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ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico E-book transcrito a partir da aula do Professor Alipio Carmo
Volume V
EXPEDIENTE:
Autor: ICTQ – Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico
Revisão Técnica: Farmacêutica Me. Juliana Cardoso
Produção: Vitae Editora
Edição: Egle Leonardi e Jemima Bispo
Colaboraram nesta edição: Erika Di Pardi e Janaina Araújo
Diagramação: Cynara Miralha
Vitae Editora
Anápolis (GO), 2021
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FARMACOTERAPIA E FISIOPATOLOGIA DA DOR E INFLAMAÇÃO • É útil para o tratamento de curta duração das lesões musculoesqueléticas agudas,
das tendinites, bursites, dor do pós-operatório e dismenorreia;
DERIVADOS DO ÁCIDO ACÉTICO • Pode ter uso crônico em pacientes com Artrite Reumatoide e Osteoartrite em vias
de administração;
O conceito de derivados do ácido acético contempla o grupo de medicamentos utilizados
tanto no Brasil quanto no mundo, chamado diclofenaco (cataflan e voltaren). Trata-se de • Além da via oral e retal, também é usado por via oftálmica.
anti-inflamatórios potentes, muito usados por profissionais médicos em casos agudos
de dores. Às vezes, são utilizados nos processos de pós-operatórios e, principalmente, em
cirurgias oftálmicas, na forma de colírio. No entanto, tais derivados não são indicados para
Farmacocinética
reduzir febre, exceto em casos de febre refratária a outros antipiréticos, como, por exemplo,
doença de Roddick. • Cerca de 40 a 50% do diclofenaco são biotransformadas na primeira passagem pelo fígado
(meia-vida curta) em 4-hidroxidiclofenaco que tem fraca ação anti-inflamatória, embora
Metade dos pacientes tratados apresentam efeitos adversos, como:
a concentração nos locais inflamados tenha a duração de 12 a 24 horas;
• Náuseas, vômitos, anorexia, diarreia e dor abdominal, podendo levar à ulceração
• Assim, pela via de administração intramuscular, o fármaco alcança maior concentração
do trato gastrintestinal (TGI), inclusive perfuração e hemorragia. Não se recomenda o uso
sistêmica no local da inflamação. Há diclofenacos de baixa concentração (50ml), os quais
dos derivados de ácido acéticos por tempo prolongado. A indicação é de tempo curto, para
devem ser tomados de oito em oito horas. Também há os retardis (drogas modificadas), que
que não haja efeitos adversos graves. Porém, eles são importantes na prática clínica e,
podem ser usados em maior concentração (nesse caso, toma-se somente um comprimido
principalmente, devem ser usados para casos de dores no dia a dia;
por dia, em vez de dois ou três, pois seu efeito é de 24h);
• No SNC (Sistema Nervoso Central), pode provocar a cefaleia frontal, tontura, vertigem
• Alguns estudos indicam que o diclofenaco potássico (sal potássico) tem ação mais
e confusão mental;
rápida (sendo inclusive mais indicado para a dismenorreia) e que o diclofenaco sódico
• O uso prolongado de indometacina e fenilbutazona em pacientes acometidos pela (sal sódico) tem ação mais duradoura. Por via oral, o diclofenaco possui melhor absorção
osteoartrose no quadril pode levar à necrose asséptica na cabeça femoral; na presença de alimentos.
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DERIVADOS DO ÁCIDO ENÓLICO OU OXICAMS DERIVADOS DO ÁCIDO PROPIÔNICO (OU ÁCIDO FENILPROPIÔNICO)
Recentemente, surgiram novos medicamentos no mercado, ou seja, os derivados do ácido
• Piroxicam (Feldene, Inflamene); propanoico:
Tais derivados são bons, com a vantagem de terem a meia-vida mais longa, sendo que cerca
de 20% dos pacientes apresentam efeitos adversos. Entretanto, aumentam o tempo de
coagulação e podem interferir na eliminação renal de lítio.
Exemplos:
DERIVADOS DO ÁCIDO FENILANTRANÍLICO (ÁCIDO MEFENÂMICO - PONSTAN) • Apresentam potência semelhante à indometacina como anti-inflamatório, analgésico e
antipirético. A baixa toxicidade leva a melhor aceitação por alguns pacientes.
• Há menor/maior incidência de efeitos adversos do que a aspirina e a indometacina.
• O principal uso tem sido no tratamento da dismenorreia devido à ação antagonista nos
receptores da PGE2 ePGF2alfa. Está muito relacionado às cólicas menstruais; Nas crianças, a recomendação é de uma gota por quilo. Exemplo: se a criança pesa 15kg,
• A via de administração é oral; ela deve ingerir 15 gotas do medicamento. No entanto, é recomendável que os pais coloquem
um pouco menos (de 10 a 12 gotas), para evitar que a criança tenha uma hipotermia. Geralmente,
• A limitação tem sido a diarreia e inflamações intestinais. Além disso, há relatos de casos as crianças gostam de usar ibuprofeno, porque ele é muito doce e viscoso, por isso, seu
de anemia hemolítica. processo de absorção é diferenciado. No entanto, como todo medicamento, ele também
Ressalta-se que anti-inflamatórios usados com parcimônia sempre funcionam muito bem. tem seus efeitos adversos, aos quais é necessário se atentar.
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Há estudos avaliando se o uso do ibuprofeno é bom para casos de COVID-19, porém, e AVC isquêmico). No entanto, recentemente, os medicamentos foram bem estudados em
ainda são foi possível chegar a um consenso. diversas fases de pesquisa clínica e foram ajustados, fazendo com que seus efeitos adversos
reduzissem consideravelmente.
• O naproxeno sódico é absorvido mais rapidamente e o pico da concentração plasmática
ocorre em período mais curto do que na forma não sódica. Atualmente, os efeitos gastrointestinais foram minimizados, porque os medicamentos
• Alteram a função plaquetária e o tempo de sangramento, especialmente o naproxeno. são usados por tempo prolongado. Por isso, é possível que o paciente portador de dor ou de
inflamação crônica (artrite ou artrose, por exemplo) consiga utilizá-los por um tempo maior,
• Não alteram os efeitos dos hipoglicemiantes orais. porque diminuem os efeitos adversos mais graves em relação à agregação plaquetária,
proliferação vascular e vasoconstrição.
Vias de administração
Efeitos adversos
Devido ao fato de os coxibes não serem mais eficazes do que os AINES convencionais,
como a anti-inflamatórios e analgésicos, eles não possuem ação plaquetária e não podem
INIBIDORES SELETIVOS DA ENZIMA CICLOXIGENASE-2: substituir a aspirina na prevenção de doenças coronarianas, pois não reduzem a produção
endógena do tromboxano A2, ou seja, o principal produto da enzima COX-1 plaquetária.
• Nimesulida: Nisulid, Scaflam; Sendo assim, eles não podem causar agregação plaquetária, vasoconstrição e proliferação
vascular.
• Celecoxib: Celebra;
• Etoricoxib: Arcoxia; Trata-se de medicamentos de uso muito prolongado, por isso, é necessário que sempre
haja recomendação médica. Exemplo: não se deve indicar um inibidor de COX-2 para inflamações
• Valdecoxib: Bextra.
na garganta, porque representa uma inflamação aguda de curto prazo.
Alguns desses fármacos foram retirados do mercado, outros foram reinseridos e alguns
só podem ser injetados.
LEUCOTRIENOS
Esses fármacos têm ação específica sobre a enzima cicloxigenase-2 (COX-2), sendo também
conhecidos como ‘coxibes’. Os inibidores seletivos de COX, com exceção da nimesulida,
terminam com ‘coxib’. Por isso, sempre que essa palavra aparecer, significa que se trata
de inibidores da COX.
Usos
• Anti-inflamatórios;
• Analgésicos;
• Antipiréticos.
Uma das vantagens mais expressivas é que não atuam na COX-1, ou seja, dificilmente
provocarão dor de estômago, terão problemas com hemorragia ou com funções renais.
A maior parte dos leucotrienos são produzidos pela via 5-lipoxigenase (presente nos
basófilos, leucócitos polimorfonucleares, macrófagos e mastócitos).
A resposta do teste foi muito importante. Ao usar os inibidores de leucotrieno, em menos Os pesquisadores administravam o inibidor de leucotrieno em pacientes adultos e, se eles
de uma semana, o paciente reduzia o uso de broncodilatadores. O uso de corticoide provocava tivessem dor de cabeça, usavam dipirona para que eles tivessem uma boa resposta. Atualmente,
a demora da estabilidade ao se utilizar os broncodilatadores. Por isso, afirma-se que a droga sabe-se que a dor de cabeça era causada por uma lesão neurológica que o indivíduo tinha
em relação ao medicamento.
veio para ajudar, apesar de seus efeitos adversos. Na época, muitos pacientes reclamavam
que tinham dor de cabeça após o uso. Portanto, observou-se que havia resposta vascular dos Os responsáveis pelas crianças com problemas respiratórios envolvidos devem se atentar
leucócitos, mas uma simples dipirona resolveria o problema. com o uso prolongado desse medicamento, pois ele não é recomendado em casos de uso
preventivo de doenças respiratórias e uso prolongado devido à possível lesão neurológica
que a criança possa ter. A lesão não é grave, no entanto, o uso prolongado o medicamento
passa a ser conflitante.
Geralmente, em crianças, usa-se até três meses de tratamento para, depois, suspendê-lo e,
se for necessário, retomar o tratamento com esse medicamento em torno de 30 dias.
Tanto os pacientes quanto alguns profissionais de saúde têm medo de uma droga antiga
e muito utilizada chamada ‘corticoides’. Eles se relacionam à não liberação do ácido aracdônico.
Também não são inibidores enzimáticos, mas sim inibidores da transcrição da enzima
fosfolipase A2. Dizer que eles são inibidores de fosfolipase A2 não é totalmente errado. Isso
porque não é o medicamento que atua sobre a enzima, mas sobre a produção da enzima.
Todo hormônio derivado de lipídio não tem uma ação sobre o citoplasma, com ação sobre o
DNA. Por isso, o corticoide é um lipídio, derivado do colesterol e atua sobre o núcleo da célula.
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ANTI-INFLAMATÓRIOS ESTEROIDAIS • Ação curta:
Os corticosteróides também estabilizam a membrana celular do mastócito e dos leucócitos, • Glicose – o paciente diabético deve tomar muito cuidado ao fazer uso de cortisona, pois
evitando ou diminuindo a liberação de histamina, assim como de fatores quimiotáxicos, pode aumentar a glicose dele;
e de mediadores inflamatórios, o que reduz o influxo de leucócitos para o local da • Proteínas – inibe a produção de certas proteínas;
inflamação. Não haverá mais boa parte das prostaglandinas e nem dos leucotrienos. • Lipídeos – pode aumentar a produção de alguns lipídios.
Exemplo: muitas vezes, é necessário administrar corticoide na asma devido à falta
de controle sobre a doença. Um indivíduo com enxaqueca pode tomar corticoide devido
Derivados esteroidais:
à intensidade da inflamação, como forma de bloquear a resposta inflamatória. O corticoide
pode ser usado até mesmo em pacientes com doenças articulares, servindo ainda para
pacientes alérgicos, às vezes, pois, só o antialérgico pode não funcionar.
Em casos de inflamação grave que possa colocar o paciente em risco, usa-se o corticoide
para parar o processo de resposta inflamatória grave.
Em situações de vírus, o uso de corticoides não é recomendado, embora deva ser utilizado
em outras situações. O uso não é recomendado porque pode diminuir a imunidade
do paciente, desencadeando um grande processo de proliferação do vírus na célula.
ESTEROIDAIS
• Ação farmacológica:
– Anti-inflamatórios;
– Imunossupressores: em pacientes portadores de doença autoimune, como lúpus,
é necessário entrar com corticoide para controlar a doença. Exemplo: em casos de paciente
com esclerose múltipla, é importante administrar corticoide para controlar a doença e depois
optar por outras medicações. Muitas vezes, o corticoide é um medicamento de emergência.
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Trata-se de um grupo de medicamentos derivados do colesterol, semelhantes ao cortisol, Ações reguladoras
ou seja, o hormônio sintetizado pela suprarrenal, regulado pelo ACTH (hormônio
adrenocorticotrófico), produzido pela hipófise, o qual é liberado todos os dias, em vários •Sobre o hipotálamo e a hipófise anterior: ação de retroalimentação negativa, resultando
horários. em diminuição da liberação dos glicocorticoides endógenos.
•Sobre os eventos vasculares: vasodilatação reduzida, diminuição da exsudação de líquidos.
Ao acordar, o nível de cortisona do indivíduo está maior do que na hora de dormir. Por isso,
às vezes, um paciente diabético dorme com uma glicose de 150 a 160 e acorda com uma Tudo isso é controlado pelo organismo. Ao fazer uso de um medicamento, esse controle
glicemia de 600. Durante a madrugada, por descarga adrenérgica, ele aumenta a cortisona. fica mais difícil e as regulações sofrem uma perda.
Dessa forma, gera-se o aumento dos níveis glicêmicos. O cortisol do ser humano pode
alterar sua fisiologia. O uso do medicamento também faz com que a fisiologia seja alterada.
• Diminuem a produção e ação das citocinas, incluindo muitas interleucinas, TNFγ, GM-CSF;
• Diminuem a produção de eicosanóides;
• Diminuem a produção de IgG (compromete o sistema imune, deixando o indivíduo
sem resposta crônica do anticorpo);
• Diminuem os componentes do complemento do sangue. Por isso, tais medicamentos
podem ser usados, mas com boas indicações pelos profissionais médicos.
Efeitos globais
O maior período de cortisona no corpo é próximo das 8h da manhã. Por volta das 24h,
o nível está baixo, pois é a hora de dormir. Quando chega próximo da hora de acordar, pela • Diminuem a inflamação crônica e nas reações autoimunes; entretanto, ocorre também
cronobiologia, esse nível sobe quando o paciente acorda. Na mesma hora, também há uma deterioração da cicatrização;
liberação de estamina que o leva a ficar acordado durante o dia. Sendo assim, a cortisona e a • Diminuem os aspectos protetores da resposta inflamatória.
estamina são liberadas todos os dias no organismo. Ao entrar com o medicamento, mexe-se
com nesses níveis no corpo. Os corticoides podem e devem ser usados, mas precisam ser administrados por médicos,
devido aos efeitos adversos que podem surgir quando utilizados por um tempo muito longo
ou de forma errada.
PRINCIPAIS AÇÕES DOS AIES No entanto, em casos de asma grave ou uma doença pulmonar crônica, como enfisema,
o paciente terá que usar por muito tempo. Esses medicamentos serão administrados por
tempo prolongado e os efeitos adversos devem ser controlados. Para isso, há o acompanha-
mento farmacoterapêutico do paciente.
Ações metabólicas
• Oral
• Inalatória
• Intramuscular
• Endovenosa
• Intra-articular
• Conjuntival
• Nasal Deve-se atentar na dose que foi recomendada. Muitas vezes, o paciente procura a farmá-
• Percutânea cia, diz ter olhado a cápsula do medicamento inalatória e alega não ter nada lá dentro. Isso
ocorre porque se trata de microgramas. Nesse caso, deve-se orientar o paciente, informan-
Uso tópico: corticoides são eficazes e não determinam efeitos sistêmicos adversos quando do-o de que a dose é baixa porque o indivíduo vai inalá-la.
dados em doses terapêuticas em tempo curto.
Os AIES são os anti-inflamatórios mais eficazes disponíveis, suplantando os AINES quan-
to ao bloqueio do edema. A terapia com AIES é reservada para casos de comprovação da efi-
AEIS cácia ou em casos de falha terapêutica com agentes mais inócuos. Às vezes, o paciente pode
achar que não está funcionando, mas está, só que ele não consegue ver um efeito tão rápido.
Deve-se sempre se atentar aos pacientes com doenças associadas, se podem ou não utili-
zar aquele medicamento. Ressalta-se que não é recomendado usar o diplospan com muita
frequência em algumas situações devido à meia-vida longa do medicamento. Exemplo: o
paciente sofreu uma lesão articular e precisou usar o medicamento. Ele pode usar somente
uma dose e, a próxima, somente em 30 dias, considerando a meia vida longa. Para eliminar
100% o medicamento do corpo, o tempo é muito longo, por isso, não se recomenda tomar
com frequência. Em casos de fazer pulsos de corticoide para imunossupressão, a situação é
outra.
Efeitos colaterais
Controlando os efeitos nesse paciente, eles podem ser minimizados ao longo do tratamento.
Exemplo
Após algum tempo fazendo uso contínuo de beclometasona (chenil), uma criança asmática
passou a apresentar candidíase oral, disfonia e tosse crônica.
O que poderia explicar essa situação? O efeito adverso da droga associado à não
higienização bucal.
Não se deve tomar esses medicamentos por uso prolongado e depois parar rapidamente,
porque pode ocorrer algum efeito adverso e reações por falta do corticoide, como tontura
e fadiga muscular. Em vez disso, deve-se reduzir a dose do medicamento até que seja
possível parar de tomá-lo.
Deve-se ter o cuidado ao associar medicamentos para não causar eventos adversos graves
no organismo. Exemplo: a associação de um AIEs com um antifúngico provoca um aumento
da chance de desenvolvimento de Síndrome de Cushing. Por isso, o acompanhamento
farmacoterapêutico é tão importante.
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