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Manutenção de elevadores

Sobral, J. (1), Pinto, A. (1)


A48418@alunos.isel.pt; A48431@alunos.isel.pt; A48379@alunos.isel.pt ; A48487@alunos.isel.pt
(1) Departamento de Engenharia Mecânica, Instituto Superior de Engenharia de Lisboa, Portugal

Resumo
No âmbito da unidade curricular de Gestão da Manutenção foi proposto ao grupo de trabalho elaborar um
trabalho de investigação com o tema “Manutenção de elevadores”.
No presente trabalho serão abordados os diferentes tipos de manutenção de elevadores, como estas são
feitas, inspeções, normas e decretos-lei a ter em conta, a análise de um caso real e três exemplos de
negligência.

1. Introdução à manutenção de elevadores


Os elevadores são equipamentos cujo objetivo é elevar verticalmente qualquer tipo de carga,
desde o ser humano a um qualquer objeto ou material e para isso existem diversos tipos de elevadores
com propriedades distintas e diversas formas de desempenhar a sua função.
A elevação de pessoas e de cargas sempre foi um problema com que o ser humano se confrontou
e teve a necessidade de recorrer à engenharia de forma direta ou indireta para encontrar soluções visto que
a elevação de matéria é algo que não ocorre naturalmente devido a alguns fatores tais como o peso
gravítico, isto é, se um indivíduo largar um objeto, o mesmo cai. Felizmente ao longo dos tempos foram-
se encontrando soluções cada vez mais eficientes e seguras.
Sendo equipamentos de acessibilidades, necessitam sempre de estar operacionais de modo a
cumprir o seu propósito, pois de nada serve se um dispositivo tão importante como um elevador (seja de
passageiros ou de carga) estiver avariado. De seguida é apresentado de forma esquematizada a evolução
dos elevadores ao longo dos anos:

Figura 1- Evolução dos ascensores ao longo dos tempos


2. Tipos de elevadores
Os elevadores podem ser classificados consoante o que transportam, nomeadamente pessoas,
bens ou ambos e podem ser classificados também pelo modo de acionamento e, neste caso, os elevadores
podem ser de dois tipos: os de acionamento hidráulico e os de acionamento elétrico. [1]

Figura 2-Elevador de acionamento hidráulico

Figura 3- Elevador de acionamento elétrico


3. Estrutura e Componentes de um Elevador
3.1.1- Casa das Máquinas de Acionamento Elétrico
Onde se encontram localizados os sistemas de controlo, tração e segurança e as suas respetivas
máquinas e componentes. [1]

3.1.2- Sistema de Tração


O sistema de tração pode ser de dois tipos, sendo que a diferença entre eles é a existência de
redutor ou não na máquina. O redutor tem como objetivo diminuir a aceleração de forma suave. [1]

3.1.3- Sistema de Comando


Sistema que processa as informações recolhidas e as armazena tais como a posição do elevador e
as solicitações, e para além disso é deste sistema que são enviadas ordens ao sistema de tração para
acelerar, desacelerar e parar a cabine. [1]

3.1.4.1- Sistema de Segurança


3.1.4.1.1- Limitador de Velocidade
O limitador de velocidade é o dispositivo que monitoriza constantemente a velocidade do
elevador, se a velocidade for maior do que o limite pré-estabelecido, o limitador ativa automaticamente os
travões de segurança. [1]

3.1.4.2- Sistema de Segurança em Elevadores Hidráulicos


O sistema de segurança neste caso resulta na utilização de válvulas manobra de socorro que se
encontram no bloco de válvulas e de uma bomba de acionamento manual. [1]

3.1.5- Cabine
Componente do elevador onde pessoas, bens ou ambos são transportados. Deverá
obrigatoriamente estar presente dentro da cabine informações como a placa de indicação da empresa de
manutenção de instalações de elevação e respetivos contactos, capacidade de lotação, carga máxima e
certificado da última inspeção efetuada. Para além disso é necessário a existência de iluminação e
iluminação de emergência. [1]

3.1.6-Patamar
Local onde ocorre a entrada e saída das pessoas do elevador [1]

3.1.7- Contrapeso
Os contrapesos são constituídos por blocos de cimento normalmente. Faz parte do sistema de
elevação e permite que no caso de acionamento elétrico o motor não tenha que puxar o peso do elevador e
da sua carga na totalidade o que permite diminuir a potência necessária para a deslocação do elevador e
por sua vez a energia consumida. [1]

3.1.8- Caixa
A caixa do elevador é o espaço onde o elevador e o contrapeso se deslocam.
É na caixa que se encontra o para-quedas componente que em caso de emergência para o deslocamento da
cabine. [1]

3.1.9- Guias e Sistemas de Fixações


As guias são os elementos que permitem controlar a trajetória do elevador e do contrapeso no
interior da caixa. As guias são projetadas de forma a suportarem os esforços que a carga transportada na
cabine origina. [1]

3.2.0- Cabos de Suspensão


Podem ter diversos diâmetros e composição dependendo do tipo de instalação e onde são

aplicados. Os cabos são compostos por filamentos metálicos (aço) entrelaçados que formam um cordão.
[1]

3.2.1- Poço
Localizado no fundo da caixa do elevador e é onde se encontram alguns dispositivos de
segurança como por exemplo o sensor fim de curso, os amortecedores e o botão de stop que permite parar
o movimento do elevador quando pressionado. [1]

4. Ensaios antes dos elevadores entrarem em serviço


Antes dos elevadores entrarem em serviço, estes são submetidos a ensaios, como está estipulado
no Decreto-Lei nº 131/87 de 17/03/1987. Terão de ser efetuados ensaios e verificações em dispositivos de
encravamento, de segurança, elementos de suspensão e ligações, sistema de travagem, isolamento e
intensidade de corrente. [7]
No sistema de travagem, será feito um ensaio durante a descida, à velocidade nominal, com
125% da carga nominal, cortando a alimentação do motor e do travão. [7]
Será necessário medir a intensidade da corrente ou potência absorvida pelo motor, bem como a
sua velocidade. Após desligar os componentes eletrónicos, deverá ser realizada a medição da resistência
de isolamento dos diferentes circuitos. [7]
Será também realizado um teste de continuidade de terra em todos os elementos, este teste
servirá para comprovar se existe proteção contra descargas elétricas entre vários pontos na casa das
máquinas com contacto direto, tomando como referência o quadro principal da casa das máquinas. O teste
verifica a existência de continuidade em elementos como o motor elétrico, quadro de comando, limitador
de velocidade, máquina de tração e as proteções luminárias. [7]
Serão verificados os fins de curso de segurança bem como a aderência, através de um ensaio que
consiste em efetuar várias paragens com o travão o mais apertado possível. Este ensaio será realizado
durante a subida com a cabine vazia na parte superior do curso, e durante a descida, na parte inferior do

curso com a cabine carregada com 125% da carga nominal. Terá de ser assegurado que a cabine vazia não
pode subir quando o contrapeso repousar nos amortecedores comprimidos. [7]
O limitador de velocidade terá de ser verificado nos dois sentidos de marcha através do alívio do
cabo do limitador para ser possível rodar manualmente em ambos os sentidos. A velocidade de disparo,
que ocorre quando o martelo encrava na roda do limitador e desliga o contacto por excesso de velocidade,
será medida com recurso a um taquímetro. Neste ensaio a velocidade não deverá exceder os 40% da
velocidade nominal. [7]
O para-quedas terá de ser verificado, e para isto terá de se rodar o volante do motor no sentido de
descida, enquanto se faz atuar os martelos no limitador de velocidade até que o sistema de para-quedas
funcione, querendo isto dizer que as cunhas irão encravar nas guias da cabine e irá ser possível ver os
cabos de suspensão a deslizar na roda de tração. Este ensaio serve para testar o sistema de para-quedas no
caso de rotura dos cabos de suspensão. [7] Existem duas condições em que este ensaio será realizado:
1. A cabine é carregada com a carga nominal repartida uniformemente e a atuação faz-se à
velocidade nominal, a esta condição chama-se para-quedas de ação instantânea.
2. No para-quedas de ação retardada, a cabine será carregada com 125% da carga nominal
também repartida uniformemente e a atuação será feita numa velocidade baixa.
Para a verificação do para-quedas do contrapeso, este deverá ser ensaiado do mesmo modo que o
para-quedas na cabine (sem nenhuma sobrecarga), após ser acionado por um limitador de velocidade.
Caso este não seja acionado por um limitador de velocidade, será ensaiado dinamicamente. [7]
Nos elevadores pertencentes à norma NP EN 81-1:2000 é necessário ensaiar o sistema de para-
subidas caso esteja descrito no processo técnico. Este processo é semelhante ao ensaio no para-quedas,
diferindo que neste caso o movimento é ascendente e vai-se diminuindo a velocidade do elevador até
parar. O dispositivo de controlo do para-subidas deve fazer o corte de alimentação ao elevador. [7]
Depois de cada ensaio tem de se assegurar que não há nenhuma deterioração a comprometer a
normal utilização do elevador. Terão de ser verificados os amortecedores, dispositivos de pedido de
socorro, dispositivo de paragem por encontro de obstáculos e verificação das distâncias regulamentares.
[7]

5. O que diz a lei na manutenção e segurança de elevadores


Com o objetivo de não menosprezar a manutenção periódica, de modo a esta não ser colocada
num segundo plano e posteriormente reduzir a vida útil de um elevador, o Decreto-lei 320/2002 de 28 de
dezembro estabelece que o condomínio é obrigado a celebrar um contrato de manutenção com uma
empresa de manutenção de elevadores. Essas empresas são responsáveis, tanto civil como criminalmente,
por quaisquer acidentes que possam ocorrer devido a uma manutenção inadequada ou à falta de
cumprimento das normas aplicáveis às instalações do elevador. É crucial que essas empresas cumpram
rigorosamente as normas e padrões de segurança para garantir o bom funcionamento e segurança dos
elevadores. Também estabelece o regime de manutenção e inspeção de ascensores, monta-cargas, escadas
mecânicas e tapetes rolantes, após a sua entrada em serviço, bem como as condições de acesso às
atividades de manutenção e de inspeção e sanções a serem aplicadas no caso de contraordenações. Caso
não se verifique que exista um contrato de manutenção em vigor, as coimas poderão chegar a valores
entre 1000 e 5000 euros. [6]
Existem três formas de realizar a manutenção de elevadores: prevenção corretiva, preventiva
e/ou preditiva.

5.1- Manutenção corretiva


A manutenção corretiva caracteriza-se na intervenção após uma falha no equipamento, por isso
é chamado um técnico para resolver o problema em questão, como medida de emergência, para que o
elevador volte ao seu estado normal o mais rápido possível. Este tipo de manutenção requer uma grande
quantidade de stock de peças de reserva, o que se vai refletir num trabalho de gestão e planeamento
acrescidos. Dois exemplos de manutenção corretiva são quando é necessário chamar um técnico devido a
uma avaria nas portas ou quando o elevador fica preso entre dois andares. [4,8]

5.2-Manutenção preventiva
A manutenção preventiva é aquela que está sujeita a uma periodicidade, e esta dependerá do tipo
de elevador e da sua finalidade. Como é feita com regularidade, os custos são fixos e assim diminui a
necessidade de reparações extra. O objetivo será evitar que ocorram eventuais problemas no equipamento
e realizar trocas de peças mesmo antes que elas falhem, conforme for estipulado. Se este tipo de
manutenção for feito de forma regular, dificilmente ocorrerá um problema grave, devido às vistorias e
mudanças de peças antigas para peças novas. Independentemente da sua finalidade, os elevadores vão
passar por uma inspeção periódica, e durante a manutenção, o técnico deverá verificar as peças principais
do equipamento, como o quadro de energia, quadro de comando, cabos de aço, máquina de tração,
limitador de velocidade, polia de desvio, cabine, botões, contrapeso e fundo do poço. [4,5,8]
5.3-Manutenção preditiva
Este tipo de manutenção consiste numa análise de componentes. Desta forma, é possível saber
antecipadamente quando certos elementos deverão ser reparados ou substituídos. No geral este tipo de
manutenção procura por falhas, mau funcionamento, defeitos ou qualquer indicativo de que o elevador
possa vir a ter um problema, o que acaba por diminuir custos de reparações emergenciais e visa
minimizar o tempo e inatividade do equipamento. No caso da manutenção preditiva são utilizados
dispositivos de monitoramento para obter dados sobre o desempenho do equipamento em tempo real.
Com base nos dados obtidos poderão ser identificadas anomalias ou falhas iminentes, e com isto a equipa
de manutenção poderá tomar medidas preventivas. [4,8]
Figura 4- Gráfico custo-tempo dos três tipos de manutenção
A empresa de manutenção de elevadores tem o dever, entre outros previstos na lei, de informar
por escrito o condomínio quanto às reparações necessárias. Existem empresas, como é o caso da AG Elva
que fornece uma formação ao cliente em operações de resgate da instalação. [2,6]
No caso em que seja detetada uma situação de grave risco para o funcionamento da instalação, a
empresa deve proceder à imediata imobilização dos elevadores e dar conhecimento, por escrito, ao
condomínio e à câmara municipal competente, no prazo de 48 horas. [2]
As câmaras municipais têm a competência de realizar inspeções regulares, reinspeções e
inspeções extraordinárias nas instalações quando assim for necessário ou quando receberem solicitações
fundamentadas da parte interessada. Além disso, as câmaras municipais têm o poder de conduzir
investigações sobre acidentes relacionados à utilização ou manutenção das instalações. [2]
Para, no caso de emergência ser possível chamar autoridades competentes, os elevadores terão de
ter um sistema de alarme e intercomunicação para resgate, tal como é referido da norma EN 81-28, que
diz que o sistema tem de garantir operacionalidade de um sistema de alarme em qualquer situação.
Em certos edifícios, poderá ser preciso um elevador para o uso de bombeiros. A norma EN 81-72
não define exatamente em que condições é que estes elevadores deverão ser utilizados, apenas define, no
caso de serem utilizados, a que é que têm de obedecer. As condições de utilização destes elevadores, em
Portugal é a legislação nacional, o DL 220/2008, Portaria 1532/2008 e Portaria 135/2020. Em Portugal os
edifícios que têm de ter forçosamente elevadores para combate a incêndios (elevadores para bombeiros)
são os edifícios que têm mais de dois níveis abaixo do piso de referência ou que têm mais de 21 metros
desde o nível de referência até ao seu topo, em altura. Define também que os elevadores terão de ter no
mínimo 1100x1400m (que corresponde a um elevador que suporta 630kg, 8 pessoas) ou elevadores de
1000kg. Exige também que todos os acessos toda a caixa do elevador seja protegida por câmaras corta-
fogo e que os mesmos tenham sensores de temperatura. Poderá também haver necessidade de haver uma
escada fixa dentro da caixa do elevador para fazer auto resgate do bombeiro em caso de necessidade.
Também será necessário que a caixa seja isolada, que haja uma alimentação elétrica de emergência e
também um sistema de drenagem no poço.

5.4-Periodicidade da inspeção
A inspeção, ao contrário da manutenção que é feita por técnicos de uma empresa de manutenção,
é feita pela câmara municipal competente. A periodicidade das inspeções é de dois anos se os elevadores
se situarem em edifícios comerciais ou de prestação de serviços, abertos ao público; quatro anos se os
elevadores forem situados em edifícios mistos, de habitação e comerciais ou de prestação de serviços, e
em edifícios habitacionais com mais de 32 fogos ou mais de 8 pisos; seis anos se os elevadores forem
colocados em edifícios habitacionais não incluídos no ponto anterior e quando estão situados em
estabelecimentos industriais, em estabelecimentos industriais e nos casos não previstos anteriormente. As
escadas mecânicas e tapetes rolantes devem ser inspecionadas a cada dois anos, e os monta-cargas a cada
seis anos. [2,3] Estas condições estão também estabelecidas no Decreto-lei nº320/2002, e constam no
Art.º 8º.
Tanto a empresa de manutenção como o condomínio, direta ou indiretamente através dela, são
obrigados a relatar à câmara municipal competente qualquer acidente ocorrido nas instalações, no prazo
máximo de três dias após o acidente. No entanto, se ocorrer mortes, a comunicação deverá ser feita
imediatamente. [2]
No caso de vítimas mortais, ferimentos graves ou danos materiais significativos, a instalação
deve ser imediatamente desativada e selada até que seja realizada uma inspeção completa das instalações,
com o objetivo de elaborar um relatório técnico acerca do acidente em questão. Esse relatório é utilizado
para determinar as causas e as condições que levaram ao acidente. Essas ações podem ser realizadas por
entidades inspetoras reconhecidas pela Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG). [2]
As câmaras municipais são responsáveis por selar as instalações quando estas não oferecem as
condições de segurança adequadas. A comunicação sobre a selagem deve ser feita ao condomínio e à
empresa de manutenção. Antes de colocar as instalações novamente em serviço, uma inspeção prévia é
obrigatória para verificar as condições de segurança. Durante a inspeção, inquérito ou peritagem, a
presença de um técnico da empresa de manutenção de elevadores é obrigatória para fornecer os meios
necessários para testes ou ensaios.[2]
A violação destas normas constitui contraordenação punível com coima, a qual, dependendo do
caso, pode variar entre 250 e 37 500 euros. A fiscalização do cumprimento das disposições relativas às
instalações de elevadores é de responsabilidade das câmaras municipais. Já a competência para instaurar
os processos de contraordenação e aplicar coimas e sanções acessórias é atribuída ao presidente da
câmara municipal ou ao diretor geral da Energia e Geologia. [2]
Todas as inspeções terão de ser reconhecidas pela DGEG para realizar ações de inspeção,
inquéritos, peritagens, relatórios e pareceres.

6. Como é feita a manutenção de elevadores


Este capítulo foi escrito com base numa conversa que o grupo teve com um técnico especializado
na área.
Dos três tipos de manutenção, a manutenção preventiva é aquela que é periódica, sendo assim
aquela que faz uma manutenção mais geral ao dispositivo, visto que nas manutenções corretivas, os
técnicos serão chamados para corrigir uma falha específica.
Para começar, na casa das máquinas, o disjuntor da máquina terá de ser desligado e no quadro de
comando terá de ser selecionada a opção “Inspeção”, ou equivalente. Após este primeiro passo, poderá
ser iniciada a manutenção.
Deverão ser observados os principais componentes da máquina. A olho nu poderá ser visto (ou
não, caso não exista) desgaste do cabo de aço, do travão e do batente do travão. Caso seja verificado um
desgaste muito grande nas pastilhas do travão, deverá ser averiguado quanto tempo mais aguentará ou se
será necessária substituição imediata. No caso do batente do travão, se se apresentar muito desgastado
deverá ser substituído de modo a não provocar ruídos excessivos no edifício. Todas as ligações elétricas
da máquina deverão ser verificadas, e é preciso que todos os contrapinos estejam nos locais habituais.
Nota: nunca verificar o nível do óleo pela abertura da engrenagem, existe um visor na parte inferior da
máquina se indica se há óleo a menos, ou a mais, ou suficiente. No regulador de velocidade, é
fundamental fazer o engraxamento do ponto de lubrificação. Neste mesmo equipamento, caso esteja a
fazer um ruído característico com a máquina em funcionamento, significa que está gasto e terá de ser feita
uma intervenção.
No quadro de comando também será preciso observar se todos os fios e fusíveis estão em
condições.
Já dentro da cabine do elevador, as portas deverão ser verificadas. No caso de alguns elevadores
antigos, estes poderão possuir portas eletromecânicas e estas terão de ter um tipo de manutenção
diferente. Neste caso as portas irão ter um gancho (ou trinco externo) e um fecho eletromecânico. Terá de
ser verificado se o gancho possui todos os parafusos, caso os tenha e estiverem muito enferrujados terão
de ser substituídos. O fecho eletromecânico terá de ser aberto para verificar o seu interior, terá de ser visto
se a mola está em condições e verificar se o contacto de trinco não está direto. Também será verificado e
regulado, se preciso, o amortecedor de porta do elevador. Dentro do elevador deverão ser verificados os
botões, luzes e botão de emergência.
No poço do elevador, primeiro que tudo deverá ser acionado o botão de “Stop”, que é o botão de
segurança para manutenções. Verificar a distância entre a base do contrapeso e a mola, que deverá estar
entre os 20 e 40 centímetros, e verificar se existe alguma folga no contrapeso. Prestar atenção ao tensor,
verificando se existe alguma folga na polia e ver se é preciso lubrificação da polia para o seu
deslizamento no eixo ocorrer sem problemas.
Há a possibilidade de o poço estar sujo de óleo que vem das guias, para resolver este problema será
necessário colocar aparadores de óleo debaixo das guias.

7. Análise de dados de um caso real de um elevador


Relativamente a um caso real, o grupo conseguiu ir presencialmente a uma casa de máquinas de
um elevador de um prédio residencial observar o seu funcionamento e conseguiu ainda ter acesso aos
registos de manutenção desse mesmo elevador, onde podemos observar cinco anos de registos de
manutenções preventivas, corretivas e inspeções de onde foram retiradas algumas informações
importantes.
Tipo
Data Código Manutenção Avaria Preço Tipo Relatório
2/2/2015 Preventiva Não
3/4/2015 Preventiva Não
5/5/2015 SE99015 361.64
Indicação de alarme no piso de maior
5/28/2015 Inspeção Sim movimento inoperacional
6/4/2015 Preventiva Não
7/13/2015 Preventiva Não
7/20/2015 SE99015 361.63
8/3/2015 Preventiva Não
9/7/2015 Preventiva Não
10/5/2015 Preventiva Não
10/23/201
5 SE99015 361.62
11/5/2015 Preventiva Não
1/31/2016 SE99015 361.62
3/23/2016 Preventiva Não
4/14/2016 SE99015 361.62
5/13/2016 Preventiva Não
6/8/2016 Preventiva Não
7/13/2016 SE99015 361.62
7/26/2016 Preventiva Não
8/22/2016 Preventiva Não
9/28/2016 Preventiva Não
10/19/201
6 Preventiva Não
11/23/201
6 Preventiva Não
12/6/2016 Preventiva Não
Elevador direito desligado, placa de
1/16/2017 Corretiva Sim 554.48 comando necessita de reparação
1/21/2017 SE99015 361.62
Substituído o comando do elevador direito
1/24/2017 Preventiva Não do segundo andar
2/9/2017 Preventiva Não
3/23/2017 Preventiva Não
4/5/2017 Preventiva Não
4/24/2017 SE99015 Não 361.62
5/17/2017 Preventiva Não
6/6/2017 Preventiva Não
A máquina de tração apresenta fugas de
6/8/2017 Inspeção Sim óleo
7/6/2017 Preventiva Não
8/2/2017 Preventiva Não
9/7/2017 Preventiva Não
10/26/201
7 SE99015 368.85
11/3/2017 Preventiva Não
1/31/2018 SE99015 368.85
3/1/2018 Preventiva Não
4/5/2018 Preventiva Não
4/27/2018 SE99015 368.85
5/2/2018 Preventiva Não
6/20/2018 Preventiva Não
7/4/2018 Preventiva Não
7/24/2018 SE99015 379.92
8/13/2018 Preventiva Não
9/19/2018 Preventiva Não
10/22/201
8 Preventiva Não
10/25/201
8 SE99015 379.92
11/12/201
8 Preventiva Não
11/22/201 Substituição do sensor de fim de curso
8 Corretiva Sim superior
11/26/201
8 Corretiva Sim Braço elástico, mola solta
12/17/201
8 Preventiva Não
1/27/2019 SE99015 379.92
8/14/2019 Inspeção Não
1/22/2020 SE99015 391.31
4/20/2020 SE99015 391.31
7/17/2020 SE99015 403.06
10/19/202
0 SE99015 403.06
INSPEÇÃO
FATURA
VISITA MENSAL
Dados do elevador
Nº Pessoas 8
Carga Nominal (kg) 320
Nº de paragens 8
Nº de cabos 3
Diâmetro (mm) 11
Curso (m) 22
Velocidade Nominal (m/s) 2
Velocidade de Nivelação (m/s) 0.25
Regulamentação aplicável Portaria 376/91 (EN81-1)
Tabela 1- Dados obtidos de manutenções e inspeções de um elevador
Neste edifício existem dois elevadores que funcionam em paralelo e estes têm a sua manutenção
feita uma vez por mês. Nos passados cinco anos houve apenas três ocasiões em que um dos elevadores
esteve parado devido a uma avaria, sendo que o segundo continuou a trabalhar. Esta amostra realça a
importância de ter um sistema em paralelo em caso de avaria. Destas três avarias, as três aconteceram no
mesmo elevador sendo elas a avaria da placa de comando que posteriormente foi reparada, a substituição
de um sensor de fim de curso e por fim a substituição do braço elástico devido a uma mola solta. Neste
período o elevador foi ainda sujeito a três inspeções, que são efetuadas de dois em dois anos pela câmara
municipal, onde foram detetadas algumas falhas que deveriam ter sido notadas pelos técnicos
responsáveis pela manutenção, como foi o caso da inspeção realizada no dia 08/07/2017. Nesta inspeção
foram notadas algumas fugas de óleo na máquina de tração, porém o técnico que esteve no local a fazer a
manutenção dois dias antes não registou nada sobre esta mesma fuga, ou possibilidade dela no seu
relatório, o que faz questionar acerca da qualidade das manutenções neste edifício. Outro exemplo
semelhante a este foi na manutenção realizada no dia 12/11/2018, onde no relatório não foi indicado
qualquer problema, mas apenas dez dias depois o técnico teve de voltar para substituir um sensor de fim
de curso. Apenas quatro dias após a substituição do sensor fim de curso, o técnico voltou para substituir o
braço elástico, o que devia ter aparecido no relatório da manutenção preventiva. Outra nota importante é
na falha que ocorreu no dia 16/01/2017 onde foi notado que a placa de comando necessitava de ser
reparada. A empresa demorou cerca de duas semanas para reparar a mesma o que fez com que um dos
elevadores estivesse fora de serviço duas semanas.

8. Exemplos de negligência
8.1- Chicago
A 20 de novembro de 2018, no quarto maior edifício de Chicago, que possui 100 andares, um
elevador com 6 pessoas lá dentro caiu do 95º andar até ao 11º.

Quando entraram no elevador, os passageiros afirmaram que o elevador estava a fazer


movimentos estranhos, assim que o mesmo começou a descer ouviu-se um “clack, clack, clack”. De
seguida o cabo que suporta o elevador rompeu, o que levou o mesmo a cair até ao 11º andar.

Caso não fosse acionado o sistema de emergência, os passageiros não teriam saído da situação
vivos, porém esta situação toda poderia ter sido evitada caso fosse detetado o desgaste no cabo do
elevador nas prévias manutenções preventivas. [9]
8.2- Denver
A 5 de julho de 2017 em Denver, um homem de 82 anos que sofria de demência foi encontrado
morto num elevador que se encontrava fora de serviço no prédio onde residia. O seu corpo foi encontrado
por uma visita dos técnicos de manutenção, devido a queixas de mau cheiro vindo do elevador.
O residente tocou no botão de emergência 2 vezes num espaço de 7 minutos, porém não obteve
nenhum tipo de resposta. Supostamente, ao tocar o botão de emergência deveria ser desencadeado um
alerta para o grupo de monitorização do elevador ou para os bombeiros, mas o departamento de
bombeiros afirmou que não recebeu nenhum tipo de chamada de emergência nesse período.
Devido à falha do botão de emergência do painel do elevador, houve uma fatalidade. Este
acidente poderia ter sido evitado durante a prévia manutenção preventiva. [10]
8.3 Hospital de Santa Maria da Feira
A 4 de abril de 2022 no hospital de Santa Maria da Feira, um utente de 18 anos ficou entalado na
plataforma de um elevador, resultando em ferimentos ligeiros. Ao que tudo indica, o elevador foi
acionado ainda com a porta aberta devido a uma falha mecânica. O que levou o utente a ficar pendurado
só com a cabeça e um braço à vista.
O sistema de emergência do elevador foi ativado, o que impediu a continuação da elevação do
mesmo e consequentemente garantiu a segurança do passageiro.
Segundo a unidade hospitalar, o elevador tinha sido sujeito a manutenção preventiva recentemente, e
tinha as inspeções em dia. Devido a este facto, o hospital abriu um processo de averiguação para
investigar a causa deste acidente. [11]

9. Conclusão
A manutenção de elevadores é fundamental de forma a garantir o bom funcionamento destes
equipamentos e a segurança e comodidade do utilizador. A manutenção preventiva dos elevadores auxilia
a reduzir custos a longo prazo evitando avarias ditas graves que vão ser consequentemente muito caras
sendo por essa razão importante definir uma estratégia de manutenção de forma organizada e
estruturalmente bem definida permitindo assim aumentar a vida útil dos aparelhos.
É importante que os proprietários de edifícios com elevador e os responsáveis pela manutenção
dos mesmos tenham consciência da importância que esta temática detém e que por esse motivo cumpram
com o necessário para garantir que os seus equipamentos sejam mantidos em bom estado de forma a
diminuir ao máximo a probabilidade de acidentes ou custos escusados.

10. Referências
[1] Duarte, L. (2014). Análise de risco e inspeções de segurança em elevadores, escadas mecânicas e
tapetes rolantes. Tese de Mestrado em Engenharia Mecânica. Instituto Superior de Engenharia de
Lisboa, Lisboa
[2] Condomínio Deco. (2023). Manutenção de elevadores: o que diz a lei. Acedido em: 13, abril,
2023, em URL: https://www.condominiodeco.pt/informe-se/artigos/outras/manutencao-elevadores
[3] Bureau Veritas. (2023). Inspeção de Elevadores. Acedido em: 13, abril, 2023, em URL:
https://www.bureauveritas.pt/servicos/inspecoes-e-ensaios-de-instalacoes-e-equipamentos/
elevadores-ascensores-escadas-e-tapetes
[4] DAIKEN Elevadores. (Não especificado). Entenda como funciona manutenção de elevadores.
Acedido em: 14, abril, 2023, em URL: https://www.daikenelevadores.com.br/entenda-como-
funciona-manutencao-de-elevadores-residenciais/
[5] Ascensores do Oeste LDA. (não especificado). A manutenção dos elevadores na prevenção de
avarias e segurança. Acedido em: 14, abril, 2023, em URL:
https://www.ascensoresdooeste.pt/a/noticias/a-manutencao-dos-elevadores-na-prevencao-de-
avarias-e-seguranca
[6] AGEleva. (não especificado). A renovação automática dos contratos. Acedido em: 14, abril, 2023,
em URL: https://www.ageleva.com/contratos/a-renovacao-automatica-dos-contratos-de-
manutencao/
[7] Decreto-Lei nº131/87 de 17 de março de 1987. Diário da República n.º 63/1987 - Série I.
Ministério da Indústria e Comércio. Lisboa
[8] Insfraspeak Team. (2022). Tipos de manutenção: conheça os 6 Principais. Acedido em: 14, abril,
2023, em URL: https://blog.infraspeak.com/pt-pt/tipos-de-manutencao/
[9] Diário de Noticias. (2018). “Achei que íamos morer.” Elevador cai 84 com seis pessoas dentro.
Acedido em: 16, abril, 2023, em URL: https://www.dn.pt/mundo/achei-que-iamos-morrer-
elevador-cai-84-andares-com-seis-pessoas-dentro-10205625.html
[10] Diário de Noticias. (2017). “Homem encontrado morto em elevador um mês depois de ter
desaparecido. Acedido em: 16, abril, 2023, em URL: https://www.dn.pt/mundo/homem-
encontrado-morto-um-mes-depois-de-ficar-preso-em-elevador-8705585.html
[11] Duarte. J. P. (2022). Jovem ficara ferido em incidente num elevador do Hospital da Feira. Acedido
em: 16, abril, 2023, em URL: https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/jovem-fica-ferido-em-
incidente-num-elevador-do-hospital-da-feira

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