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Resumo
No âmbito da unidade curricular de Gestão da Manutenção foi proposto ao grupo de trabalho elaborar um
trabalho de investigação com o tema “Manutenção de elevadores”.
No presente trabalho serão abordados os diferentes tipos de manutenção de elevadores, como estas são
feitas, inspeções, normas e decretos-lei a ter em conta, a análise de um caso real e três exemplos de
negligência.
3.1.5- Cabine
Componente do elevador onde pessoas, bens ou ambos são transportados. Deverá
obrigatoriamente estar presente dentro da cabine informações como a placa de indicação da empresa de
manutenção de instalações de elevação e respetivos contactos, capacidade de lotação, carga máxima e
certificado da última inspeção efetuada. Para além disso é necessário a existência de iluminação e
iluminação de emergência. [1]
3.1.6-Patamar
Local onde ocorre a entrada e saída das pessoas do elevador [1]
3.1.7- Contrapeso
Os contrapesos são constituídos por blocos de cimento normalmente. Faz parte do sistema de
elevação e permite que no caso de acionamento elétrico o motor não tenha que puxar o peso do elevador e
da sua carga na totalidade o que permite diminuir a potência necessária para a deslocação do elevador e
por sua vez a energia consumida. [1]
3.1.8- Caixa
A caixa do elevador é o espaço onde o elevador e o contrapeso se deslocam.
É na caixa que se encontra o para-quedas componente que em caso de emergência para o deslocamento da
cabine. [1]
aplicados. Os cabos são compostos por filamentos metálicos (aço) entrelaçados que formam um cordão.
[1]
3.2.1- Poço
Localizado no fundo da caixa do elevador e é onde se encontram alguns dispositivos de
segurança como por exemplo o sensor fim de curso, os amortecedores e o botão de stop que permite parar
o movimento do elevador quando pressionado. [1]
curso com a cabine carregada com 125% da carga nominal. Terá de ser assegurado que a cabine vazia não
pode subir quando o contrapeso repousar nos amortecedores comprimidos. [7]
O limitador de velocidade terá de ser verificado nos dois sentidos de marcha através do alívio do
cabo do limitador para ser possível rodar manualmente em ambos os sentidos. A velocidade de disparo,
que ocorre quando o martelo encrava na roda do limitador e desliga o contacto por excesso de velocidade,
será medida com recurso a um taquímetro. Neste ensaio a velocidade não deverá exceder os 40% da
velocidade nominal. [7]
O para-quedas terá de ser verificado, e para isto terá de se rodar o volante do motor no sentido de
descida, enquanto se faz atuar os martelos no limitador de velocidade até que o sistema de para-quedas
funcione, querendo isto dizer que as cunhas irão encravar nas guias da cabine e irá ser possível ver os
cabos de suspensão a deslizar na roda de tração. Este ensaio serve para testar o sistema de para-quedas no
caso de rotura dos cabos de suspensão. [7] Existem duas condições em que este ensaio será realizado:
1. A cabine é carregada com a carga nominal repartida uniformemente e a atuação faz-se à
velocidade nominal, a esta condição chama-se para-quedas de ação instantânea.
2. No para-quedas de ação retardada, a cabine será carregada com 125% da carga nominal
também repartida uniformemente e a atuação será feita numa velocidade baixa.
Para a verificação do para-quedas do contrapeso, este deverá ser ensaiado do mesmo modo que o
para-quedas na cabine (sem nenhuma sobrecarga), após ser acionado por um limitador de velocidade.
Caso este não seja acionado por um limitador de velocidade, será ensaiado dinamicamente. [7]
Nos elevadores pertencentes à norma NP EN 81-1:2000 é necessário ensaiar o sistema de para-
subidas caso esteja descrito no processo técnico. Este processo é semelhante ao ensaio no para-quedas,
diferindo que neste caso o movimento é ascendente e vai-se diminuindo a velocidade do elevador até
parar. O dispositivo de controlo do para-subidas deve fazer o corte de alimentação ao elevador. [7]
Depois de cada ensaio tem de se assegurar que não há nenhuma deterioração a comprometer a
normal utilização do elevador. Terão de ser verificados os amortecedores, dispositivos de pedido de
socorro, dispositivo de paragem por encontro de obstáculos e verificação das distâncias regulamentares.
[7]
5.2-Manutenção preventiva
A manutenção preventiva é aquela que está sujeita a uma periodicidade, e esta dependerá do tipo
de elevador e da sua finalidade. Como é feita com regularidade, os custos são fixos e assim diminui a
necessidade de reparações extra. O objetivo será evitar que ocorram eventuais problemas no equipamento
e realizar trocas de peças mesmo antes que elas falhem, conforme for estipulado. Se este tipo de
manutenção for feito de forma regular, dificilmente ocorrerá um problema grave, devido às vistorias e
mudanças de peças antigas para peças novas. Independentemente da sua finalidade, os elevadores vão
passar por uma inspeção periódica, e durante a manutenção, o técnico deverá verificar as peças principais
do equipamento, como o quadro de energia, quadro de comando, cabos de aço, máquina de tração,
limitador de velocidade, polia de desvio, cabine, botões, contrapeso e fundo do poço. [4,5,8]
5.3-Manutenção preditiva
Este tipo de manutenção consiste numa análise de componentes. Desta forma, é possível saber
antecipadamente quando certos elementos deverão ser reparados ou substituídos. No geral este tipo de
manutenção procura por falhas, mau funcionamento, defeitos ou qualquer indicativo de que o elevador
possa vir a ter um problema, o que acaba por diminuir custos de reparações emergenciais e visa
minimizar o tempo e inatividade do equipamento. No caso da manutenção preditiva são utilizados
dispositivos de monitoramento para obter dados sobre o desempenho do equipamento em tempo real.
Com base nos dados obtidos poderão ser identificadas anomalias ou falhas iminentes, e com isto a equipa
de manutenção poderá tomar medidas preventivas. [4,8]
Figura 4- Gráfico custo-tempo dos três tipos de manutenção
A empresa de manutenção de elevadores tem o dever, entre outros previstos na lei, de informar
por escrito o condomínio quanto às reparações necessárias. Existem empresas, como é o caso da AG Elva
que fornece uma formação ao cliente em operações de resgate da instalação. [2,6]
No caso em que seja detetada uma situação de grave risco para o funcionamento da instalação, a
empresa deve proceder à imediata imobilização dos elevadores e dar conhecimento, por escrito, ao
condomínio e à câmara municipal competente, no prazo de 48 horas. [2]
As câmaras municipais têm a competência de realizar inspeções regulares, reinspeções e
inspeções extraordinárias nas instalações quando assim for necessário ou quando receberem solicitações
fundamentadas da parte interessada. Além disso, as câmaras municipais têm o poder de conduzir
investigações sobre acidentes relacionados à utilização ou manutenção das instalações. [2]
Para, no caso de emergência ser possível chamar autoridades competentes, os elevadores terão de
ter um sistema de alarme e intercomunicação para resgate, tal como é referido da norma EN 81-28, que
diz que o sistema tem de garantir operacionalidade de um sistema de alarme em qualquer situação.
Em certos edifícios, poderá ser preciso um elevador para o uso de bombeiros. A norma EN 81-72
não define exatamente em que condições é que estes elevadores deverão ser utilizados, apenas define, no
caso de serem utilizados, a que é que têm de obedecer. As condições de utilização destes elevadores, em
Portugal é a legislação nacional, o DL 220/2008, Portaria 1532/2008 e Portaria 135/2020. Em Portugal os
edifícios que têm de ter forçosamente elevadores para combate a incêndios (elevadores para bombeiros)
são os edifícios que têm mais de dois níveis abaixo do piso de referência ou que têm mais de 21 metros
desde o nível de referência até ao seu topo, em altura. Define também que os elevadores terão de ter no
mínimo 1100x1400m (que corresponde a um elevador que suporta 630kg, 8 pessoas) ou elevadores de
1000kg. Exige também que todos os acessos toda a caixa do elevador seja protegida por câmaras corta-
fogo e que os mesmos tenham sensores de temperatura. Poderá também haver necessidade de haver uma
escada fixa dentro da caixa do elevador para fazer auto resgate do bombeiro em caso de necessidade.
Também será necessário que a caixa seja isolada, que haja uma alimentação elétrica de emergência e
também um sistema de drenagem no poço.
5.4-Periodicidade da inspeção
A inspeção, ao contrário da manutenção que é feita por técnicos de uma empresa de manutenção,
é feita pela câmara municipal competente. A periodicidade das inspeções é de dois anos se os elevadores
se situarem em edifícios comerciais ou de prestação de serviços, abertos ao público; quatro anos se os
elevadores forem situados em edifícios mistos, de habitação e comerciais ou de prestação de serviços, e
em edifícios habitacionais com mais de 32 fogos ou mais de 8 pisos; seis anos se os elevadores forem
colocados em edifícios habitacionais não incluídos no ponto anterior e quando estão situados em
estabelecimentos industriais, em estabelecimentos industriais e nos casos não previstos anteriormente. As
escadas mecânicas e tapetes rolantes devem ser inspecionadas a cada dois anos, e os monta-cargas a cada
seis anos. [2,3] Estas condições estão também estabelecidas no Decreto-lei nº320/2002, e constam no
Art.º 8º.
Tanto a empresa de manutenção como o condomínio, direta ou indiretamente através dela, são
obrigados a relatar à câmara municipal competente qualquer acidente ocorrido nas instalações, no prazo
máximo de três dias após o acidente. No entanto, se ocorrer mortes, a comunicação deverá ser feita
imediatamente. [2]
No caso de vítimas mortais, ferimentos graves ou danos materiais significativos, a instalação
deve ser imediatamente desativada e selada até que seja realizada uma inspeção completa das instalações,
com o objetivo de elaborar um relatório técnico acerca do acidente em questão. Esse relatório é utilizado
para determinar as causas e as condições que levaram ao acidente. Essas ações podem ser realizadas por
entidades inspetoras reconhecidas pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). [2]
As câmaras municipais são responsáveis por selar as instalações quando estas não oferecem as
condições de segurança adequadas. A comunicação sobre a selagem deve ser feita ao condomínio e à
empresa de manutenção. Antes de colocar as instalações novamente em serviço, uma inspeção prévia é
obrigatória para verificar as condições de segurança. Durante a inspeção, inquérito ou peritagem, a
presença de um técnico da empresa de manutenção de elevadores é obrigatória para fornecer os meios
necessários para testes ou ensaios.[2]
A violação destas normas constitui contraordenação punível com coima, a qual, dependendo do
caso, pode variar entre 250 e 37 500 euros. A fiscalização do cumprimento das disposições relativas às
instalações de elevadores é de responsabilidade das câmaras municipais. Já a competência para instaurar
os processos de contraordenação e aplicar coimas e sanções acessórias é atribuída ao presidente da
câmara municipal ou ao diretor geral da Energia e Geologia. [2]
Todas as inspeções terão de ser reconhecidas pela DGEG para realizar ações de inspeção,
inquéritos, peritagens, relatórios e pareceres.
8. Exemplos de negligência
8.1- Chicago
A 20 de novembro de 2018, no quarto maior edifício de Chicago, que possui 100 andares, um
elevador com 6 pessoas lá dentro caiu do 95º andar até ao 11º.
Caso não fosse acionado o sistema de emergência, os passageiros não teriam saído da situação
vivos, porém esta situação toda poderia ter sido evitada caso fosse detetado o desgaste no cabo do
elevador nas prévias manutenções preventivas. [9]
8.2- Denver
A 5 de julho de 2017 em Denver, um homem de 82 anos que sofria de demência foi encontrado
morto num elevador que se encontrava fora de serviço no prédio onde residia. O seu corpo foi encontrado
por uma visita dos técnicos de manutenção, devido a queixas de mau cheiro vindo do elevador.
O residente tocou no botão de emergência 2 vezes num espaço de 7 minutos, porém não obteve
nenhum tipo de resposta. Supostamente, ao tocar o botão de emergência deveria ser desencadeado um
alerta para o grupo de monitorização do elevador ou para os bombeiros, mas o departamento de
bombeiros afirmou que não recebeu nenhum tipo de chamada de emergência nesse período.
Devido à falha do botão de emergência do painel do elevador, houve uma fatalidade. Este
acidente poderia ter sido evitado durante a prévia manutenção preventiva. [10]
8.3 Hospital de Santa Maria da Feira
A 4 de abril de 2022 no hospital de Santa Maria da Feira, um utente de 18 anos ficou entalado na
plataforma de um elevador, resultando em ferimentos ligeiros. Ao que tudo indica, o elevador foi
acionado ainda com a porta aberta devido a uma falha mecânica. O que levou o utente a ficar pendurado
só com a cabeça e um braço à vista.
O sistema de emergência do elevador foi ativado, o que impediu a continuação da elevação do
mesmo e consequentemente garantiu a segurança do passageiro.
Segundo a unidade hospitalar, o elevador tinha sido sujeito a manutenção preventiva recentemente, e
tinha as inspeções em dia. Devido a este facto, o hospital abriu um processo de averiguação para
investigar a causa deste acidente. [11]
9. Conclusão
A manutenção de elevadores é fundamental de forma a garantir o bom funcionamento destes
equipamentos e a segurança e comodidade do utilizador. A manutenção preventiva dos elevadores auxilia
a reduzir custos a longo prazo evitando avarias ditas graves que vão ser consequentemente muito caras
sendo por essa razão importante definir uma estratégia de manutenção de forma organizada e
estruturalmente bem definida permitindo assim aumentar a vida útil dos aparelhos.
É importante que os proprietários de edifícios com elevador e os responsáveis pela manutenção
dos mesmos tenham consciência da importância que esta temática detém e que por esse motivo cumpram
com o necessário para garantir que os seus equipamentos sejam mantidos em bom estado de forma a
diminuir ao máximo a probabilidade de acidentes ou custos escusados.
10. Referências
[1] Duarte, L. (2014). Análise de risco e inspeções de segurança em elevadores, escadas mecânicas e
tapetes rolantes. Tese de Mestrado em Engenharia Mecânica. Instituto Superior de Engenharia de
Lisboa, Lisboa
[2] Condomínio Deco. (2023). Manutenção de elevadores: o que diz a lei. Acedido em: 13, abril,
2023, em URL: https://www.condominiodeco.pt/informe-se/artigos/outras/manutencao-elevadores
[3] Bureau Veritas. (2023). Inspeção de Elevadores. Acedido em: 13, abril, 2023, em URL:
https://www.bureauveritas.pt/servicos/inspecoes-e-ensaios-de-instalacoes-e-equipamentos/
elevadores-ascensores-escadas-e-tapetes
[4] DAIKEN Elevadores. (Não especificado). Entenda como funciona manutenção de elevadores.
Acedido em: 14, abril, 2023, em URL: https://www.daikenelevadores.com.br/entenda-como-
funciona-manutencao-de-elevadores-residenciais/
[5] Ascensores do Oeste LDA. (não especificado). A manutenção dos elevadores na prevenção de
avarias e segurança. Acedido em: 14, abril, 2023, em URL:
https://www.ascensoresdooeste.pt/a/noticias/a-manutencao-dos-elevadores-na-prevencao-de-
avarias-e-seguranca
[6] AGEleva. (não especificado). A renovação automática dos contratos. Acedido em: 14, abril, 2023,
em URL: https://www.ageleva.com/contratos/a-renovacao-automatica-dos-contratos-de-
manutencao/
[7] Decreto-Lei nº131/87 de 17 de março de 1987. Diário da República n.º 63/1987 - Série I.
Ministério da Indústria e Comércio. Lisboa
[8] Insfraspeak Team. (2022). Tipos de manutenção: conheça os 6 Principais. Acedido em: 14, abril,
2023, em URL: https://blog.infraspeak.com/pt-pt/tipos-de-manutencao/
[9] Diário de Noticias. (2018). “Achei que íamos morer.” Elevador cai 84 com seis pessoas dentro.
Acedido em: 16, abril, 2023, em URL: https://www.dn.pt/mundo/achei-que-iamos-morrer-
elevador-cai-84-andares-com-seis-pessoas-dentro-10205625.html
[10] Diário de Noticias. (2017). “Homem encontrado morto em elevador um mês depois de ter
desaparecido. Acedido em: 16, abril, 2023, em URL: https://www.dn.pt/mundo/homem-
encontrado-morto-um-mes-depois-de-ficar-preso-em-elevador-8705585.html
[11] Duarte. J. P. (2022). Jovem ficara ferido em incidente num elevador do Hospital da Feira. Acedido
em: 16, abril, 2023, em URL: https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/jovem-fica-ferido-em-
incidente-num-elevador-do-hospital-da-feira