, descobriu-se que a pressão arterial varia ao longo da vida, se-
guindo quatro fases bem distintas, sempre em relação ao padrão de 120 x 80 mmHg:
• um rápido aumento durante o crescimento do adolescente;
• um suave aumento no início da idade adulta;
• um aumento na meia-idade (em geral, ao redor dos 40 anos);
• um aumento lento e uma reversão da pressão arterial na terceira idade.
Terminologia:
capítulo 1 • 21
Temperatura – temperatura é a medida do calor do corpo: é o equilíbrio en-
tre o calor produzido e o calor perdido. Varia de pessoa para pessoa. A tempera-
tura corporal é geralmente menor de manhã e maior à tarde.
Material: termômetro de mercúrio – deve ser lavado com água e sabão a
cada uso, secado e colocado em solução antisséptica. Antes da tomada de tem-
peratura, a coluna de mercúrio deve ser baixada até o nível mínimo.
Fatores que alteram a temperatura: atividades físicas; fatores emocionais;
distúrbios da glândula tireoide; alimentação; ambiente; vestuário; efeito da
ovulação sobre a temperatura; medicamentos; doenças; traumas.
Valores da temperatura média de cada local do corpo:
• Temperatura axilar: 36 oC a 36,8 oC;
• Temperatura bucal: 36,2 oC a 37 oC;
• Temperatura retal: 36,4 oC a 37,2 oC.
Terminologia:
• Febre/pirexia: aumento patológico da temperatura corporal (37,6 a 38,9 oC);
• Hiperpirexia: elevação da temperatura do corpo ou de uma parte do corpo
acima do valor normal (> acima de 39 oC);
• Hipotermia: redução da temperatura do corpo ou de uma parte do corpo
abaixo do valor normal (< 36,5 oC);
• Normotérmico/apirexia: temperatura normal (36,5 °C a 37,2 °C).
22 • capítulo 1
A dor não é um aspecto simples de se avaliar, pois é sempre subjetiva: não con-
seguimos visualizar a dor por meio de um exame de imagem, por exemplo. Assim,
toda a avaliação do paciente com dor é feita com base em seu próprio relato.
Muitos estudos têm apontado a importância da avaliação da dor, alguns de-
les sugerindo que seja considerada como o quinto sinal vital. Dessa forma, a
equipe de profissionais de saúde de qualquer hospital ou clínica, ao registrar
os sinais do paciente (pressão, temperatura, frequência cardíaca e frequência
respiratória), deveria também fazer o registro da dor.
Para se medir a intensidade da dor que o paciente sente, há escalas específi-
cas. As mais simples e utilizadas são a Escala Visual Analógica (EVA) e a Escala
Visual Numérica (EVN) (figura 1.4). Através delas, o paciente pode apontar para
o profissional de saúde o quão intensa é a sua dor: em um extremo, está a condi-
ção sem dor ou dor "nota zero". No extremo oposto, está a dor pior que a pessoa
já sentiu ou "dor nota dez".
A dor é uma condição complexa e exige que a sua avaliação aborde diversos
aspectos. Além da intensidade, é fundamental saber as características da dor,
o que a faz piorar ou melhorar e quais são seus impactos na vida do paciente.
É importante obter do paciente a descrição exata da dor. Como ela varia de
intensidade e qualidade, torna-se difícil para o paciente descrevê-la. O ques-
tionário de Dor de McGill (MPQ) foi a primeira tentativa sistemática de usar
expressões verbais para avaliar a qualidade dos sintomas e foi o instrumento
mais utilizado na prática e pesquisa da dor (tabela 1.2) (DUTTON, 2010).
capítulo 1 • 23
Nome do paciente: _________________________________ Data:_______
Direcionadores: Várias palavras podem descrever a dor. Algumas são apresentadas na
lista abaixo, identifique () cada palavra que possa descreve-la.
Vibração
Tremor Formigamento
Pulsante Coceira Miserável
A. H. O.
Latejante Ardor Enlouquecedora
Como batida Ferroada
Como pancada
Indistinta
Chata
Pancada Sensibilidade dolorosa
Incômoda
B. Choque I. Dolorida P.
Desgastante
Tiro Intensa
Insuportável
Pesada
Perfurante Sensível Espalhada
Maçante Esticada Irradiada
C. J. Q.
Brocante Irritante Penetrante
Penetrante Fendida Atravessada
Aperta
Fina Adormece
Cansativa
D. Cortante K. R. Repuxa
Exaustiva
Lacerante Espreme
Rasga
Beliscão
Aperto Fria
Enjoada
E. Mordida L. S. Gelada
Sufocante
Cólica Congelante
Esmagamento
Aborrecida
Fisgada Terrível Nauseante
F. Puxão M. Apavorante T. Agonizante
Torção Aterrorizante Pavorosa
Torturante
Castigante
Calor
Atormentadora
Ardor
G. N. Cruel
Fervente
Maldita
Em brasa
Mortal
24 • capítulo 1
Chave para o questionamento da dor:
Grupo A: Sugere distúrbios vasculares
Grupos B – H: Sugerem distúrbios neurogênicos
Grupos J – T: Sugerem transtornos emocionais
capítulo 1 • 25
• Qual a duração da crise? (se a dor for cíclica)
• É uma dor que se espalha ou não?
• Qual a intensidade da dor? (forte, fraca ou usar escala de 1 a 10)
• A dor impede a realização de alguma tarefa?
• Em que hora do dia ela é mais forte?
• Existe alguma coisa que. faça a dor melhorar ou piorar?
• A dor é acompanhada de mais algum sintoma?
Sinais e sintomas de uma doença são coisas distintas, pois dependem da pers-
pectiva de quem está relatando a história clinica ou avaliando a situação na re-
lação profissional de saúde-paciente.
26 • capítulo 1
São os relatos, as queixas, aquilo que o paciente expõe
durante a anamnese. É uma queixa subjetiva. É o que o
SINTOMA paciente sente e relata durante uma consulta. Não há uma
tradução no exame físico. Exemplo: dor torácica (dor no
peito), dor irradiada pelo membro inferior.
ATENÇÃO
Um sinal pode também ser um sintoma.
Vejamos um exemplo – queixa principal do paciente: inchaço nas pernas (edema).
Essa queixa é relatada pelo paciente durante uma consulta (sintoma) e comprovada no
exame físico (sinal).
capítulo 1 • 27
como será exposto nesse livro. Teremos capítulos específicos de coluna verte-
bral, tórax, membros superiores e membros inferiores.
Aplicação de tensão, alongamento ou contração isométrica de tecidos es-
pecíficos produzem tanto uma resposta normal como uma normal apropriada.
Essa ação possibilita determinar a natureza e o local dos sintomas presentes e
a resposta do paciente a esses sintomas. O exame mostra se certas atividades
provocam ou alteram a dor do paciente e, deste modo, associa-se a resposta
subjetiva do paciente com os achados dos testes.
Em toda avaliação, o examinador procura dois conjuntos de dados:
1. O que o paciente sente (dados subjetivos).
2. Respostas que podem ser medidas ou apuradas pelo examinador (da-
dos objetivos) (MAGEE, 2010).
28 • capítulo 1
RAIZ NERVOSA MOVIMENTO
C1-C2 Flexão de pescoço
C3 Flexão lateral do pescoço
C4 Elevação do ombro
C5 Abdução do braço
C6 Flexão do cotovelo e extensão do punho
C7 Extensão do cotovelo e flexão do punho
C8 Extensão e desvio ulnar do polegar
T1 Abdução do quinto dedo (mindinho)
L2 Flexão de quadril
L3 Extensão do joelho
L4 Dorsiflexão do tornozelo
L5 Extensão do hálux
Pantiflexão do tornozelo, eversão do tornozelo e
L6
extensão do quadril
S2 Flexão do joelho
capítulo 1 • 29
A amplitude de movimento ativo e passivo pode ser medida com o uso de
um goniômetro, que possui nível satisfatório de confiabilidade intraobserva-
dor. Essa medida pode ser comparada à observação visual de fisioterapeutas
experientes (DUTTON, 2010).
30 • capítulo 1
• Estiramento tecidual: há um tipo duro ou firme (como mola) de movi-
mento que cede lentamente. Próximo ao fim da amplitude de movimento, há
uma sensação de resistência de mola ou elástica. Essa sensação depende da
espessura do tecido como, por exemplo, o tendão do calcâneo.
CURIOSIDADE
Segundo Cyarix os tecidos muscoloesqueléticos podem ser subdivididos em tecidos contrá-
teis e inertes (não contráveis)
capítulo 1 • 31
A junção osteotendínea e as bolsas localizem-se em cada uma das subdivisões devido
à sua proximidade com os tecidos contráteis e a sua capacidade de compressão ou de alon-
gamento durante os movimentos.
32 • capítulo 1
1.7 Diagnóstico cinesiológico funcional
capítulo 1 • 33
• Fornecer dados necessários à elaboração do programa fisioterapêutico
(especificidades) e de seus ajustes, em conformidade com a evolução funcional;
• Orientar condutas que possam ser adotadas em casa pelo paciente;
• Recomendar aspectos preventivos, durante o tratamento e após a
alta fisioterapêutica;
• Fazer a análise continuada do caso e o reencaminhamento para o médico
de origem ou outro profissional, quando necessário.
O passo seguinte é a definição de metas terapêuticas. As metas em longo
prazo definem o nível de desempenho do paciente ao término do processo de
reabilitação. Elas descrevem os resultados funcionais da terapia e usualmente
definem habilidades ligadas às atividades da vida diária, mobilidade no am-
biente e comunicação com o ambiente. As metas em curto prazo representam
as habilidades componentes que serão necessárias para o cumprimento das
metas de longo prazo.
Devemos determinar a sequência de metas de curto prazo, priorizando-as
com base na análise das listas de problemas e incapacidades.
Tendo definidas as metas, o próximo passo é identificar quais serão os pro-
cedimentos terapêuticos úteis na superação de cada meta. É importante identi-
ficar as alternativas ao plano de tratamento-base, permitindo que seja possível
a decisão pelo procedimento que ofereça a melhor chance de sucesso.
ATIVIDADE
01. Organize uma diretriz para uma anamnese correta e abrangente. Discuta com seus co-
legas e identifique os pontos-chave nessa diretriz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DUTTON, Mark. Fisioterapia ortopédica – exame, avaliação e intervenção. 2 ed. Porto Alegre: Ed.
Artmed. 2010.
MAGEE, David J. Avaliação músculo-esquelética. 3 ed. Rio de Janeiro: Ed. Manole. 2010.
MARQUEZ, Jaime Olavo. A dor e os seus aspectos multidimensionais. Cienc. Cult. vol. 63, no. 2,
São Paulo, Apr. 2011.
MELO, Adler Araujo Ribeiro; NAKAMURA, Flávia Tiemi Tashiro; POLHO, Gabriel Berlingieri;
CAVALIERI, Vinicius Alves. Apostila de propedêutica. Edição 1 – Exame Clínico. Extensão Médica
Acadêmica da FMUSP. 2012.
34 • capítulo 1
2
Postura e sua
avaliação
2. Postura e sua avaliação
Os hábitos posturais inadequados executados durante toda a vida, associados
ao uso assimétrico do corpo humano durante as atividades funcionais, podem
ocasionar desequilíbrio do sistema neuromuscular e, consequentemente, alte-
rações posturais.
Atualmente, as alterações posturais são consideradas problemas de saúde
pública, pois apresentam alta incidência, o que é um fator preocupante, porque
pode levar a incapacidades futuras.
A boa postura é definida como uma situação em que cada segmento cor-
poral tem seu centro de gravidade orientado verticalmente sobre os segmen-
tos adjacentes, de modo que suas posições sejam interdependentes, gerando
menor gasto de energia. Na situação de alinhamento corporal adequado, as es-
truturas musculoesqueléticas estão equilibradas, portanto menos propensas a
lesões ou deformidades.
A avaliação da postura tem sido amplamente utilizada tanto na prática clí-
nica quanto na pesquisa, como um instrumento diagnóstico, de planejamento
e acompanhamento do tratamento fisioterapêutico. Seus objetivos consistem
em visualizar e determinar possíveis desalinhamentos e atitudes incorretas.
OBJETIVOS
• Conceituar e discutir postura corporal;
• Apresentar diretrizes para uma avaliação postural;
• Capacitar para a prática de avaliação postural relacionando a visão segmentar e global.
36 • capítulo 2
ser definida como “uma posição ou atitude do corpo para uma atividade espe-
cífica ou uma maneira característica de alguém sustentar o corpo”. O termo
postura também pode ser descrito como alinhamento do corpo, assim como a
orientação do corpo no ambiente (KISNER e COLBY, 2015).
Postura correta é a posição na qual um mínimo estresse é aplicado em cada
articulação. A postura ereta é a postura em pé normal dos humanos. Se a postu-
ra ereta for correta, uma mínima atividade muscular será necessária para man-
ter a posição (MAGEE, 2010). Em um alinhamento postural ideal, espera-se
que músculos e articulações encontrem-se em estado de equilíbrio dinâmico,
gerando uma quantidade mínima de esforço e sobrecarga, conduzindo a uma
eficiência ótima para o aparelho locomotor.
A manutenção da postura ereta é uma tarefa complexa para o ser humano.
Refere-se ao alinhamento e controle de vários segmentos corporais. Esta ma-
nutenção advém da integração de três sistemas: vestibular, somatosensorial
e visual. O controle postural requer uma interação harmônica entre o sistema
nervoso e o musculoesquelético e inclui relações biomecânicas e neurofuncio-
nais (MACÊDO; PATRÍCIO; SÁ, 2015).
Em um indivíduo, ocorrem informações entre o sistema nervoso e o cére-
bro, provenientes dessas três fontes para o equilíbrio do corpo (sistema vestibu-
lar, somatosensorial e visual) no espaço à sua volta, seja em pé, sentado ou em
movimento, informações providas dos olhos, ouvidos, músculos, articulações,
ligamentos e tendões. Nesses quatro últimos citados, existem proprioceptores
(fuso muscular, órgão tendinoso de Golgi, receptores das cápsulas articulares –
figura 2.1) que informam uma estrutura chamada cerebelo, para depois, então,
informar ao cérebro o grau de tensão a que cada um está sendo submetido e de-
pois retransmitem essa informação de volta para os mesmos músculos, articu-
lações, ligamentos e tendões, fazendo com que nos equilibramos consciente-
mente ou inconscientemente. Graças a esses receptores, se fecharmos nossos
olhos ou tamparmos nossos ouvidos e realizar um movimento, perceberíamos
perfeitamente a nossa posição no espaço em que nos localizamos.
capítulo 2 • 37
Figura 2.1 – Propriopceptores.
38 • capítulo 2
manter o equilíbrio e os joelhos são semiflexionados. Os joelhos são ligeira-
mente arqueados para dentro (joelho varo) até cerca dos 18 meses. Em seguida,
os joelhos irão para dentro (joelho valgo) até a idade de 3 anos, aproximada-
mente. Aproximadamente aos 6 anos de idade, as pernas ficam alinhadas na-
turalmente. A coluna lombar na criança tem uma curva lombar exagerada ou
lordose excessiva, causada pela presença de um grande conteúdo abdominal,
fraqueza da musculatura abdominal e pelve pequena, características das crian-
ças nesta idade.
Inicialmente, as crianças têm os pés chatos ou parece tê-los, como resulta-
do do desenvolvimento mínimo do arco longitudinal medial e o coxim gordu-
roso que é encontrado no arco. À medida que a criança cresce, o coxim adiposo
diminui e o arco medial fica mais evidente. Além disso, o fortalecimento dos
músculos desenvolve os arcos dos pés, tornando-os mais evidentes. Há altera-
ções posturais no decorrer do crescimento (figura 2.2).
Na adolescência, a postura modifica-se em função das mudanças hormo-
nais e do desenvolvimento músculo-esquelético. O homem passa por dois es-
tirões de crescimento, um quando são muito jovens e outro quando estão na
adolescência. Este segundo estiramento dura de 2,5 a 4 anos e, durante esse
período, é acompanhado por maturação sexual. É durante esse período que se
originam as diferenças corporais. Os homens tendem a maior comprimento de
pernas e braços, ombros mais largos, menor largura de quadris e maior tama-
nho esquelético global e altura que as mulheres. Em virtude desse estirão de
crescimento rápido e maus hábitos, alterações posturais tendem a ocorrer com
mais frequência nesta idade (MAGEE, 2010).
capítulo 2 • 39
Há muitas causas de má postura (figura 2.3). Algumas dessas causas são
posturais (posicionais) e algumas são estruturais.
40 • capítulo 2
2.1.1 Deformidades comuns da coluna vertebral
capítulo 2 • 41
A escoliose pode ser classificada segundo sua etiologia em: estrutural e não
estrutural.
• Escoliose estrutural: caracteriza-se pela presença de uma proemi-
nência rotacional no lado convexo da curva. As vértebras são rodadas no
sentido da convexidade, com maior visibilidade na posição de flexão an-
terior de tronco, produzindo uma gibosidade (figura 2.5). A gibosidade
é uma alteração no formato da superfície do tronco de difícil correção,
provavelmente resultante da deformidade da caixa torácica e é um im-
portante componente da escoliose, que ainda não é bem entendido. Se
a gibosidade for localizada na região lombar, ela irá caracterizar-se por
uma proeminência ou maior volume da musculatura e pode ser correla-
cionado com a magnitude da deformidade espinhal.
• Escoliose não estrutural: é causada pela discrepância dos membros
inferiores, espasmo ou dor nos músculos da coluna vertebral, por com-
pressão de raiz nervosa ou qualquer outra lesão na coluna, podendo ain-
da ser causada pelo mau posicionamento do tronco. Não há rotação de
vértebras (KISNER e COLBY, 2015).
42 • capítulo 2
Figura 2.6 – Tipos de curvas das escolioses.
capítulo 2 • 43
Figura 2.7 – Medida do ângulo de Coob.
44 • capítulo 2
2.2.1 Inspeção estática global e segmentar
capítulo 2 • 45
A coluna vertebral, considerada no seu conjunto, é retilínea, quando obser-
vada de frente ou posteriormente. Ao contrário, quando é vista em sentido late-
ral, apresenta quatro curvaturas normais que são, crânio-caudalmente: lordose
cervical, com concavidade posterior; cifose dorsal, com convexidade posterior;
lordose lombar, com concavidade posterior e curvatura sacral, que é fixa, em
virtude da soldadura definitiva das vertebras sacrais.
Inspeção lateral: na vista lateral, a linha de referência vertical divide o cor-
po em secções anterior e posterior de igual peso, o ponto de referência fixo é
levemente anterior ao maléolo externo e representa o ponto básico do plano
médio-coronal do corpo em alinhamento ideal. Verificamos:
• Articulações dos tornozelos: ângulo tíbio-társico (preservado; aumentado
D/E; diminuído D/E);
• Articulações dos joelhos: simetria; flexão D/E; hiperextensão (recurva-
tum) D/E;
• Articulações dos quadris: simetria; flexão D/E; extensão D/E;
• Pelve: simetria; com anteroversão; com antepulsão; com retroversão;
com retropulsão;
• Alinhamento do tronco: simetria; rotação de cintura escapular D/E; rota-
ção de cintura pélvica D/E; rotação de cintura escapular e pélvica D/E;
• Coluna lombar: curvatura normal; aumento da lordose; retificação da lor-
dose; aumento da lordose toracolombar;
• Coluna torácica: curvatura normal; aumento da cifose; retificação
da cifose;
• Articulação do cotovelo: simetria; aumento da flexão D/E;
• Articulações dos ombros: simetria; com protração D/E; com retração D/E;
com rotação medial D/E; com rotação lateral D/E;
• Coluna cervical: curvatura normal; aumento da lordose; retificação
da lordose;
• Cabeça: simetria; com protração; com retração (figura 2. 9).
46 • capítulo 2
Figura 2.9 – Cabeça com prostração (A) e retração (B).
capítulo 2 • 47
• Coluna lombar: simetria; convexidade D/E;
• Coluna torácica: simetria, convexidade D/E;
• Ângulos inferiores da escápula: simetria; desalinhados mais alto D/E;
• Posição das escápulas: simetria; alada(s) D/E; abduzida D/E; aduzida D/E
• Distância entre bordo medial da escápula e coluna vertebral: simétrica;
Assimétrica (D: .......cm e E: .......cm);
• Triângulo de Tales: simétrico; maior D/E;
• Articulações dos ombros: simetria; ombro mais alto D/E;
• Coluna cervical: simetria; convexidade D/E;
• Cabeça: alinhada; inclinação lateral D/E; rotação D/E.
48 • capítulo 2
• Fossas supraclaviculares: simétricas; assimétricas – aumentada D/E;
• Cabeça: alinhada; inclinação lateral D/E; rotação D/E.
capítulo 2 • 49
Suspensores do braço, do antebraço, da mão e dedos. Trapézio
superior, deltoide médio, coracobraquial, bíceps, braquiorradial,
CADEIA pronador redondo, palmares, flexores dos dedos e os músculos
ANTERIOR DO da região tenar e hipotenar. Comprometimento desta cadeia:
BRAÇO (D) ombros elevados, cotovelo fletido, pronação de antebraço e
flexão de punhos e dedos.
Figura 2.11 – Constituição das cinco cadeias musculares (SOUCHARD, 1986, p.92-95).
50 • capítulo 2
cardiorrespiratórias-circulatórias. Trata-se de um método de avaliação, reajus-
tamento osteoarticular e regularização das tensões musculares, sendo utiliza-
do por uma metodologia própria (MORAES, 2002).
Para facilitar a avaliação postural, a fotogrametria digital vem sendo consi-
derada uma alternativa para a avaliação quantitativa das assimetrias posturais
na avaliação postural, podendo ser utilizada para se efetuarem medidas linea-
res e angulares. Esta possibilita o registro de mudanças sutis e da inter-relação
entre partes diferentes do corpo humano difíceis de serem mensuradas ou re-
gistradas por outros meios (MACEDO; PATRÍCIO; SÁ, 2015).
A fotogrametria digital é definida pela American Society of Photogrammetry
como “a arte, a ciência e a tecnologia da obtenção de informação confiável so-
bre objetos físicos e o meio ambiente através de processos de gravação, medi-
ção e interpretação de imagens fotográficas”. Técnica relativamente simples,
fácil, objetiva, de baixo custo, alta precisão e capacidade de reprodutibilidade
dos resultados, permite o arquivamento e acesso aos registros, propiciando
comparações temporais objetivas que justificam sua ampla utilização.
A fotografia apenas fornece dados instantâneos da postura do indivíduo, di-
ficultando a mensuração dos desalinhamentos durante o acompanhamento do
paciente. A fim de mensurar ângulos, distâncias e alinhamentos de segmentos,
a fotografia digital calibrada tornou-se um procedimento fundamental para
o diagnóstico e acompanhamento fisioterapêutico das disfunções posturais
tomando como referência pontos anatômicos pré-determinados. A ausência
de padronização dessas referências anatômicas e do significado das medidas
angulares utilizadas nos estudos é um fator que dificulta a comparação en-
tre estudos.
A avaliação postural computadorizada é uma tecnologia promissora no âm-
bito da saúde, tendo se tornado uma ferramenta fundamental na aquisição do
diagnóstico quantitativo funcional da postura. Protocolos adotados, experiên-
cia dos examinadores, seleção dos pontos anatômicos e variações temporais
podem influenciar as medidas (MACEDO; PATRÍCIO; SÁ, 2015).
Apesar de toda a sofisticação existente para mensurar e quantificar dados,
as avaliações clássicas são realizadas de forma segmentada. Na busca de ana-
lisar a postura corporal, podemos utilizar os protocolos citados, mas indepen-
dentemente da técnica ou método é importante observar a relação entre a pos-
tura global e o fio de prumo, na avaliação postural.
capítulo 2 • 51
2.2.2 Inspeção dinâmica global e segmentar
A inspeção deve ser realizada em um local com boa iluminação onde o paciente
possa caminhar, procurando inicialmente observar a postura, a marcha, atitu-
des antálgicas, abdômen flácido, entre outros.
Nesta fase do exame, procura-se avaliar a amplitude dos movimentos da co-
luna e pesquisar a presença de dor à movimentação de cada segmento, o que
permite verificar suas limitações funcionais. O paciente continua na posição de
pé e realiza os movimentos, separadamente, por região da coluna.
• Coluna cervical – os movimentos efetuados pela coluna vertebral são:
flexão, extensão, rotação e inclinação.
52 • capítulo 2
ROTAÇÃO DIREITA E O paciente deve inclinar-se até alcançar a
ESQUERDA – INCLINAÇÃO cabeça da fíbula.
DIREITA E ESQUERDA
2.2.3 Palpação
capítulo 2 • 53
O termo força é usado para significar a habilidade de um músculo produzir
ou resistir a uma força. Para determinar essa força, mede-se a quantidade de
resistência que o sistema de uma alavanca muscular pode vencer ou manter.
A flexibilidade tem sido definida como mobilização, liberdade para mover
ou, tecnicamente, uma qualidade física expressa pela amplitude de movimen-
to. Pode ser avaliada em um grupo de articulações ou, isoladamente, pela sua
especificidade. A finalidade dos testes de flexibilidade é determinar se o grau
de movimentação articular, permitido pelo comprimento do músculo, está
normal ou limitado.
O exame neurológico deve ser realizado em pacientes com dor irradiada para
os membros superiores ou inferiores, uma vez que as repercussões clínicas nes-
ses membros podem levar a alterações dos reflexos, da sensibilidade e da força
muscular.
Em relação à região lombar, é sugerido um exame neurológico simplifica-
do, justificando que 90% das radiculopatias, clinicamente significantes, devi-
das à hérnia de disco intervertebral, envolvem as raízes L5 (espaço L4-L5) ou S1
(espaço L5-S1). Pode ser iniciado, pedindo-se ao paciente que deambule nor-
malmente para avaliação do tipo de marcha. Em seguida, ele deve caminhar na
ponta dos pés e nos calcanhares para testar as raízes S1 e L5, respectivamente.
A patologia mais comum da coluna cervical é a doença degenerativa dis-
cal que pode causar sintomas de compressão radicular, atingindo as raízes do
plexo cervical (C1-C4), ocasionando dor que se irradia para a região occipital e
ombros e as raízes do plexo braquial (C5-T1). O exame neurológico baseia-se
no fato de que as patologias da coluna cervical frequentemente ocasionam sin-
tomas ao membro superior, via plexo braquial.
Reflexos
54 • capítulo 2
profundos patelar e do calcâneo. Ao percutir o tendão, solicita-se ao paciente
para entrelaçar os dedos e tentar separá-los.
capítulo 2 • 55
Sensibilidade
Força muscular
56 • capítulo 2
EXTENSÃO DO pede-se ao paciente para estender o joelho contra a
JOELHO (L2, L3 E L4) resistência de sua mão.
Sinal de Lasègue
capítulo 2 • 57
Teste de compressão:
Teste de Adson:
ATIVIDADE
01. Organize uma ficha de avaliação postural para ser usada em suas aulas práticas, no
estágio ou na sua vida profissional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MAGEE, David J. Avaliação músculo-esquelética. 3 ed. Rio de Janeiro: Ed. Manole. 2010.
MACÊDO, Maíra Carvalho; PATRÍCIO, Naiane Araújo; SÁ, Kátia Nunes. Confiabilidade dos
instrumentos de avaliação postural computadorizada: uma revisão de literatura. Revista Diálogos
Possíveis, Salvador, 27º. ano 14, número 1, p. 26-45, jan/jun. 2015.
KISNER, Carolin e COLBY, Lynn Allen. Exercícios terapêuticos – fundamentos e técnicas. 6 ed. Rio
de Janeiro: Ed. Manole. 2016.
MORAES, Luci Fabiane Scheffer. Os princípios das cadeias musculares na avaliação dos
desconfortos corporais e constrangimentos posturais em motoristas do transporte coletivo.
Dissertação. Programa de Pós Graduação em Engenharia de Produção. Universidade Federal de Santa
Catarina. 2002.
58 • capítulo 2
3
Exame físico do
membro superior e
membro inferior
3. Exame físico do membro superior e
membro inferior
OBJETIVOS
• Apresentar uma diretriz para avaliação da cintura escapular e membro superior;
• Apresentar uma diretriz para avaliação da cintura pélvica e membro inferior;
• Capacitar para a prática de avaliação segmentar e global.
60 • capítulo 3
3.1 Avaliação fisioterapêutica da cintura escapular e membro
superior
MULTIMÍDIA
Anatomia aplicada: para verificar e compreender a grandiosidade desses movimentos, aces-
se: <https://www.youtube.com/watch?v=d4FMijmA1Yc>.
capítulo 3 • 61
A cintura escapular e membro superior devem ser examina-
dos nas vistas anterior, posterior e lateral, comparando um
EXAME FÍSICO lado com o outro. Determinar alterações posturais, como
vistos no capítulo anterior.
62 • capítulo 3
Examinar as faces anterior, medial e lateral do cotovelo. Contornos ósseos e
de tecidos moles do braço e antebraço devem ser comparados bilateralmente e
qualquer desvio deve ser observado. Observar qualquer tumoração ou derrame
articular localizado e verificar alterações vasomotoras, sudomotoras, pilomo-
toras e tróficas.
A palpação deve ser criteriosa em artéria braquial, tendão do bíceps e cabe-
ça do rádio; epicôndilo medial, ligamento colateral medial e o nervo ulnar; epi-
côndilo lateral e ligamento colateral lateral e o olecrano com o tendão tricipital
na face posterior (figura 3.3).
capítulo 3 • 63
A posição de função da mão é a de extensão entre 20° e 35° com desvio ulnar
de 10° a 15°. Essa posição reduz ao mínimo a ação restritiva dos tendões exten-
sores longos e permite flexão completa dos dedos (AMADO JOÂO, 2016).
Mobilidade dos segmentos: se forem identificadas limitações na amplitude
de movimento articular, deverá ser realizado um teste goniométrico específico
para se obter um quadro das restrições, estabilização e registro das limitações.
64 • capítulo 3
Figura 3.4 – Arco de dor da articulação glenoumeral
ATENÇÃO
Ritmo escápulo umeral:
Fase 1. úmero: 30° de abdução, escápula: movimento mínimo e clavícula: 0 -15° de elevação
Fase 2. úmero: 40° de abdução, escápula: 20° de rotação; clavícula: 30-36 ° de elevação
Fase 3. úmero: 60° de abdução e 90° de rot. lateral, escápula: 30° de rotação, clavícula: 30-
50° de rot. post. até 30° de elevação
capítulo 3 • 65
Figura 3.5 – Medida angular de abdução de ombro e pronação de antebraço.
66 • capítulo 3
3.1.1 Movimento do Jogo articular da cintura escapular
OBS.: o teste para folga articular determina a integridade da cápsula. A folga ar-
ticular deve ser sempre avaliada na posição destravada (decoaptação aberta), na
qual a frouxidão da cápsula e dos ligamentos é maior e o contato ósseo é menor.
• Deslizamento do úmero para trás e para frente;
• Distração do úmero;
• Deslizamento caudal (tração longitudinal do braço);
• Deslizamento do úmero em abdução para trás;
• Distração lateral do úmero em abdução;
• Movimentos anteroposteriores e craniocaudais da clavícula na articula-
ção acromioclavicular;
• Movimentos anteroposteriores e craniocaudais da clavícula na articula-
ção esterno clavicular;
• Movimento geral da escápula para determinar a sua mobilidade.
capítulo 3 • 67
• Músculos rotadores laterais do ombro ;
• Músculos escapulares;
• Músculos flexores do cotovelo: braquial e bíceps do braço;
• Músculos extensores do cotovelo: tríceps braquial e ancôneo (figura 3.6);
• Músculos flexor ulnar do carpo, flexor radial do carpo e palmar longo (fi-
gura 3.6);
• Músculos extensores longo e curto radiais do carpo e músculo extensor
ulnar do carpo.
68 • capítulo 3
• Grau 2 = força suficiente para movimentar o segmento ao longo de toda a
amplitude de movimento, sem efeito da gravidade;
• Grau 3 = força suficiente para movimentar o segmento ao longo de toda a
amplitude de movimento contra a ação da gravidade;
• Grau 4 = força suficiente para movimentar o segmento ao longo de toda a
amplitude de movimento contra uma resistência moderada;
• Grau 5 = força suficiente para movimentar o segmento ao longo de toda a
amplitude de movimento contra uma resistência máxima.
• 69
capítulo 3
Funcionalmente, o polegar é o dedo mais importante. Em termos de prejuí-
zo funcional, a perda da função do polegar afeta cerca de 40-50% da função da
mão e a perda da função do dedo indicador é responsável por cerca de 20% da
mão.
A maior parte das tarefas diárias não requer amplitude de movimento
(ADM) completa. A flexão funcional das articulações metacarpo-falangeanas e
interfalangeanas proximais é de 60°. No polegar. a flexão funcional é de 20°.
70 • capítulo 3
Figura 3.9 – Teste em estresse em valgo e teste em estresse em varo
• 71
capítulo 3
• Síndrome do túnel do carpo (figura 3.11): pode-se confirmar o diagnóstico
percutindo o ligamento volar do carpo (sinal de Tinel) ou flexionando o punho do
indivíduo ao máximo com manutenção de 1 minuto (teste de Phalen) ou esten-
dendo o punho do indivíduo solicitando flexão de dedos (teste de Phalen oposto)
com formigamento dos dedos polegar, indicador, médio e metade anular do anu-
lar (MAGGE, 2010).
72 • capítulo 3
Contínua? Há irradiação da dor? Existem posturas ou ações que aumentam ou
diminuam a dor? Há quaisquer movimentos que o paciente sinta que são fracos
ou anormais? Qual é a atividade usual ou de lazer do paciente? Como ocorreu o
acidente ou qual foi o mecanismo de lesão? De que direção veio a força lesiva?
O que o paciente é capaz de fazer funcionalmente? Certas posições ou ativida-
des têm efeito de aumentar ou diminuir a dor? Há “falseios”(instabilidades)? A
marcha é normal? Que tipo de calçado o paciente utiliza? (AMADO JOÂO, 2016).
Após isso, passamos para:
Observação e triagem: o exame deverá ser global, envolvendo articulações
adjacentes, avaliação postural e da marcha, evidência de dano tecidual, edema,
temperatura, hipersensibilidade, estalido ou crepitação. O tornozelo e o pé de-
vem ser avaliados nas posições com e sem sustentação de peso.
Exame físico: São observados os seguintes aspectos nas vistas anterior, pos-
terior e lateral:
• Postura: observar obliquidade pélvica;
• Observar simetria de sustentação de peso;
• Equilíbrio: verificar o controle proprioceptivo nas articulações avaliadas;
• Observar posições dos membros se são iguais e simétricas;
• Cor e textura da pele, cicatrizes, fístulas, etc;
• Anormalidade dos contornos ósseos e dos tecidos moles;
• Identificação de joelho valgo e de joelho varo; joelhos hiperestendidos;
• Anormalidades patelares: patela alta, patela baixa e patelas medializadas;
ângulo Q ;
• Marcha: notar alterações no comprimento do passo, velocidade da mar-
cha, cadência ou desvio linear e angular;
• Observar a presença de movimentos anormais da patela, pelve, quadril
e tornozelo;
• No pés, investigação minuciosa de vesículas, descolorações, escaras, tro-
fismo de pele, edemas (problemas cardíacos, linfáticos);
• Compara-se cada área bilateralmente, observando-se o trofismo muscu-
lar e o contorno da anatomia local;
• Inspecione a aparência externa do sapato e do pé;
• Avaliar o contorno e a forma geral do pé (pé varo, pé plano, pé pronado –
retropé e antepé) – figura 3.12;
• Verificar alteração vasomotora, incluindo perda de pelos no pé, altera-
ções nas unhas do pé.
capítulo 3 • 73
Figura 3.12 – Pé em supinação e pronação – retropé.
74 • capítulo 3
Quantidade de movimento articular realizada por um
MOVIMENTOS indivíduo sem qualquer auxílio. O examinador tem a infor-
ATIVOS mação exata sobre a capacidade, coordenação e força
muscular da amplitude de movimento do indivíduo.
capítulo 3 • 75
Figura 3.13 – Goniometria da rotação lateral e flexão de quadril.
76 • capítulo 3
3.2.3 Movimento do jogo articular
capítulo 3 • 77
3.2.4 Princípios dos testes de comprimento muscular
78 • capítulo 3
co diferencial, prognóstico e tratamento de patologias musculoesqueléticas
e neuromusculares.
Avaliar a graduação em força muscular dos músculos envolvidos nos movi-
mentos de flexão, extensão, adução, abdução, rotação medial e rotação lateral
de quadril; extensão (quadríceps femoral) e flexão de joelho (bíceps femoral,
semimembranáceo, semitendíneo); flexão plantar e flexão dorsal do tornozelo;
eversores e inversores, assim como flexores e extensores dos dedos do pés.
capítulo 3 • 79
Figura 3.16 – Sinal de Trendelenburg positivo.
80 • capítulo 3
lado, enquanto a pelve do lado oposto é estabilizada pelo próprio paciente que
mantém o membro inferior fletido e abraçado junto ao tronco (figura 3.18). O
paciente pode referir dor caso haja doença na articulação sacroilíaca.
capítulo 3 • 81
Figura 3.20 – Teste em gaveta anterior (lesão LCA) e gaveta posterior (lesão LCP).
ATIVIDADE
01. Pesquise no youtube os diversos testes e pratique em suas aulas práticas para ter do-
mínio das técnicas de avaliação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DUTTON, Mark. Fisioterapia ortopédica – exame, avaliação e intervenção. 2 ed. Porto Alegre: Ed.
Artmed. 2010.
MAGEE, David J. Avaliação musculoesquelética. 3 ed. Rio de Janeiro: Ed. Manole. 2010.
HOPPENFELD, Stanley. Exame clínico musculoesquelético. Rio de janeiro: Ed. Manoel. 2016.
82 • capítulo 3
KISNER, Carolin e COLBY, Lynn Allen. Exercícios terapêuticos – fundamentos e técnicas. 6 ed. Rio
de Janeiro: Ed. Manole. 2016.
MARQUES, Amélia Pasqual. Manual de goniometria. 3 ed. Rio de Janeiro: Ed. Manole. 2014.
PETERSEN, Cheryl M.e FOLEY, Russel A. Teste de movimentos ativos e passivos. Rio de janeiro:
Ed. Manole. 2003.
AMADO JOÃO, Sílvia Maria. Avaliação fisioterapêutica. Departamento de Fisioterapia,
Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional. 2016.
capítulo 3 • 83
84 • capítulo 3
4
Avaliação
cardiorrespiratória
4. Avaliação cardiorrespiratória
O componente cardiorrespiratório está diretamente ligado aos níveis de saú-
de de um individuo, pois os baixos níveis destes sistemas têm sido correla-
cionados a varias causas, especificamente ligadas às doenças respiratórias
e cardiovasculares.
Sabemos também que o oposto, ou seja, elevados níveis atingidos por meio
de atividades físicas regulares, por sua vez, estão ligadas a diversos benefícios
para a saúde.
É um erro não realizar previamente qualquer tipo de avaliação de aptidão
física cardiorrespiratória e motora, olhando sempre pelo ponto de vista da pre-
venção, na busca de melhor qualidade de vida.
OBJETIVOS
• Apresentar uma diretriz para avaliação funcional de pacientes com comprometimen-
tos respiratórios;
• Apresentar uma diretriz para avaliação funcional de pacientes com comprometimen-
tos cardiovasculares;
• Capacitar os pacientes para a prática de avaliação cardiorrespiratória.
86 • capítulo 4
MULTIMÍDIA
Para relembrar, verifique a mecânica respiratória:
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=g8c4RTTi15E>.
capítulo 4 • 87
De todos eles, o tabagismo é o principal indicador de probabilidade e da
gravidade da doença pulmonar.
A história clinica e a queixa principal do paciente são essenciais no processo
de avaliação, pois podem prover informações importantes para o diagnóstico
de uma variedade de distúrbios respiratórios. Uma história clínica detalhada e
o relato dos hábitos e queixas do paciente (bem como a tentativa de quantificar
essas variáveis) são instrumentos essenciais para a determinação da presença
ou ausência da doença e sua gravidade (DETURK E CAHALIN, 2007).
O início do sintoma, se foi súbito ou gradual, com que frequência ocorrem
os sintomas, a duração, fatores agravantes, fatores que aliviam os sintomas e
fatores associados devem ser pesquisados, assim como a localização e irradia-
ção do sintoma, a qualidade desse sintoma e o ambiente onde ocorreu trarão
informações relevantes na anamnese.
A dispneia, a tosse, a expectoração, os sibilos e a dor torácica podem estar
presentes na queixa principal e o exame físico possibilita obter dados impor-
tantes sobre cada um dos sinais e sintomas.
Dispneia
Uma das maiores queixas dos pacientes com doença pulmonar é a falta de
ar. Ocorre quando a respiração se torna difícil e inadequada para a atividade do
indivíduo no momento.
Na literatura médica, a definição de dispneia tem variado entre diferentes
autores, mas, geralmente, o termo diz respeito à experiência subjetiva de sen-
sações respiratórias desconfortáveis. Apesar do seu caráter subjetivo, algumas
definições antigas misturam o verdadeiro sintoma com a presença de sinais fí-
sicos, tais como batimento de asas do nariz ou elevações da frequência respira-
tória. Entretanto, a observação de sinais indicadores de dificuldade respiratória
não pode transmitir o que realmente um determinado indivíduo está sentindo.
Existem algumas escalas, já adequadamente consagradas, para avaliação
da dispneia. A escala analógicovisual, a numérica e a escala de Borg modificada
(figura 4.1) podem ser utilizadas durante a realização de testes de exercício ou
quando se avalia a efetividade imediata de uma medicação broncodilatadora,
numa crise de asma.
88 • capítulo 4
A escala analógico visual consiste em uma linha vertical ou horizontal, ge-
ralmente de 10 cm, ancorada, numa extremidade, na ausência total de disp-
neia e, na outra, pela pior sensação de dispneia imaginada ou já sentida pelo
paciente. Quando do momento da avaliação, o paciente é orientado a marcar
um ponto na escala (o grau do sintoma), sendo facilmente medido pelo uso de
uma régua milimetrada.
A escala numérica segue o mesmo princípio, fornecendo, todavia, um nú-
mero menor e pré-selecionado de graus de opção, de 0 a 10, em que o 0 repre-
senta a ausência da dispneia e 10 a pior que ele já teve.
A escala de Borg foi desenvolvida, originalmente, para a percepção do grau
de esforço realizado durante o exercício (teste de esforço). Inicialmente descri-
ta com uma pontuação variando entre 6 e 20, atualmente é utilizada na forma
modificada com escores entre 0 e 10. Essa escala permite uma correlação en-
tre a intensidade dos sintomas classificados em categorias e uma graduação
numérica, desenhada para guardar proporcionalidade com a intensidade do
esforço. Entretanto, o grau de distinção entre as categorias é um tanto confuso,
o que leva a uma difícil compreensão por boa parte dos pacientes (DETURK &
CAHALIN, 2007).
Escala Analógica Visual Escala de Borg Modificada
0 Nenhuma
0.5 Muito, muito leve
100 mm 1 Muito leve
2 Leve
3 Moderada
Nenhuma Máxima 4 Um pouco forte
5 Forte
6
Escala Numérica 7 Muito forte
8
9 Muito, muito forte
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
10 Máxima
Nenhuma Máxima
capítulo 4 • 89
No manuseio de pacientes com dispneia, frequentemente são utilizados
termos descritivos de condições específicas:
90 • capítulo 4
É a sensação de dispneia que surge ou piora em uma posição
lateral e desaparece ou melhora com o decúbito lateral oposto. É
uma queixa não específica, que pode surgir em qualquer doença,
TREPONEMA comprometendo mais intensamente um pulmão. Exemplos dessa
condição seriam a ocorrência de derrame pleural unilateral ou
paralisia diafragmática unilateral.
4.1.1.1 Inspeção
Para avaliar a função respiratória, podemos verificar a postura, discutida no ca-
pítulo 2, a forma do tórax, a presença de deformidades estruturais ou retrações
dos tecidos moles entre as costelas e em torno delas. Além disso, é fundamen-
tal verificar a frequência, o ritmo e a qualidade da respiração – uso dos múscu-
los acessórios. Faça isso observando a respiração do paciente e inspecionando
o tórax anterior e posterior, com anotações no prontuário de todos os achados
anormais.
A inspeção da pele e das unhas do paciente fornece uma visão geral do seu
estado clínico e uma avaliação de sua oxigenação periférica. Quando inspecio-
nar o tórax do paciente, observe variações de tamanho e de forma, pois temos
algumas deformidades torácicas comuns (figura 4.2).
capítulo 4 • 91
COMENTÁRIO
A hemoglobina (Hb) saturada de oxigênio chama-se oxiemoglobina e tem cor vermelho-
vivo. Ao passar pelos capilares, parte do O2 é liberado aos tecidos e a Hb é reduzida, forman-
do-se uma quantidade de desoxiehemoglobina (ou hemoglobina reduzida) de cor azulada
que, em condições normais, não pode ser percebida como alteração da coloração da pele.
Em indivíduos anêmicos graves, a cianose pode estar ausente pela falta de hemoglobina para
ser oxidada. Por outro lado, na policitemia vera (aumento de hemácias), a cianose pode estar
presente mesmo com saturações de O2 maiores que em indivíduos normais, situação que
ocorre na doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC).
Na DPOC, o processo de perfusão e ventilação está debilitado diminuindo o teor de
oxigênio no sangue, piorando ainda mais nas periferias do corpo.
Forma de tórax:
Em crianças acima de 7 anos, o tipo de tórax pode ser avaliado pela defi-
nição do ângulo de Charpy (figura 4.3), caracterizado pelo ângulo formado
bilateralmente entre as últimas costelas. Este ângulo tem relação direta com
o biótipo do paciente e pode ser descrito como: normolíneo (ângulo de 90º),
92 • capítulo 4
brevilíneo (maior que 90º) ou longilíneo (menor que 90º). Recém-nascidos e
lactentes possuem um tórax mais esférico e aumentado anteroposteriormente.
Achados anormais podem ter relação com manifestações cardíacas e pul-
monares e merecem sempre uma investigação minuciosa como, por exemplo,
atelectasias e derrames pleurais (PRADO e VALE, 2012).
Frequência da respiração
capítulo 4 • 93
• Crianças de 6 meses a 2 anos: 20 a 30 respirações por minuto;
• Crianças de 3 a 12 anos: 12 a 20 respirações por minuto (PRADO e VALE, 2012);
• Adultos: 12 a 20 batimentos (verificar) por minuto;
• Idosos: 19 a 26 batimentos (verificar) por minuto;
Ritmo respiratório
A observação atenta dos pacientes, durante o exame físico do tórax, pode re-
velar a presença de alterações do padrão do ritmo respiratório (figura 3). Muito
embora o surgimento de tais alterações não implique obrigatoriamente a pre-
sença de sintomas de desconforto respiratório e, portanto, na ocorrência de
dispneia, é conveniente comentá-las devido à semelhança de muitos termos.
Além disso, tais alterações podem associar-se com distúrbios fisiopatológicos,
específicos e receber denominações especiais.
94 • capítulo 4
É a interrupção dos movimentos respiratórios por um período de
tempo prolongado. Assim, por exemplo, pacientes com diagnós-
tico de síndrome da apneia do sono podem permanecer sem
capítulo 4 • 95
Figura 4.4 – Ritmos respiratórios.
96 • capítulo 4
7. Extensão cervical: pode ocorrer uma discreta extensão da região do
pescoço durante o desconforto respiratório, com o objetivo de reduzir a resis-
tência das vias aéreas.
8. Cianose: pode ser achado relevante em criança até o quarto mês de vida
(anemia fisiológica causada pela substituição da hemoglobina fetal pela de
adulto) e em crianças com cardiopatias congênitas (PRADO e VALE, 2012).
4.1.2 Palpação
capítulo 4 • 97
fora e para cima simetricamente. Qualquer simetria pode ser indicativa de um
processo patológico na região (figura 4.5).
98 • capítulo 4
Figura 4.6 – Regiões das medidas cirtométricas (expansão torácica)
ATENÇÃO
A elevação das costelas, devido à sua obliquidade durante a inspiração, aumenta o diâmetro
ântero-posterior da caixa torácica por deslocar a cartilagem costal e o osso esterno anterior
e superiormente, gerando um movimento final denominado de “braço de bomba”.
Já a elevação das costelas na inspiração, com seu deslocamento superior e lateralmente,
causa o aumento do diâmetro transverso do tórax (later-lateral), denominado de movimento
de “alça de balde”.
capítulo 4 • 99
4.1.3 Percussão
100 • capítulo 4
4.1.4 Ausculta pulmonar e cardíaca
capítulo 4 • 101
Quando houver secreções espessas nos grandes brônquios,
teremos os roncos. Os roncos são ruídos intensos, de tonalida-
de grave, que ocupam as duas fases da respiração, podendo,
ESTERTORES por vezes, ser ouvidos a distâncias, como também pelo próprio
RONCANTES paciente. Corresponde às vibrações que, na palpação, denomi-
(RONCOS) nam-se frêmito brônquico. Os roncos podem alterar-se, desa-
parecer ou mudar de lugar tanto com a respiração como com a
tosse, devido à mobilização das secreções intrabrônquicas.
102 • capítulo 4
São ruídos mais grossos e de tonalidade mais grave do que os
estertores crepitantes, assemelhando-se ao arrebentamento de
pequenas bolas. Diferem entre si quanto à altura, intensidade
e timbre e são encontrados no fim da inspiração e no começo
ESTERTORES da expiração. Originam-se no conflito entre a corrente aérea e
SUBCREPITANTES as secreções líquidas existentes na luz bronquiolar, podendo
(ESTERTORES ser modificados pela tosse. Podem-se distinguir estertores
GROSSOS subcrepitantes de bolhas finas, médias e grossas, conforme o
diâmetro dos brônquios onde eles têm origem. Além da bron-
quite, o estertor subcrepitante pode ocorrer nas pneumonias,
broncopneumonias, congestão passiva da insuficiência cardíaca
e no edema agudo de pulmonar.
capítulo 4 • 103
ausculta das bulhas, é possível diagnosticar diversas patologias, assim como
bulhas anormais e a presença de murmúrios.
A primeira bulha possui som grave e de duração prolongada, sendo quase simul-
tânea ao pulso carotídeo. Já a segunda bulha é normalmente mais aguda e tem dura-
ção mais curta que a primeira. Há, porém, a terceira e quarta bulhas. A terceira bulha
é formada por um ruído grave e fraco e a quarta bulha é quase sempre inaudível.
Há, todavia, outros sons cardíacos que significam patologias: são os sopros
e os clicks ou bulhas de ejeção. Os sopros são ruídos longos e têm origem no
surgimento de turbilhões na coluna sanguínea. Já os clicks são curtos e agudos,
gerados pelas vibrações decorrentes da tensão a que os folhetos semilunares
estariam submetidos durante sua abertura ou associados a uma distensão sú-
bita das artérias durante a ejeção ventricular (DETURK & CAHALIN, 2007).
104 • capítulo 4
Tem aspecto semelhante à clara de ovo. É esbranquiça-
ESCARRO MUCOIDE do e algo viscoso. É o tipo encontrado em pacientes por-
OU MUCOSO tadores de bronquite crônica e asma brônquica, quando
não há infecção bacteriana superposta.
capítulo 4 • 105
É um teste não invasivo amplamente utilizado para avaliar
a função respiratória. Mede o ar que o indivíduo inspira
e expira em função do tempo, podendo ser obtida por
ESPIROMETRIA uma manobra lenta e/ou forçada. É a prova de função
pulmonar mais difundida em adultos e crianças. Exige a
compreensão e colaboração do paciente, além da capaci-
dade técnico-científica do profissional de saúde.
106 • capítulo 4
Há muitas maneiras de se proceder à avaliação da capacidade física voltada
aos pacientes com disfunções respiratórias e cardiovasculares. Dentre elas, po-
demos destacar:
MINUTOS
capítulo 4 • 107
eletrocardiográfico e metabólico ao esforço, além de ser útil na prescrição de
exercícios personalizados. Apesar de ser um teste relativamente seguro, em si-
tuações especiais como angina instável, faz-se necessário um acompanhamen-
to especial, considerando sempre a relação de custo e benefício. Os testes são
realizados com instrumentos que possibilitam a mensuração da potência e tra-
balho durante o teste, normalmente esteira rolante ou bicicleta ergométrica. O
protocolo ideal é estabelecido em função do objetivo do teste, do tipo de popu-
lação a ser testada, do tempo e dos recursos disponíveis.
ATIVIDADES
Estudo de Caso
Paciente de 83 anos apresenta quadro de tosse com abundante secreção purulenta,
viscosa e de difícil expectoração. Relata dispneia progressiva e febre há três dias. Apresenta
sinais de aumento do trabalho respiratório, padrão respiratório rápido e superficial, sudorese
e extremidades frias. A ausculta pulmonar apresenta murmúrio vesicular reduzido em base
direita e ruídos adventícios.
01. Em relação à ausculta pulmonar, o ruído adventício que se caracteriza pela alta tonalida-
de e está presente quando há exsudato e transudato interalveolar é: ___________________
_______________________.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRITTO, Raquel Rodrigues; BRANT Tereza Crisitna Silva e PARREIRA, Verônica Franco. Recursos
manuais e Instrumentais em fisioterapia respiratória. 2. ed. Rio de janeiro: Ed. Manoel. 2014.
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Manole. 2012.
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Acesso em: <http://arquivo/1573003/semiologia-do-torax-exame-fisico/5>. 2016.
capítulo 4 • 109
110 • capítulo 4
5
Exercícios para
diversas áreas do
corpo
5. Exercícios para diversas áreas do corpo
Este último capítulo se propõe a apresentar alguns exercícios utilizados com
mais frequência em espaços terapêuticos para várias partes do corpo. É breve,
pois utilizamos em nossa vida profissional uma gama de exercícios, conceitos
e protocolos validados de forma abrangente. Eles foram compilados para dar a
você um apoio em seu programa de exercícios.
O conhecimento prévio de anatomia, cinesiologia, biomecânica e neurofi-
siologia possibilitarão a escolha e o alcance dos objetivos propostos para cada
paciente. O fisioterapeuta seleciona os mais adequados para cada caso e, con-
forme a evolução, irá prescrevendo e utilizando outros exercícios, substituindo-
-os ou adicionando-os conforme a necessidade específica.
Aproveitem e aprofundem seus conhecimentos nas aulas práticas, discutin-
do com seus pares as melhores opções.
OBJETIVOS
• Apresentar de forma sucinta exercícios para a coluna vertebral;
• Apresentar de forma sucinta exercícios para membros superiores e inferiores;
• Trazer reflexões sobre algumas propostas de protocolos e exercícios utilizados como recur-
sos de recuperação funcional na fisioterapia.
112 • capítulo 5
posturais adotados durante a infância e adolescência poderão se refletir na vida
adulta dos jovens (fatores de risco associados a alterações posturais estruturais
da coluna vertebral em crianças e adolescentes (SEDREZ, et al, 2015).
Má postura é a causa de base de muitos distúrbios de coluna e membros.
Com frequência, simplesmente corrigindo as sobrecargas posturais subjacen-
tes, os sintomas primários podem ser minimizados ou mesmo aliviados.
A Organização Mundial de Saúde relata que cerca de 65 a 80% da população
possui ou possuirá um dia um quadro clínico de dor lombar, sendo que 40% des-
ses casos irão tornar-se um problema crônico. A lombalgia é um importante pro-
blema clínico, socioeconômico e de saúde pública, sendo uma das afecções mais
comuns da coluna vertebral, caracterizando-se por quadros dolorosos nas re-
giões lombares inferiores, lombossacrais ou sacroilíacas (GALDINO et al, 2015).
Antes de desenvolver um plano de tratamento e escolher a intervenção, ava-
lie e documente os achados do exame do paciente, incluindo história, revisão
de órgãos e sistemas e os testes e medidas específicos, além de pleno conheci-
mento das atividades diárias do indivíduo.
Dentro desse contexto, apresentaremos diretrizes para a intervenção fisio-
terapêutica com comprometimento da coluna vertebral.
• Educar o paciente: envolver o paciente em todas as atividades, para que
ele aprenda e assimile o autocuidado. Informar o paciente sobre o progresso
esperado e precauções.
• Diminuir os sintomas agudos: modalidades da eletrotermofototerapia,
recursos manuais (massoterapia, tração, mobilização e/ou manipulação), con-
forme a necessidade. Repouso intercalado com caminhadas breves.
• Desenvolver percepção e controle do alinhamento vertebral: treina-
mento cinestésico, movimentos cervicais e escapulares, inclinações pélvicas,
controle da coluna neutra. Utilizar procedimentos para desenvolver e reforçar
o controle da postura na posição sentada, em pé, andando e realizando ativida-
des funcionais.
• Orientar o paciente sobre a relação entre postura comprometida e os
sintomas: praticar posições e movimentos para experimentar o controle dos
sintomas em várias posturas.
• Ensinar uma biomecânica corporal segura: exercícios funcionais para
preparo de uma mecânica corporal segura (agachamentos, avanços, estender
os braços para várias direções, empurrar/puxar objetos, erguer e virar cargas
com a coluna estável).
capítulo 5 • 113
• Avaliar ergonomicamente a casa e os ambientes de trabalho e recreação:
adaptar o ambiente de trabalho, casa e recreação.
• Aprender a lidar com o estresse e métodos de relaxamento: exercícios de
relaxamento e alívio da sobrecarga postural.
• Favorecer a ativação neuromuscular e o controle dos músculos estabili-
zadores: técnicas de ativação dos músculos segmentares profundos:
– Região lombar da coluna vertebral: manobra de “encolher a bar-
riga”, contração de multifídio; avançar nas repetições, enfatizando a
resistência muscular à fadiga; evoluir para exercícios mais elaborados
de força.
– Região cervical da coluna vertebral: movimentos suaves da cabeça
para a frente e para trás.
– Estabilização básica: com movimentos ativos de membros superio-
res e inferiores e evolução para exercícios dinâmicos de fortalecimento,
com resistência à fadiga, enfatizando as metas funcionais.
114 • capítulo 5
vido após trauma, e o terceiro e último mecanismo, a síndrome de desarranjo
causada por um deslocamento do disco intervertebral. O tratamento é desen-
volvido em grande parte pela extensão, sendo que a flexão também poderia ser
incorporada, de acordo com o mecanismo da lombalgia e com a fase do tra-
tamento (figura 5.1). O método tem como principal explicação as desordens
biomecânicas causadas por posturas, exercícios ou atividades inadequadas,
provocando, posteriormente, alterações estruturais da coluna lombar, sendo
que, através dessas, o tratamento será conduzido para a alteração específica
(LEMOS; SOUZA; LUZ, 2005).
Com outra visão, o Dr. Paul Williams desenvolveu seu método, observando
que a maioria dos pacientes que apresentavam dores lombares crônicas pos-
suíam alterações degenerativas esqueléticas secundárias a lesões dos discos in-
tervertebrais. Também acreditava que o homem forçava seu corpo para se man-
ter ereto, levando à deformação da coluna, redistribuindo o peso pelo corpo
nas proximidades dos discos intervertebrais da coluna cervical e lombar. Essa
permanência do homem em pé aumentaria a lordose lombar, comprimindo a
parte posterior do disco (L1 a S1), acelerando o processo degenerativo. Utiliza
como princípio do tratamento exercícios de flexão da coluna e quadril. Com o
propósito de reduzir a dor e estabilizar o tronco, desenvolve ativamente os mús-
culos flexores e alonga passivamente os músculos extensores lombo sacros.
Williams dá muito enfoque à questão da inclinação posterior da pelve, que é
essencial para obter ótimos resultados no tratamento.
Os exercícios de flexão de Williams (tabela) são bastante utilizados para
o tratamento de grande variedade de problemas lombares. Em muitos casos,
o método é utilizado quando a causa da desordem ou as características não
são bem compreendidas. Constantemente, os exercícios são ensinados com
capítulo 5 • 115
modificações próprias dos terapeutas. Qualquer modificação dos exercícios
deverá ser feita sob muita consideração da ação muscular, porque os exercícios
que violam o mecanismo da inclinação posterior da pelve poderão ser suficien-
tes para prolongar os sintomas clínicos. Os exercícios em geral visam ao fortale-
cimento dos músculos abdominais, glúteos e o alongamento de parte da cadeia
posterior (LEMOS; SOUZA; LUZ, 2005).
Exercício 1: com as costas apoiadas sobre uma superfície dura, e com os joelhos
dobrados, encolha a barriga e contraia os músculos das nádegas. Permaneça por 20
segundos e relaxe. Repita esse exercício até 10 vezes.
116 • capítulo 5
Exercício 4: Deitado na posição inicial, puxe os dois joelhos em direção ao tórax e, ao
mesmo tempo, levante a cabeça e o ombro do chão. Mantenha esta posição durante
20 minutos. Relaxe. Repita esse exercício até 10 vezes.
Exercícios de Williams.
Existe também uma série de exercícios (figura 5.2) para alongamento da ca-
deia posterior, com provável analgesia.
capítulo 5 • 117
capacitar a pessoa a proteger-se ativamente de lesões durante seus movimentos
nas suas atividades de vida diária e profissional, seja no plano estático ou di-
nâmico. As técnicas de relaxamento muscular também são necessárias, pois o
paciente com dores crônicas na coluna pode ficar com os músculos muito ten-
sos e contraídos, o que pode gerar ou aumentar a dor. Existe um conceito difun-
dido entre terapeutas e pacientes de que os exercícios são fundamentais para
a recuperação de pacientes com dores na coluna e que os exercícios da coluna
são recomendados para: corrigir a lordose; aumentar a força dos eretores-fle-
xores; aumentar a potência dos abdominais; melhorar a postura. O programa
da Escola de Postura tem como estratégia básica a educação e treinamento dos
pacientes que o integram, buscando prepará-los para a prevenção, tratamento
e a convivência com os problemas da coluna vertebral. As premissas da Escola
de Postura é o incentivo para que o paciente assuma a responsabilidade de seu
tratamento e recuperação (MUNIZ e CORRÊA, 2011).
Trata-se de uma proposta para atendimento em grupo e de educação na saú-
de, com incentivo ao autotratamento.
A coluna vertebral possui diversos músculos com diferentes funções, entre eles
os músculos estabilizadores dos segmentos da coluna, que possuem caracte-
rísticas particulares de antecipação e, por isso, agem em conjunto proporcio-
nando estabilidade e proteção às estruturas vertebrais, impedindo qualquer
sobrecarga à coluna. Estudos evidenciaram que pessoas que possuem dor na
coluna, seja por qualquer causa, possuem um processo de inibição e fraqueza
destas musculaturas estabilizadoras dos segmentos vertebrais. Esta muscula-
tura, portanto, perde seu caráter de antecipação e proteção, sendo causa fun-
damental para a progressão de patologias degenerativas da coluna vertebral.
A hipótese é de que há dois sistemas atuando na estabilidade. O global, que
consiste de grandes músculos produtores de torque, atuando no tronco e na
coluna sem serem diretamente ligados a ela (reto do abdome, o oblíquo externo
e a parte torácica do iliocostal lombar); e o local, formado por músculos ligados
diretamente à vértebra e responsáveis pela estabilidade e controle segmentar
(multífido lombar, o transverso do abdome, o quadrado lombar e as fibras pos-
teriores do oblíquo interno) (FRANÇA et al, 2008).
118 • capítulo 5
O treinamento desses músculos pode ser feito por meio de exercícios espe-
cíficos e tem o objetivo de recuperar a sua contração, que age como um cintu-
rão interno com o diafragma e os músculos do assoalho pélvico. Estes exercí-
cios são associados com a respiração e priorizam a qualidade e a percepção da
contração dos músculos estabilizadores, evoluindo para exercícios funcionais
com alterações do centro de gravidade e movimentos amplos de extremidades.
capítulo 5 • 119
Figura 5.4 – Ponte lateral.
120 • capítulo 5
(FRANÇA et al, 2008) e parecem ter mais efeitos positivos quando associados a
outras intervenções (VOLPATO et al, 2012).
Todos os nossos músculos são indiretamente ligados uns aos outros por forma
de cadeias musculares, que são a passagem das linhas de força que percorrem
o nosso corpo, fazendo-o reagir de uma extremidade a outra. Toda atividade
dentro de uma parte do corpo terá repercussões no corpo todo.
capítulo 5 • 121
A definição clássica de cadeia muscular dada por Françoise Meziéres é:
122 • capítulo 5
preocupa o paciente. Mézières considerava que a causa primária das deformi-
dades eram as lordoses, por isso estruturou seu trabalho com base na tensão
existente nos músculos posteriores responsáveis pela manutenção da postura
estática — a qual chamou de cadeia muscular posterior — juntamente com os
músculos rotadores internos da coxofemoral e o músculo diafragma. Para tra-
tar essas alterações, fazia-se necessário alongar a cadeia posterior inteira, não
adiantando alongar apenas um dos músculos desse conjunto, pois, se assim se
fizesse, haveria compensações e, com isso, não se atingiria a principal causa do
problema (VIEIRA, 1998).
Françoise Mézières nasceu na França, em 1909, e ensinou o seu método do
fim dos anos 1950 até sua morte em 1991. Acabou influenciando alunos que
vieram a criar suas próprias técnicas, como Philippe-Emmanuel Souchard,
criador do método conhecido como Reeducação Postural Global (RPG), além
de outros teóricos como Godelieve Denys Struyf (Método GDS) Ilda Rolfing (Iso
Streching), Serge Peyrot (MARP), Thérese Bertherat (Antiginástica).
capítulo 5 • 123
• Incluir exercícios concêntricos e excêntricos.
• Desenvolver controle dos músculos posturais para dar estabilidade à re-
gião, usando exercícios de estabilização.
• Desenvolver resistência muscular à fadiga.
• Progredir para padrões combinados de movimento que simulem ativida-
des funcionais e treinar os grupos musculares para que funcionem em uma se-
quência coordenada de controle e movimento.
• Integrar tarefas funcionais simples ao programa de exercícios e progredir
para tarefas mais complexas e desafiadoras, sempre incorporando uma mecâ-
nica corporal apropriada.
• Implementar exercícios corporais totais para melhorar a resistência car-
diopulmonar e o equilíbrio.
• Conforme a necessidade, baseando-se nas metas funcionais, incorporar
ao programa de reabilitação exercícios excêntricos de alta intensidade, treina-
mento pliométrico (exercícios de alongamento-encurtamento rápido) e exercí-
cios de agilidade com velocidades de movimento cada vez maiores (KISNER E
COLBY, 2016).
CONCEITO
Pliometria: uma forma de exercício que busca a máxima utilização dos músculos em mo-
vimentos rápidos e de explosão. Seu conceito baseia-se na exploração do músculo em se-
quências de contrações excêntricas e concêntricas buscando a otimização. Segurar e arre-
messar uma bola e saltar são exemplos de exercício pliométrico, pois trabalha a contração e
o alongamento do músculo de forma sequenciada, buscando a força máxima em um menor
período de tempo.
124 • capítulo 5
ombro e também no estudo de desfechos clínicos – mais tarde seria considera-
do um dos pais da medicina baseada em evidências).
Em 1934, ele propôs um tipo especial de mobilização do ombro, especial-
mente recomendada após o reparo do manguito rotador. Os exercícios de
Codman (figura 5.6) ou exercícios de pêndulo, como também são conhecidos,
consistem basicamente na realização de uma automobilização por meio de
movimentos circulares e pendulares com o braço. Forma simples e custo efi-
caz para diminuir a dor e restaurar a amplitude de movimento do ombro após
uma lesão ou cirurgia. Estes exercícios incorporam três padrões distintos de
movimento do ombro: circundução, flexão e extensão (para frente e para trás) e
abdução horizontal (de um lado para o outro).
126 • capítulo 5
Os receptores sensoriais fazem parte do sistema sensorial somático, res-
ponsável pelas diferentes experiências sensoriais captadas e interpretadas
pelo nosso corpo. A função mais elementar dos receptores sensoriais é prover
o SNC com informações sobre o estado interno de estruturas orgânicas e do
ambiente externo. São eles que definem o que chamamos de sentidos (visão,
audição, sensibilidade corporal, olfação, gustação). Um único receptor, porém,
não é capaz de identificar os diferentes estímulos que nos bombardeiam a cada
instante. Desta forma contamos com diferentes tipos de receptores sensoriais,
cada um com características próprias que permitem que ele "sinta" diferentes
estímulos. Podemos classificar os receptores sensoriais de acordo com a sua
função (mecanoceptores, termoceptores, fotoceptores, quimioceptores e noci-
ceptores). Além da classificação funcional, podemos também classificá-los de
acordo com a sua localização anatômica: exteroceptor, interoceptor e proprio-
ceptor (esta última classe é a que nos interessa no momento).
Os proprioceptores são receptores que se localizam mais profundamente
nos músculos, aponeuroses, tendões, ligamentos, articulações e no labirinto
cuja função reflexa é locomotora ou postural. Podem gerar impulsos nervosos,
conscientes ou inconscientes. Os primeiros atingem o córtex cerebral e permi-
tem que, mesmo de olhos fechados, tenha-se a percepção do próprio corpo,
seus segmentos, da atividade muscular e do movimento das articulações. São
responsáveis pelo sentido de posição e de movimento (cinestesia).
Estes receptores desempenham, em simultâneo, a função de detectar todas
as variações mecânicas e de enviar a informação recolhida ao sistema nervoso
central. Para além dos proprioceptores, o aparelho vestibular e o sistema visual
também fornecem importantes informações somatosensoriais. Pode-se dizer,
portanto, que a propriocepção é responsável pelo envio constante de informa-
ção sobre eventuais deslocamentos de segmentos no espaço, auxiliando-nos
nas diversas tarefas motoras. Apropriadamente, os proprioceptores estão loca-
lizados nos músculos (fusos musculares), tendões (órgãos tendinosos de Golgi)
e nas cápsulas articulares (corpúsculos de Ruffini e Pacini).
A propriocepção, num sentido amplo, atua como atividade reflexa no caso de
movimentos bruscos, inesperados ou simplesmente na mudança de direção de de-
terminado movimento, ou seja, é um mecanismo que protege as articulações. Ela
é efetiva devido à presença de receptores específicos que são sensíveis a alterações
físicas, tais como variações na angulação de uma articulação, rotação da cabeça,
tensão exercida sobre um músculo e até mesmo o comprimento da fibra muscular.
capítulo 5 • 127
ÓRGÃOS são sensíveis à tração exercida nos tendões indicando a for-
TENDINOSOS DE ça que está sendo exercida sobre a musculatura, impedindo
GOLGI lesões.
128 • capítulo 5
• Exercícios em pranchas de equilíbrio, cama elástica, balancim (figura 5.8) etc.;
• Exercícios de deslocamentos, estimulando as mudanças de direção;
• Exercícios estimulando a atividade profissional ou esportiva;
• Circuitos com diversos tipos de piso, direção, obstáculos.
Figura 5.8 – Equipamentos (pranchas bipodal e unipodal, bolas terapêuticas, balancim) para
exercícios de propriocepção.
capítulo 5 • 129
A FNP tem como princípios a estimulação dos proprioceptores para au-
mentar a demanda feita ao mecanismo neuromuscular, integrando técnicas
manuais de alongamento e fortalecimento com princípios neurofisiológicos
de indução sucessiva, inervação e inibição recíproca, além do fenômeno de ir-
radiação. Desde o seu início, a FNP integrou, com sucesso, vários dos conceitos
de intervenções contemporâneas em neurorreabilitação. A FNP também inclui:
aprendizagem motora e retenção funcional de atividades aprendidas com a re-
petição de uma demanda específica; o uso da progressão de desenvolvimento
do comportamento motor, que permite aos pacientes criar e recriar estratégias
de movimento funcional eficiente; e a análise biomecânica e comportamental
do controle motor. Todas as atividades dentro da intervenção da FNP são dire-
cionadas a um objetivo funcional e relacionadas ao ambiente no qual o objetivo
deve ser alcançado. Este método pode ser aplicado em crianças e adultos com
disfunções neurológicas (ADLER; BECKERS; BUCK, 2007).
5.4.1 Princípios
130 • capítulo 5
• Visão: usa a visão para guiar o movimento e aumentar o empenho.
• Tração e aproximação: o alongamento ou a compressão dos membros e
do tronco facilitam o movimento e a estabilidade.
• Estiramento: o uso do alongamento muscular e do reflexo de estiramento
facilita a contração e diminui a fadiga.
• Sincronização de movimentos: promove sincronismo e aumenta a força
da contração muscular por meio da “sincronização para ênfase”.
• Padrões de facilitação: movimentos sinérgicos em massa são componen-
tes do movimento funcional normal.
ATIVIDADE
01. Elabore um circuito efetivo e eficiente de exercícios de propriocepção para um grupo
de idosos.
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132 • capítulo 5
ANOTAÇÕES
capítulo 5 • 133
ANOTAÇÕES
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