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O CONTROLO POSTURAL

PERTURBAÇÕES INTERNAS E EXTERNAS


ANA MOREIRA FT, PHD
POSTURA
Postura – Um momento MOVIMENTO

Movimento – Sequência de momentos


O CONTROLO POSTURAL – perturbações internas e externas
O controlo postural é um processo neural complexo envolvido na
organização da estabilidade e na orientação do corpo no espaço.
Pode ser definido como a habilidade para manter o equilíbrio em
relação à ação da força da gravidade através da manutenção ou retorno
do centro de massa na base de suporte.
Rojas M. (2006) e Sousa A. (2010)

O controlo postural constitui uma tarefa motora complexa, decorrente


da interação de múltiplos processos sensoriomotores, cujos principais
pressupostos são a estabilidade postural e a orientação postural.
CONTROLO POSTURAL
Envolve posição no espaço
o estabilidade
o contexto da tarefa/actividade

ORIENTAÇÃO POSTURAL

É a capacidade de manter
apropriadamente a relação
o entre os segmentos do corpo e
o entre o corpo e o contexto da tarefa
Horak, 1996
O CONTROLO POSTURAL – estabilidade postural

Envolve a coordenação de estratégias sensoriomotoras para a


manutenção do centro de massa, dentro dos limites de
estabilidade da base de suporte, durante as perturbações internas
e externas.
Sousa A. (2010)
O CONTROLO POSTURAL – orientação postural
É baseada na interpretação da informação proveniente dos vários
sistemas sensoriais.
A informação usada para a manutenção do controlo postural provém dos sistemas
somatossensorial, visual e vestibular, sendo que esta tem de ser integrada a fim de ser
possível interpretar ambientes sensoriais complexos. Este facto permite a verificação de
inputs, por vezes contraditórios (cerebelo - comparação), pelo SNC, antes da realização da
acção.

Num ambiente bem iluminado e com uma base de suporte estável a informação de maior relevância para o
SNC é a somatossensorial (70%), seguia da vestibular (20%) e por fim a visual (10%).
No caso de se tratar de superfícies instáveis ocorre um aumento da informação vestibular e visual, dado que
diminui a dependência de inputs somatossensoriais para a orientação postural.
O CONTROLO POSTURAL – orientação postural
A integração de ações inatas e aprendidas com novas
experiências e a consequente adaptação baseada em programas
motores resultam do feedback sensorial e do feedfoward.
O feedback sensorial é gerado logo que inicia a execução da
tarefa.

Após a decisão do SNC para o plano de ação, este é executado


pelo sistema músculo esquelético para regular a postura e o
movimento.

Sousa A. (2010)
ESTRATÉGIAS Feedback
DO MOVIMENTO Controlo postural que
ocorre em resposta ao
POSTURAL feedback sensorial
(visual, vestibular,
somatosensorial)
devido a uma perturbação
externa

Feedforward
Refere-se à resposta
postural que antecipa o
movimento voluntário
O CONTROLO POSTURAL – o sistema musculoesquelético

- Propriedades musculares (contractabilidade, extensibilidade, elasticidade e excitabilidade)

- Relação encurtamento alongamento (vários graus de inervação recíproca)

Amplitude de movimento
Relação biomecânica entre os vários segmentos corporais
Desenvolvimento típico – Sistema musculoesquelético

A biomecânica de um segmento corporal em movimento é afetada


por forças internas e externas.
Forças externas – gravidade, ambiente
Forças internas – segmentos e articulações adjacentes

COMPLEXIDADE, POIS A COMBINAÇÃO DE FORÇAS NÃO É CONSTANTE.


O CONTROLO POSTURAL – orientação postural

O modelo interno da relação dos vários segmentos do corpo no espaço


é continuamente atualizado com base no feedback multissensorial
(vivências variadas - adaptabilidade)

Esta representação interna (vivências) é a base para os mecanismos de


feedforward para a regulação/controlo do sistema musculoesquelético,
tendo em consideração o ambiente e a tarefa.
Sousa A. (2010)
RELAÇÃO ADEQUADA E FLEXÍVEL ENTRE OS VÁRIOS SEGMENTOS
CORPORAIS
O CONTROLO POSTURAL – orientação postural
A informação sensorial tem vários papéis

1- permite o ajuste constante durante a execução da tarefa;


2- qualquer erro de planeamento pode ser corrigido;
3- situações inesperadas como uma perturbação, interna ou
externa, é considerada;
4- se forem necessários alguns ajustes para a execução futura
da tarefa, o sistema de feedforward é atualizado.
Mayston M. e Sousa A.
O CONTROLO POSTURAL – orientação postural
É baseada na interpretação da informação proveniente dos vários
sistemas sensoriais.

QUANDO EXISTEM ALTERAÇÕES NA INTERPRETAÇÃO/PROCESSAMENTO DA


INFORMAÇÃO SENSORIAL A CRIANÇA RECRUTA AS SUAS PRÓPRIAS ESTRATÉGIAS
POSTURAIS (O QUE RESULTA MELHOR PARA SI).

Surgem assim as alterações no alinhamento entre os vários segmentos


corporais, nos planos musculares, na estrutura dos músculos e por
conseguinte no desempenho da tarefa.
O CONTROLO POSTURAL – perturbações internas e externas

Os planos de acção manifestam-se através de padrões de actividade muscular,


que são denominados de sinergias posturais flexíveis (resultado do feedback
sensorial e do feedforward), em que a sequência de ativação muscular é
ajustada às condições específicas da tarefa e às condicionantes ambientais.

As sinergias posturais acompanham o movimento controlando as variações do


centro de massa na base de suporte, o que permite uma performance da
tarefa eficiente e segura.
O CONTROLO POSTURAL – perturbações internas e externas
Estratégias de controlo postural durante o movimento voluntário para
promoção da segurança e da eficiência.
• Early postural adjustements
• Os ajustes posturais preparatórios estabelecem uma larga margem de
segurança, contudo, são ineficiencientes na regulação da postura.
• Os ajustes posturais de acompanhamento promovem um método seguro
e eficiente de controlo da postura.
• Os ajustes posturais compensatórios promovem eficiência mas não
propriamente segurança no controlo postural, dado que podem atuar
muito tarde ou em magnitude ineficiente para a recuperação da postura.
“… contexto em que a criança se desenvolve pode
ser bem diferente, criando a individualidade”

Fatores extrinsecos do SNC


Fatores sensoriais

*Antropometria,
composição corporal, nutrição
*S. Musculo -esquelético
*Diferenças Culturais
*Ambiente

Fatores intrínsecos do SNC


Fatores sensoriais
visão
Audição
Vestibular
Somatosensorial

Fatores Cognitivos,
Comportamento, …
DESENVOLVIMENTO TÍPICO Aprendizagem motora

MOTIVAÇÃO/AROUSAL

PLANEAMENTO MOTOR

TEORIA DINÂMICA DOS SISTEMAS


COMPARAÇÃO DA INFORMAÇÃO
MOVIMENTO CONDIÇÕES
SENSORIAL COM O MODELO INTERNO
CONTROLO POSTURAL
INFORMAÇÃO SENSORIAL

Sinergias posturais atempado Padrões de


movimento

SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO FORÇAS EXTERNAS


Adaptado de Frank and Earl
Cada criança descobre a solução para o gatinhar,
o primeiro passo ou para subir o primeiro degrau.

(Adolph & Franchak, 2016)

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O CONTROLO POSTURAL – perturbações internas e externas
- analisar apropriadamente a performance da tarefa (a especificidade da tarefa
é importante para o controlo motor)
- interpretar corretamente os dados decorrentes dessa análise,
relacionando com os elementos essenciais do desenvolvimento da
criança

•Intervenção específica
•direcionada ao principal problema
•adaptada às capacidades da criança
O CONTROLO POSTURAL – perturbações internas e externas

A criança tem a capacidade de iniciar a atividade, devido à presença de


reportórios específicos de movimento inatos (padrões motores básicos).
Com as vivências sensoriomotoras variadas, essenciais para o desenvolvimento
motor, estes padrões motores básicos são refinados.
Nessas mesmas vivências ocorre a seleção dos padrões motores mais eficazes
para a performance bem sucedida de uma tarefa.
Mayston M.

A INTERVENÇÃO COM CRIANÇAS COM ALTERAÇÕES NO DESENVOLVIMENTO TÍPICO DEVE SER


ENQUADRADA EM TAREFAS COM SIGNIFICADO PARA A CRIANÇA, PERMITINDO A
TENTATIVA/ERRO, A VIVÊNCIA NOS VÁRIOS CONTEXTOS DE VIDA, A FIM DE FACILITAR A
APRENDIZAGEM MOTORA, FACILITANDO A EXPERIÊNCIAS SENSORIOMOTORAS VARIADAS E
AUMENTANDO O SEU REPORTÓRIO DE MOVIMENTO.
Universalidade

Variabilidade
DESENVOLVIMENTO TIPICO
Variabilidade

Variabilidade pode ser


na amplitude, velocidade,
direção de ativação muscular, …
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• Demasiada estabilidade
Movimento insuficiente

• Demasiada mobilidade
Estabilidade insuficiente

• Falta de: variedade


organização
selectividade
MCCP PRODUÇÃO
DESENVOLVIMENTO Atividade/tarefa
(Experiência (aferência)
sensoriomotora)
MUSCULAR

TÓNUS

POSTURAL

DISTRIBUIÇÃO
(sistemas
MODULAÇÃO neuronais)
(mecanismos
neuronais)

Construção da imagem ou mapa interno sobre o movimento


OBSERVAÇÃO
O QUÊ
COMO

ANÁLISE
COMO
PORQUÊ
Motor, sensorial,
percetivo, cognitivo,
comunicação

INTERPRETAÇÃO

COMO
PORQUÊ
Implicações funcionais

Mayston, M. (2018)
O cérebro estimulado
apresenta fenómenos de
modificação e de
adaptação neuronal

NEUROPLASTICIDADE

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