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CV 741 - Sistemas de Esgotamento Hídrico: Sanitário e Pluvial

Aula 1 - Introdução
● Estudo principal: Manejo de Água Pluvial e Coleta e Tratamento de Esgoto
● Objetivo:
○ melhorar condições de saúde para as pessoas
○ evitar a contaminação e proliferação de doenças
○ preservação do meio ambiente
● Importância sanitária da rede coletora de esgoto e de drenagem:
○ controle e prevenção de doenças de veiculação hídrica (DVH)
○ evitar poluição do solo e dos mananciais
○ evitar contato de vetores com fezes
○ hábitos higiênicos a população
○ conforto e senso estético
● Importância socioeconômica da rede coletora de esgoto e de drenagem:
○ diminui tratamento de DVH
○ reduz custos com tratamento de água
○ diminui poluição de locais recreativos
○ preserva fauna aquática
○ geração de empregos

Histórico
● Hábitos sedentários = coletividade = resíduos
○ recipientes: armazenavam fezes e urinas
○ transporte por homens e animais
● Aglomerações urbanas:
○ soluções mais rápidas e eficientes
● Primeiro sistema de esgoto planejado e implantado no mundo: Cloaca Máxima de
Roma
○ controle de Malária
○ Norte do império (atual cidade de Colônia, Alemanha)
○ estava a 9 metros de profundidade
● Aumento da população = impraticável a disposição de excretas → surge a privada
● Europa medieval: acúmulo disposto na rua até a próxima chuva encaminhar ao rio
● Privada com descarga hídrica inventada por Sir John Harington em 1596
● Até 1815, Londres tinha somente sistema de coleta de águas pluviais
○ 1847: tornou-se obrigatório o lançamento do esgoto nas galerias de águas
pluviais
○ 1848: epidemia de cólera → favorecida pelo sistema único
○ 1855: desenvolvimento adequado do sistema de coleta de esgoto
● 1842: incêndio em Hamburgo, Alemanha
○ avanço nos projetos e construção de sistemas de esgotamento sanitários
○ surge o sistema unitário

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SISTEMA UNITÁRIO:
● Águas pluviais, esgoto doméstico e eventualmente efluente industrial
● Instalação do sistema em Boston (1833), RJ (1857) e Paris (1880)
● Regiões frias e subtropicais
● Poucas chuvas
● Ruas pavimentadas (baixa impermeabilização)
● Bom nível econômico
● RJ = muito quente, com chuvas fortes e poucos recursos financeiros

SEPARADOR PARCIAL
● Surge no Rio de Janeiro: chuva interna das casas e esgotos
● Menor vazão das chuvas = menor obra (menores diâmetros) = menor recurso para
implantação

SEPARADOR ABSOLUTO
● Surge em Memphis (1879): drenagem da chuva e esgoto
● Separação total de águas pluviais para esgoto doméstico e efluentes industriais
● Galerias de águas pluviais (menor diâmetro; deslocamento por pressão) x coletores
de esgoto sanitário (maior diâmetro; deslocamento por gravidade)
● George Waring percebeu que as condições climáticas aumentavam o custo de
instalação do sistema de esgotamento sanitário
● Diminuir a vazão para diminuir custo
● Vantagens:
○ diminui custo de implantação do sistema (menores diâmetros de condutos)
○ diminui o custo com tratamento de esgoto
○ a tubulação de drenagem é construída em somente 50% das vias
○ facilita obras e diminui o tempo de implantação
● Ligações clandestinas: mistura drenagem de chuva e esgoto
○ aumenta a vazão (tubulação não é preparada)
○ esgoto direto no rio
○ transbordamento em poços de visita
○ retorno do esgoto em ligações prediais
○ altera a eficiência da ETE
○ aumenta custos operacionais do sistema de esgotamento sanitário

Sistema Condominial
● Concebida no Rio Grande do Norte
● Formação de condomínios
● Parece com ramais de apartamentos
● Tubulação nos passeios, jardins e fundos do lote
● No quintal dos lotes (transversal) e há poços de visita
● Obras pelos usuários com auxílio do governo
● Manutenção e operação feitas pelos condôminos
● Mesmos órgãos acessórios que o convencional, mas em alguns casos PV é
substituído por caixa de inspeção
● Vantagens:
○ menor extensão das ligações prediais e coletores públicos
○ baixo custo de construção de coletores (economia de 57,5%)

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○ custo menor de operação
○ maior participação dos usuários
● Desvantagens:
○ ligações clandestinas: uso indevido (lançamento de águas pluviais e
resíduos sólidos)
○ menor atenção na operação e manutenção
○ dificuldade de inspeção pelas empresas que operam o sistema
○ sucesso depende dos usuários → comunicação, explicação, persuasão e
treinamento

Aula 2 - Características do esgoto


● Local e Sociedade:
○ clima, comportamento e modo de vida, disponibilidade de água, contexto
jurídico, grau de urbanização, cultura e religião, horário do dia
● Consumo de água:
○ tecnologia de equipamentos, custo da água, pressão na rede, medição de
consumo
● Infiltrações:
○ tipo de solo, extensão da rede coletora, densidade populacional,
profundidade do lençol freático, conservação da rede
● Comércio e Indústria
○ grau de industrialização, tipo e porte, se há programa de reuso e
pré-tratamento

Composição do esgoto sanitário

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Qualidade da água/esgoto
● 3 categorias de características: físicas, químicas e biológicas
● Forte, médio ou fraco (depende da concentração)
● Físicas:
○ temperatura (atividade microbiana, solubilidade dos gases, reações
químicas)
○ cor (matéria orgânica dissolvida) → aspecto
○ sabor e odor → aspecto (reclamação de consumidores)
○ turbidez (sólidos em suspensão) → passagem da luz
● Químicas:
○ pH → concentração de íons hidrogênio
○ alcalinidade → capacidade tampão
○ óleos e graxas → quantidade de gordura
○ dureza → quantidade de íons Ca2+ e Mg2+ (sabão, sabor e incrustação)
○ ferro e Manganês → precipitado = coloração
○ nitrogênio e Fósforo → eutrofização
○ oxigênio Dissolvido → necessário aos seres aeróbios e a vida aquática
○ matéria orgânica → poluição das águas (consumo de O2)
■ medição por: COT (carbono orgânico total), DQO (demanda química
de oxigênio) e DBO (demanda bioquímica de oxigênio)
■ DQO > DBO → mais substâncias orgânicas podem ser oxidadas
quimicamente do que biologicamente
■ algumas substâncias orgânicas podem ser tóxicas para
microrganismos utilizados no teste de DBO
■ solúvel: não pode ser eliminado por meio físico
■ suspenso: podem ser eliminados por meios físicos (filtração e
sedimentação)
■ biodegradável: eliminado por meios biológicos
■ inerte ou não biodegradável (contaminantes emergentes): não
eliminado, maior impacto nas emissões das ETEs
● Biológicas:
○ principais organismos: bactérias, fungos, vírus, protozoários e helmintos
○ importância: transformam a matéria nos ciclos biogeoquímicos (ETE),
transmissão de doenças
○ potencialidade de transmissão de doenças por organismos de contaminação
fecal (coliformes termotolerantes) → 2 mil mortes diárias de crianças por
diarreia
○ caracterização é necessária para saber o tipo de tratamento que deverá ser
adotado para água de abastecimento e águas residuárias
○ doenças de veiculação hídrica:
■ transmissão direta: amebíase, giardíase, hepatite infecciosa e
cólera
■ transmissão indireta: esquistossomose, ascaridíase e teníase
■ com vetores relacionados a água: dengue, febre amarela e malária
Gordura
● Matéria, graxa e óleo
● Sempre presente no esgoto doméstico (50 a 150 mg/L)
● Problemas em canalizações e em ETE:

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○ aderem às paredes → podem provocar o entupimento
○ produzem odores desagradáveis
○ diminuem as seções úteis
○ trazem problemas de manutenção
○ formam escuma (subproduto sólido do tratamento, composta de materiais
flutuantes)
○ interferem e inibem a vida biológica
○ não são facilmente decompostas por bactérias
Sólidos
● Partículas em suspensão ou dissolvidas
● Sedimentáveis ou não
● Orgânicas ou inorgânicas (minerais)
● Tipos:

● Problemas:
○ variações de vazões → pode ocorrer depósito ao longo da tubulação
■ diminuem as seções úteis
■ podem ocasionar entupimento
■ trazem problemas de manutenção
○ parâmetros de projeto importantes:
■ declividade mínima
■ velocidade crítica
■ tensão trativa

Proteínas x Nitrogênio
● Proteínas geram principalmente o nitrogênio
● Esgoto fresco: forma de proteína e uréia
● Na tubulação: nitrogênio da uréia → amônia (contaminação mais nova) → influência
do pH
● Depois, sob condições aeróbicas, em nitritos e nitratos (contaminação mais velha)
● A forma e a concentração do nitrogênio indica a idade do esgoto e/ou sua
estabilidade em relação à demanda de oxigênio

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Comportamento ao longo da rede
● Gorduras podem aderir a paredes
● Sólidos suspensos precipitam
● Nitrogênio converte ureia em amônia
● Matéria orgânica mais complexa simplifica
● Microrganismos filamentosos (camada de lodo)
● Cor: nova → cinza; velha → preta
● Odor: sulfeto de nitrogênio (em condições anaeróbias o sulfato é transformado em
sulfeto)

Contaminantes emergentes
● Fármacos
● Drogas
● Nanomateriais
● Produtos de higiene pessoal, repelentes e protetores
● Produtos de cloração e ozonização de águas
● Microrganismos
● Hormônios naturais e sintéticos

Aula 3 - Esgoto Sanitário e Sistemas de Transporte


Esgoto Sanitário, soma de:
● Esgoto Doméstico: despejo líquido resultante do uso da água para higiene e
necessidades fisiológicas humanas
● Esgoto Industrial: despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitados
os padrões de lançamento estabelecidos
● Água de Infiltração: água proveniente do subsolo, indesejável ao sistema e penetra
nas canalizações (adentram pelas juntas, tubulações e órgãos acessórios)
● Contribuição pluvial parasitária: parcela de deflúvio superficial inevitavelmente
absorvida pela rede coletora de esgoto sanitário (não é considerada no
dimensionamento)

Vazões
● Vazão (Q) de esgoto doméstico:
○ número de habitantes da área de projeto
○ contribuição per capita de água (150 a 200 L/hab.d)
○ coeficiente de retorno (0,8)
○ coeficientes de variação de Q:
■ K1: coeficiente do dia de maior consumo (1,2)
■ K2: coeficiente da hora de maior consumo (1,5)
■ K3: coeficiente da hora de menor consumo (0,5)

Habitantes da área de projeto


● Para a projeção populacional, considerar: qualidade, área e tempo
● Evolução do crescimento populacional → estudo do uso e ocupação do solo
● Há alguns modelos para se projetar a população atendida
● População flutuante
● Distribuição demográfica

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● Deve ser considerada a densidade demográfica
● Projetar para população de saturação
● Lei de zoneamento: define a densidade de saturação das áreas

Contribuição per capita


● Baseado no consumo de água
● Depende da população e da região

Infiltrações
● Quando o sistema de coleta está abaixo do nível do lençol freático
● Pelas juntas e paredes das tubulações ou por órgãos acessórios
● TI: taxa de contribuição de infiltração → 0,05 a 1,0 L/s.km ou 4 a 86 m³/d.km

Vazão Industrial
● Verificar possível lançamento in natura ou se necessário pré-tratamento
○ necessário se nocivo à saúde e segurança dos trabalhadores da rede, se
interferem no sistema de tratamento, se obstruem ou ataquem tubulações e
equipamentos, está com temperaturas > 45ºC
● Deve ser feito estudo sobre a vazão de cada indústria

Vazão do Esgoto Sanitário


● Vazão do esgoto doméstico
● Vazão de infiltração
● Vazão concentrada: indústrias que utilizam água no seu processo, comércios, etc.
○ Q concentrado < 1,5 Q méd,doméstico

Transporte de Esgoto
● Convencional no Brasil: Gravidade
● Outros tipos:
○ rede com transporte de esgoto decantado
○ rede pressurizada
○ rede a vácuo

Rede com transporte de esgoto decantado


● Utilização de tanques sépticos domiciliares especiais, com dispositivo para secagem
do lodo
● Substituição de poços de visitas por tubos de inspeção e limpeza
● Tubos plásticos com diâmetro mínimo de 40mm

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● Velocidade mínima = 0,05m/s
● Tubulação pode funcionar a seção plena
● Tratamento utilizando um filtro anaeróbio
● Custo do sistema: 20% do sistema convencional
● Vantagens: não há entrada de material grosseiro e remove uma parcela de DBO
● Desvantagens: responsabilidade do morador e necessário dispor o lodo

Rede pressurizada
● Topografia desfavorável: lençol freático alto e solo estruturalmente instável ou
rochoso
● Onde são necessárias muitas elevações elevatórias ou linhas de recalque
● Vantagens: menor diâmetro da tubulação, menor profundidade da rede, fluxo pode
contornar obstáculos, menor infiltração, menor manutenção (menos sedimentações)
● Desvantagens: maior custos com energia e maior qualidade técnica para
manutenção

Rede a vácuo
● Topografia desfavorável: lençol freático alto e solo estruturalmente instável ou
rochoso
● Onde são necessárias muitas elevações elevatórias ou linhas de recalque
● 40% menor o valor de instalação
● Diâmetro da tubulação: de 75 a 300 mm
● Vantagens: evita infiltração e vazamentos, operador do sistema não se expõe ao
esgoto e aos gases, menor diâmetro, vala mais rasa e estreita (fácil instalação)
● Desvantagem: custos

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Aula 4 - Rede de Transporte de águas residuais por gravidade
Concepção do SES
● Definir corpo receptor
● Definir local da ETE
● Sugerir sentido do escoamento
○ tudo por critérios técnicos, econômicos e ambientais (NBR 9648/1986)

Partes Constituintes do Sistema

● Rede coletora e interceptores: operados em condutos livres


● Sifões, linhas de recalque e emissário submarino: operados em condutos
forçados

Traçado da rede
● Depende da localização da ETE, que, por sua vez, depende de:
○ capacidade do corpo receptor para receber o efluente tratado
○ custo de desapropriação para instalação da ETE
○ local para destinação dos subprodutos

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EEE
● Aquisição e desapropriação de áreas
● Consumo de energia elétrica para conjuntos motor e bomba
● Mão de obra especializada para manutenção e operação

Tipos de traçado de rede


● A partir do relevo e da posição do corpo receptor
● Perpendicular: em cidades atravessadas ou circundadas por cursos d’água
● Leque: em terrenos acidentados
● Radial ou distrital: em cidades planas (praia)

Trecho
● Segmento de coletor, coletor tronco, interceptor ou emissário, compreendido entre
órgãos acessórios sucedidos
○ OBS: coletor secundário não se liga a interceptor
● Mudança de direção e variações de seção, de declividade e de vazão quando
significativa
● Órgãos acessórios: dispositivos fixos desprovidos de equipamentos mecânicos →
evitam entupimento
○ PV: poços de visita; maior custo e mais utilizado antigamente
○ TIL: tubo de inspeção e limpeza; não visitável
○ TL: terminal de limpeza; no início dos coletores
○ CP: caixa de passagem; em curvas e nas mudanças de declividade

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○ Sifão invertido: ultrapassar obstáculos
● Traçado: as canaletas no fundo dos órgãos acessórios orientam o fluxo do esgoto →
concentra-se mais ou menos vazões

Posicionamento da rede - escolha


● Conhecimento das interferências, profundidade dos coletores, tráfego, largura da rua
e soleiras dos prédios

Tipos de rede
● Rede Simples
○ eixo carroçável
○ no leito do eixo carroçável
○ se houver soleiras negativas, o coletor deverá ser lançado no terço
correspondente
● Rede Dupla
○ tráfego muito intenso
○ largura entre alinhamentos dos lotes > 14m
○ há interferentes para assentamento no leito carroçável
○ coletores tem grandes diâmetros (>400 mm) e/ou em grandes profundidades
(>4 m)

Profundidades
● Determinam maior ou menor dificuldade de escavação
● São estabelecidas as profundidades máximas que serão adotadas no projeto
● Necessário conhecer o subsolo → fazer sondagens
○ presença de rochas
○ solos de baixa resistência
○ lençol freático
● Profundidades máximas dos coletores:
○ passeio: 2 a 2,5 m
○ eixo ou terço: 3 a 4 m

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