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Gustavo Luiz Machado de Souza

Italo Henrique
Karen Souza da Cunha
Leticia de Cássia Gonçalves de Araújo

GASES – FAMÍLIAS 14 E 15.

Professor: Fabiano Palgrossi


Disciplina: Química Inorgânica

Mogi das Cruzes


2019
OBJETIVO: estudar as propriedades físico-químicas de dois elementos da família
14 e 15, sendo respectivamente carbono e nitrogênio.

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1. INTRODUÇÃO

Quando Dmitri Mendeleev publicou sua primeira versão da tabela periódica


dos elementos em 1869, trabalho pelo qual foi indicado ao prêmio Nobel, as
particularidades da lei periódica, o princípio de repetição de certas características
físico-químicas acompanhando o aumento do número atômico dos elementos, já
eram bastante conhecidas e foram exploradas por outros pesquisadores, tais como
G. Hess e Chancourtoir, em suas tentativas de organizar os elementos naturais em
grupos e sequências lógicas, usando-se de diversos artifícios para tal, como relatou
Kaji (2004) em seu artigo para a revista The periodic table: Into the 21st Century.
Dentre os grupos periódicos ou famílias formadas, alguns destacam-se por
sua presença ubíqua em diversos ramos da ciência e da vida cotidiana, alguns
sendo essenciais para a configuração da vida em si. Kaji destacou os ametais das
famílias 14, 15 e 16 como particularmente notáveis nesse quesito. Neste
experimento, buscamos demonstrar certas características físicas e químicas de dois
elementos presentes nas famílias 14 e 15 respectivamente: o carbono em sua forma
gasosa de dióxido de carbono e o nitrogênio na forma de seus óxidos mais
prevalentes e de amônia.
Apesar da extensa distribuição do nitrogênio na atmosfera e em todos os
organismos vivos na forma de aminoácidos e bases nitrogenadas, além de ser um
dos átomos componentes das moléculas energéticas trifosfatadas (MARCH, 1985),
seus óxidos inorgânicos provenientes de certas reações de substituição podem
competir mecanicamente com a inalação de oxigênio atmosférico, causando
sufocamentos ou perdas de consciência. Nota-se em especial o acidente ocorrido na
refinaria de Valero, em Delaware, Estados Unidos, no ano de 2005, que causou a
morte por asfixia de dois funcionários durante o reparo de um tubo de transporte de
óxidos de nitrogênio. Com isso em vista, tomaram-se medidas preventivas para com
a manipulação dos gases e espaço de execução das reações.
Quanto ao carbono, elemento estrutural de todas as formas de vida
conhecidas e base da química orgânica, considerou-se a possibilidade de alta
exposição repentina ao dióxido de carbono que, embora não tão inclitamente tóxico
como o monóxido de carbono, foi descrito por Schottke (2016), em seu manual de
primeiros socorros, como possível causador de desequilíbrios, desconforto ou pré-

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síncope se inalado em grandes quantidades e em um curto período de tempo.
Considerou-se também a contingente produção colateral de monóxido de carbono.
Dessa forma, tomaram-se medidas preventivas também para com o manuseio de
óxidos deste elemento, especialmente quanto ao espaço de execução, evitando-se
lugares com pouca ventilação.
As reações para produção e coleta dos gases a serem estudados no
experimento, brevemente citadas anteriormente, possuíam alguns pontos comuns:
marcadamente seu caráter oxirredutivo. Em primeira instância, dar-se-á a definição
de uma reação de oxirredução.
Tratnyek, Grundl e Haderlein (2011) definem essa classe de reações como
uma em que ocorre transferência de elétrons entre espécies, o que se manifesta
algebricamente como uma mudança no número de oxidação, isto é, no grau de
perda de elétrons, dentre as substâncias envolvidas. Eles destacam a dificuldade de
se assinalar uma definição global dada a vasta gama de fenômenos micro e
macroscópicos que surgem a partir de tais reações, preferindo atribuir-lhes certas
características gerais, a serem descritas a seguir: equações oxirredutivas ocorrem
pareadas, o que significa que quando ocorre uma oxidação, isto é, quando uma
espécie aumenta seu número de oxidação e perde elétrons, concomitantemente
outra se reduz, diminuindo seu número de oxidação e recebendo elétrons.
Macroscopicamente, notam os autores, não há uma indicação geral de que houve
uma reação de oxirredução que possa distingui-las claramente de uma reação que
não o seja.
As reações a serem levadas a cabo possuem forte caráter substitutivo, assim,
esperou-se verificar na realização do experimento liberação de gás ou
efervescência, mudança de temperatura ou aumento drástico de pressão de vapor
com verificações qualitativas, características descritas por Nehmi (1994) em suas
notas sobre os indicadores macroscópicos de reações químicas.

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2. MATERIAIS E REAGENTES

2.1 MATERIAIS UTILIZADOS


Béqueres
Bico de Bunsen
Cuba
Fita de magnésio
Fita de pH
Palito de fósforo
Papel tornassol
Rolha com mangueira embutida
Tubo de ensaio

2.2 REAGENTES UTILIZADOS


Água destilada
CaCO3
Cobre sólido
Fenolftaleína
HCl
HNO3
NaNO2
NaOH
NH4Cl

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3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

3.1 Produção do dióxido de carbono (CO2)


1. Colocou-se 5,0135g de CaCO3 em um tubo de ensaio.
2. Adicionou-se, lentamente, 30mL de HCl diluído e tampou-se com uma rolha
perfurada e uma mangueira.
3. Deixou-se borbulhar o gás produzido em uma cuba contendo água destilada.
4. Mediu-se o pH da água destilada antes do borbulhamento do CO 2, imediatamente
depois do borbulhamento e no final da aula. Anotou-se os resultados.

3.2 Obtenção de nitrogênio (N2)


1. Colocou-se em um tubo de ensaio 4,02g de cloreto de amônio, 2,0006g de nitrito
de sódio e 15mL de água destilada.
2. Tampou-se o tubo de ensaio com uma rolha perfurada e uma mangueira.
Homogeneizou-se bem a mistura e aqueceu-se brandamente para iniciar a reação.
3. Recolheu-se o nitrogênio formado, por deslocamento de água, em 2 tubos de
ensaios, um contendo água pela metade do tubo.
4. No primeiro tubo de ensaio, com apenas gás nitrogênio, colocou-se um palito de
fósforo aceso no tubo contendo nitrogênio. Observou-se e anotou-se os resultados.
5. No segundo tubo de ensaio, com metade de gás nitrogênio e metade de água,
acendeu-se uma fita de magnésio e introduziu-a no frasco. Depois, agitou-se e
testou-se com algumas gotas de fenolftaleína. Por fim, testou-se a saída de vapores
com papel de tornassol rosa umedecido em água e anotou-se os resultados.

3.3 Obtenção do dióxido de nitrogênio (NO2)


1. Colocou-se em um tubo de ensaio, pequena quantidade de cobre sólido e
acrescentou-se 2mL de ácido nítrico concentrado.
2. Tampou-se o tubo com uma rolha.
3. Observou-se o tubo e após 5min colocou-o em uma cuba contendo gelo.
Observou-se e anotou-se os resultados.

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3.4 Obtenção de amônia (NH3)
1. Colocou-se em um tubo de ensaio cerca de 2g de cloreto de amônio e 3mL de
hidróxido de sódio.
2. Aqueceu-se o tubo e recolheu-se a amônia formada por deslocamento
ascendente em um tubo de ensaio, sendo metade do tubo com a amônia formada e
a outra metade água.
3. Testou-se com algumas gotas de fenolftaleína. Deixou-se o tubo em repouso e
observou-se ao final da aula. Anotou-se os resultados

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 RESULTADOS
Seguindo o procedimento experimental, observamos algumas mudanças,
sendo elas descritas abaixo para cada procedimento feito no laboratório.

4.1.1 Produção do dióxido de carbono


Resultados obtidos no experimento de produção de dióxido de carbono a
partir da reação entre carbonato de cálcio e ácido clorídrico em relação à análise do
pH da água:

 pH da água antes do experimento: entre 5 e 6.


 pH da água durante o experimento: entre 1 e 2.
 pH da água minutos depois do término do experimento: entre 2 e 3.

Nota-se que o pH diminuiu pela presença de H + no meio liberados pela


formação do ácido carbônico a partir da reação citada acima.

4.1.2 Obtenção de nitrogênio


Após introduzir-se o palito de fósforo aceso na boca do tubo de ensaio que
estava voltada para baixo, notou-se que a chama do palito se apagou, devido à falta
de oxigênio no meio.
No segundo tubo de ensaio também com gás nitrogênio coletado da reação,
colocou-se uma fita de magnésio e acendeu-se a mesma formando-se uma luz
branca devido à combustão do metal. Com isto deu a formação de óxido de
magnésio, que por sua vez tem caráter básico, logo ao colocar o papel tornassol
vermelho, houve uma mudança de cor para o azul por conta do pH do meio estar
alcalino.

4.1.3 Obtenção de dióxido de nitrogênio


Ao realizar o experimento, iniciou-se a reação com desprendimento de gás de
dióxido de nitrogênio de cor amarronzada. Após 05 minutos de reação com o tubo

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tampado, mergulhou-se o mesmo em uma cuba com gelo e água, notando-se a
mudança da coloração do gás, que lentamente ficou mais clara.
A mudança da coloração indica a formação de N 2O4, o que ocorre com a
diminuição da temperatura, resultando num equilíbrio químico no qual ocorre a
decomposição do NO2 formado na reação do cobre com ácido nítrico.

4.1.4 Obtenção de amônia


Partindo-se da reação entre cloreto de amônio e hidróxido de sódio, após a
adição de água no tubo de ensaio e algumas gotas do indicador fenolftaleína, notou-
se que a solução apresentou coloração rosa escuro devido a formação de amônia
no meio, que tem caráter básico.

4.2 DISCUSSÕES
Para a etapa de produção de dióxido de carbono partindo-se da reação entre
carbonato de cálcio e ácido clorídrico, não houve dificuldades para realizar os
procedimentos. Mediu-se o pH da água anteriormente ao procedimento, durante o
processo de borbulhamento e também após o término da reação, notando-se uma
diferença no seu pH que foi ficando mais ácido devido a liberação de H + no meio.
No experimento referente à obtenção de nitrogênio, em certos momentos
foram necessários alguns cuidados, tais como: tapar o tubo de ensaio cheio d’água
para que não houvesse entrada de ar ao submergi-lo (com a boca para baixo) na
cuba com água; o aquecimento da mistura no tubo de ensaio: mesmo o
aquecimento do tubo não sendo direto, o mesmo acabou ficando com a temperatura
elevada dificultando o manuseio; o recolhimento do nitrogênio deslocado na cuba
teve certa dificuldade no início do primeiro tubo dos três recolhidos, os demais foram
coletados com mais facilidade.
No procedimento de obtenção de dióxido de nitrogênio, o problema
encontrou-se no momento em que a mistura é feita e a reação ocorre com
desprendimento de gás, a colocação da rolha no tubo tornou-se complicada devida
pressão gerada pelo gás formado.
Por fim o procedimento de obtenção de amônia não houve dificuldade para se
realizar, apenas cuidados com recolhimento de amônia.

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5. CONCLUSÕES

Durante toda a realização do experimento observamos as reações obtidas em


cada etapa e também os gases que foram recolhidos através do deslocamento de
água.
Trabalhamos nesse experimento com reações de oxirredução, sendo possível
estudar e compreender mais as propriedades físico-químicas de dois elementos em
especial, das famílias 14 e 15: carbono e nitrogênio. Ao realizar o experimento,
podemos verificar assim como esperado das reações, liberações de gás, mudanças
na temperatura, aumento da pressão e também mudanças drásticas da coloração,
tanto da mistura quanto do gás.
Apesar de algumas dificuldades nos procedimentos, adquirimos um
conhecimento a mais sobre esses elementos estudados e observados, portanto,
conseguimos realizar com um considerável êxito o que foi pedido e o objetivo do
nosso experimento foi alcançado.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KAJI, M. A Descoberta da Lei Periódica: Mendeleev e outros pesquisadores na


classificação de elementos na década de 1860. Indiana: Research Studies Press,
2004. Título original: Discovery of the periodic law: Mendeleev and other researchers
on element classification in the 1860s;

MARCH, Jerry. Química Orgânica Avançada: Reações, mecanismos e estrutura. 3.


ed. Nova Iorque: Wiley, 1985. Título original: Advanced Organic Chemistry:
Reactions, Mechanisms, and Structure;

NEHMI, Victor. Físico-Química. 3. ed. São Paulo: Ática, 1994;

SCHOTTKE, David. Emergency Medical Responder: Your first response in


emergency care. 6. ed. Burlington: Jones & Bartlett Learning, 2016;

TRATNYEK, Paul; GRUNDL, Timothy; HADERLEIN, Stefan. Aquatic Redox


Chemistry. Wisconsin: American Chemical Society, 2011. (ACS Symposium).

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